Superfreddie

Superman - Parte II - Salvando o Dia


Carly está exultante. A garota está no aeroporto, vestindo um terninho preto, com uma camisa branca por baixo, calça e sapatos de salto também pretos. Ela se permitiu manter seus belos cabelos lisos, longos e negros soltos. Ao seu lado, um rapaz da mesma idade dela, de cabelo ruivo curto e ondulado, com sardas nas bochechas. Seu nome é Jimmy Olsen, cinegrafista da Rede Seattle News.



A morena está animada porque, pela primeira vez, ela fora convocada para uma matéria grande do noticiário noturno. Carly era um prodígio na área jornalística, cursara com maestria o curso de jornalismo da Universidade Federal de Seattle, sendo requisitada logo no terceiro ano para ingressar as fileiras da maior rede de notícias de Seattle. Com poucos meses, conseguira alguns furos que haviam impressionado seu chefe, Morgan Edge, motivo pelo qual fora escalada para fazer uma grande e importante matéria relacionada a um revolucionário lançamento de ônibus espacial por meio de avião comercial, experimento apoiado pela empresa NevelCorp, cujo dono era Nevel Papperman, a estrela de Seattle.



“Jimmy, sem falhas hoje, hein! Isto tem tudo pra ser um baita salto das nossas carreiras.”



“Tá, Srta. Shay... vou fazer meu melhor.”



Os dois integrantes do Seattle News se juntaram ao grupo de jornalistas convidados para acompanhar o lançamento de dentro de um avião Boeing 747.



Enquanto atravessava a área de embarque do aeroporto, Carly pediu para Jimmy gravar uma imagem do avião, que contava com um ônibus espacial em seu teto. A bela morena se questiona se aquilo daria certo, parecia tão... precário.



Por fim, deu com os ombros. A NevelCorp era grande demais para arriscar uma operação tão alardeada pela imprensa.



Todos embarcam no avião, e, em alguns minutos, estão na altura estipulada para o lançamento teste do ônibus espacial. A assessora de imprensa da NevelCorp fala ao grupo de jornalistas.



“Senhores, a NevelCorp e a Nasa agradecem pela presença de todos vocês neste voo experimental para o lançamento do ônibus espacial Odissey IV. Dentro de exatamente 15 minutos ocorrerá o lançamento. Estou aberta a perguntas até tal momento.”



“Eu tenho uma pergunta!”, diz alto Carly, levantando seu braço.



“Sim, Srta. Shay.”



“Queria saber a resposta da NevelCorp sobre as denúncias de propina à Nasa para este experimento.”



“Srta. Shay, a senhorita leu as instruções. Negamos qualquer irregularidade nesta licitação.”



“Bem, perguntar não ofende...”



Depois de algumas perguntas menos ácidas feitas por colegas de outras mídias, a assessora interrompe a entrevista.



Em uma ação coordenada entre as cabines do ônibus espacial, do avião, bem como da central de controle da operação Nasa/Nevelcorp, os técnicos vão alinhando suas operações para o lançamento do veículo espacial.



“Capitão Jones, a Odissey IV está em ordem para lançamento?”



“Positivo, base.”



“Comandante Howard, a aeronave está pronta?”



“Positivo, base.”



“Entendido, iniciando sequência de lançamento.”



“Em 5, 4, 3, 2, 1... acionar!”



Atenta à conversa dos técnicos, a assessora de imprensa chama a atenção dos passageiros.



“A espaçonave será liberada do avião, e será possível ouvir um leve estampido sônico, dela partindo para o espaço.”



Entretanto, as manoplas que seguram o ônibus espacial ao Boeing falham e não abrem.



“Base, base, falha nas manoplas!!! Cancelar propulsão!!! Cancelar propulsão!!!”



“Os comandos não foram aceitos! Não estou conseguindo, repito, não estou conseguindo parar a sequência!”



Os propulsores do ônibus são acionados, com o veículo ainda acoplado ao avião, o que faz com que ambas as naves aumentem consideravelmente sua velocidade, indo a Mach 1. O boeing não foi feito para aguentar tal velocidade. Com o tranco, a assessora de imprensa voa para a frente, batendo a cabeça no chão e ficando atordoada. Os passageiros são jogados fortemente contra seus assentos.



“Começa a filmar, Jimmy! Tem alguma coisa errada!”



Ao ver a assessora caída ao chão, Carly se solta do cinto de segurança, vai até o corredor, pega-a pelo braço e a ajuda a se sentar novamente em um assento; com a ajuda do passageiro do lado, ela fecha o cinto de segurança.



Contudo, os propulsores da fase 2 são acionados, aumentando a velocidade das aeronaves para Mach 2, jogando Carly longe. Jimmy faz força para não parar de filmar a confusão, apesar de ter certeza de que estes são os últimos minutos de sua vida.



Neste momento, Freddie está em Boston, passando por uma lanchonete, quando repara na TV disposta no estabelecimento. Há um amontoado de pessoas olhando o drama dos passageiros do voo experimental realizado pela NevelCorp, pois justamente a câmera de Jimmy transmitia o terror dos passageiros ao vivo.



Freddie se lembra que Carly havia lhe comentado sobre essa reportagem, de como estava animada por fazê-la... um calafrio lhe percorre a espinha, ele olha para os lados, constata que ninguém está prestando atenção em qualquer coisa senão à TV. Então, o rapaz corre e aperta um dispositivo em seu cinto. Ele entra em um beco, deixa as roupas para trás, enquanto isso seu uniforme preenche ao seu corpo e se ajusta automaticamente a ele.



O kryptoniano alça voo e um estrondo é ouvido por boa parte da cidade, quando ele quebra a barreira do som, indo em direção ao avião.



Na Central de Controle da NevelCorp, o engenheiro Douglas Diaz transpira e arfa com o problema à sua frente; ele sabe que não há mais nada a fazer e que as 85 vidas dos passageiros e tripulantes das duas aeronaves já estão perdidas, pois é questão de minutos até a carcaça do Boeing se despedaçar devido à velocidade supersônica, levando consigo o ônibus espacial. De repente, ele repara em um ponto na tela do radar, que está à sua frente.



“Gente, tem um... OVNI indo em direção às aeronaves...”



“Como é?”



“E está se aproximando muito rápido, a Mach 5!”



Carly, pressionada contra a parede localizada no fundo da aeronave, pensa sobre o que ela havia feito de sua vida, sobre seu irmão, seu pai, seus amigos... pois com certeza ela morreria em poucos minutos. Praticamente resoluta com essa ideia, ela só lamenta não ter se despedido apropriadamente de todos com os quais ela se importa.



A jovem faz um esforço para olhar ao seu lado, pela janela, para admirar pela última vez pelo menos um pequeno pedaço do céu. De repente, ela se espanta. Parecia ter visto um borrão azul e vermelho passar!



TUM TUM TUM



Ela estava ficando louca? Carly teve a clara impressão de ouvir barulhos parecidos com passos vindo do teto da aeronave.



Em cima do Boeing, Freddie caminha para a frente dele, ficando agachado entre o avião e o ônibus espacial, que está preso ao avião por três manoplas, duas na traseira e uma no bico da espaçonave. O herói ergue seus braços, levantando a base do ônibus espacial, e olha em direção à manopla do lado esquerdo. Seus olhos ficam vermelhos e dois feixes da sua visão de calor cortam imediatamente a peça. Ele faz o mesmo com as outras duas manoplas, livrando o ônibus espacial e o erguendo, levando-o em direção ao espaço.



O Boeing, danificado e sem o impulso dos poderosos propulsores do ônibus espacial, parece singrar em órbita da Terra. Os passageiros e a tripulação sentem que estão flutuando.



Carly observa de forma curiosa uma caneta flutuar suavemente logo à sua frente. Ela tenta pegá-la entre seus dedos, contudo, antes que pudesse fazê-lo, é novamente arremessada longe. O avião começara a despencar em direção ao solo.



Freddie observa o ônibus espacial partir em segurança, depois que ele o ergue até a órbita terrestre. Ele se vira para verificar o avião, percebendo que a aeronave, girando sobre si, cai em direção ao solo. Ele mergulha em alta velocidade, tentando alcançar a aeronave, o que ele consegue fazer em alguns segundos; Freddie agarra uma das asas do Boeing, tentando diminuir sua rotação.



Dentro do avião, Carly cai em frente a outro passageiro, que a ajuda a se sentar em um assento vazio que estava ao lado esquerdo dele. A morena rapidamente afivela o cinto de segurança, finalmente livrando-a de ficar à mercê dos movimentos bruscos do avião.



Do lado de fora, Freddie força a asa do avião, procurando deter sua rotação. A situação é delicada, ele não podia forçar demais, ou a asa se partiria.



Infelizmente, foi o que aconteceu, jogando Freddie para longe do Boeing, que começou a cair de bico para o solo.



O rapaz se situa, e mergulha novamente para alcançar o avião. Nesse ínterim, a outra asa se solta, indo em direção a Freddie, que junta seus punhos à frente e atravessa a peça no meio, pulverizando-a em pequenos pedaços.



Freddie ultrapassa o avião e se posiciona em frente ao bico, empurrando-o com seus braços para tentar deter sua queda; ele jamais estivera em uma situação em que tivesse que fazer tanta força, mas o que o preocupava não era fazer força máxima contra o avião, mas sim, dosá-la de forma a deter a queda pouco a pouco, caso contrário, a aeronave se achataria como uma sanfona.



Ele olha para baixo e vê que eles estão caindo em direção a um estádio de baseball lotado. Era o Tropicana Field de San Petersburg, na Flórida. Estavam jogando nesta hora o Tampa Bay Rays contra o Seattle Mariners.



“Isso é muito azar... só falta eu acabar com o meu time favorito...”, pensa o kryptoniano.



Alguns espectadores olham para cima e apontam para o céu, fazendo com que todos vejam o enorme avião vindo em sua direção, o que gera pânico geral entre a torcida e jogadores que estavam no campo.



“Raaarrrrggghhh!!! Sua grande merda metálica, você vai parar agora!!!”



Freddie cerra seus dentes e faz mais força, fazendo a parte externa metálica do avião criar ondulações. Dentro, várias fileiras de bancos vão para a frente, assustando ainda mais seus passageiros.



Finalmente, a aeronave para, quando ela estava a apenas dez metros do solo do campo. O jovem segura firme no que é possível da estrutura metálica do avião e o deita no solo com a máxima suavidade que o momento proporcionava.



Na cabine da aeronave, o comandante Howard olha boquiaberto para seu co-piloto Steve Holder, que não está menos espantado.



O kryptoniano flutua até a porta do avião, arrancando-a com facilidade com apenas uma mão. Um escorregador inflável se abre.



Ele entra na aeronave, olhando para todos os passageiros, em especial Carly.



“Está todo mundo bem?”



Todos olham espantados para o homem alto e forte vestindo um uniforme azul com capa e botas vermelhas e um 'S' estilizado estampado no peito. Ninguém consegue falar.



“Tudo bem com você?”, ele pergunta olhando para Carly, que havia se levantado de seu assento, atraindo os olhares de todos os passageiros para a morena.



Como ninguém falava nada, Freddie procura amenizar a situação.



“Bem... eu espero que esta experiência não faça nenhum de vocês parar de viajar de avião. Estatisticamente falando, ainda é o meio de transporte mais seguro.”



Freddie se volta e se prepara para partir mas para na porta, olhando para o público, que, em êxtase, fazia festa para ele. Sua confusa imagem era mostrada no placar eletrônico do estádio, e ele resolve acenar timidamente para as pessoas.



Freddie sente um toque no seu ombro esquerdo, e, quando se vira, vê à sua frente a imagem sempre adorável de sua melhor amiga, que agora estava mais alta e com um belo corpo de mulher. Obviamente, ela não o reconhecia graças ao disfarce tecnológico, que alterava sua face e sua voz.



“Quem... quem é você?”



“Um amigo.”, Freddie responde, dando um sorriso e uma piscada para ela. “Tchau, prazer em conhecê-la.”



Ele se vira e voa, enquanta a multidão o aplaude intensamente. Carly olha boquiaberta para o herói voando para longe, contudo, seus olhos começam a revirar, as imagens começam a ficar embaçadas...



… e ela desmaia, com seu corpo inconsciente descendo pelo escorregador.