Superlotado

Um dia comum?!


Hoje é terça-feira, 15:00. Todo dia, nesse horário aquela menina aparece aqui no café onde eu trabalho, e ela sempre fica até fechar. Sempre vem sozinha, e pede apenas um única água com gás, nunca está mexendo no celular, nem fazendo qualquer outra coisa que a pudesse distrair. Ela parece estar só observando, como se quisesse aprender como funcionam as relações humanas.

Hoje porém, decidi que também não vou ficar só observando. Acabei ficando pra fechar hoje, o Luka me deixou com a chave já que teve que sair mais cedo. Quinze minutos antes de fechar, ela era a única cliente que ainda estava aqui e meus colegas já estavam se preparando para ir embora. Respirei fundo e puxei uma cadeira ao lado da garota de cabelos azuis. Ela olhou pra mim e encarou o fundo dos meus olhos, um arrepio subiu pela minha espinha.

— Oi - falei, um pouco ansioso.

— Olá, Jonathan. Estava esperando você vir falar comigo. Demorou um pouco mais do que da última vez. - disse, com um sorriso irônico.

— Desculpa, mas eu não conheço você. Como sabe meu nome?

— Ah, por favor! Toda vez eu tenho que te explicar desde o começo?! Vocês humanos tem uma memória curta demais - ela revirou os olhos.

— Olha, como você acha que você foi o único, entre todo mundo que trabalha aqui que me percebeu? Mesmo eu vindo aqui por meses consecutivos?

— Bom, eu não tinha percebido. Pra mim, todo mundo só decidiu ignorar a cliente que não consome nada. Mas esse não é o ponto! - respondi irritado e confuso.

— Primeiro de tudo, qual o seu nome e porque você tá aqui? Qual é a sua e como você me conhece?

— Tá bom, tá bom. Meu nome é Cinthya e, digamos que eu te conheço há muito tempo...

— Ah sim, muito obrigado! Respondeu todas minhas dúvidas - falei, cruzando os braços - olha, eu não sou exatamente uma pessoa muito paciente, se você me conhece devia saber disso. Pode cortar o mistério e me dizer o que tá acontecendo.

— Beleza, vem dar uma volta comigo? - disse ela estendendo a mão com a luva de couro.

Saímos pela porta da frente e andamos alguns metros até começarmos a falar de novo.

— Desculpa tanto mistério, é que lá não era seguro, e eu tinha que esperar que você viesse até mim.

— Cara, isso tá cada vez mais estranho, o que poderia ser tão sério a esse ponto?

— Você não deve se lembrar, mas dez anos atrás a gente se encontrou e tinha mais uma pessoa com a gente. Aquele dia, quando você ainda era criança, você me viu da janela da sua sala de aula. E curioso, como a maioria das crianças, você foi atrás de nós. A outra pessoa que tava comigo era a Doutora e nós estávamos atrás de uma coisa estranha que tava acontecendo na sua escola.

— Estranha, tipo?

— Você não lembra mesmo. Bom, alienígenas. Acontece que, agora as coisas pioraram. A gente achou que tinha acabado aquele dia e fomos pra outros lugares e outros tempos.

— Ok, e por que eu deveria acreditar em você? Quem é essa tal de doutora, por que eu não lembro de nada? E... outros tempos?! Como isso é possível?

— Vai ser mais fácil quando você ver, ela vai te explicar melhor. — ela disse ao virar num beco entre duas construções.

No final do beco, tinha uma caixa azul de madeira retangular e com pelo menos dois metros de altura. Nada pode ser tão aleatório quanto o que está acontecendo agora. Comecei a duvidar um pouco da minha sanidade, e da dela também.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.