Surreal - Art and Insanity

Capítulo 26 - Incomum


Aquela foi a primeira vez que Anne e eu nos falamos de verdade, sem respostas monossilábicas.

Ela tinha orgulho na voz ao falar da mãe, e eu poderia ouvir sua voz por horas sem cansar, queria descobrir quantos tons ela poderia usar. Ela falava tão pausadamente, como se tentasse lembrar.

_Sua mãe também fez os quadros da sala?_ Perguntei tentando manter aquele ritmo, de perguntas e respostas

_Sim, ela fez a maioria, alguns ganhou outros comprou... Você também pinta não é?_ Perguntou-me distraidamente.

_É... Mora aqui com ela?_ Perguntei mudando de assunto, não queria falar sobre mim, só queria saber mais sobre Anne, entrar naquele seu mundo estranho.

_Não, Meu pai também mora aqui, mas quase nunca está._ Respondeu-me dando de ombros como se não estivesse se importando, mas ela se importava.

_No que ele trabalha?_ Perguntei aproveitando-me de sua súbita tagarelice.

_Ele é advogado, e antes que me pergunte... Minha mãe é Engenheira Ambiental._ Disse parando subitamente de olhar o quadro.

_Parece-me um tanto quanto...Incomum, uma Engenheira Ambiental e um advogado juntos._ Comentei em tom baixo esperando que ela não ouvisse.

Anne, para minha surpresa deu um sonoro riso e disse:

_Eles são incomuns, nada neles é comum._ Ela disse sentando-se no tapete.

Talvez aquilo fosse uma deixa, que queria dizer que eu poderia me aproximar , mas ela poderia apenas estar sentando-se por pensar que minha inspeção em sua casa demoraria...

Decidi pensar que aquilo era um sinal para que eu me aproximasse, e foi o que fiz. Sentei-me ao lado de Anne naquele tapete esverdeado.

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Entre nós apenas o silêncio,
Ela finalmente estava ali, eu estava ali.
Adiantaria olha-la em meio ao silêncio?
Esperar por um sorriso, por uma palavra ou por nada,
Apenas o nada em seus olhos, estava ali.
Apenas a distancia entre nós, o silêncio o tudo e o nada...

Ainda não sei nada,
pergunto-me se um dia saberei,
acabar com a gigantesca barreira de aço, translucido no meio do nada.
Não sei se agora tudo vai mudar, nunca saberei.
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