Em Ostrauss

Os representantes legais de cada interesse se reúnem para decidir a ida de um deles a Margo’on, no antigo Parlamento das Rosas.

— Não vamos para uma arena cheia de leões conversar sobre contos de fadas. Temos problemas maiores para lidar e uma pressão política que custará todos os acentos quentes desta sessão – diz o Ministro dos Interesses Urbanos.

— Mais que isso, está custando a vida de milhões de pessoas que todos os dias morrem pelos gases nocivos liberados pelas indústrias. Não temos mais uma área verde sequer. Isso precisa ser discutido com os outros líderes! – diz a Ministra do Verde.

— Se eu bem a conheço, está querendo ir para discutir o rumo de algumas plantas. Acha que todos deixarão seus empregos para dar vida a um punhado de grama e árvores?

Antes que pudesse responder, ela é cortada por um jovem garoto de cabelos vermelhos que se coloca à frente do plenário e espera todos ficarem em silêncio para falar.

— A senhorita Downrey não responde por todo o nosso governo, senhor Adel.

— Mas Primeiro-ministro, só um tolo faria...

— Ministros, esta reunião de interesses não tem motivos para prosseguir. Eu irei para Margo’on representar os interesses de nosso povo na Cúpula – diz o jovem, que ajeita seu paletó ao terminar a frase.

Todos ficam revoltados com as palavras do garoto, mas educadamente se dirigem aos microfones de suas bancadas para falar.

— Com que autoridade o senhor representará os interesses desta nação? – pergunta a Ministra da Tecnologia.

— A assembleia é democrática, devemos seguir as normas de conduta conforme a nossa constituição manda – diz o Ministro das Ferrovias.

— Eu sou o parlamentar mais jovem a pisar neste chão, que por sinal está sujo com muitas mentiras. Nenhum de vocês seria capaz de representar a nossa ilha em qualquer reunião que seja. Por isso, Margo’on designou alguns soldados de confiança para oficializar o reconhecimento de meu poder perante os demais líderes. – Ele mostra a todos um papel com carimbo timbrado pelos próprios oficiais do exército. – Por tanto, sem mais delongas, partirei agora mesmo para me preparar para a Cúpula... Os senhores, por favor, tentem não se agredir quando estas portas aqui se fecharem.

Quando ele termina seu discurso e desce para sair do salão oval, recebe vaias de seus colegas, até que saca uma pistola do seu paletó e atira para o alto.

— Vocês são políticos, não galos de rinha. Tenham postura. – O Primeiro-Ministro segue ao encontro dos soldados, que o levam até seu carro preto na entrada do parlamento.