Tudo que Jeon Jungkook mais desejava naquele momento, era que seu nome não fosse chamado pela professora de artes, assim não teria que ir naquela — segundo ele — entediante viagem para uma praia qualquer, apenas por alguns meros cenários para pincelar. Não que o moreno não gostasse de pintar — muito pelo contrário, era seu hobby favorito durante as tardes na casa de seus avós — mas ele realmente odiava ir para qualquer lugar que exigisse pegar a estrada, o que segundo ele era absurdamente entediante e cansativo. Fora ele, apenas Lee Somin — a garota número um do colégio, a qual Jeon ficava abaixo uma posição, em segundo lugar — que também estava pouco se lixando para aquela viagem, enquanto os demais alunos rezavam para serem chamados, quase imploravam com olhares de misericórdia. Os dedos do garoto mantinham-se cruzados desde que a professora colocara os pés dentro da sala. Suas pernas tremiam e não conseguia parar de mexer os pés para cima e para baixo. Ouvia atentamente cada nome que ela mencionava e suas unhas já estavam quase todas roídas pelo tamanho nervosismo que emanava do garoto. Só queria que chamasse todos de uma vez para passar logo por tudo aquilo, por toda aquela ansiedade que odiava tanto, mas que não conseguia controlar.

— Nossa cara, espero que a gente consiga! Imagina quantas garotas bonitas a gente não iria encontrar por lá? — seu melhor amigo, Kim Namjoon, interrompe seu momento de concentração. — E ainda melhor, elas estarão só de roupas de banho. — e logo após vem a cara de pervertido, a qual Jungkook respondia com uma de desinteresse.

— É, tanto faz Namjoon. — apesar de ter mostrado que não se interessava nem um pouco, o moreno não queria desapontar completamente o amigo dizendo que estava querendo não ser chamado.

— Kim Namjoon! — a professora de artes chama, de repente.

— Eu não acredito Jeon, consegui! Minhas garotas já devem até estar me esperando animadas. — o loiro coloca um sorriso de ponta a ponta, e quase seus olhos se enchem de lágrimas pela emoção de ter seu nome chamado.

Mais alguns são chamados. Jungkook já se encontrava mais calmo quando o penúltimo nome é falado pela mulher, o destino não poderia ser tão traiçoeiro e o chamar faltando apenas um. Era o que o garoto pensava.

Mas estava deveras enganado.

— E o último nome é... — um breve silêncio se estende por todo o ambiente. — Jeon Jungkook! — ela fala por fim, para acabar com a curiosidade de todos ali presentes, decepcionando todos que estavam implorando para que seu nome fosse um dos escolhidos e também ao moreno, que era tudo que ele menos queria.

— O que? — rebate o moreno se levantando abruptamente de sua carteira e batendo com as mãos na mesa.

— Isso mesmo querido, é você. — ela sorri, achando que a reação de seu aluno era de entusiasmo, totalmente o oposto do que o garoto sentia naquele instante em que sua cabeça doía tanto ao ponto de achar que logo explodiria.

— Era só o que me faltava! — exclama alto. — Se eu não for, não irei receber a nota na matéria, e não posso deixar isso acontecer, ainda mais agora que estou quase passando a Somin e me tornando o número um do colégio. — ele encara a garota, que estava aliviada de não ter sido chamada.

Um suspiro profundo e exalado do garoto, infelizmente ele não tinha escolha. Jungkook só queria que aquilo chegasse logo, assim iria terminar o quanto antes, pois já sabia que ele ficaria isolado em um canto qualquer, sentado na areia a beira do mar, enquanto todos os outros escolhidos estariam se divertindo pulando as ondas do mar ou bebendo durante as festas a luzes do luar. Na verdade, esse era o verdadeiro motivo pelo qual o garoto temia tanto ser chamado, ele sabia que no fim ficaria sozinho e com um sentimento ruim dentro do peito, como sempre.

Mais um suspiro pode ser ouvido, de repente.

— Você consegue Jeon! Você consegue! — repetia para si mesmo incontáveis vezes.

— X —

E o tão esperado dia — nem tanto assim por uns — chega. O sol raiava mais intenso do que qualquer outro daquele mês, era realmente o dia propício para uma ida à praia. Dois ônibus de porte mediano, estavam a espera dos alunos em frente ao colégio. Os jovens subiam empolgados no veículo, e logo se acomodavam nos acentos — inclinando-os ao máximo, e esticando suas pernas no corredor do ônibus — colocando seus fones de ouvido com uma música alta tocando que todos conseguiam ouvir os ruídos, logo em seguida. Jungkook observa atentamente os lugares vazios quando entra, ele não gostava de se sentar muito na frente, pois acabava vendo todo o caminho percorrido, o que para ele era abominante, mas também odiava se sentar mais atrás, já que geralmente era onde os bagunceiros e barulhentos acabavam se acomodando. Por fim, resolve fica pelo meio mesmo, ao lado de seu amigo, Namjoon, que sem sombra de dúvidas, era o mais animado de todos ali. Para sua infelicidade, ele não havia percebido que Kim Dahyun estava no banco atrás do seu, e ela por sua vez era uma das mais brincalhonas turma, logo começa a puxar o cabelo do moreno para irritá-lo ainda mais do que já estava naquela manhã — sem contar que logo ao se levantar, já esbarrou seu dedinho do pé na quina da cama, então obviamente sabia que aquele dia seria ainda pior do que imaginava. No fim, todos da sala sabia que Dahyun escondia sentimentos por Jungkook, mas o garoto era o único que não fazia ideia. Talvez tenha sido o destino que os colocara tão pertos um do outro e ainda indo para uma viagem a praia.

— Nem consigo acreditar que em breve vamos estar cheio de garotas bonitas do nosso lado! — seu amigo exclamava a cada cinco minutos, para deixar o ânimo de Jeon ainda mais baixo e sua vontade de ir ainda mais negativa.

— Baixa a bola Namjoon, não se esqueça de que Jackson Wang também foi escolhido, e você sabe muito bem como as garotas reagem quando o veem, não sabe? — o moreno ri da expressão do amigo que muda de empolgação total para uma decepção um tanto raivosa.

— Aquele bobalhão! — esbraveja. — Provavelmente vai comprar vários drinks e fazer uma festa ao ar livre, igual as que faz em sua casa e que convida todo o colégio.

— Todos, menos nós dois. — continua brincando com o colega.

— Um dia eu também serei rico e poderei chamar todas as garotas do universo para uma festa e...

— Namjoon, acho que é melhor você dormir antes que comece a choramingar! — sugere Jungkook.

— Tudo bem, eu vou. — agora a expressão era de tristeza profunda, com um tiquinho de chateação em relação a um dos garotos mais populares do colégio. Onde quer que Jackson passasse, era sempre o centro das atenções, e Namjoon acabava sempre ficando para escanteio.

Alguns minutos depois que eles caem na estrada, os olhos do moreno começam a se fechar e tudo a ficar escuro, até que finalmente entra em um cochilo profundo, mesmo com Dahyun ainda fazendo travessuras com o seu cabelo.

— X —

Jungkook acorda quando ouve bem baixinho as ondas do mar quebrando conforme chegavam perto da areia, apesar de tudo, ele gostava de ouvir aquele som, era quase como uma melodia a seus ouvidos, fazendo sua tenção e insatisfação começarem a ir embora lentamente.

— Ei cara, acorda! Nós já chegamos. — chacoalha o amigo que dormia feito uma pedra e roncava como urso. — Em breve já estaremos no hotel que iremos hospedar.

— O que? O que? — ele acorda assustado, olhando rapidamente em todas as direções até se situar novamente. — Já chegamos? Irra! As gatinhas já devem estar me procurando por todos os lados. Vamos logo motorista, pisa fundo! — ele vai até a cabine do senhor que dirigia o ônibus para apressá-lo.

— Meu deus, o que eu fiz para ter um amigo assim? — Jungkook repetia em voz baixa.

— X —

Namjoon, chega ao quarto em que dividiria com o moreno e mais alguns garotos, todo saltitante, enquanto o outro ainda mantinha-se sonolento da viagem. O espaço não era tão grande nem tão pequeno. Possuía um guarda-roupas enorme, ocupando toda uma parede e chegando até o teto, e duas beliches, uma em cada estremo do ambiente de coloração esverdeada e ramos brancos que se estendiam na parede, formando desenhos abstratos, deixando o lugar agradável aos olhos.

O moreno, joga a sua mala na cama de baixo de uma das beliches, uma vez que seu amigo já havia escolhido a parte de cima. Ele começa a desfazer a mesma bem devagar, enquanto continuava a observar o ambiente e a linda vista da janela do quarto, que ficava no sexto andar daquele hotel de oito, isso enquanto ouvia Namjoon falar sem parar sobre as garotas, diversão, jogos, festas, e outras coisas que entrava por um ouvido do garoto e saía pelo outro.

— Ei Namjoon! — exclama de repente.

— O que foi? — o loiro responde apontando a sua cabeça na parte de baixo, onde o moreno já havia se acomodado, se equilibrando com as mãos nas beiradas da beliche.

— Vamos andar um pouco na areia? Acho que a viagem me deixou tonto. — sugere.

— Ué? Não era você que só ia ficar no quarto trancado até a hora de ir embora? — uma careta de julgamento é lançada pelo amigo em direção ao moreno. — Além do mais, não acha melhor esperamos os outros dois que vão ficar nesse quarto com a gente?

— Eu só quero tomar um ar cacete, vamos logo e pare de me questionar se não nunca mais te passo as respostas das provas. — o amigo arregala os olhos com a reação repentina dele.

— Ok, ok... Vamos nessa! — concorda sem pensar duas vezes.

Os dois descem as várias escadas até chegar a portaria — Namjoon quase desistiu no meio do caminho, o suor já pingava de seu rosto depois de mais ou menos vinte degraus — e lá, vários dos alunos da turma estavam desfrutando de tudo que o hotel tinha a oferecer, no restaurante — onde o menu do dia era um jajamyeon gourmet — e também na sala de jogos eletrônicos, onde várias meninas gritavam ao observar um garoto jogar algum dos arcades, e logo os dois deduziram se tratar de Jackson.

— Aquele babaca metido a riquinho! — murmura o amigo do moreno.

— Bom, que ele é rico não podemos negar, não é mesmo? — rebate.

— Jeon? Para de defender ele caramba, quem é seu amigo aqui?

— Vamos logo e pare de resmungar! — diz Jungkook apressando os passos e saindo do hotel onde estavam.

— Ei cara, você não me respondeu! Jungkook... Jung... Me espere!

— X —

Quando o moreno coloca seus pés na areia quente daquela praia, ele logo fecha os seus olhos e abre os braços para poder sentir a brisa batendo lentamente em seu rosto e balançando seus cabelos lisos de um lado para o outro. O garoto respira fundo e abre um sorriso espontâneo de repente, enquanto ouvia novamente aquele som das ondas que tanto o agradavam e acalmavam seu coração.

— Veja só! Parece que o jogo virou, não é mesmo? Aquele que estava com raiva de ter seu nome chamado para a viagem, agora têm um sorriso bobo no rosto. — brinca o amigo que observava aquele momento.

— Já disse, eu só queria poder respirar um pouco. — rebate.

Nesse momento — sem observar o cenário ao seu redor — Jungkook não sabia, mas era o alvo de uma bola de vôlei que voava em sua direção em alta velocidade, lançada por alguém que jogava ali por perto com uns amigos.

Poff!

Um barulho tão repentino assusta Namjoon, e quando percebe seu amigo estava caído no chão, graças ao impacto da bola que havia acertado sua cabeça em cheio.

— Minha nossa, me desculpe. — uma voz contagiante vinda de longe começa a se aproximar. — Sinto muito mesmo, não era minha intenção te acertar com a bola. — então uma mão misteriosa aparece de repente diante dos olhos de Jungkook.

— Ei! Por acaso não tem olhos não? Seu... — o moreno não consegue terminar de falar assim que fixa seu olhar nos olhos negros do garoto que estava em sua frente. Eram incrivelmente penetrantes e viciantes, toda a atenção de Jeon é voltada para o jovem diante de si, e em seus peitorais malhados — com o suor escorrendo graças ao calor que emanava naquele dia — fora os braços um tanto quanto musculosos do mesmo e as coxas esbranquiçadas, cobertas por um shorts largo de cor verde com algumas estampas de flores, bem no estilo verão. De alguma maneira, ele havia prendido toda a atenção de Jungkook para si, o qual estava com seu coração pulsando inexplicavelmente como nunca havia acontecido antes, esmurrava sua caixa torácica ao ponto de achar que sairia dali a qualquer momento.

— Me desculpe mesmo — insistia o outro moreno. — Estava jogando com meus amigos e acho que exagerei na força.

Jeon continuava calado, engolindo seco e sem reação.

Depois de alguns segundos paralisados, ele finalmente volta a si.

— Ah? O que?

— Pode me perdoar? — aquele garoto insistia em uma resposta, talvez estivesse se sentindo muito culpado por acertar a cabeça de um estranho com uma bolada.

— Claro, tá tudo bem! — as palavras enfim saem de sua boca.

Ele estica as mãos de repente em direção a Jungkook, que fica com os olhos arregalados e confuso com o gesto.

— Não quer ficar sentado o dia todo aí, quer? — brinca o jovem de sorrisos largos.

Então o moreno estende as suas e se levanta com a ajuda do outro, que sorria com os olhos semicerrados, provavelmente para criar um clima mais amigável. Jungkook sente um pequeno choque repentino no exato momento que suas mãos tocam nas dele, o que o faz engolir um seco.

— Obrigado! — exclama ao se levantar.

— Não precisa agradecer por nada, isso é o mínimo que eu posso fazer! — aumenta a intensidade do sorriso. — Bom eu tenho que ir agora, a gente se vê por aí? — diz já se despedindo ao ouvir seus amigos, que esperavam na rede de vôlei de praia ali perto de onde Jungkook e Namjoon se encontravam, chamando-o para voltar logo ao jogo.

— Espere! — dá um grito repentino quando o garoto misterioso já se afastava. — Qual é o seu nome?

— Haha! — ri pela pergunta inesperada. — É Hoseok. Jung Hoseok! — e logo após responder, ele se afasta de perto e retorna para a partida com os colegas.

Ainda um pouco perdido nos pensamentos e totalmente fascinado pelo garoto — agora não mais tão misterioso — Jeon continua paralisado, olhando fixamente para um único ponto na areia.

— Ei cara, tá tudo bem? — Namjoon resolve perguntar. — Nunca te vi gaguejar daquele jeito, e agora você está assim parecendo que viu um fantasma.

— Vamos voltar!

— O que? — fica confuso com a mudança repentina de humor do colega.

— Vamos logo! — diz já se virando em direção ao hotel.

— X —

O garoto, sobe na parte de cima da beliche, dizendo a seu amigo que precisava pensar em algumas coisas e que seria por um tempo. Então, ele vira-se voltando os olhos para o teto, esticando suas pernas e relaxando o corpo.

Logo as imagens de Hoseok aparecem como vultos de lembranças na cabeça de Jeon. Aquele sorriso sincero, os olhos com um brilho penetrante, o corpo perfeitamente esculpido... Jungkook nunca havia visto alguém tão perfeito em sua vida, o que o deixava confuso e assustado ao mesmo tempo, afinal por que pensava todas essas coisas de um garoto? Mesmo com medo do sentimento tão irreconhecível, ele se deixa levar pelas imagens do garoto, e logo um sorriso bobo surge em seu rosto.

— Jung Hoseok... — murmurava baixinho.

Até que de repente, seus pensamentos são cortados quando as portas se abrem e dois jovens entram. Eram os companheiros de quarto de Jungkook e Namjoon.

Para a infelicidade e azar do amigo do moreno, um deles era nada mais nada menos do que Jackson Wang, seu arque inimigo mortal quando se tratava das garotas bonitas do colégio, ou de qualquer outro lugar.

— Não, isso não é possível! O universo simplesmente não pode querer me fuder tanto assim, pode?

— Vejam só quem encontramos por aqui! — exclama Wang. — Nunca pensei que seriamos colegas de quarto.

— Pode ir tirando seu cavalinho da chuva garoto, não tem essa de “colegas” aqui não. — Namjoon se exalta.

— Ei calma! Pra que tanto estresse assim? Vamos curtir galera! Estamos fora da escola, não tem com o que ficar tão mal-humorado assim. — exclama empolgado.

— Hahaha, não! — o outro rebate.

— Já sei, o que acham de irem à festa que vou organizar a noite lá na praia? — sugere, tentando criar um clima agradável entre eles. — Prometo deixar algumas garotas pra você Namjoon, a menos que todas elas queiram a mim, o que pessoalmente acho mais provável.

— Ora seu! — serra os punhos.

— Vamos Jackson, precisamos organizar as coisas para a noite. — diz seu amigo, e braço direito de Wang, Jinyoung, o outro com quem os garotos dividiriam o quarto.

— Bom, vou indo agora meus camaradas! Espero vocês lá as oito da noite. Não se esqueça de levar seu cachorro raivoso Jungkook, quem sabe assim ele não consegue finalmente morder alguém. — morde os lábios em provocação.

Os dois saem, deixando apenas o moreno e seu amigo no quarto novamente.

— Eu não acredito que esse cara consegue me tirar tanto do sério assim. — diz.

— Ai Namjoon, ele até que foi legal, chamou a gente de colegas e até nos convidou para a festa. O Jackson sempre foi um cara gente boa, sinceramente não entendo o motivo de pegar tanto no pé dele.

— Meu dia não pode ficar pior! Primeiro o embuste aparece e diz que vamos ter que dividir o quarto e agora meu melhor amigo se rebelado para defender o inimigo. Olha, eu acho que para ficar pior só se eu nascesse outra vez. — diz brincando.

— X —

O dia passa rápido depois daquele incidente na praia com Jungkook e a situação com Jackson no quarto. Ao meio dia, todos os alunos se reúnem na frente ao hotel para participarem da aula especial de artes, o verdadeiro motivo do passeio repentino à praia. A professora Song Hyekyo mantinha sua animação desde que saíram do colégio, e quando os alunos começam a arrumar suas telas, grudando-as na areia para finalmente começarem a transmitir suas emoções através das pinceladas, sua empolgação cresce incontrolavelmente. No fim da tarde, ela começa a avaliar cada uma das pinturas — umas surpreendentes e outras nem tanto, principalmente as de Jackson e Namjoon, que pareciam mais um desenho abstrato, provavelmente por estarem com a cabeça em outro lugar, já que Wang teria uma festa para dar em algumas horas e o amigo de Jungkook ainda mantinha-se esbaforido pelo ocorrido no quarto. Apesar de tudo, Hyekyo fica extremamente agradecida apenas pelo fato de todos da turma terem cumprido com o combinado e aparecido para participar da aula, já que poderiam muito bem apenas aproveitar a viagem.

— X —

A lua finalmente se mostra depois que o sol se põe lentamente ao longe do mar. Todos já estavam se preparando para a festa de Jackson, as meninas se maquiando para chamar ainda mais atenção dos rapazes, e os garotos tentando fazer um penteado legal. Jungkook e Namjoon ainda estavam no quarto, e nem haviam começado a se arrumar, isso porque o amigo do moreno insistia em dizer que nunca pisaria em algo que fosse organizado por seu rival.

— Não, eu não vou mesmo! — dizia incontáveis vezes.

— Cara, essa é a primeira festa que nós somos chamados e você quer ficar de cú doce?

— Espera aí, você nunca gosta de sair e também nem queria vir nessa viagem para começar, por que está tão interessado em ir a festas agora? — pergunta o amigo confuso.

— Eu preciso achar alguém... — murmura baixo, quase em pensamento.

— O que? Eu não ouvi.

— Não é nada demais, eu só estou curioso para saber como é estar em uma festa, apenas isso. — mente. — E eu não acredito que vai deixar o Jackson pegar todas as meninas sem batalhar por elas, poxa Namjoon, achei que era valente como sempre me disse. — tenta chantagear para ver se funciona.

— Como é que é? Claro que eu sou! Pois você tem razão, não posso deixá-lo levar todas sem ao menos tentar. Vamos nessa Jungkook! Vista sua melhor roupa e passe o seu perfume mais adocicado, está na hora da gente brilhar no meio daquele povo.

— É, pelo visto funcionou...

— X —

E quando percebem, lá estavam eles, no meio de todos os outros da turma — já empanturrados de bebidas alcoólicas e cheios de marcas de chupões no pescoço, alguns até caídos de tanto beber — definitivamente era um lugar totalmente novo para os dois. Luzes de neon estavam espalhadas por toda a areia e mesas cheias de drinks e frutas tropicais colocadas umas dos lados das outras, fora uma fogueira localizada no centro do pessoal para afastar um pouco o frio que fazia durante a noite. Uma música alta e sem letra alguma tocava saindo de uma caixa enorme de som, colocada perto das bebidas, e impregnava nos ouvidos dos garotos, era apenas um barulho infernal que ressoava dentro da cabeça, fazendo-as doer quase que instantaneamente. De repente, Jackson os avista, e começa a se aproximar.

— Vocês vieram! Estava apostando com o pessoal se apareceriam ou não. — ele lança um sorriso.

— Chegou o embuste. — murmura Namjoon.

Jungkook o cutuca para parar de ser grosseiro, já que Wang estava parecendo ser amigável.

— Sei que vocês têm um pensamento sobre mim, que sou só um cara rico e popular que ama esnobar os outros, mas acreditem, eu não sou assim. — começa a desabar de repente. — Na verdade eu sempre quis conversar com vocês, mas não sabia se iriam me corresponder.

— Ata, conta outra. — o amigo do moreno continuava a murmurar.

— De qualquer maneira, peço desculpas por passar essa ideia errada, que tal uma bebida para compensar tudo isso?

— Já acabou Jéssica? — Namjoon lança uma expressão sarcástica.

— Cara, ele só está querendo ser legal! — Jungkook tenta apaziguar a situação.

— Legal? Ele? — continuava com a sua ideia desconstruída do outro.

— Quer saber, porque não faz uma coisa de útil com essa sua boca e me beija, invés de só ficar reclamando desse jeito? — Jackson franzi o cenho e lança um olhar penetrante em direção a Namjoon.

— O que? — se assusta com as palavras do jovem.

— Venha, vamos conversar mais para lá. — diz Wang já puxando o garoto pelos braços e arrastando-o para longe, deixando Jungkook sozinho no meio de um bando de bêbados.

— Ok né? — murmura o moreno vendo o amigo sendo levado depois de receber uma cantada de alguém que ele nunca esperaria. E, a propósito, que cantada boa misericórdia.

Algum tempo se passa e o que o moreno mais temia acontece. Ele fica sozinho, sentado na areia rabiscando algo qualquer com um pequeno graveto, para passar o tempo enquanto espera seu colega. Até que, de repente, aquela mesma mão aparece diante de seus olhos e seu coração palpita mais forte instantaneamente.

— E aí, como vai? — Hoseok lança um sorriso estonteante.

— Você? Achei que não viria... — abaixa sua cabeça envergonhado.

— O que? Estava me esperando? — pergunta enquanto ria ao mesmo tempo. — Como sabia que eu viria?

— Acho que confiei no destino. Queria te ver de novo, e quem sabe dessa vez começar com o pé direito, invés de uma bolada na cebeça — confessa.

— Poxa, já tinha até esquecido aquilo, agora minha consciência vai pesar outra vez. — faz um biquinho como se estivesse se sentindo culpado.

— Sinto muito, haha.

— Mas era só por isso que queria me ver? Para me fazer lembrar do incidente?

— Não... — fica relutante em falar.

— Então qual o motivo? Na verdade, só estava de passagem por aqui, logo eu vou ter que ir embo...

— Fique... Por favor. — implora de repente. — Sei que pode parecer estranho, mas eu realmente senti algo muito forte por você, algo que não sei o que é, então não se explicar ao certo do que se trata.

O outro moreno fica paralisado enquanto olhava diretamente para Jungkook proferindo as palavras que saiam relutantes de sua boca.

— Então está dizendo que gosta de mim? Isso sequer é possível?

— Não, não é isso... Bom, pelo menos eu acho que não. — fica confuso.

— Tá, esquece! Apenas se levante. — extende novamente sua mão, agora levantando o garoto.

— Me desculpe, é a segunda vez que nos encontramos e eu já digo algo repugnante assim. — abaixa sua cabeça em arrependimento mais uma vez.

— Relaxa cara. Você não é o primeiro que se confessa para mim, haha. Afinal quem iria resistir a alguém tão sexy como eu, não é mesmo? — brinca passando a mão em seu rosto.

Nesse momento Jungkook percebe o quão diferente estava vestido. Usava uma calça jeans escura rasgada nos joelhos com uma botina preta e de cano alto nos pés, e uma jaqueta escura cobrindo uma simples camiseta branca jogada por baixo dela. Algo completamente diferente do estilo verão que usava quando se conheceram.

— Uau, não sabia que gostava de se vestir assim, tão descolado. — brinca tentando quebrar o gelo depois de tantas coisas repentinas que havia proferido.

— Que? Ah! Isso? É como um uniforme da nossa gan... — não completa a frase.

— Nossa? — o moreno fica curioso para saber do que se tratava.

— Nada, esquece! Que tal darmos uma volta? Eu vi a sua carinha quando cheguei aqui e tenho a absoluta certeza de que não curte muito festas assim, estou certo? — sugere enquanto vai em direção a uma moto que estava parada não muito longe dali.

— Espera aí, essa moto é sua? — o moreno fica com a boca aberta com o veículo de duas rodas com a coloração azulada e motores personalizados.

— Gostou? Suba, eu tenho um capacete sobrando. — pisca em direção a Jungkook, chamando-o.

Sem pensar duas vezes, ele sobe na moto de Hoseok, que já se preparava para ligá-la. Depois de ambos colocarem os capacetes, o moreno segura na cintura do rapaz firmemente que fica pensativo por breves segundos, mas apenas ignora, correspondendo com um sorriso.

Os dois andam pela região por vários minutos, o motoqueiro mostrava os pontos turísticos por perto da praia, deixando Jeon fascinado, com os olhos brilhando graças a luz do luar refletida neles.

Aquele mesmo garoto apreensivo que não queria ser selecionado para a viagem de maneira alguma, agora agradecia por ter seu nome chamado pela professora de artes. O que sentia naquele momento era algo mágico nunca presenciado antes, e que não queria que chegasse ao fim.

Quase no fim da noite, Hoseok deixa o moreno na portaria do hotel que desce lentamente da moto, soltando os braços da cintura do motoqueiro de jaqueta escura.

— Obrigado por isso, eu realmente estava precisando de algo assim para esvair os pensamentos. — agradece.

— Não precisa ser tão educado assim comigo, só fiz o que qualquer um que tivesse acertado sua cabeça faria.

Os dois riem, e nesse exato momento seus olhares se cruzam em súbito. O coração de Jungkook volta a esmurrar sua caixa torácica e mal sabia ele que o do garoto a sua frente estava do mesmo modo, acelerado ao extremo.

Sem conseguir se controlar, Jeon avança dois passos a frente, indo novamente em direção a Hoseok que se mantinha sentado em sua moto. O estudante fecha seus olhos conforme chegava cada vez mais perto do rosto do garoto e seu coração nesse instante já era impossível de manter sob controle.

Até que o motoqueiro desvia o olhar e em seguida tira seu rosto da reta do moreno, afastando-se de perto dele.

— Eu sinto muito Jungkook, mas eu não posso.

— Não... A culpa é toda minha, é obvio que você não iria querer uma coisa dessas. Eu sou um idiota mesmo. — começa a se culpar.

— Por favor, não me leve a mal é que...

— Hoseok, a culpa é minha! Eu não deveria ter tentando algo assim. Eu vou... — nesse instante ele para de proferir sua frase e apenas corre para dentro do hotel.

Ainda em frente a portaria, o motoqueiro observa o moreno subindo as escadas rapidamente — parando de vez em quando para tomar um fôlego e enxugar as lágrimas — e solta um suspiro profundo para se recompor de toda aquela situação complicada.

— X —

Quando Jungkook abre a porta do quarto, ele encontra a beliche de Namjoon toda desarrumada — praticamente virada ao avesso, com os lençóis no chão e os travesseiros despenados — e o amigo sentado no chão com as mãos na cabeça.

— Pelo visto teve uma noite boa por aqui, não é? — perguntou o moreno. — Quem foi a garota, é do colégio? — tenta distrair seus pensamentos puxando assunto com ele.

— Cara, eu fiz a maior merda da minha vida.

— Por que? — fica confuso com a resposta.

— Eu fiquei com o Jackson... Você tinha razão, ele era um cara legal, e gostoso também. — suas bochechas coram ao proferir essas palavras. — Nos simplesmente estávamos bebendo e quando vi ele já estava em cima de mim.

— Mano? Como é que é? Você beijou o Wang?

— Cala a boca! Ele pode chegar a qualquer momento, não se esqueça de que ele também vai ficar nesse quarto com o seu amigo.

— Cara, você tem noção de que você conseguiu o que noventa e nove por cento das pessoas do colégio desejam? — a expressão do moreno é de surpresa.

— Mas e se eu te falar que não foi só isso... — agora suas bochechas pareciam um tomate bem maduro de tão avermelhadas.

— Espera aí! Não vai me dizer que vocês... — Jungkook realmente queria que estivesse enganado em sua dedução.

— Sim, nós transamos. — era a resposta que ele temia receber do amigo.

— Namjoon do céu! Você é o cara mais sortudo desse mundo.

— E o mais fodido também, literalmente. — choraminga. — O pior de tudo é que eu acho que estou apaixonado por ele. Talvez toda aquela inveja que eu tinha não era dele atacando as garotas, era delas o atacando. Eu estou muito confuso! — grita alto em meio aos pensamentos embaralhados em sua cabeça.

— Tente esquecer isso, mesmo que seja difícil. Ficar remoendo só vai te deixar pior.

— Tem razão. Eu acho que vou tomar um pouco de ar...

— Mas espere, onde ele está agora?

— O Jackson? Foi fumar um pouco lá fora, depois que nós... bem, depois que...

— Tá legal eu já entendi. Mas olha lá o que vai fazer lá fora, hein? Espero que vá só tomar ar mesmo. — o moreno lança um sorriso sarcástico.

— Jungkook se eu não estivesse com o corpo todo dolorido nesse momento, eu viraria um socão no meio da sua cara bem agora.

Depois que seu amigo sai do quarto e o moreno fica sozinho, sem que perceba ele desabada em lágrimas, assim que encosta na parede gélida, e vai escorrendo até que finalmente senta no chão.

O moreno se sentia culpado pelos sentimentos confusos que surgiram no momento que Hoseok esticou suas mãos para o levantar depois que aquela bola atingiu sua cabeça, e então aquele pequeno choque percorreu pelo seu corpo, e se sentia ainda mais culposo por ter revelado isso ao motoqueiro tão subitamente, mas sabia que ao amanhecer estaria indo embora, portanto não tinha tempo para pensar na melhor alternativa.

Ele havia feito a escolha certa?

Ou a errada?

Inúmeros pensamentos dolorosos passavam pela sua mente no instante que ficara sozinho no quarto. Até que tudo se esvai quando ouve a voz de Hoseok bem baixinho, vinda de longe, mesmo assim sabia que se tratava dele, a voz era inconfundível.

Jungkook cria forças novamente para se levantar e resolve espiar pela janela, de onde o som vinha. Algumas outras vozes estranhas começam a surgir e motores de motocicletas a ecoarem pelo ambiente, seja quem eles fossem, pareciam estar brigando entre si.

Sem sessar, o moreno desce as escadas mais rápido do que qualquer outra vez, seu coração palpitava acelerado, estava com medo de que alguma coisa pudesse ter acontecido com Hoseok. Namjoon — que estava junto a Jackson na portaria do hotel — estranha seu amigo saindo de lá tão veloz, ele tenta o chamar, mas não tem sucesso.

Além de Jung Hoseok, mais quatro homens — vestidos com roupas parecidas, todos de jaquetas de couro — estavam esbravejando uns com os outros em um círculo que formaram com as motos.

— Então é esse o garoto com quem está saindo? — um deles pergunta apontando para Jungkook, mas ele se mantem em silêncio absoluto. — Cara você sabe muito bem das regras da nossa gangue! Não podemos fazer amizades com gente de fora da nossa galera e muito menos se relacionar. Você é um dos melhores do nosso bando, quer mesmo jogar toda a história fora? Já não se lembra que estamos nessa desde que éramos meros garotinhos?

— Ele não tem culpa Jooheon! Só o deixe em paz.

— Se esse moleque continuar insistindo em te encher o saco, não posso prometer nada.

— Por acaso já se esqueceu do propósito da nossa gangue? É proteger as pessoas da área de vândalos e rebeldes, e de maneira alguma machucar pessoas indefesas. O Jungkook não fez nada demais.

— Nós vimos o quanto ele está fazendo sua cabeça, não podemos deixar ele te persuadir assim.

— Cara, eu já disse que nunca vou abandonar nossa gangue! Afinal foi meu pai que começou tudo isso anos atrás. Relaxa, eu mesmo vou acabar com isso, agora mesmo. — Hoseok parece tomar uma decisão em meio a confusão com os seus companheiros.

Jungkook — que até então ouvia tudo de ouvidos bem abertos e paralisado sem entender nada do que acontecia a sua frente — agora derramava novamente as malditas lágrimas, depois de ter descoberto a verdadeira identidade da pessoa que fez o seu coração bater mais acelerado.

— Jun...

— Some daqui! — diz o moreno choramingando e com a voz tremula.

— Eu sinto muito mesmo por não te dizer a verdade. Não podemos revelar para qualquer um o que fazemos e quem somos.

— Sim, exato. Eu sou qualquer um...

— Não foi isso que quis...

— Eu já disse para sair! — o grito do moreno ecoa por toda a região deserta durante a madrugada. — Fui muito idiota de achar que minha vida daria certo uma vez para variar, eu nem queria estar aqui para começar. É isso mesmo, nada disso teria acontecido se aquele maldito papel com meu nome escrito não tivesse sido sorteado. Eu não sei o que foi que senti naquele momento em que nossas mãos se tocaram, mas de uma coisa eu tenho certeza, não quero nunca mais te ver na minha frente. — o moreno não correu dessa vez, estava fraco demais emocionalmente para fazê-lo, então apenas passou pela porta gigantesca de vidro pela entrada do hotel e começou a subir novamente as escadas.

Mas uma última olhada para trás é dada por ele. Agora era Hoseok que derramava as lágrimas de um coração partido. Talvez aquele encontro tenha sido realmente um simples acidente, nada mais que isso.

Já em seu quarto, Namjoon e Jackson tentavam consolar o jovem, mas era praticamente impossível, um coração despedaçado é difícil de se curar e exige muito tempo na maioria dos casos.

— Cara eu sei que pode ser complicado agora, mas tente manter a calma. Aconteceram tantas coisas estranhas nessa viagem... Veja eu por exemplo, que antes achava que odiava esse cara aqui do meu lado e agora eu acabei de ser pedido em namoro por ele. Tenho certeza de que algo bom o espera também. — insistia em acolher o amigo em seu colo.

— Obrigado vocês dois, mas eu acho que só preciso voltar para casa de uma vez, retomar a minha rotina de sempre. Amanhã de manhã, essas vão ser apenas lembranças vazias. — assim que termina de falar, o moreno vira-se de costas para os amigos e fecha os olhos na esperança de conseguir dormir pelo menos um pouco, antes de pegar a estrada logo ao amanhecer.

— X —

Jungkook demora a arrumar todos seus pertences dentro da mala, ficava parando de minuto em minuto para relembrar o quanto um único dia causou um dos maiores alvoroços de toda sua vida. Prometeu a si mesmo que na próxima vez que alguma viagem fosse sorteada novamente, ele não iria, mesmo que isso custasse sua nota no fim do ano letivo.

Ele desde as escadas lentamente. A cada degrau andado, uma cena surgia em sua mente, deixando-o ainda mais abalado. Porém seguia firme, pois sabia que em poucas horas estaria finalmente em sua casa outra vez. Ao sair pela portaria, ele olha de relance uma figura masculina que observava ao longe, era Hoseok, que olhava fixamente para o moreno, logo pela manhã. Foi então que ele faz uma pergunta a si mesmo, questionando se o motoqueiro havia passado a noite ali, apenas aguardando para se despedir. Mas Jeon se manteve firme, e deu as costas ao outro moreno de jaqueta de couro.

Ele era o último aluno que faltava antes do ônibus partir, muitos o olhavam com expressão de raiva por ter demorado tanto. Quando chega no assento onde Namjoon estava, ele percebe que teria que se sentar sozinho, já que Jackson agora estava ao lado de seu melhor amigo, com as mãos entrelaçadas com as dele.

— Sinto muito por isso maninho! — exclama.

— Tudo bem cara, eu sento aqui atrás. — responde sem questionar.

O motor liga logo depois que Jungkook se acomoda em seu assento, sozinho, como havia deduzido que ficaria. Ele observa atentamente a estrada pela janela do veículo, antes ele não havia reparado como aquela região praiana era tão rica de detalhes e cores vibrantes. Tudo se esvai quando a paisagem desaparece e surge apenas o asfalto da rodovia que os lavaria de volta para o colégio. Nesse instante, as lágrimas começam a escorrer mais uma vez pelo rosto do garoto, que logo as enxuga com as mãos, não queria mais ter que remoer uma história que ficaria no passado e logo esquecida.

Até que ele ouve um barulho familiar, de repente.

Começa baixinho e vai se aproximando cada vez mais. Algo passa como vulto pela lateral do ônibus e para subitamente em frente ao veículo de grande porte, fazendo com que o motorista tivesse que frear bruscamente. Todos os alunos se espantam com o acontecimento repentino, fazendo até mesmo os que estavam dormindo ouvindo suas músicas pelo fone de ouvido, acordarem assustados.

Alguém faz duas batidas fortes ecoarem pelos corredores do veículo ao bater contra a porta do mesmo. O jovem misterioso entra com uma expressão séria, encarando a todos os estudantes sentados nos bancos, até chegar onde estava o moreno.

— Ho... Hoseok?

— Eu sinceramente não sei as consequências disso e também não sei onde isso vai nos levar, mas estou a fim de descobrir junto com você, Jeon Jungkook. — diz o motoqueiro após roubar um beijo do garoto, aproximando seus lábios carnudos nos macios do moreno, que derrama outra lágrima, mas desta vez uma de felicidade.

— FIM —

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.