Eu estava totalmente gelada, algumas lágrimas escorriam em meu rosto, me fazendo sentir o quente das gotas, tentava manter o meu corpo em pé, mas estava tão mole e fraca que quase não me aguentava e ainda por cima tinha o cenário daquela tarde, que era nostálgica e fria por sinal, aquilo só complementava mais o meu sofrimento, que me deixa ainda mais morta por dentro, desfiando, completamente vazia.

Havia uma neblina no céu, uma brisa fria e forte que me embalava naquilo tudo, minha vista já estava completamente embaçada, mal conseguia ver por onde andava e onde tocava, eu tonteava pela casa, esbarrando nos moveis, me chocando contra parede, tentando achar o caminho para varanda, então eu consegui, caminhei lentamente, eu mal sentia minhas pernas, elas estavam dormentes e bambas. Parecia que aquilo era um sonho, eu não conseguia saber o que era verdade ou mentira, se aquele momento era meu fim ou o meu começo, meus pensamentos estavam bagunçados, estraçalhados, embaralhados em minha mente, era um turbilhão de pensamentos, milhões de coisas soando em meu ouvido, eu só não conseguia saber o que era real e foi impossível decifrar o que realmente aconteceu naquela tarde. Eu me sentei naquele velho banco e olhei para o céu, eu me lembrei de todos os motivos que me fizeram chegar aquilo, aquela poça de sofrimento, aqueles respingos de sangue, aquela dor coagulada.