No outro dia, meus pais propuseram que os casais saíssem sozinhos um pouco. Como minha mãe estava sentindo um pouco de dores nas pernas por conta do peso da barriga, eles falaram para que nós dois saíssemos um pouco (frisando que nós tínhamos que ter juízo) para passear, deixando os dois sozinhos em casa. Eu concordei com Richard, então meu pai me deu um pouco de dinheiro e saímos.

Quando foi se aproximando o horário do almoço, o sol começou a ficar mais forte, mas ainda com um clima agradável. Eu usava uma calça jeans branca, uma blusa preta com listras rosa-choque e um óculos escuro. Richard se vestia mais despojado, uma calça preta, blusa branca com um desenho de uma guitarra no centro e uma jaqueta escura.

- Como você consegue usar uma jaqueta nesse calor? - Eu o encarei enquanto caminhávamos na rua.

- Bom - ele me olhou - você é uma garota e está de calça num dia ensolarado, por que seria errado usar uma jaqueta?

- Richard olha a sua comparação! Não tem como pôr e tirar uma calça jeans na hora que quiser quando se está no meio da rua. Agora a jaqueta sim.

- Por que você se incomoda? - ele me perguntou rindo.

- Porque você vai derreter!

- Como pode ter tanta certeza?

- Porque é o mais provável - eu o empurrei - idiota.

Nós dois começamos a rir e ele resolveu tirar a jaqueta. Fomos até uma conveniência e compramos dois picolés. Então continuamos a andar observando a cidade, que era cheia de palmeiras e lojas muito bonitas, fora o grande número de turistas.

Acabamos nos cansando, então sentamos no banco de uma praça. Foi quando me toquei que ainda não tínhamos comido nada hoje, que não fosse picolé.

- Eu ia me esquecendo, temos que almoçar Richard - falei.

- É verdade. Tem outra coisa que esquecemos de fazer hoje - ele falou olhando para uma palmeira que balançava ao vento.

- O que?

- Nos beijar.

Richard me puxou para perto e me beijou. Ele segurou em minha cintura e ficou muito colado em mim. Então começou a beijar meu pescoço.

- Calma Richard - Eu me afastei - estamos no meio da rua.

- Mas não tem ninguém aqui Evelyn. Está com vergonha? - ele me fitou.

- Não tenho vergonha de você, tenho vergonha de alguém nos ver assim. Se controle.

Ele começou a rir, depois me deu só um selinho e se levantou.

- Então vamos - ele sorriu - temos que almoçar.

Me levantei e pedimos um táxi para que nos levasse ao restaurante. No caminho ficamos segurando um a mão do outro. Ficamos em silêncio, então passei um bom tempo olhando a cidade pela janela, e tive a impressão que Richard passara seu tempo olhando meu rosto. Não só olhando, como sorrindo enquanto fazia isso.

Ao chegarmos, descemos do táxi e entramos no restaurante, era de culinária chinesa.

- O que vai pedir? - Eu o olhei.

- Sei lá, não entendo o cardápio - ele encarava o cardápio com os olhos estreitos.

- O que tem de errado com ele? - perguntei.

- Algum gênio resolveu deixá-lo apenas em chinês. Não tem a tradução em inglês.

- Sério? Me dê - Eu puxei o cardápio de sua mão e olhei - é verdade. Nossa.

- Como vamos pedir?

- Vamos pedir qualquer coisa, se não gostarmos a gente come do mesmo jeito. Eu já comi muita coisa ruim sem saber - falei debochando e ele riu.

- Okay - ele concordou.

Chamamos um garçom e pedimos a primeira coisa que vimos no cardápio. E apontamos para o que queríamos, fazendo com que o garçom lesse, já que nem pronunciar o nome do prato nós soubemos.

Ficamos um tempo conversando enquanto a comida não chegava, fiquei só saboreando meu suco de laranja. Richard estava muito alegre e parecia não ter se importado com o que acontecera no dia em que conheci Harry, pelo menos era o que aparentava.

Quando a comida chegou, ficamos chocados. Era uma carne clara com alguns legumes ao molho.

- É carne de que? - perguntei ao garçom fazendo careta para o prato.

- Carne de polvo, é claro - ele disse e depois saiu.

- Polvo? - Richard perguntou com cara de nojo.

Eu e Richard demos uma crise de risos. Era a comida mais bizarra que eu e ele já tínhamos visto na vida.