No apartamento da Striker

Com o grupo reunido ao redor de uma mesa redonda, coberta por um tecido preto e cadeiras vermelhas quebradas e flutuantes, Aine explica sua vinda ao mundo humano para Striker e seus amigos.

— Pode começar – disse Striker.

A fada dá uma suspirada e ajusta sua postura na cadeira.

— Meu nome é Aine de Knockaine, sou fundadora da Organização Diplomática Esquadrão Escarlate.

Striker olha para o Corvo com um olhar duvidoso e ele responde tomando seu chá, não se importando com a conversa.

— Meu professor de história já bateu boca com um menino na sala por causa desse grupo... – disse Kim, colocando os pés sobre a mesa. – Mas eu tava cabulando aula, então só me contaram.

— E qual a polêmica? — perguntou Striker.

— Durante os anos setenta, uma minoria decidiu se rebelar contra os ideais propostos por mim na criação do esquadrão. Essa revolta me custou a vida de milhares de pessoas, a influência internacional que tínhamos e a minha imagem de autoridade internacional no mundo místico — disse Aine em tom de seriedade para a Striker.

— E porque escolheu este lugar para tirar suas férias? — perguntou Kim.

— Eu vim até aqui por ela. — Aine aponta para Striker.

— Estou comovida. Continue...

— Todos souberam sobre você. Sua cabeça se tornou um prêmio valioso pelo conhecimento que adquiriu nos livros da biblioteca sagrada. Alguns deuses a desejam em seu “exército”, outros querem colocá-la em um caixão, eu quero ajudá-la.

— Hm... E por quê?

— Acredito que ajudar você também possa me ajudar. Um dos motivos pelos quais criei o Esquadrão Escarlate foi para criar alianças diplomáticas pelo mundo, e assim fazer com que os humanos deixassem o meu lar em paz. Infelizmente, minha paz não durou mais que algumas décadas, e aqui estou como uma possível aliada para vocês — disse Aine.

Striker direciona um olhar de deboche para Jaison, que responde com certo desdém.

— Não estava em meus planos, mas acho que aceitarei sua aliança... Só que...

— Algum problema, querida? — perguntou Aine.

— Você não me conhece intimamente, mas acho que sabe da minha vinda até este mundo? — perguntou Striker em tom de seriedade.

— Eu sei o que todos sabem: os anjos a expulsaram do Paraíso Celestial e El Shaddai a salvou.

Striker não esboça nenhuma reação, mas seu cérebro pipocava de perguntas e incertezas sobre sua origem.

— “El” o quê? — questionou Kim.

— Um dos deuses do receptáculo. Talvez ele seja um dos poucos que ainda se preocupam com a humanidade — disse Aine.

Jaison olha para o Corvo que continua com uma expressão facial estóica.

— Você sabia de tudo isso, coisa feia?

— Naturalmente, mas não cabe a mim dizer o que querem saber. — Ele bebe seu chá.

— Por que todo esse mistério? — perguntou Striker.

— Sou a neutralidade neste universo, senhorita Garsea. Se eu lhe disser algo, estarei favorecendo um dos lados... — Ele joga levemente sua mão esquerda para a mesma direção. — Para que haja equilíbrio, deve descobrir o que deseja por outros meios.

Kim começa a assimilar e ligar os pontos-chaves da conversa, mas prefere se manter calada sobre o assunto e apenas fazer uma piada com a situação.

— Isso mostra que você deve escolher melhor suas amizades, albina. — Depois, ela olha diretamente para Aine e lhe questiona: — Mas como saber se o que fala é verdade?

Ajeitando sua postura e se inclinando um pouco, Aine esboça um sorriso para Kim e coloca suas mãos sobre a mesa.

— Se eu fosse uma ameaça a você, por exemplo, não acha que pelo meu “status” eu já não teria a matado?

Striker e Jaison olham para ela minuciosamente, depois o olhar dos amigos se encontram e eles sorriem para Aine.

— Vai ser legal ter mais uma divindade no time. Você tem cara de que é mais sensata — disse Jaison.

— Velha, você quer dizer... — disse Striker — Bom, podemos entrar em acordo sobre uma possível aliança, mas, em troca, eu quero informações sobre esses deuses que você disse.

Aine pensa alguns minutos sobre a proposta e acena com a cabeça.

— De acordo, minha querida.

Enquanto a conversa se desenrolava, Buddha e Ganesha jogam paciência na sala de relaxamento da porta trinta e dois do apartamento da Striker. Mesmo com o barulho das altas cachoeiras da floresta batendo nas pedras do rio, o celular da Striker é ouvido por eles, fazendo Ganesha se levantar e pegá-lo.

— Hardy? — perguntou ela.

— Striker está disponível?

— No momento ela está em reunião com os outros. Pode ligar depois se...

— Você serve! — disse Hardy sem que ela completasse a frase. — Descobri algo que pode lhe interessar sobre o caso da garota desaparecida do hospital. Parece que alguém de mesmo nome comprou uma passagem de ida para Vanilla no Aeroporto Internacional de Chot’gor, às 2:38 da tarde de hoje.

— Aquele caminhão a levou diretamente para lá depois do hospital, agora ela volta de avião? Que estranho... — disse Ganesha.

— Também acho. Não faço a menor ideia de como ela conseguiu os documentos ou qualquer dinheiro para voltar. Mas o número da identidade e o nome da passagem são dela, e seria muita coincidência existir duas pessoas com o mesmo nome e sobrenome vivendo no mesmo arquipélago.

— Então, supondo que seja que estamos procurando, temos que avisar as autoridades do aeroporto — disse Ganesha.

— Farei isso, mas também gostaria que algum de vocês acompanhasse a situação. Se ela não estiver sozinha, vocês terão de interferir — disse Hardy.

Buddha bate seus dedos em uma pedra cheia de musgo e uma ventania se volta à Ganesha, chamando sua atenção.

— O jogo é de paciência, mas eu não tenho.

Ganesha estende uma das suas mãos direitas, pedindo para ele esperar.

— Já imagino as pessoas certas pra isso. — Ela desliga e volta ao jogo. — Acho que a pessoa que o Christian disse que iria causar uma grande balbúrdia está chegando.

— Agora? Quando foi que ele disse isso... Ah! No século passado — disse Buddha.

— Porque foi no século passado que as coisas começaram a desandar — disse Ganesha.

As duas divindades continuam a jogar. Enquanto isso, as conversas desabrocham na sala de reuniões.

— Christian me disse que haveria outra divindade entre nós, mas não pensei que fosse olimpiana. Seu povo não é muito amistoso ao ponto de pedir ajuda aos humanos, minha cara. Você é praticamente um achado neste mundo caótico — disse Aine.

— O Olimpo era um reino de tirania quando saí, mas não sei como está hoje — disse Loop.

No meio da conversa, Jaison, Kim e Striker recebem uma mensagem telepática do Corvo para se direcionarem até a sala de relaxamento e conversar com a Ganesha. Os três se levantam com uma expressão de cansaço, e Aine os observa andar até a porta, mas não fala nada.

— Para onde vão? — perguntou Loop.

— Tirar a água do joelho. Esquenta meu lugar com a sua bunda gorda, garota doce. Eu já volto — disse Kim, fechando a porta.

O silêncio permanece na sala por alguns segundos, até Loop, bastante nervosa, engolir sua saliva e perguntar:

— Você acha que nossa vinda até os limites humanos interfere no equilíbrio do tratado?

Aine pensa por alguns segundos e responde em tom firme e sério.

— Se interferir, não fomos nós que o quebramos. — Ela afrouxa o decote de seu longo vestido e retira um pequeno frasco de vidro com água, despejando-a na mesa. — Antes que você possa declarar a descoberta de algo, tem sempre alguém que já viu primeiro.

Da água despejada na mesa, um ser humanoide se forma com tecidos azuis e bijuterias douradas balançando. Desta formação, surge Clira de pé em cima da mesa.

“Olá, prima”, disse ela em telepatia para a Loop.

Loop acena com um sorriso, pensando vagamente no que a Aine disse.

— E como isso afeta o mundo humano?

— Depende… Existem centenas de deuses que transitam entre os mundos, mas poucos se estabilizam fora do seu. Ao que parece, somos as únicas que ainda querem continuar com a humanidade — disse Aine.

“Mas não sinto que somos as únicas olimpianas”, disse Clira.

Loop fica pensando nisso, e depois se pronuncia olhando para Aine:

— Se existem mais de nós aqui, isso quer dizer que…

Kim interrompe sua fala ao abrir a porta, fazendo Clira se transformar em água e escorrer rapidamente até a parte inferior da mesa.

— O papo das garotas deve estar muito bom, mas a gente vai precisar de vocês duas.

— Eu também? — perguntou Aine.

— Tem mais alguém pra fazer o trabalho por você? Não responda. Vem logo! — Kim sai andando e deixa as duas se olhando por um tempo até levantarem novamente e irem atrás dela.

— Fique aqui, Clira, voltaremos logo — disse Aine.

Na Igreja Central

Em meio à reunião dos sacerdotes, o padre Lauro, trajando um casaco marrom, boina xadrez, calça jeans e mocassins, entra no grande salão branco e dirige-se até o bispo, que regia o encontro.

— Padre Lauro? O senhor não devia estar aqui... — disse o bispo com surpresa ao ver o rosto do padre.

Os demais sacerdotes olham minuciosamente a aparência de Lauro, e um deles vai se afastando até a porta de acesso ao prédio administrativo da igreja, atrás do altar.

— O que houve, senhor Lauro? — perguntou o diácono.

Ele ignora as perguntas e rebate questionando curto e grosso.

— Onde está o General Ares?

Todos ficam surpresos e sem saber o que dizer, até que o jovem sacerdote que havia se afastado dos demais volta acompanhado de uma militar loira de olhos alaranjados e alta estatura.

— O senhor perdeu alguma coisa aqui, padre? — perguntou a mulher.

Lauro demora a responder depois de olhá-la de cima a baixo.

— Parece que Margo’on não foi o suficiente, e agora desejam transformar este local sagrado em uma base de operações militares… — Ele não se intimida ao olhar sua patente e vai até ela. — Onde está o General Ares?

A mulher demonstra pouca sensibilidade com ele. Ela abre seu casaco branco felpudo e coloca dois dedos da mão esquerda à frente dele,estalando-os próximo ao seu nariz. No mesmo momento, todos os vasos do altar explodem e as flores são queimadas no ar.

— Eu te dou dez segundos, antes que eu expulse seu corpo daqui de um jeito que você não vai gostar — disse no ouvido dele.

Lauro olha para o seu crachá de identificação: “Tenente-General Leona”. Logo, ele acena sua cabeça e caminha até a saída reclamando em tom baixo.

— Como eu imaginava, esse exército de Margo’on não se vê em qualquer nação… — Ele olha para suas mãos trêmulas. — E isso me preocupa. Parece que vou precisar de ajuda para conseguir minha cidade de volta.

— General… — disse o soldado que se aproximava dela. — A tenente acaba de voltar de sua operação de caça à Bruxa Letal.

A tenente-general fecha seu casaco e olha para o clero.

— Cancelem a missa. Fechem a igreja! — Ela anda até a porta dos fundos.

Os sacerdotes continuam assustados com a habilidade dela e ainda surpresos por verem Lauro naquele estado.

Ao subir à antiga sala de Lauro, a general encontra com a tenente que voltou de sua operação mal-sucedida, sentada com o descontentamento estampado em seu rosto.

— General. — A tenente levanta e bate continência.

Leona olha para a mulher e lhe dá um soco que a joga contra uma pintura de uma jovem gueixa em um rio de carpas.

— Tenente Tamashiro… Como se sentiria se alguém lhe promete um presente, mas nunca aparece para você com o tal? — perguntou a general.

A tenente vai se levantando aos poucos e limpa o sangue de sua boca na manga da camiseta.

— Como um vira-lata espancado no meio da rua — disse ela, levantando-se com o apoio da parede.

— Pois bem, para que esse cachorro não volte a ser espancado, é melhor não se gabar de feitos que não é capaz de fazer. — A general olha para o coldre da tenente e nota a falta de sua arma de fogo. — Porque foi desarmada?

A militar engole sua saliva e apenas responde em tom mais baixo:

— Sinto muito, senhora… Isso não irá...

— Tá, tá… — disse Leona, cansada de ouvir. — Faça o relatório da operação e não omita nada! Eu vou saber.

— Sim, senhora.

— Mais uma coisa: não subestime um inimigo pelo quão ridículo isso pareça ser… Magia é letal.

A tenente se retira e deixa no ar a dúvida para a general Leona do que realmente teria acontecido.

No Aeroporto Internacional de Vanilla

O exército de Margo’on começava a tomar conta do enorme aeroporto da ilha religiosa. Os oficiais do aeródromo começam a ser dispensados de suas funções, deixando apenas os soldados e membros da aeronáutica para tomar conta do lugar. Enquanto há uma grande movimentação no local, os Revolucionários se mantêm atentos e ocultos em cada canto. Hardy, se comunicando de seu esconderijo, vai passando todos os passos a eles.

— O exército de Margo’on conseguiu a proeza de atrasar o embarque e desembarque no aeroporto. Isso talvez dificulte a localização de quem procuramos. — Sons de digitação são ouvidos por todos. — Consegui colocar vocês em posições estratégicas. Ela jamais conseguiria passar por nós despercebida...

— Ah, docinho… Já dizia o grande pensador contemporâneo, Justin Bieber: “Nunca diga nunca”.

— Bom, vamos repassar as posições. Entrada principal?

— Aqui — disse Jaison, apagando seu cigarro na porta de vidro.

— Estacionamento?

— Como uma verdadeira flanelinha — disse Kim em cima de um poste de luz.

— Ai, ai… Área de bagagens?

— Pronta — disse Loop, viajando na esteira, em cima de uma mala.

— Sala VIP?

— Estamos aqui — disse Aine.

— Cafeteria?

— Uma observação: o café daqui tem gosto de requentado — disse Donatella.

— Salão de desembarque?

— Mais discreta impossível — disse Striker, usando uma peruca preta e uma máscara de silicone em tom bronzeado.

— Pela alta quantidade de civis no aeroporto, sugiro que não interajam diretamente com atividades suspeitas. Não temos condições de enfrentar o exército em um local tão estreito, arriscando a vida dessas pessoas— disse Hardy.

Eles continuam a ver os militares, enquanto o Observador procura alguma movimentação nas câmeras de segurança ligadas diretamente com Alexia.

— Os militares estão expulsando os funcionários do check-in e da limpeza. Eles querem dominar desde o mais baixo até o mais alto degrau profissional daqui — disse Striker.

— Surpreendente o padre ter aceitado a intervenção em Vanilla — disse Jaison.

— Duvido que ele tenha assinado. Os jornais noticiam a sua saída conturbada da igreja... — Hardy digita algo em seu computador. — Prova de que talvez ele não tenha aceitado a intervenção.

— Pacíficas ou não, ele deixou essa merda toda acontecer sem tomar uma providência. Uma parcela de culpa aquele “abençoado” tem — disse Striker.

Uma grande desordem começa a acontecer no salão de embarque quando uma senhora ataca um oficial da aeronáutica com uma mordida no pescoço. As pessoas se assustam com a ação e começam a se afastar. Outros militares aparecem e, sem qualquer ética, chutam e puxam a idosa do homem, que arranca um pedaço do pescoço dele em sua boca.

— O que houve? — perguntou um militar.

Mas sem que alguém conseguisse entender a situação, a senhora acaba explodindo e liberando um gás semelhante ao que devastou o hospital, que começa a se espalhar por todo o salão de embarque.

— Fiquem alerta! Gás nocivo com propriedades não identificadas — disse o Hardy em tom de nervosismo.

— Mas eu tenho conhecimento de quem foi — disse Aine que se dirige até o salão de embarque.

— Loop, consegue alterar o gás? — perguntou Hardy.

— Posso, mas não… — Todos perdem a comunicação com ela.

— Loop! — disse Jaison, que vai passando pela multidão para ir ajudá-la.

— Mantenha-se em posição! Ainda estamos em missão.

— Foda-se a missão. Tem alguma coisa acontecendo aqui!

Loop se levanta da esteira de bagagens e nota uma forte corrente de ar saindo dos dutos de ventilação. De repente, o mesmo gás verde acaba saindo por eles e se espalhando por todos os cantos do aeroporto.

— Precisamos evacuar o local! — disse Donatella.

— Kim!! — gritou Striker.

— Tanta gente superpoderosa aí dentro e eu tenho que fazer as honras de salvar o mundo mais uma vez?

Ela esfrega suas mãos e começa a moldar, com a energia magnética, do ambiente um enorme Wailord que arrebenta a entrada principal do aeroporto.

— Segurem as pranchas, meninas! — disse Kim com um sorriso em seu rosto.

A enorme baleia ficcional se transforma em uma turbina gigante que suga o gás, liberando-o do lado de fora e fazendo com que Kim inale um pouco.

— Nossa, que cheiro… Oh!

Enquanto ela tampa seu nariz, o cenário conturbado do aeroporto se torna um palco de massacre. Muitos homens estavam mortos ou estirados no chão, deixando as mulheres vivas e em pânico.

Striker, protegendo aqueles que conseguiu no salão de desembarque em uma barreira mística, olha para todo aquele cenário devastado e começa a ter visões sobre uma cidade desconhecida em que várias pessoas foram mortas por uma névoa estranha.

— Striker? Striker?! — disse Hardy com bastante desespero. — Alice!!

Ela recobra a consciência e aponta sua pistola para a parede atrás deles.

— Deadly Skyte! — Striker dispara um feixe luminoso contra a superfície e a explode com impacto. — Podem ir…

As pessoas conseguem fugir pela entrada que Kim arrebentou, pelo o buraco feito por Striker e pelas saídas de emergência; menos aqueles que continuam presos nos aviões ou na pistas de decolagem.

Aine corre até o piso superior do aeroporto e encontra uma mulher vestindo um manto vinho com um capuz preto.

— Miranda!

A mulher se vira para ela e com um sorriso, retirando seu capuz e o jogando no chão, o que faz com que o andar inteiro exploda. Antes que o inferior seja atingido pelo fogo e destroços, Donatella saca uma das suas cartas rapidamente e teleporta todas as pessoas do local, enquanto o aeroporto inteiro cai em questão de segundos.

A emissora de TV local noticia a tragédia, exaltando a eficiência dos Revolucionários em resgatar as pessoas, mostrando as respectivas imagens do acontecido.

— Vanilla ainda está assustada com a destruição da principal avenida da cidade ocasionada por um monstro de lava na semana passada. Infelizmente, outra tragédia acaba de acontecer no Aeroporto Internacional de Vanilla, uma explosão de causas misteriosas. Nem o exército ou a Igreja Central quiseram falar abertamente sobre o assunto, mas algumas pessoas flagraram o momento exato em que a Bruxa Letal e uma jovem desconhecida conseguiram salvar alguns civis. Estas pessoas também foram apontadas como cúmplices do grupo intitulado como Revolucionários. — Fotos de Donatella, Aine, Clira, Jaison e Loop são mostradas em rede nacional. — Há indícios de que esta seja a famosa diplomata, Aine Knockaine, que revelou a existência de um mundo de fadas no final do século dezenove. As outras pessoas ainda estão sendo identificadas pelas autoridades. Não se sabe o real motivo de estarem ali no exato momento da explosão, mesmo que tenham ajudado os civis, ainda são suspeitos para o governo de Margo’on. Mais informações no Renne Rennew Show.



No terraço do prédio administrativo da Igreja

As mesmas mulheres que sequestraram Alexia assistem à reportagem de Renne de seus celulares, e se viram para Viper e Tornado Ambulante quando elas chegam pelo ar.

— Sucesso? — perguntou a Dama de Copas.

— Absoluto. A garota já não estava lá quando aquele grupinho de mágicos decidiu aparecer… Mas a ação deles não foi em vão, consegui matar saudade de uma velha amiga — disse Viper sorrindo e fixando seu olhar na Igreja Central. — Já mostramos que estamos aqui, agora deixaremos que nossa queridinha recruta dê seu recado. Esperemos o próximo passo.

Elas começam a se dispersar.



No apartamento da Striker

Jaison é analisado por Loop, para ver se não há resquícios de algum problema ocasionado pela inalação do gás.

— Você parece bem, apenas o sangue do seu nariz que não para de escorrer. Toma! — Ela oferece um lenço de papel, que ele pega.

— Algum vaso sanguíneo deve ter estourado, em questão de minutos irá se recuperar — disse ele calmamente.

— Jaison… Porque deixou seu posto para ir me salvar? — perguntou ela com uma voz mais baixa e serena.

— Você foi mandada até mim para que eu te proteja, esqueceu? — perguntou ele, sem mudar sua expressão ranzinza do rosto.

Antes que ela pudesse responder, eles ouvem o grito da Striker da cozinha e se dirigem imediatamente para lá.

— O que hou… ve…

Jaison fica completamente sem palavras, assim como todos os outros ali presentes ao verem o padre Lauro sentado com Buddha, Ganesha e Clira à mesa de refeições.

— O que faz aqui dentro? — perguntou Striker em tom de seriedade.

— Bruxa Letal… Precisamos conversar! — disse ele no mesmo tom.