Superfreddie

A batalha interminável começa


Um dia após conhecer aquelas que serão suas duas melhores amigas, Freddie ainda está refletindo sobre o que aconteceu com ele no dia anterior. Talvez tenha sido apenas um problema temporário. Ele acha melhor ir pedir desculpas à menina com a qual ele agiu tão rudemente.

O menino bate à porta do apartamento à frente, sendo atendido por Spencer.

“Entra aí, amiguinho, fica à vontade. Quer um suco?”

“Não, brigado... a... Carly está?”

“Tá sim... CARLY!!! Visita!!!”

Sam e Carly descem do andar superior. Elas parecem prontas para sair.

“Oi, Freddie! Legal te ver!”

Sam não o cumprimenta.

“Oi! Eu tava pensando se vocês duas podem me mostrar algumas coisas por aí... sabe, eu sou do Kansas, não conheço nada daqui de Seattle... e, Sam... eu quero pedir desculpas por ter saído daquele jeito, mas eu passei mal...”

“Tudo bem. A mamãe pode desculpar.”

Ela se aproxima e, quando está a dois metros dele, Freddie volta a sentir os sintomas de fraqueza e enjoo. Mas desta vez ele não quer ser tão rude, e, de forma sacrificante, ele estende a mão para ela, tentando manter o máximo de distância possível. Ele começa a suar frio.

“Caramba, garoto! Você não quer mesmo ficar perto de mim, hein!”

“Eu.. ainda não tô muito bem...”

Freddie se afasta alguns passos dela, e percebe que mais de dois metros parece ser uma distância segura da garota. Ele tenta imaginar o que poderia causar aquilo, verificando com sua visão apurada o que poderia causar aquilo.

“Ei, para de olhar pra mim desse jeito, seu esquisito!”

As coisas não começaram muito bem entre eles...

Algum tempo depois, as três crianças passeiam pelo bairro. Freddie conversa mais com Carly, e eles parecem estar se dando bem, ele não tenta conversar muito com Sam, pois cada vez que chega perto dela começa a sentir a estranha fraqueza.

Por sua vez, Sam começa a pegar cada vez mais antipatia por aquele garoto caipira. Ela já começa a bolar traquinagens que pode fazer com ele. A certo momento, as três crianças estão comprando picolés, e, ao perceber que novamente Freddie se afastou dela, Sam puxa a camiseta dele e joga seu picolé dentro.

“Ei, sua garota mal educada!”

“Que foi, quer brigar?”

Ela o pega pela gola e ele faz uma careta de dor, implorando:

“Por favor, se afasta de mim...”

Sam o larga sentado no chão e sai correndo para sua casa.

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Dezembro de 2004

Alguns meses depois de se mudar para Seattle, Freddie estabelecera uma forte relação de amizade com Carly e Spencer, a quem ele considerava um irmão mais velho. Sam, por outro lado, tinha criado uma forte rejeição ao garoto, mais porque ele não conseguia ficar perto dela por muito tempo, o que a loirinha não entendia muito, pois até tinha gostado dele à primeira vista. E pode-se dizer que a loira não era uma das pessoas favoritas do Freddie, afinal, mesmo um kriptoniano não gosta de ser achincalhado a todo momento.

Apesar disso, os dois continuavam a se ver constantemente, graças à presença da Carly.

Carly, aliás, tornou-se o primeiro amor do Freddie. Ele a presenteava com flores raras, pedras preciosas, tudo o que fosse bonito e fora de alcance (não para ele, com seus dons especiais). A menina, entretanto, nunca demonstrou qualquer sentimento além de amizade para com ele, para sua frustração. Sam demonstrava ainda mais receio com ele, pois considerava que ele além de tudo estava tentando tomar sua amiga.

Sua mãe conseguira retomar os estudos, e estava até fazendo um estágio em um hospital próximo. Faltava pouco para ela conseguir se formar.

Desde que se mudara para uma cidade grande, o menino descobrira uma nova paixão por equipamentos eletrônicos e principalmente por aparelhos de fotos, áudio e vídeo. Ele parecia ter um talento natural para lidar com esses apetrechos.

Certa noite, próximo do Natal, Freddie está sentado no terraço do Bushwell, observando a cidade. Ele adora esta época do ano, mas no momento ele não sente um pingo de alegria.

Ele tinha presenciado muitas coisas ruins desde sua mudança para Seattle, assaltos, assassinatos, estupros... eram coisas que ele não estava acostumado a ver no Kansas. Diferente de um cidadão comum, ele está a todo momento ouvindo algum problema, o que o angustia. Seus pais sempre o recriminavam por usar seus poderes, ele nunca havia demonstrado eles em público antes, e o medo de ser levado e estudado por alguém ainda persistia.

De repente, Freddie ouve algo.

“Passa a bolsa, sua vadia!”

Ele foca sua visão e vê que um assaltante está roubando uma mulher com um carrinho de bebê. Ele dá uma coronhada na cabeça da moça.

“Ai! P-por favor, moço... eu não tenho dinheiro...”

Freddie se levanta. Aquilo era o máximo de maldade que ele já tinha visto, ele não suportava mais ficar passivo àquilo.

Ele pula da beirada do prédio, aterrisando pesadamente em um beco ao lado. Em uma velocidade que não pode ser vista por olhos comuns, ele ruma em poucos décimos ao local onde ele vira o assalto ocorrendo.

Como um borrão, ele golpeia o estômago do meliante, que se ajoelha surpreso, largando a arma no chão. Freddie poderia terminar com um golpe apenas, mas ele queria ver a cara de terror do bandido.

Sem entender absolutamente nada, o bandido pega sua arma e olha para os lados.

“Quem fez isso?!? Quem tá aí?”

Freddie volta e lhe dá vários golpes em sequência, até o meliante cair inconsciente no chão. Enquanto isso, a mulher sai correndo com seu filho.

O menino para em um beco. Seu coração está disparado, mas ao mesmo tempo ele se sente muito bem por ter usado pela primeira vez seus poderes para ajudar alguém. A única coisa a ser reprovada talvez fosse a maneira como ele tratou o ladrão, poderia ter terminado sem tê-lo feito sofrer tanto, mas Freddie pouco se importava, a expressão de terror do malandro havia valido a pena.

Ele olha novamente para o bandido caído ao chão, e acompanha por alguns minutos o que ocorreria. Várias pessoas se aproximam do local, em seguida a polícia, que leva o meliante para a delegacia. Freddie confirma isso com sua audição.

O garoto volta ao seu prédio, sentando-se no mesmo local anterior.

Pensa um pouco sobre o que acaba de fazer e se decide: vai combater o crime como puder, de forma discreta. Seus pais sempre diziam que ele deveria fazer uso responsável de seus poderes. Que melhor forma de fazê-lo do que ajudando outras pessoas? E ele nunca seria pego, já fez várias traquinagens em que as pessoas nunca o viram.

Freddie sorri e começa a monitorar as redondezas.

A batalha contra o mal começa.