Surreal - Art and Insanity

Capítulo 4 - Não acredite, não aceite e não confie


Mas, no que acredito?

Acreditar é como um estado de aceitação. Se acredito, automaticamente aceito. Não sou do tipo que aceita, não aceito a realidade, não aceito meu passado e não aceito as condições que são impostas. Acreditar é confiar em algo ou alguém.

Apenas uso minha cultura para o que me convém, sou meu próprio deus. Não preciso que me digam o que é certo ou errado e por isso me medicam. Eles querem ter controle sobre mim, querem que eu fique calmo e conte sobre o que sinto. Mas agora não sinto nada, as vozes dentro de mim sentem.

Eu não acredito, não aceito e não confio.

Não recordo se foi ontem ou mês passado, uma psiquiatra segurando uma prancheta e um enfermeiro entraram em meu quarto.

Meu quarto, pois se parece com um quarto de hospital mas é um pouco mais espaçoso. Uma vantagem em ter pais ricos que me abandonaram emocionalmente mas não financeiramente.

Bom dia senhor Volkov, ela disse seria, parecia ser nova ali.

Como posso saber?

Sei que a doutora era nova ali por causa da expressão corporal. Assim que ela entrou em meu quarto olhou primeiro em minha direção e depois observou todo o ambiente: as paredes não tão brancas quanto deveriam ser, os quadros amontoados num canto perto da janela de grades, minha cama de solteiro e o chão salmão que eu enxergo marrom claro por ser daltônico.

Bom dia doutora... Fisher , falei lendo o crachá em seu pescoço.

Meu sorriso educado não a fez sorrir de volta, parecia ter recebido um treinamento militar. Usava o cabelo loiro preso num coque, camisa com botões fechados de um modo que parecesse ainda mais séria, a saia ia até os joelhos e era um pouco justa nas coxas. Ela parecia uma boa profissional, por isso a mandaram aqui.