Assim que cheguei em casa, vi Plínio sentado no sofá da sala, Irene estava logo ao seu lado, ambos conversavam alegremente.

— Oi, filho… tá tudo bem? – ela me questionou.

— Eu… eu preciso conversar com vocês, na verdade contar algo… não sei como começar. – Passei a mão pelo cabelo. – O que eu fiz foi horrível, mas só tive total noção das coisas hoje.

— O que você aprontou? – Plínio estava bravo, imagina quando descobrir tudo.

— Só me ouçam, depois vocês podem falar e fazer o que quiserem. – Eles assentiram. – Eu e a Giane, a gente nunca esteve junto de verdade… eu a chantageei com a doença do pai e me aproveitei da situação. – Respirei fundo antes de continuar. – Eu ofereci o dinheiro que ela precisava para o tratamento do pai, em troca dela fingir um namoro comigo, pra ganhar a confiança de vocês.

— Fabinho, você não podia ter feito isso com uma menina tão doce quanto a Giane. Você é desprezível. – Plínio exclamou.

— Eu sei.. eu só… eu não sei por que fiz isso. – Senti meus olhos arderem, eu não vou chorar, não mesmo.

— O que aconteceu pra você decidir nos contar? – Irene perguntou, ela estava decepcionada, dava pra ver em seus olhos.

— A Amora descobriu, e eu decidi contar antes, porque foi só quando ela me ameaçou que eu tive noção das coisas. Eu tive medo de perder o que eu nunca tive e sei que nunca vou ter.

— VOCÊ SÓ PENSA NO DINHEIRO, VOCÊ É RIDÍCULO. – Plínio se exaltou, apesar de eu não estar falando do dinheiro, fiquei em silêncio, ouvindo o sermão.

— Fabinho, isso não se faz com ninguém. – Minha mãe dizia, mas não com a calma rotineira. Mas sim, com raiva e repulsa de mim. – Você deve desculpas à Giane e a todos que você enganou!

— Eu sei, eu vou pedir desculpas… eu…

— Chega! A partir de agora você não vai tocar em um sentado do meu dinheiro, vai sair dessa casa também, porque não dá pra confiar em alguém como você: inescrupuloso, mentiroso, manipulador.

— Eu já esperava por isso. – Limpei as lágrimas que insistiram em cair. – Eu só preciso pegar umas roupas, saio daqui ainda hoje.

— Eu sinto muito por isso, filho! Mas dessa vez seu pai está certo. Apenas assento e fui até o quarto, peguei algumas roupas e coloquei dentro de uma mochila, a minha sorte é ainda ter um emprego.

Não posso ir pra casa da minha mãe adotiva, ela também vai me odiar quando descobrir tudo.

— Fabinho? Meu pai já me contou tudo… – Malu entrou no quarto, o vendo arrumar suas coisas.

— E você veio me humilhar também? – Questionei com raiva.

— Eu não sou do tipo que humilha as pessoas, você sabe disso. – Malu falou e eu assenti.

— É, eu sei, esse aí sou eu. – Sentei na cama e Malu sentou ao meu lado.

— Tem uma coisa confusa nessa história.. porque você escolheu justo a Giane, a garota que você implica desde sempre, que você diz não suportar…

— Pra humilhar ela… – Dou de ombros.

— Não me parece o suficiente, você não propõem um namoro falso só pra humilhar alguém. – Malu dizia calmamente. – Eu acho que foi seu jeito torto de se aproximar da Giane… confessa que você gosta dela, como nunca gostou de ninguém. Eu vi o brilho nos seus olhos quando você olha pra ela, o jeito que você sentiu ciúmes quando ela foi apoiar o Caio.

— Você tá vendo coisa onde não tem, Malu. – Levantei rápido da cama e peguei a mochila. – Eu já vou indo nessa… tchau, Malu. – Dei um beijo em seu rosto.

Passei pela sala e pra minha sorte não tinha ninguém ali, larguei a chave da moto junto com o capacete, aquela moto era do Plínio, então não é, nem nunca foi minha. Sai de lá em seguida, indo em busca de um hotel barato, até eu conseguir um canto pra morar.

. . .

No outro dia acordei bem cedo, o hotel que consegui era bem longe da casa verde, então dependeria de transporte para chegar a tempo. Olhei para o relógio uma última vez, antes de sair.

Assim que cheguei a Crash Mídia, todos estavam me olhando torto, foi então que eu percebi que poderia perder até meu emprego.

— Você não muda, né, Fabinho? Impressionante! – Silvia falou.

— Silvia e Érico eu preciso conversar com vocês! – Pedi, eles concordaram e “expulsaram” os outros dali.

— O que você quer, moleque? – questionou Érico.

— Primeiro eu queria pedir desculpas a todos vocês, pela mentira…

— Você manipulou a coitada da Giane… – Silvia dizia incrédula.

— Eu sei que eu errei, eu tô arrependido… eu só queria pedir pra vocês não me demitirem, eu preciso desse emprego, eu sou bom no que faço, vocês sabem… eu…

— Fabinho, você é bom, mas e a confiança em você, fica onde?

— Droga… – Mexi nos meus próprios cabelos nervoso. – Eu sei que eu não mereço, mas por favor, eu preciso…

— Fábio Queiroz? – um homem engravatado chegou questionando.

— Sou eu. – engoli em seco.

— Eu sou advogado do Plínio Campana, eu vim aqui porque ele abriu um pedido para te tirar do testamento dele, ou seja ele está querendo te deserdar… – Eu sabia que isso ia acontecer. – Se você assinar aqui e concordar com o acordo, o processo termina aqui, se não, vamos aos tribunais…

— Eu assino. – Falei firme.

— Aqui, são cinco vias, assinatura com seu nome como está na sua carteira de identificação. – Concordei e assinei todas as vias. – Obrigado! – falou e se retirou.

— Agora eu entendi porque você precisa desse emprego. – Érico disse.

— A gente não te demite com uma condição: você pedir desculpas pra Giane. – Silvia propôs.

— Tudo bem, eu peço! – concordei.

— Oi gente, desculpa o atraso, não dormi direito, eu… – Ela parou de falar quando me viu.

— Mas tem que ser agora! – Ela disse e saiu puxando Érico consigo.

— Oi – Tentei sorrir. – , você e seu pai estão bem?

— Uhum… ele quis passar mal quando soube de tudo, mas felizmente eu consegui cuidar dele em casa.

— Eu… quero te pedir desculpas. – De repente meus olhos arderam novamente, então desviei o olhar. – Eu sei que fui um babaca quando fiz isso, eu…

— Você só queria me humilhar, eu sei. – Ela garantiu com mágoa no tom de voz.

— Pois é, mas eu não tô orgulhoso disso.

— Que bom! Mas eu sei o que o Plínio tá fazendo, também sei que cê só tá se escondendo atrás dessa máscara de coitadinho, pra Irene ficar com peninha de você e fazer o Plínio te aceitar novamente. – Disse com raiva. Eu apenas concordei, não sei exatamente o que está acontecendo comigo, é tudo muito recente. – Aliás eu vim dizer que tô fora de todas as campanhas, avisa o Érico pra ele conseguir outra pessoa.

— Não, por favor não faz isso! Olha se você quiser eu saio da agência, eu sumo da vida de todos vocês, mas por favor fica… as campanhas são a sua cara, vai ser difícil encontrar alguém a sua altura nesse momento.

— Então tá, eu fico se você sair. – Concordei. – É o mínimo depois de tudo.

— Oi, oi, oi gente! – Júlia chegou interrompendo os dois.

— Bom trabalho pra vocês, aí! – Limpei o rosto com uma mão e sai.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.