Sweet Diference

Cap. 1 (Sem Nome Original)


Levantei-me cedo, para mais um interessantíssimo *sarcasmo* dia de escola. Arrastei-me lentamente até à casa de banho. Nem imaginam o meu estado de sono naquela altura do dia. Mas fui o mais rápido possível, tinha de me despachar. A minha irmã não tardaria a acordar.

Se ela me faz algo de mal? Não. Só não gosto de a deixar à espera. Eu sei, é muito estranha a nossa relação de carinho.

Tomei o meu rápido e nada relaxante banho e fui com a toalha enrolada até ao meu quarto.

- Finalmente. – disse a minha irmã, quando me viu sair, espreguiçando-se. Fiz-lhe um sorriso sem graça e vi-a correr até à casa de banho.

Entrei no meu quarto e tranquei a porta. O meu quarto é, exatamente, igual a mim. É confortável mas um pouco sinistro. Tem três paredes roxas, uma preta e o teto da mesma cor, todos os móveis são pretos, menos o meu guarda-roupa, que é cor-de-rosa.

Olhei fixamente para ele, como se fixá-lo me fizesse escolher melhor a roupa. No final desta meditação, que me ajudou mesmo, acabei por escolher um vestido preto, casual, umas legings roxas e uns all-stars pretos. Passei um risco preto nos olhos e comecei a tratar do meu orgulho… O meu cabelo. Eu bem sei o que vocês pensaram, seus depravados.

Comecei a pentear e a secar o meu cabelo, castanho-claro com duas madeixas roxas. Liso, até aos ombros, que tapava parcialmente um dos meus olhos castanhos. A minha pele era branca, quase sem imperfeições.

Quase perfeita. Eram duas palavras excelentes para me descrever. Quase. Sempre quase. Só uma pessoa, minha conhecida, chegava à real perfeição. Sani, a minha irmã gémea. Tinha o mesmo cabelo, um pouco mais comprido, e sem madeixas. Os mesmos olhos, só que sempre alegres. Não tinha problemas de socialização, era adorada por todos, era simpática, gentil e altruísta. Era alguém, realmente, perfeito.

- Sano! Já estás pronto? – perguntou Sani.

-Sim. – disse eu saindo do quarto.

Ao contrário de mim, ela não tinha problemas. Vestia-se como alguém normal, com cores clara. O oposto de mim, que misturava cores escuras, com as vivas demais.

- Estás lindo, Sano. Ou deveria dizer linda? – perguntou ela, na brincadeira.

Talvez eu me tenha esquecido de uns pequenos pormenores… Eu chamo-me Sano, como já conseguiram perceber, tenho 16 anos e sou um rapaz.

Mas eu não estava de vestido? Sim. Eu sou meio que um travesti. Também sou homossexual e tenho traços andróginos, só para saberem.

Traços andróginos? O que é isso? Bom, quer dizer que sou um rapaz com traços faciais femininos. Ou seja, pareço uma rapariga. Sou alguém com problemas. O que fazer?

- Vamos logo, Sano. – insistiu Sani, ao ver-me perdido em… Pensamentos? Não. Em explicações mentais. Ok, isto não faz sentido. Mas é a verdade.

- Espera! – disse, correndo até à cozinha. Para pegar numa barra de cereais. – Pronto. Podemos ir.

- A sério, Sa? – perguntou ela.

- Sim. A sério. – respondi-lhe – Querias o quê? Que eu fosse para aquele sitio estranho com mutantes aos quais chamam, respetivamente, escola e alunos, sem comer nada? Sabes o que podia acontecer? Eu podia estar sem dinheiro, ter que tirar comida a alguém e apanhar dessa pessoa. Podia ficar desatento na aula, perder matéria importante e chumbar de ano. Eu podia…

- Sano… Primeiro, tu és muito, mas muito dramático e exagerado. Segundo, és tu que tens de te ir encontrar com o Aiji, não eu. E terceiro, com esta conversa toda, estás ainda mais atrasado.

- O Aiji! – disse eu, em pânico. Aiji é um dos meus melhores amigos, é muito agressivo e é facilmente irritável – Espero que o Maya também lá esteja. – sussurrei.

- Também espero. Gosto da tua cara tal como está. Porque é que ele nunca faz nada ao Maya? Só a ti e ao Miku.

- É, não é? Mas é segredo. – disse eu. Os meus melhores amigos eram todos estranhos e tinham vários motivos para o ser.

- Claro. Vocês e os vossos segredos. – desabafou ela.

Fomos andando até a casa do Aiji conversando trivialidades. Bem, na verdade a Sani passou o caminho todo a dizer que era bom que o Maya lá estivesse, mesmo não gostando dele, e a queixar-se que eu estava a andar muito devagar. Mas qual é? Eu tenho sono e estou no meu direito!

Finalmente, chegámos a casa do Aiji. Ela largou-me lá e foi ter com uma amiga que vivia na rua do lado. Toquei à campainha e esperei.

Se eu estava com medo? Sim. De quê? Essa é fácil. De morrer!

Continuei a esperar, impaciente, até que ouvi um grito.

- Vai abrir a porta! E se for aquele inútil do Sano, ele que tenha uma boa explicação para nos deixar à espera! 20 minutos! – alguém, que eu reconheci como sendo Aiji, disse. A porta abriu-se lentamente.

- Sano! – sussurrou… Acho que foi o Maya.

- Sim, sou eu. – disse numa voz normal.

- O que estás aqui a fazer? – ele continuava a sussurrar.

- Vou para a escola. Com vocês. – expliquei. Maya era realmente retardado.

- Tudo bem. Se morreres lembra-te, eu avisei-te. – depois virou-se e gritou – Aiji! É o Sano!

- Hmm. – resmungou ele a descer as escadas – Sano. – disse fingindo-se de espantado e continuou, sarcástico – A princesa resolveu aparecer.

- Eu não sou princesa.

- És sim. – concluiu ele, antes de sair de casa. Eu e Maya seguimo-lo.

- Aiji... – começou Maya tímido, mas logo passou a divertido – Não ias matar o Sano?

- Ia. – respondeu, fazendo Maya encolher-se com o olhar que lhe mandou – Mas fica para a próxima. – disse, ainda sério, mas logo se partindo a rir.

- E então, - comecei receoso – o Miku e o pessoal já voltaram?

- Já. Estão ansiosos para voltar à escola. – respondeu-me Maya e eu reparei que ele não estava a ser irónico. Quer dizer, o Maya é muito inocente para ter 17 anos, mas sabe ser irónico. Como é normal, né?

- Até o Teruki? – perguntei preocupado. Sabem, o Teruki não gosta propriamente da escola, prefere passar a tarde a jogar videojogos e a… Ser otaku. Ele assentiu.

- A viagem correu assim tão mal?! – perguntei abismado.

Já agora o “nosso grupo” é constituído por, ♪tatata♪ *má imitação* Miku, Kanon, Bou, Teruki, Aiji, Maya e claro, eu. [N/A: o pessoal de An Cafe (eu gosto mais dos membros antigos) e de LM.C, para quem não sabe]

- Sim. – disse Aiji com cara séria. Para variar…

- O Bou disse que o Miku encontrou a ex-namorada lá na praia. E ela fez uma cena e tudo por ele ter acabado com ela, perguntou-lhe por quem é que ele a trocou e… Já estás a ver, né?

- Ele disse?

- Sim. E ela passou-se e começou a bater neles.

- Coitado do Bou. Eu não gostava nada de levar com a ex do meu namorado. – admiti.

- É. E sabes que mais, o Teruki e o Kanon ficaram! Claro, estavam bêbados, e a Arya pasoooou-se.

- O Teruki? O nosso Teruki? – perguntei assustado. Teruki era o rapaz mais hétero e mais negativista (escreve-se assim?) para ser homossexual que eu conheço. Mesmo bêbado, acho difícil ele ter ficado com um homem, ou rapaz, ou lá perto.

- Sim. Aquele Teruki ali. – disse ele, apontando para o moreno que estava encostado ao portão da escola, ao lado de Arya.

- A Bon já está de bem com ele? – perguntei descrente, vendo-os beijarem-se. Ah, e era bonbon mas esse nome era muito longo, por isso ficou só Bon. Ok?

- Já. Ele levou um sermão giiiiiiiigante dela. Mas eles resolveram-se. – exclamou Maya. A sorrir.

- Hey! Teru! – gritou Maya, muito alto. E resultou. Mesmo a quase 500m de nós, eles ouviram-no. A capacidade vocal deste loiro deixava-me… Atordoado. Muito literalmente, acreditem.

Maya é loiro, com uma madeixa rosa, olhos castanho e alto como o cara***. O rapaz tem mais de 1,80! O Aiji tem cabelo preto [agora apeteceu-me pôr assim, não sei se é mesmo] e olhos castanho escuros. Teruki é moreno, com olhos castanhos quase pretos. É mais alto que eu, mas isso não é difícil. Miku tem o cabelo castanho claro (é né?) e olhos castanhos. É quase 10cm mais alto que eu e a Sani. Kanon tem cabelo preto e olhos igualmente escuros. É quase tão alto como Maya e tem dois piercings no lábio. Bou é loiro, ou loira como nós lhe chamamos, é um pouco mais baixo que eu e é, tal como a minha pessoa, travesti. Era só para saberem já [quem ainda não conhecia].

- Oi Maya. – respondeu Teru sorridente, parece que falar com a namorada sobre o relacionamento faz bem. Mas só a alguns. Eu, por exemplo, não posso dizer o mesmo. – Oi Aiji, Sano.

- Oi – respondemos os dois, ao mesmo tempo.

- E aí? A miniatura? – perguntei, referindo-me, obviamente, a Bou.

- Falas tu. – disse Maya, altivo… E alto. Tudo bem, eu não estava em posição de falar sobre a altura dos outros.

- Oi pessoal! – gritou Miku, entrando na escola sorridente, com Bou à pendura. Todos olhavam estranhamente para ele.

Quando chegou ao pé de nós, o semblante alterou-se. Ele ficou sério, coisa rara de ver.

- A Mina voltou. E ainda me quer…