Superfreddie

A Morte de Freddie Benson


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“Unnnhh... “– Freddie acordou e viu que estava soterrado em algum tipo de solo duro. Sem ter espaço para se mover, o Homem de Aço começou a girar em alta velocidade, transformando-se em uma perfuratriz viva, escapando da montanha.

Ele passou sua mão sobre a bochecha esquerda, ela estava quente e ensopada de sangue.

“Kelex...” o herói acionou seu comunicador, chamando seu servo mecânico.

“Você está bem, Kal-El?”

“Sim... Mas o que foi aquilo? Nunca vi nada tão forte!”

Enquanto conversava com Kelex, Freddie já procurava o paradeiro da criatura que o nocauteara havia pouco, alçando voo em sua direção no momento que o localizou. Apocalypse dava saltos gigantescos.

“Kal-El, a criatura que você enfrentou é a suprema arma biológica de extermínio em massa do extinto império thannagariano. Foi desenvolvida por um corpo científico militar durante a centenária guerra entre os planetas Rann e Thannagar. O experimento consistiu basicamente em expor um clone a um ambiente inóspito e, após seu extermínio, recolher seus restos mortais para clonar outro indivíduo. Isso foi feito milhões de vezes, até se obter uma criatura invencível. O exército thannagariano pensava ter como controlar a criatura, mas falhou nesse intento, e ela exterminou toda a vida do planeta, ainda que o exército daquele planeta fosse poderoso e avançado.”

“E como ele veio parar aqui na Terra?!”

“Depois de exterminar toda a vida de Thannagar, a criatura entrou em suspensão. O corpo científico de Rann, ciente de que a criatura era perigosa e indestrutível, enviou seres robóticos para que trancafiassem o monstro na cripta mais inacessível possível, jogando-a no espaço logo depois. Milhões de anos se passaram e ela provavelmente deve ter entrado em órbita terrestre. Sabemos da história porque havia registros em Krypton de tal guerra e seu desfecho.”

“E qual é o ponto fraco desse monstro? Como faço para detê-lo?”

“Não há ponto fraco, não há como detê-lo. Ele continuará exterminando tudo o que houver no planeta” Freddie engoliu em seco “Kal-El, eu aconselho que você abandone este planeta, estimo que em seis meses ele terá acabado com toda a forma de vida da Terra. Neste momento, ele está se encaminhando ao local mais povoado mais próximo dele, é sua diretriz, exterminar os principais centros primeiro.”

“Nova Iorque! Ele está indo para Nova Iorque, eu preciso detê-lo!”

“Não, Kal-El, recolha-se à Fortaleza! Mesmo em seu nível atual de poder, não há como você parar a matança!”

O herói não dá atenção ao seu servo, continuando a voar em alta velocidade em direção ao Apocalypse.

XoXo XoXo XoXo XoXo XoXo XoXo XoXo

Em Seattle, Samantha olhava com preocupação para a TV. Tinha visto Freddie enfrentar a criatura e levar um golpe, arremessando-o longe, o que nem o Hulk havia conseguido fazer. Uma sensação horrível percorreu seu corpo, ao ver um close na criatura, que parecia a personificação da morte.

Seu telefone tocou.

“Carls?”

“Oi, Sammy. Você viu as notícias daquele monstro?”

“Vi, estou preocupada, nunca vi o Super levar um golpe daqueles...”

“Eu estou indo de jato até o local, a CNN quer que eu acompanhe de perto os acontecimentos.”

Sam pensou um pouco, e se arriscou

“Eu... posso ir junto? Por favor, eu-eu preciso ir...”

“Eu... eu... não sei...”

“Por favor, Carls... Eu te imploro...”

“Okay, eu dou um jeito. Me encontra no aeroporto.”

Sam pegou seu revólver e o guardou no coldre. Sua intenção era ajudar seu marido, ainda que de nada adiantasse, pelo menos ficaria ao seu lado.

XoXo XoXo XoXo XoXo XoXo XoXo XoXo

Enquanto Apocalypse arrancava a cabeça de um pobre policial que tentara detê-lo, Superman aterrissou com os pés sobre a cabeça do monstro, afundando-o um pouco no chão. O herói ergueu seus punhos e se pôs em posição de luta.

“Da última vez você me pegou despreparado, agora vamos ver quem é quem...”

“RRRRRRRRR...”

Ciente de que enfrentava um ser criado apenas para a destruição, os olhos de Freddie se acendem e deles é lançada uma massiva dose de visão de calor, suficiente para derreter o asfalto próximo aos dois combatentes.

A temperatura das proximidades eleva-se exponencialmente, o ambiente fica vermelho, impedindo qualquer um de vislumbrar o que acontecia no epicentro da luta.

Pensando já ter derrubado Apocalypse, Freddie cessou o golpe. Alguns milésimos de segundo se passaram até ser possível ver novamente Apocalypse, intacto, olhando para ele com desprezo.

“Oh, meu Deus... “

A criatura avança para cima de Freddie e o apanha pelo pescoço com sua mão direita, levantando-o e golpeando de lado com suas garras, que rasgam a carne que o kryptoniano pensava ser invulnerável. Ele grita de dor, e, na base do desespero, chuta forte o peito do monstro, conseguindo se livrar de seu aperto.

Freddie caiu ao chão, passando a mão pelo peito. Ele estendeu a palma encharcada de sangue à sua frente. O peito ardia de dor.

Olhou novamente para Apocalypse, respirou fundo.

Okay, Freddie. Você está na luta da sua vida... é hora de mostrar do que você é feito...

XoXo XoXo XoXo XoXo XoXo XoXo XoXo

Carly, Sam e Jimmy Olsen já haviam chegado nas proximidades da batalha, que perdurava por horas, passando por várias localidades. Os dois combatentes estavam próximos de Nova Iorque, e continuavam trocando golpes de maneira incansável.

Por mais que tentasse, porém, Superman parecia sempre estar em desvantagem, e os danos estavam claros. Seu uniforme estava danificado, saía sangue da sua boca, além de serem perceptíveis hematomas em seu rosto.

Dentro de um helicóptero, o mais próximo do campo de batalha, Jimmy Olsen filmava em close a luta em velocidade absurda. Horrorizada e com lágrimas nos olhos, Sam acompanhava pela tela.

– Deus, eu nunca vi uma criatura desse jeito... ele parece só querer matar! – exclamou a morena, olhando para Apocalypse.

Sam nada responde.

XoXo XoXo XoXo XoXo XoXo XoXo XoXo

“Caia, criatura! Caia!”

Freddie socava desesperadamente Apocalypse, mas, a cada golpe dado, Apocalypse revidava de forma pior.

Estrategicamente, o herói retrocedeu um pouco. Ele saiu voando na direção contrária de Apocalypse, dando a impressão de que estava fugindo; a criatura, sem dar a menor importância, continuou seu caminho rumo a Nova Iorque, com outro salto de quilômetros.

Superman não havia fugido. Ele recuara alguns quilômetros para arremeter com velocidade total bem no peito de Apocalypse, gerando um golpe que causou um estrondo escutado por toda a redondeza.

Apocalypse ficou atordoado com o golpe. Freddie aproveitou para agarrá-lo pelas costas e se lançar segurando o monstro em direção ao vácuo espacial.

“Você não voa, cara... eu vou te jogar no espaço e depois eu vejo o que faço com vo...”

Entretanto, antes que o herói pudesse terminar a frase, Apocalypse afundou sua protuberância óssea localizada na extremidade do seu cotovelo na lateral de Freddie, afundando vinte centímetros em sua carne.

“AAARRRRGGGHHH!!!”

Atordoado com a dor, ele afrouxou o aperto e Apocalypse aproveitou para golpeá-lo. Perdendo a consciência, Freddie caiu sem controle, afundando em um buraco quando atingiu o solo de uma construção.

Segundos depois, Apocalypse pousou no solo.

Com um sorriso satânico, a criatura olhou para a enorme cidade de Nova Iorque, seu principal objetivo no momento.

Freddie acordou, sentindo a lateral do corpo latejar. Com sua visão de raios-x, confirmou que o golpe havia trincado quatro costelas, e quase perfurado seu pulmão.

Enquanto se recuperava do golpe, viu que Apocalypse, totalmente alheio às forças militares que tentavam detê-lo, derrubava mais um prédio. O herói lamentou quando viu, com sua visão de raios-x, que mais de mil pessoas ainda o ocupavam, e que todas haviam morrido. E, como moscas, os militares e policiais destacados para combatê-lo caíam a cada golpe do monstro.

“CHEGA!”

Como um raio, Superman arremeteu contra o monstro, conseguindo fazê-lo recuar alguns metros; com a brecha conseguida, o kryptoniano começou a disparar desesperadamente socos na cabeça e tronco do monstro.

“Bah!”, grunhiu Apocalypse, simplesmente apanhando com sua gigantesca mão a cabeça de Freddie, afundando-a no asfalto.

Antes que se levantasse, a criatura pisou na cabeça do herói inúmeras vezes, afundando-a ainda mais no chão. Àquele momento, Freddie encontrava-se semiconsciente.

O som de um helicóptero chamou a atenção do monstro, que parou de pisar na cabeça do herói e olhou para cima. Estavam lá Samantha, Carly, Jimmy e um piloto.

“GRRRRR...”

Apocalypse flexionou um pouco suas pernas e deu um salto gigantesco em direção ao helicóptero, agarrando-o na lateral. Com seu peso colossal, a aeronave começou a pender de lado.

“Ah, meu Deus!!!” - exclamou Carly, surpresa com o alcance da criatura, que atingiu logo depois um painel de instrumentos do helicóptero com suas garras de osso. Com isso, a aeronave começou a girar em falso. Sam atirou contra o monstro, mas de nada adiantava.

De repente, o helicóptero suavizou os giros.

Era por causa de Freddie, que agarrara o monstro pela cintura.

“DEIXE ELES EM PAZ!”

Os dois titãs trocaram alguns golpes, mas Apocalypse ainda segurava o trem de pouso do helicóptero.

Os olhos de Freddie se incendiaram e, com sua visão de calor, cortou o trem de pouso, finalmente libertando o helicóptero. Contudo, seu voo ainda era precário, e certamente cairia em poucos segundos.

Freddie estava ciente disso e, ainda segurando com muita dificuldade Apocalypse, localizou com o canto dos olhos o Central Park, em especial sua lagoa. No segundo seguinte, mergulhou com Apocalypse no fundo lodoso da lagoa, deixando-o preso lá.

O kryptoniano voou em direção ao helicóptero, pegando-o pelo trem de pouso que restou e pousando-o em segurança na rua.

Os ocupantes desceram, e Sam correu direto para o marido, abraçando-o fortemente. Alguns segundos depois, quando se separaram, a loira olhou com pesar para a imagem de Freddie: seu olho direito estava praticamente fechado, seu nariz e boca sangravam, havia um hematoma enorme em sua testa. O disfarce havia sido desativado, no momento em que Apocalypse, com um murro capaz de destruir uma montanha, o atingira na cintura, destruindo o aparelho. O uniforme, por mais resistente que fosse, estava bastante avariado, com a manga esquerda faltando e um grande rasgo na parte da coxa direita, que contava com um enorme ferimento causado por uma das garras de osso da criatura.

“Oh, meu Deus, Freddie... me diga que você conseguiu, que acabou...”

“Não...” ele olhou para Sam arrasado “Eu só o prendi no fundo lodoso do lago, onde ele não tem como se apoiar e saltar... mas isso não vai detê-lo, o maldito vai sair em uns trinta segundos...”

“Freddie, por favor...” Sam implorava, chorando “Espera os reforços do exército chegarem, a Diana... Esse monstro vai te matar...”

Freddie colocou as mãos sobre os ombros de Sam e sorriu.

“Ele já matou gente demais, amor... E só eu posso detê-lo. Um exército muito mais desenvolvido e poderoso do que todos os deste planeta já falhou nisso... e a Diana não conseguiria chegar aqui a tempo, e, sinceramente, não sei se ela ajudaria muito. Essa criatura... é o ser mais poderoso que eu já vi...”

“Por favor, Freddie...” ela encostou sua cabeça no peito do amado.

Ele a afastou e acariciou seu rosto com a mão direita, enquanto a fitava fixamente em seus olhos azuis.

“Lembre-se... aconteça o que acontecer, eu sempre amarei você. Sempre.”

O casal se beijou sob a poeira resultante da épica batalha por Nova Iorque. O beijo teve a urgência da desagradável sensação de que seria a última vez em que fariam isso, ambos não queriam que aquele momento terminasse.

“Rarrrhhhh...”

Freddie quebrou o beijo e olhou desolado para a criatura, distante 300 metros deles. Diferente das outras vezes, ela parecia apreciar o desespero daquelas pessoas, permanecendo no lugar, dando a impressão de estar sorrindo da situação.

O herói olhou com pesar para sua amada uma última vez e virou-se.

Nesse momento, Carly, boquiaberta, olhava para Freddie, que a vislumbrou de volta.

“Freddie...? O que você está fazendo aqui...? C-com o uniforme do Superman?”

Ele sorriu, ainda que o momento fosse trágico.

“A Sam te conta depois. Até, Carls...”

O kryptoniano voou até Apocalypse.

Carly se juntou a Sam, abraçando-a. Ambas choravam.

“Sammy, o Freddie... Apocalypse... ele... ele...”

“Eu sei, amiga... mas ele é a nossa última esperança...”

Freddie pousou a cerca de dez metros do monstro. Seu corpo estava pênsil, pois o profundo ferimento causado na sua lateral latejava demais. Sua mão esquerda estava pousada sobre o local, procurando aplacar um pouco a dor.

Pela primeira vez na vida, Freddie sentiu medo. Não temia morrer nas mãos de Apocalypse, mas sim de falhar e não conseguir salvar a Terra.

Ao notar a angústia do marido, Samantha falou:

“Vai, amor... Acaba com esse monstro...”

Essas palavras fizeram com que Freddie respirasse fundo, agravasse sua expressão.

As duas criaturas mais poderosas do universo se encararam uma última vez, como dois lutadores prestes a fazer o combate de suas vidas.

“Acaba aqui... Sua matança acaba aqui, Apocalypse... Nem que eu morra para impedi-lo...”

Os dois superseres correm um contra o outro, armando seus punhos; quando se encontram e o golpes saem, o resultado é tão impressionante que uma onda de choque varre a área em duzentos metros, fazendo quem estivesse por perto caísse ao chão, bem como derrubando as árvores mais próximas.

Atirados para trás, Apocalypse e Freddie em poucos décimos se engalfinham novamente, trocando murros que geravam estrondos audíveis a quilômetros de distância.

Freddie perdeu alguns milésimos, buscando ver pela última vez o rosto de sua amada, que estava ao lado de sua melhor amiga.

O momento: Agora

O monstro aproveitou a distração e ganhou a vantagem, com um golpe com a mão fechada, fazendo com que as garras localizadas nas juntas de sua mão rasgassem o rosto de Freddie.

“Arhhhhh!”, o herói gemeu, sentindo seu rosto queimar.

Ele conseguiu segurar os punhos de Apocalypse, fazendo força para detê-lo por alguns momentos e tentar se recuperar.

Mal... estou consciente... preciso... tentar algo novo...

Ele então apoia o seu pé direito contra o osso exposto no joelho da criatura, fazendo força e por fim quebrando-o.

Apocalypse soltou um urro de dor, retrocedendo alguns passos.

“Finalmente consegui te machucar, criatura maldita!”

Com a vantagem, Freddie deu um murro de direita no rosto da criatura, fazendo alguns pedaços de osso voarem. A criatura revidou com um soco no peito de Freddie, afundando as garras de ossos em sua carne.

Trocavam golpe a golpe, cada um exaurindo um pouco os dois.

Àquela altura, Freddie já nada mais sentia, tudo o que sua mente conseguia processar era a tremenda necessidade de abater aquele monstro, capaz de destruir o planeta, como já fizera com outro antes.

KRAAAKKK

Freddie, acostumado a ouvir tudo ao seu redor em um raio de quilômetros, sentiu sua super-audição cessar.

THOOOOOM

Freddie sentiu seu olfato desaparecer.

BADOOOOM

Por fim, ainda que tentasse, em uma brecha dada pelo monstro, Freddie não conseguiu ativar sua visão de calor.

Seus poderes sumiam um a um; era uma questão de minutos até que sua força e resistência também desaparecessem.

Freddie mal conseguia ficar acordado; sua mão direita tremia involuntariamente, a visão estava turva. Seu rosto fora tão atingido que ele mal o sentia. O kryptoniano respirou fundo, tinha de dar tudo o que tinha naquele momento, ou tudo estaria perdido.

“Pela Sam...” ele saltou em direção a Apocalypse, juntando suas mãos acima de sua cabeça, para um último golpe, “Pela minha mãe, pela Carly, por todo este planeta... Você cairá, Apocalypse... AGORA!”

Ao mesmo tempo, Apocalypse armou um soco duplo para o alto.

No momento em que os golpes atingiram seus alvos, um ensurdecedor estrondo ecoou por toda a cidade e muito além dos seus limites, fazendo os prédios mais próximos tremerem. Uma cortina de terra subiu, e uma cratera de mais de dez metros de profundidade e duzentos de raio se abriu no terreno do Central Park.

E, depois disso, um silêncio mortal.

Sam se separou de Carly e correu o mais rápido que podia em direção ao epicentro da luta.

Na Coreia do Norte, uma garota, fanática pelo herói, começou a soluçar, ao ver, através de seu computador, a cena que surgia depois de a poeira abaixar; no Brasil, incrédulos, vários senhores que estavam em um boteco ficam mudos enquanto fitavam a TV; uma lágrima escorreu no rosto de Micaela, a garota que queria se suicidar e fora salva por Freddie, e, na hora da luta, estava em sua sala com seu marido, também acompanhando a luta pela televisão. E, sentindo uma dor imensurável, talvez comparável apenas com uma pessoa, uma senhora chorava veladamente à frente da TV de sua sala. Era discreta na lamúria, mas, por dentro, estava arrasada, e talvez estivesse naquele momento anestesiada após ver seu filho ser massacrado por um monstro insaciável por violência.

Depois de a poeira assentar, todos viam dentro do enorme buraco o corpo de Apocalypse, imóvel, com a cabeça deslocada. Ao lado, jazia também imóvel o Superman, a parte de cima do uniforme destruída, seu corpo ensanguentado. Viram também uma mulher loira correndo na direção do herói e apoiando-o em seu colo.

Chorando, Sam apoiou a cabeça de Freddie. Seu rosto estava destruído, não era possível reconhecê-lo.

“Freddie, fala comigo, amor, por favor...”

O olho esquerdo de Freddie se entreabriu, e, mesmo com seu rosto destruído, ela imediatamente identificou aquele sorriso que a fazia ter calafrios pela espinha, desde a época em que era uma adolescente turrona.

“...Sammy...?” ele falou em uma voz fraca. Estava feliz por ver o rosto angelical de sua esposa uma vez mais. Queria também acariciar sua delicada face, mas, apesar de outrora ser capaz de sustentar o peso do planeta em suas costas, não tinha forças para sequer levantar seu braço. Manter o olho esquerdo aberto e balbuciar já era um esforço sobre-humano.

“Sim, sou eu, amor, eu estou aqui...”

Naquele momento, ele queria dizer à amada tantas coisas... como a amava, que queria pedir seu perdão por ser o Superman e deixá-la sozinha no quarto por tantas noites, indo salvar outras pessoas... mas ele precisava saber.

“Apo... Apocalypse...?”

“Você acabou com ele, amor... você salvou todos nós.”

“Q-que... bom...”, ele sussurrou, fechando o olho.

“Agora, por favor, relaxa e aguenta firme, os paramédicos já estão chegando... Freddie...! Não, não, não...!”

Sam sentiu o corpo de Freddie se soltar, a cabeça dele pendeu para o lado.

E, enquanto a loira gritava de desespero, o mundo inteiro estava ligado àquele momento.

Alguns se lembrariam dos sons monstruosos que puderam ser ouvidos a centenas de quilômetros.

Outros se lembrariam da destruição massiva causada pela luta.

Alguns se lembrariam da gigantesca cratera resultante do golpe final.

Mas todos se lembrariam daquele dia em que um homem, ainda que um super-homem, lutou sozinho com todas as suas forças contra a criatura mais letal e maligna que já pisara no planeta Terra, sacrificando sua própria vida para salvar a todos.

Todos se lembrarão do trágico dia em que o Superman, o maior herói do planeta, finalmente tombou ante um adversário.