Superfreddie

É um pássaro? É um avião? Não...


Março de 2010

Já é tarde da noite, Freddie acaba de fazer uma ronda noturna e retorna à sua casa, toma uma ducha e se prepara para deitar. Sua mãe já está dormindo há horas, todos estão a salvo, a cidade está tranquila, não há nada que faça o garoto kryptoniano se preocupar.

Ele veste um short e se deita na cama.

Seu aniversário foi há poucos dias, e... foi estranho. Carly estava mais preocupada com seu namorado, e Sam, desde a Virada, parecia mais fria, distante dele. Diferente do que ele esperava, Brad e ela não ficaram juntos, pelo contrário, os dois quase não se falavam. Freddie pensava que talvez seu discurso não tenha sido dos melhores, ou a loira havia ficado irritada com o fato de ele ter tido que sair às pressas para salvar alguém.

Freddie olha para o teto e tenta entender a amiga loira. Sua mente viaja enquanto tenta formular uma resposta. A audição também.

Ele consegue ouvir sua mãe, que murmura “Jonathan”; era comum ela ter sonhos com o seu falecido pai. Carly estava dormindo profundamente, Spencer fazia barulhos como que trabalhando com ferramentas - provavelmente estava fazendo uma escultura. E Sam... ainda estava acordada, pelos sons de teclado que ele ouvia. Provavelmente estava conversando com alguém.

Freddie fecha os olhos e se induz a dormir.

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A cidade tem uma arquitetura moderna, muito diferente do que estamos acostumados, tudo parece em movimento, os prédios são belos, quase transparentes. Ao olhar para o céu, é possível ver veículos tripulados cruzando autoestradas invisíveis, em uma organização impressionante.

Freddie olha para o nível do solo, e vê pessoas trajadas com roupas muito diferentes da Terra. São espécies de túnicas, mas não passam um ar nostálgico, pelo contrário, os tecidos parecem vivos e se ajustar aos corpos das pessoas. Cada indivíduo ostenta na região do peito um símbolo, que de certa forma lembram o polígono com uma figura que parece um ‘S’ que sua mãe havia lhe mostrado há alguns anos.

O garoto coça os olhos e de repente está de novo no Kansas. Ele olha para os lados e nada vê além da imensidão verde, e uma sensação de lar lhe vem imediatamente. Freddie se pergunta se seu pai apareceria.

Estranhamente, uma sensação de querer ir para o alto lhe vem à mente. Ele olha para a cima, concentra-se e... começa a voar! A sensação é indescritível, ele dá piruetas e voa em alta velocidade, atravessando continentes, indo para alturas inimagináveis...

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Lentamente, Freddie abre seus olhos. ‘Nossa, que sonho legal!’, é o que ele pensa, enquanto se espreguiça na cama.

O único problema era que ele não estava em sua cama. Quando percebe que está flutuando em seu quarto, ele cai esparramado no chão, fazendo um grande barulho.

Sua mãe abre a porta do quarto desesperada, pegando Freddie se levantando.

“Freddie! O que foi esse barulho, filho? O que você está fazendo no chão?”

“Eu acho... que eu sei voar, mãe.”

“Hein?”

Freddie tenta relembrar a sensação do sonho, mas, em princípio nada acontece; Marissa o olha incrédula, já pensando se a exposição a tantas coisas ruins tinha feito seu filho enlouquecer. Porém, logo seus olhos estão tão abertos que parecem que vão cair à sua frente, pois seu filho começava a flutuar diante dela!

“Eu estou flutuando, mãe! Eu estou flutuando!”

“Oh, meu Deus...”, Marissa fala boquiaberta.

“E eu... sinto que posso fazer mais, mãe!”

Freddie estica seus braços e começa a se mover em direção à janela, que estava aberta. Uma vez lá fora, ele olha para o alto e sobe em grande velocidade. Marissa vai correndo até a janela e olha para o alto, mas não vê seu filho. Segundos depois, ela ouve um estrondo semelhante ao som quando jatos passam baixo.

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Ele sobe, e vê a cidade de mais ou menos trezentos metros de altura; ela ficava muito diferente, e ele involuntariamente solta um sorriso ao vislumbrar tal cena. Freddie olha para cima e vê o céu azul, e se pergunta como seria tudo lá em cima.

Concentrando-se um pouco, ele sobe mais ainda, em velocidade incrível. Abaixo, todos olham para cima ao ouvir o estrondo resultante da quebra da barreira do som, mas nada veem.

Quando chega à altura de 2km do solo, ele chega a um conjunto de nuvens, uma imagem maravilhosa. Ele as toca, e sente suas mãos ficarem levemente úmidas. O céu está mais claro, pois a poluição oriunda de carros e fábricas não alcança tal altura.

O garoto sorri e se pergunta qual sua velocidade máxima.

Com sua visão telescópica, ele procura seu antigo lar, e, quando o localiza, mira seu corpo em direção à sua antiga casa, procurando ir à máxima velocidade possível. Outro estrondo acontece, e, em menos de três segundos, ele chega à sua velha casa, que está aos pedaços.

Freddie se lembra que deixara sua mãe sozinha e provavelmente ela estaria com a cabeça cheia de questionamentos. Então, ele voa em direção ao seu apartamento, desta vez tomando cuidado para não ultrapassar a barreira do som, ou todas as vidraças da vizinhança seriam estilhaçadas.

Ele entra pela mesma janela pela qual saiu, e encontra Marissa Benson ainda em estado de choque.

Freddie faz uma cara engraçada de quem tem algo a explicar.

“É... acho que você tem algumas perguntas...”

Marissa sorri.

“Tenho... será que você poderia me levar lá pra cima? A cidade deve ser linda vista de lá...”

Freddie devolve o sorriso e acena com a cabeça, logo depois carregando sua mãe para os céus, onde a jovem senhora sorri e grita como se fosse uma criança novamente.

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“E aí, cara, vai tirar quando a carteira de motorista? Já fez dezesseis... agora é só tirar o bagulho e pedir pra sua mãe um carro!”

Freddie olha para Gibby e sorri. Se o amigo soubesse que dirigir é a última coisa que ele quer fazer...

“Vou ver, Gibbs.”

Já faz alguns dias que ele aprendeu a voar, e, diferente de quando ficava parado em cima do prédio à procura de problemas na cidade, agora o herói conseguia monitorar mais eficientemente a cidade, pairando por sobre ela e chegando rapidamente aos locais onde havia problemas.

Freddie, com seu material nos braços, ruma em direção à sala onde terá a primeira aula do dia, mas uma dor de cabeça aguda o atinge. Ele se ajoelha no chão, largando o material no chão e colocando as mãos sobre a cabeça, mas a dor só piora, até ele não aguentar mais e perder os sentidos.

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Ele abre lentamente seus olhos e o foco tarda a aparecer, e quando vem, não traz absolutamente nada ao seu redor; tudo o que é possível ver é seu corpo, que está flutuando em uma imensidão branca.

Freddie coça seus olhos, tentando sair dessa espécie de transe, mas sem sucesso.

“Kal El”

O som vem de todas as direções, deixando-o confuso.

“O que isto significa? Onde estou?”

“É chegado o momento de aprender sobre sua origem, último filho de Krypton.”

O idioma da misteriosa voz não é inglês, nem lembra qualquer tipo de língua que Freddie já tenha ouvido antes; contudo, para seu espanto, ele consegue compreendê-la perfeitamente.

“O que é Krypton? O que você quer?”

“As respostas a todas as suas indagações serão esclarecidas no momento fortuito. Por ora, saiba que você deve procurar seu módulo de transporte, que está em repouso neste local.”

A imagem de um campo já conhecido aparece à sua frente. Era próximo da cabana onde ele morava quando criança.

“Vá até o módulo e todas as suas dúvidas serão esclarecidas.”

Novamente, tudo escurece.

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“Freddie? Freddie?”

Lentamente, o garoto abre seus olhos. Quando sua visão deixa de ficar turva, ele percebe que, debruçada sobre ele, está a enfermeira da escola, Srta. Lemaris. Ao visualizar a enfermaria, ele percebe que seus amigos Carly, Sam e Gibby estão em pé próximos a ele, todos com semblantes preocupados.

“O que aconteceu?”

Sam sorri e se aproxima do amigo.

“Você não deve ter tomado o seu Toddynho de manhã, nerd... e aí você apagou...”

“Freddie, que susto você nos deu! Fiquei preocupada!”, diz Carly, com seu exagero habitual.

“Bem, pelo visto, foi apenas uma queda de pressão, mas vou chamar sua mãe aqui, OK, Freddie?”

“Ah, tudo bem.”

Cerca de 1 hora depois, mãe e filho estavam no carro, Marissa estava visivelmente preocupada.

“Querido, você nunca desmaiou! O que aconteceu?”

Freddie, com um semblante sério, responde sem olhar para a mãe.

“Por mais estranho que pareça, mãe, eu tive uma visão... que está relacionada à minha origem. Preciso ir para um lugar. E vai ser hoje, há tempo demais espero por respostas que nunca vieram.”