Sweet Diference

Chegando Parte 2



- Ok. Ruki senta-te ali. – disse o professor apontando para o lugar vago que não ficava ao meu lado – E Reita, tu senta-te ali. – terminou apontando para o meu lado, para depois se virar e iniciar a aula.

Eles vieram para o fundo da sala, Ruki já sorridente e Reita ainda com cara de poucos amigos. Ele havia de se dar bem com o Aiji. Sentou-se ao meu lado e tirou o material. Uma coisa irritante, e que eu não suporto, ele ignorou-me. Virei-me para ele, decidido a fazer-me notar.

- Olá. Eu sou… - tentei apresentar-me, mas fui interrompido.

- Olha, não me interessa quem tu és. Não fales comigo, miúda. – disse ele.

Miúda? Ele acabou de me cortar e chamar-me miúda. Tudo bem que ele era novo, não sabia quem eu era e eu estava com uma roupa… Estranha. Mas isso não lhe dava o direito de me chamar miúda. Ninguém me chama miúda! Pelo menos, não assim. Porque muita gente me confunde. Não interessa! Os meus colegas da frente riram baixinho.

- Mas… - tentei dizer-lhe, outra vez.

- Cala-te, por favor. Se queres saber, eu não sou hétero. – ele disse, acho que com a intenção de me chocar, e sorri e o Miku riu alto, recebendo um olhar torto do professor.

- Bem, fico feliz. – respondi, ele fez uma cara estranha – Olá. Sou o Sano.

- És um rapaz? – ele perguntou, espantado.

- Sou sim. Olha, eu e os meus amigos queremos saber se vocês querem andar connosco.

- Que direto, Sano. – acusou Miku, virando-se para trás.

- Tu já sabias. Para enrolar não contes comigo. E, se te queixas tanto, da próxima fala tu.

- Ok. – respondeu convencido – Olá, sou o Miku. – disse virando-se para o rapaz ao meu lado, que o olhava desconfiado.

- Sou o Maya. – exclamou alto, até demasiado. O professor olhou para nós e continuou a dar a aula.

- O Maya? – perguntou Reita dando ênfase no “o”.

- Sim, o Maya. E não comeces, não tens ideia de quantas pessoas já me disseram que é nome de garota. – disse ele, dramático – Para tua informação, é nome de rapaz também.

[Um aparte aqui. Os meus colegas passam a vida a dizer-me que Maya é nome de rapariga, e isso enerva-me profundamente. Eu sou totalmente fã do Maya, de LM.C, e digo, como todas as outras fãs dele também dizem, que é nome de rapaz.]

- Mas querem ou não? – insisti, ignorando o loiro mais alto.

- Hey, Ruki. – o da faixa chamou e o baixinho, que estava quase a dormir, virou a cabeça contrariado – Queres passar o intervalo com eles? – perguntou, e Ruki logo abandonou aquela postura cansada e os olhos brilharam. Como os de Miku brilham quando faz amigos.

Pessoas perturbadas… Miku é o anti-social mais social que eu conheço.

- Sim. – respondeu instantaneamente, eu olhava curioso a reação dele – Mas ela, que está a olhar para mim, sabe…

- Sou um rapaz. – cortei-o, quando percebi que ia dizer o mesmo que o amigo.

- O quê? Mas… Então… Desculpa. – gaguejou ele, baixando depois a cabeça, corado. Eu ri-me da vergonha dele, mas não estava a gozar com ele, só achei divertido.

- E então, chibi? – perguntou Reita, insistente.

- É, pode ser. Mas o resto do pessoal também pode?

[Reparem que ele concordou duas vezes, mas eu só reparei depois e tive preguiça de mudar tudo, ignorem.]

- Resto? – perguntou Maya, ignorante. É obvio que, se entraram cinco pessoas na escola e ele são só dois, há um resto.

- É claro que podem. – cortei, olhando com uma cara descrente para Maya – Não liguem ao Maya, nasceu sem cérebro.

- Pele menos na cabeça de cima. Né, Sano? - sussurrou ele, pus-lhe a mão na boca, interrompendo o que, eu sabia que, ele ia contar. Eu não acredito! Ele ia contar aquilo, a uma pessoa que acabou de conhecer?! Ele é maluco…

- Ias dizer-lhes isso cinco minutos depois de os conheceres? – perguntei estarrecido. A minha expressão devia estar hilariante, com os olhos mais abertos do que é humanamente possível e a boca escancarada.

- Aquilo, o quê? – perguntou Ruki, curioso. A sério? Todos querem saber?

- Nada. – cortei, antes que Maya ou Miku resolvessem começar a contar aquele incidente embaraçoso. Aaa… Acho que vos estou a deixar com curiosidade, né? Bem, aguentem-se, depois eu conto.

- É uma história engraçada. – disse o Miku, recebendo um olhar atravessado meu – Mas, por razões óbvias, conto-vos noutro dia.

- Bem… - começou Maya, hesitante – Alguém me pode explicar quem são o “resto”? – eu também queria saber, mas não era tão descarado ao ponto de lhes perguntar assim.

- O resto são o Uruha, o melhor amigo do chibi, Aoi, o meu melhor amigo e Kai, melhor amigo… De toda a gente. – respondeu Reita, sorrindo finalmente.

- Os vossos amigos são todos tão esquisitos como vocês? – perguntou o anão.

- É. – respondi – Pode dizer-se que somos o grupo de esquisitos desta escola.

- Boa. Parece que nos vamos dar bem. – afirmou Reita, parecendo satisfeito.