Eu estava muito feliz no dia de hoje. Meu pai tinha tido uma boa ideia para que todos nos aproximássemos mais uns dos outros. Se passaram duas semanas desde o dia em que eu havia encontrado Richard no lago, e depois disso só tínhamos nos visto três vezes. Ele estava muito ocupado com a escola, era a semana das provas finais. Eu estava sentada à mesa, almoçando com meus pais quando meu pai teve boas ideias.

– Filha, estive conversando com sua mãe e tomamos duas decisões importantes - ele disse me deixando bastante surpresa.

– Que bom pai, quais são? - perguntei.

– Primeiro, estamos pensando em fazer uma viagem em família já que sua mãe está melhor. Também vamos ver com a Dra. Emma se você pode viajar, já que está ocorrendo tudo bem com a quimioterapia.

– Nossa pai, adorei a ideia! Fazia tempo que eu queria sair um pouco... - pensei no quanto tempo ainda teria para conhecer novos lugares - mas e a segunda decisão?

– Ano que vem você vai voltar a frequentar a escola, vai continuar de onde parou e começar a ter a vida normal que você tanto merece.

Eu poderia explodir de tanta felicidade. Fiquei sem palavras na hora, então me levantei de minha cadeira e fui até meu pai para abraçá-lo. Não sabia dizer o quanto estava grata.

– Mãe, pai... - fiquei sorrindo de orelha à orelha - muito obrigada.

– Eu e Dra. Emma estávamos conversando à um bom tempo sobre isso. Estávamos esperando que sua saúde estabilizasse com o tratamento - disse minha mãe carinhosa.

– Eu não consigo acreditar! - falei animada e meus pais começaram a rir.

– Você merece minha filha! - disse meu pai mais uma vez.

Continuamos conversando, mas agora sobre a viagem. Eles ainda não haviam decidido o lugar, queriam que eu dissesse um, então pedi um tempo para escolher. Depois do almoço, meus pais disseram que precisavam resolver algumas coisas e minha mãe iria à uma consulta, então iriam sair.

–Evelyn aproveite para sair com Richard enquanto vamos resolver essas coisas - disse minha mãe me puxando num canto.

– Sair? Posso? - perguntei.

– Claro que pode, contanto que você leve o celular e me avise que está bem. Eu confio em você filha, então juízo - ela falou séria.

– Claro que vou ter juízo mãe. Obrigada, boa consulta - falei e ela me deu um beijo na testa e depois saiu com meu pai.

Então fiquei sozinha. Sentei em minha cama e peguei o celular e liguei para Richard.

–Alô? Amor? - ele disse me deixando mais apaixonada.

– Oi Richard, você me chamou de "amor"? - eu ri.

– Foi, você é minha namorada, eu achei que...

– Sou eu amor, Evelyn - falei o interrompendo.

Nós dois começamos a rir. Eu nunca tinha estado tão feliz por estar amando alguém. Antes eu gostava de alguns rapazes, mas sempre se afastavam quando descobriam que eu tinha câncer, como se não quisessem se apaixonar por alguém que estava morrendo. Já me enterravam antes de eu estar morta.

–Tem como sairmos hoje, amor? - perguntei.

– Tem sim, as provas de amanhã são as mais tranquilas. Quer que eu passe aí? Onde quer ir? - ele perguntou.

– Quero que você venha me buscar sim, mas não precisa de vir com o carro, não vamos tão longe assim.

– E onde vamos? - ele estava curioso.

– Surpresa - falei rindo.

– Bom, então estou indo. Daqui a pouco chego aí amor.

– Okay amor - falei depois desliguei.

Vesti uma calça, blusa com manga, coloquei um casaco e botas e então saí de casa e fiquei esperando Richard.

Ele apareceu em meio a neve, usava um casaco e luvas pretas, fora o cabelo e os olhos escuros, estava parecendo um gótico.

–Oi namorado gótico - eu disse quando ele chegou.

– Olá namorada ruiva - ele disse me puxando pela cintura, deixando nossos lábios próximos - não gostou da minha roupa?

– Você sabe que adoro preto, mas você está parecendo um gótico, porque está todo de preto.

– Mas acho que disso você gosta - ele disse me beijando.

Quando ele me soltou, eu estava sem ar. Aos poucos eu estava perdendo a vergonha de beijá-lo, pois antes éramos apenas amigos e nos tornarmos namorados ainda era estranho para mim. Porém beijá-lo estava se tornando cada dia mais interessante.

–O que foi Evelyn? - ele perguntou, pois estava claro que eu havia perdido o ar.

– S-seu beijo...

– O que tem? - ele me encarou rindo.

– É muito bom.

Ele começou a rir. Estava claro que a única boca que eu havia beijado na vida era a dele.

–É melhor irmos Evelyn. Vou tentar ser menos "bom" ao te beijar da próxima vez. Talvez assim você não perca o fôlego - ele disse sarcástico.

Dei um soco de leve no braço dele e ele voltou a rir, depois nos abraçamos. Estar perto dele me fazia esquecer qualquer insegurança. Richard era a pessoa mais idiota e fofa do mundo.