Striker - A Bruxa, Os Deuses, Anjos & Mortais.

Os Avanços de Margo'on! Os Preparativos para a Cúpula da Guerra.


Em Boston Briggs

Uma pequena ilha ao Leste de Vanilla que serve como base de pesquisas para Margo’on. Em um momento político tão delicado, o general Ares vai ao encontro de alguns militares para observar como andam as pesquisas a serem apresentadas na cúpula.

Usando um novo uniforme branco e preto, uma capa de gola de pelos e um quepe de mesmas cores, ele chega escoltado em um carro esporte cinza com quatro soldados.

— Senhor! — O guarda bate continência. — General Steq o aguarda no laboratório 2.

— Agradecido.

Ares e seus homens caminham em direção ao local indicado, sentindo a temperatura abaixar a cada passo e um som de música clássica se tornando mais perceptível. Os soldados param na porta, enquanto o general adentra a sala e observa um homem de cabelos brancos usando a mesma capa que ele, lendo algumas fichas.

— General Steq... Como andam os experimentos? – pergunta Ares seriamente.

Com uma leveza na voz, o jovem militar organiza os papéis e se vira para o seu companheiro militar.

— Se eu continuar com a minha paciência intacta, talvez obtenha 90% de sucesso, ou não... Brincar de Deus é algo muito engraçado. Você acha que está fazendo algo grandioso, mas de repente sua criação se vira contra tudo o que acredita — diz Steq com uma feição tranquila.

— Você está esgotando o nosso tempo e colocando a sua patente em risco. Quantas cobaias mais precisa sacrificar para obter o sucesso de antes?

— Se quiser que eu aplique o mesmo soro que utilizei em vocês a quatro anos atrás, por mim, tudo bem. Vai ser divertido ver como os jovens se adaptam à radiação dele... Ah, me lembrei, Margo’on limitou minhas cobaias...

— Antes que toda a sua pesquisa seja jogada no lixo por uma intervenção de fora, precisamos garantir que nada passe da linha da normalidade. — Ele pausa sua fala, pensa e continua em seguida. — Eu lhe darei alguns “voluntários” para a sua pesquisa, mas terá de me mostrar avanços.

— É avanço que você quer?

Steq lhe mostra as fichas de reação do soro nos mais diversos tipos de DNA em cobaias dadas por Margo’on.

— Nenhum deles deu certo? — pergunta Ares.

— Infelizmente, não. Por algum motivo, o soro não é mais aplicável, pelo menos em pessoas mais jovens. Já com adultos o cenário muda, mas não se mantém muito tempo ativo no corpo... E é mais difícil convencê-los a participar do projeto, eu sei. Porém, se me der mais alguns dias, o novo soro poderá estar pronto.

Ares continua estoico e coloca as fichas sobre a mesa.

— Creio que já até saiba quem você quer em seu laboratório... — diz Ares calmamente, mas em tom duvidoso.

— Todo dia eu abro a janela do meu quarto e vejo uma novidade no mundo. Sempre somos obrigados a nos adaptar às novas condições de sobrevivência. Se as constantes mudanças nos afetam de forma brusca, porque não estar à frente do próprio ritmo?

O general Steq digita seu código de segurança no computador e mostra centenas de perfis militares prestigiados em Margo’on para passarem pelo teste do novo soro.

Em Taikdarys

Também conhecida como Ilha dos Abençoados, muitos acreditam que todos os seus habitantes foram agraciados com o dom da inteligência e da disciplina. Um lugar muito avançado militar e tecnologicamente, mas ainda acreditam que não passam de meros boatos, ou uma superestimação de um poder que ninguém compreende. A arquitetura local se funde aos relevos naturais, criando belas paisagens com edifícios altos e brilhantes e ruas tranquilas que cortam o vale entre as montanhas.

Em um desses vales, caminha um membro oficial da Cúpula da Guerra, Bellanier Ruffus, escoltado pelo soldado Silva em direção ao Vyrai Be Galios. Eles chegam a sede governamental. de pedras brancas polidas que serve como sede governamental.

— Pode esperar no carro, soldado. Serei rápido — diz Ruffus, ao descer do veículo e subir as escadas de mármore.

Silva o segue sem abrir a boca, o que chama a atenção do oficial.

— Você deve ser o orgulho da sua mãe. Quieto, disciplinado e não esboça reação perante ao desconhecido... Me pergunto o real motivo de uma patente menor vir me acompanhar. — Ele percebe que o militar continua o ignorando. — É assim que trata seus superiores, moleque?

— Eu não trabalho para você. Meus superiores me passaram ordens, e eu as conheço bem o suficiente para ignorar comentários desnecessários vindos do senhor. Agora, se puder manter o foco da conversa...

Ao se aproximarem da entrada, a porta se abre automaticamente. Os dois são recepcionados por uma mulher, que os observa do alto de uma escada de pedras brancas.

— Quanta petulância... Adorei. — Ela sorri e vai descendo até se colocar no começo da escada, ainda segurando no corrimão com a mão esquerda e com a direita, uma bengala de bronze.

— Madame Chanel... É um prazer ver que você está radiante como sempre — diz Ruffus, a reverenciando.

Silva observa a atitude do oficial e encara a mulher, com a dúvida se deve, ou não, fazer o mesmo que seu companheiro.

— Comentários graciosos, mas são tão falsos quanto o meu rosto. — Ela caminha em direção ao soldado e olha sua identificação, depois olha para trás e caminha para uma mesa ao canto. — Estou muito curiosa para saber do porquê de Margo’on mandar um singelo soldado a meus aposentos. Mas também estou satisfeita que ele seja um rapaz tão belo. — Chanel coloca um pouco de água em sua taça.

— São ordens da Trindade. Eu sou mais que suficiente para escoltar o oficial Ruffus — diz Silva.

— Claro. Afinal, para que gastar capitães neste tipo de missão? Acompanhantes de luxo seriam o suficiente — diz Chanel, limpando o molhado em seu maxilar metálico.

— Madame, poderíamos ter uma breve conversa em um local mais discreto? — pergunta Ruffus.

— Defina discreto, querido. Só vejo a nossa presença neste salão. — Ela volta ao centro do local, ficando à frente deles. — Estão todos bastante ocupados com as ações em Vanilla e Verbelding. Então teremos muito tempo para conversar até voltarem. Não excluindo, é claro, o mais novo soldado.

— Eu acredito que ele não tem um propósito para nos acompanhar em reuniões políticas.

— Pela primeira vez eu concordo com o oficial. Madame Chanel, a senhorita poderá vir conosco a Margo’on e lá os dois terão bastante tempo para conversar.

— Coloque-se no seu lugar, soldado! — gritou Ruffus.

Chanel observa o oficial repreendendo Silva, que não esboça uma reação. Ela nota as vestimentas do soldado e esboça um sorriso malicioso.

— Não seja mal-educado, querido. Este homem veio apenas para garantir sua segurança, e estou lisonjeada que as peças do uniforme do exército rival carreguem a minha marca — diz Chanel olhando fixamente para os olhos de Silva.

— Largar o exército foi difícil para você? — O soldado corresponde com o mesmo olhar.

Um silêncio paira no ar. Chanel respira fundo e olha para o oficial com seriedade, respondendo à pergunta do jovem militar:

— Admiro a sua coragem em questionar uma ex-capitã, mas não larguei ninguém. Eu fui expulsa da corporação.

Chanel ajeita sua capa azul e começa a movimentar os dedos da mão direita, estalando-os a cada minuto.

— Madame Chanel... Perdoe este insolente, ele não queria lhe causar qualquer mal-estar — diz Ruffus, estranhando a situação. — Os soldados de Margo’on são criados assim.

— Querido, pouco me importa como os ratos de lá tratam as suas crias. Eu tenho meus privilégios. Se decidir roubar um banco, matar um homem, ou até mesmo esquartejar uma criança a lei dos mais poderosos estará ao meu lado. Mas o que me impede de fazer tudo isso é a minha virtude, ser uma abençoada.

Ao dizer a última palavra, Silva se lembra das ordens que seu capitão o disse antes de ir a Taikdarys:

— Tenha cuidado nesta ilha. Nem todos os abençoados por Deus são confiáveis, não é mesmo?

O oficial coloca a mão em seu revólver na coxa. Chanel percebe seu preparo e também faz um movimento.

— Percebo sua destreza em querer me enfrentar... — As calças dela se contorcem e apertam suas pernas, e ela larga a bengala em seguida. — Mas o que falta no seu coração é desgosto. Yves Webs!

Ela estende seus braços para Ruffus, fazendo as linhas da roupa do próprio oficial começarem a cobrir seu corpo. Enquanto ele luta contra os fios e se debate no chão, o soldado observa tudo, mas está receoso com o que pode acontecer com ele.

— Soldado... Me aju... — Ele é mumificado pelos fios de sua roupa.

— Ter conhecimento da alta costura faz você saber bastante sobre os pontos fracos de um terno de baixa categoria. — Chanel pega sua bengala e desaperta suas calças, andando em direção ao soldado com um sorriso e depois passando reto por ele. — Vamos, amor, a reunião da Cúpula nos aguarda.

— Mas... e quanto ao oficial? — pergunta Silva.

— De quem está falando, amor? Só há nós dois aqui — diz Chanel, andando até a saída.

Ele caminha atrás dela, descendo as escadas com o chofer abrindo a porta do carro para Chanel, com Silva entrando em seguida, sem mostrar uma adversidade.

— Vamos até a sede dos templários. Quero que meu marido venha comigo.

— Sim, senhorita — diz o chofer, que se volta para Silva. — O senhor também irá?

Silva se surpreende com a reação do chofer em não estranhar nada.

— Soldado, você vai mesmo me deixar ir para Margo’on sozinha?

Ele recobra a consciência e entra no carro junto com ela.

Em algum lugar de Vanilla

A notícia da morte do bispo circulou entre as principais mídias televisivas de Onna Shindra. Com tantas tragédias acontecendo em tão pouco tempo, Amy Snyder decide partir de Vanilla com duas malas, uma com equipamentos outra com roupas e acessórios.

— Precisa dos meus serviços, Srta. Snyder? — perguntou um funcionário do condomínio sentado na recepção.

— Não, querido. Estou indo visitar a minha mãe em Michigan e não voltarei tão cedo. Ela está doente... — Amy sai rapidamente do elevador. C a pressa, uma roda de sua mala acaba quebrando. — Merda.

O rapaz se levanta e ajuda a carregar as malas até o carro dela.

— Sério, posso levá-la até o aeroporto. Não é bom uma mulher bonita como você dirigir sozinha de madrugada.

Ela esboça um sorriso e beija sua bochecha.

— Eu estou com um pouco de pressa. Mas quando voltar eu ligo para, quem sabe, um jantar.

Amy entra em seu carro e se despede dele, dirigindo em direção ao aeroporto. No decorrer do caminho, ela liga a rádio e ouve as últimas notícias, mas acaba mudando as estações para encontrar algo que não tenha nada a ver com mortes ou política.

“O modo como essa ilha está indo à ruína prova que a vinda dos militares pode ser uma esperança para uma nova Vanilla...”

Ela muda de estação uma...

“A perícia concluiu que as mortes na residência dos [] foram causadas pela Bruxa Letal em um ato de fúria...”

Duas...

“Vivemos em uma era de escolhas extremas. O povo está dividido, o governo está falido e pessoas continuam morrendo. Me diga, Srta. Rennew, você acha mesmo que esses rebeldes com poderes são a nossa única esperança?”

Amy muda três vezes de estação, até decidir colocar um CD e não ter de escutar os problemas da ilha. Ao chegar em um semáforo, ela abre o porta-luvas e procura, mas sem sucesso.

— Isso é o que dá fazer uma viagem de última hora.

Ao voltar à sua posição, um pen drive é estendido a ela, que arregala os olhos e vê, pelo espelho, retrovisor uma pessoa na escuridão.

— Viper? Mas por...

— Shhhh... — Uma pistola é apontada para Amy. — Pare o carro!

A jornalista obedece e freia bruscamente.

— Eu só não... — Ela ouve o som do destravamento da arma, e então reformula sua resposta. — Sim, estou indo a Margo’on.

— Achei que éramos aliadas, mas pelo jeito você se dá melhor com militares, não é mesmo?

O rosto de Amy fica pálido e seus olhos mostram a apreensão naquele momento.

— Quanto valia nossas informações? Mil, milhões... Quem sabe um acordo de proteção a testemunha... Eu só imagino o quanto você era importante pra mim e agora, eu quero mata-la assim como eu os mato.

— No início eu acreditava na sua visão de mundo, mas o preço é alto demais... Não sou uma criminosa, Miranda. Eu só queria ser uma jornalista... — A arma é coloca na cabeça dela, deixando Amy nervosa e suando bastante. — Por favor, só deixe a minha família em paz.

Viper vira seus olhos para o canto e nota que sua subordinada, Christina, está sufocando as pessoas nos carros, e por isso nenhuma buzina está sendo tocada. Ela olha para um dos veículos e uma criança está assistindo os seus pais se debaterem. Então Tornado Ambulante os poupa batendo a cabeças deles bem forte contra o painel, desmaiando os dois.

— Não... Eu vou matar a sua família assim como eu matarei você.

Viper guarda a pistola, retira a luva esquerda e coloca a mão no rosto de Amy, o derretendo até afundar na cabeça dela. Em seguida, ela sai do veículo e caminha até Christina.

— É a segunda vez que faz isso.

— Desculpe, mas eu não consigo matar uma criança – diz Christina.

Viper apenas olha para sua subordinada, e sem pensar duas vezes, dispara contra os carros uma bala-agulha que explode ao contato, destruindo todos ali presentes.

— Eu consigo! — Viper caminha para ir embora.