Eu estava andando pelo prédio da P.S. Company distraidamente, esperando que terminassem todas as coisas que meu namorado ainda tinha de fazer pelo novo mini–álbum que the GazettE lançaria no final do mês.

– Olá meu doce anjo! – escutei uma voz rouca e melodiosa as minhas costas e me virei sorrindo.

– Hideto? O que faz aqui? – perguntei–lhe no mesmo instante em que ele me puxou para seus braços e me apertou forte contra seu peito deixando um beijo no topo de minha cabeça.

– Eu vim lhe fazer uma surpresa minha querida! – ele abriu seu lindo sorriso que fazia meu coração se derreter. – Faz tanto tempo que nós não saímos juntos!

– É verdade... – eu sorri–lhe de volta e nós dois caminhamos juntos pelo corredor, minha cintura bem presa ao braço dele.

– Tem muita coisa pra me colocar a par... Como anda a vida? Como está indo a faculdade? E o namoro com Takanori? – eu dei risada de seu entusiasmo.

– A vida vai muito bem... Melhor do que jamais esteve...

– Por que diz isso? – seus grandes olhos castanhos se viraram para mim interessados. – “Melhor do que jamais esteve”?

– Porque o que existia antes... Não era bem uma vida, né, Hyde? Era mais uma encenação triste de “Casamento Grego”... – o vocalista do L’arc~en~ciel e do Vamps gargalhou.

– Do começo do filme você quer dizer?

– Sim... Quando ela está gorda, feia e infeliz... – eu expliquei e ele novamente gargalhou. – A faculdade está ótima! – meu entusiasmo surpreendeu até mesmo a mim. – Eu me sinto exausta... – brinquei.

– É como eu e sinto ao sair do palco... Exausto e satisfeito comigo mesmo...

– Taka diz a mesma coisa... – eu sorri.

– E como vocês dois estão? Sobrevivendo à distância? – seu riso foi delicioso de quem entende muito bem a sensação da separação.

– Sobrevivendo... – eu suspirei. – É tão dolorosa a saudade que tem dias que eu simplesmente não consigo parar de chorar... Mas, tudo some quando nos vemos!

– Você brilha quando fala dele, sabia, meu raio de Sol? – eu corei e Hyde afagou minha bochecha rosada.

– E eu suspiro muito... – dei risada. – Digo que ele me transformou numa boba apaixonada... – o vocalista moreno revirou os olhos.

– E quem não fica bobo quando está apaixonado, rouxinol da manhã? – uma nova voz chegou aos meus ouvidos e Hyde e eu nos viramos para Yasu, que se aproximava calmamente, com seu andar gingado os cabelos úmidos caindo na testa e nos ombros e grandes óculos escuros escondendo os lindos olhos hipnotizantes tanto quanto o sorriso que ele me oferecia.

– Yasu–senpai! – eu exclamei contente e, quando o outro vocalista chegou perto o suficiente me puxou dos braços de Hyde e me apertou contra seu peito tão protetoramente quanto o primeiro.

– Eu me perguntava quando você iria me visitar, criança – ele soou brincalhão e beijou minha testa segurando meu rosto entre suas mãos. – Já que Maomé não vai à montanha... Mas, agora eu entendo o que a prendia longe de mim... – o moreno mais alto indicou o outro com um aceno de cabeça. – Como está, Hyde–san?

– Bem. Você?

– Fabuloso! – seu sorriso se tornou ainda mais adorável. – Você está livre pra almoçar comigo, Carolina? Iremos ao seu restaurante favorito! O que você me diz?

– Ei! – Hyde protestou. – Eu ia levá–la pra almoçar! – Yasu ergueu as sobrancelhas tão surpreso quanto eu com o tom de voz agressivo do outro vocalista.

– Já tinha convidado? – o maior perguntou num tom de voz de quem se desculpa ou que chegou tarde demais.

– Eu ia convidar – o mais velho dos dois confirmou com a cabeça.

– Ah... – o outro sorriu, vitorioso. – Você disse muito bem Hyde–san... Você ia convidá–la... Mas, acontece que eu a convidei primeiro... Então, é comigo que a Chibi vai almoçar! – Yasu gargalhou passando seu braço por minha cintura e me conduzindo pelo corredor na direção do elevador sem que eu tivesse tempo de dizer alguma coisa.

E antes mesmo que eu pudesse concluir um único pensamento Hyde se colocou na nossa frente impedindo nossa passagem e me puxando dos braços do mais novo, se colocando na minha frente para impedir que eu voltasse para os braços do outro.

– Acontece, Yasu–san que eu cheguei primeiro! E só ainda não a tinha convidado porque eu estava perguntando como ela estava! Você nem sequer perguntou como Carolina está! Chegou atropelando todas as normas da etiqueta e da boa educação e ainda acredita que vai levá–la pra almoçar... Mas isso é muito típico de você mesmo... – o vocalista mais baixo provocou.

– Está me chamando de “mal educado”? – Yasu pisou duro até ficar a milímetros de distância do outro, o encarando com uma labareda furiosa em suas íris reveladas quando ele retirou os óculos do rosto, violentamente.

Desde que eu fora apresentada aos dois vocalistas por Takanori nunca os tinha visto tão furiosos e tão sérios. Como, em mil anos, eu poderia imaginar que aqueles dois grandes amigos brigariam daquele jeito por minha causa? Eu precisava impedir!

Saí de trás de Hyde e me coloquei entre os dois, espalmando minhas mãos em seus peitos afastando–os um do outro e fazendo com que ambos desviassem seus olhos pra mim.

– O que é que você dois pensam que estão fazendo? – falei pausadamente entre o furiosa e o entristecida. – Será que não percebem que discussão infantil estão tendo?

– Foi ele quem começou, Chibi – Hyde disse e eu o olhei desapontada.

– Eu achava que eu era a mais nova por aqui! Achava que vocês dois eram espertos o suficiente pra não agirem dessa forma tão imbecil!

Os dois abaixaram os rostos envergonhados.

– Por acaso, tem algum problema sairmos os três pra almoçar?! Ou vão mesmo me fazer escolher entre os dois?!

– Gomenasai, Chibi! – os dois disseram juntos fazendo uma reverência na minha direção. Quando se endireitaram, os dois sorriram entre si, sem jeito. Não eram necessárias palavras entre eles.

Passei o braço pelos ombros dos dois, ficando nas pontas dos pés pra alcançar Yasu.

– Então? Os dois vão me levar pra almoçar? – sorri presunçosa e os dois gargalharam, passando os braços por minha cintura.

Sure honey – Hyde beijou minha bochecha.

Oui Black Cherry!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.