No Centro de Vanilla

Diante dos destroços da explosão, Afonsa recua seus dois autômatos para dar continuidade ao plano, mas nota uma movimentação estranha onde eles estavam.

— Ainda viva? – pergunta ela, sorridente.

Do fogo e da fumaça que se apagam com a expansão de uma redoma, surge Kim, com alguns ferimentos pelo braço e chamuscados nas roupas.

— Achou mesmo que iria me matar com esse estalinho? – Ela observa o quanto a estrutura do telhado está enfraquecida.

— Fingindo que é forte, Kim? Eu posso tirar tudo o que você tem e, ainda sim, vai continuar me olhando com essa cara de puta.

— Vai estalar os dedos e fazer tudo sumir? Não? Então por que eu deveria temer logo você?

Aparentemente irritada, Afonsa faz um leve movimento com os dedos e os autômatos começam a andar na direção de Kim.

“Preciso ser mais rápida se quero derrotá-la... Já sei!”, pensa Afonsa.

— Você ainda não viu metade do que eu posso fazer, Kim.

Quando os autômatos avançam rapidamente contra ela, a jovem cria um escudo de energia e usa para empurrá–los para longe. Mas eles começam a saltar em várias direções, obrigando-a fazer uma redoma que se expande e joga os dois para um lado.

— Peguei! – Enquanto Kim está distraída, Afonsa abre seu punho e dispara uma bomba de gás lacrimogêneo em sua rival, que ao explodir, desestabiliza a jovem.

“Eu não tenho força suficiente para fazer uma defesa mais resistente e ela sabia disso”, pensa Kim. Logo em seguida, ela se afasta da cortina de fumaça, coloca sua mão na região abdominal e usa sua habilidade para conter o ferimento causado pela bomba. “Merda. Vai ser complicado se concentrar sentindo essa dor... preferia que fosse outra”. Naquele momento, Kim olha para os autômatos de seus pais e se lembra de quando eles descobriram que ela tinha poderes. “Eu prometi a mim mesma que não iria fazer dos meus problemas um obstáculo, mas ver vocês dois assim é difícil de ignorar”.

Próximo ao prédio administrativo

Do alto de outro prédio vizinho ao administrativo da Igreja, Cynthia observa a movimentação dos militares após a explosão do terraço onde Afonsa e Kim lutavam.

— Ao que parece, nossa bonequinha acabou de chamar mais atenção do que devia. Bom – ela ajeita seus cabelos loiros e aperta o botão de um comunicador em seu ouvido —, isso nos dá um bom tempo para brincar.

— Ela fez bem seu papel em chamar atenção. Agora, foquemos naqueles que realmente podem atrapalhar – diz Christina, sobrevoando a cidade e observando as manifestações.

— Hmmm, qual eu vou querer? O amigo da bruxa parece ser divertido com todas aquelas chamas, mas não trouxe minha pomada para queimaduras; a garota do cabelo rosa me parece boba demais, eu dispenso. Eu prefiro um toque original nos meus assassinatos.

Ela pega uma carta de nove de paus e lança contra a general Leona, que observa a manifestação de perto, abrindo o artefato ao meio e liberando lâminas onduladas como uma shuriken. Porém, elas desaparecem em um clarão de luz e não chegam a afetar a militar.

— O que é isso? – grita um soldado.

Leona apenas observa todos os lados e pega seu comunicador.

— Ares, eles vieram.

— Estou a caminho! – responde o general.

Do terraço, Cynthia recua e pega outra carta do coldre de sua perna.

— O que houve, Copas? – pergunta Christina.

— Acho que achei minha nêmesis...

Ela lança uma carta de ás na sua retaguarda, que se auto incendeia, e vê Donatella desviando do ataque e a carta desaparecendo em mais um clarão de luz.

— Você não sabe jogar no escuro, garota? – Após um brilho forte, uma das peças de tarot retorna à sua mão com o nome: Estrela. – Obrigada, filho, mas ainda não acabou...

Elas se encaram, enquanto andam em círculos. A cartomante segura suas cartas, enquanto a Dama de Copas pega um leque vermelho e o abre, mostrando suas lâminas nas extremidades.

— Não fazia ideia que o Esquadrão Escarlate havia mudado tanto de ideologia. Agora aceitam foragidas da polícia? – pergunta Donatella.

— Vou deixar você adivinhar isso...

Elas param de andar e ficam frente a frente, uma em cada extremidade do terraço.

— Considerando que você nunca mais vai sair desta ilha, eu diria que é muito melhor se entregar agora.

Cynthia sorri e lança, com a outra mão, uma granada vermelha, que libera uma nuvem de fumaça ao detonar. .

Achando que está sendo subestimada, Donatella tenta usar a sua clarividência, mas os efeitos lacrimogênios atrapalham na concentração de seu poder. Ouvindo os passos de sua inimiga, ela desvia dos ataques e desfere socos contra a assassina, que bloqueia com a palma da mão e tenta desferir um golpe fatal na barriga de Donatella, que em ultimo instante, se abaixa e chuta o leque para o alto. Cynthia saca outro e passa a milímetros de distância dos olhos da cartomante. Ambas recuam e se encaram por alguns segundos, até Donatella puxar seu canivete e lançar contra a Dama de Copas, desviando facilmente, mas é surpreendida por um soco aéreo de sua inimiga, que não esperava seu leque, caindo em suas mãos, abrir para interceptar o ataque.

— Merda... – diz Donatella, que é pega pelo braço e recebe um golpe mata-leão de Cynthia. Ela começa a sentir falta de ar, com seus olhos lacrimejando.

Na Igreja Central

Com a segurança voltada para a manifestação e as explosões chamando a atenção do exército, Striker consegue transformar um vitral em pó para conseguir entrar no local, revertendo o feito logo em seguida.

Flutuando até o chão e depois caminhando para o altar, a bruxa estranha a tranquilidade do ambiente e decide subir pelo elevador de serviço até o setor administrativo. Porém, ela pensa que tudo não passa de uma emboscada e muda de ideia logo depois.

Na Central de Controle de Margo’on

Os oficiais menores se encontram com o General dos Exércitos, Marco, para ouvir seu pronunciamento antes da reunião da cúpula começar. O militar coloca, em um grande telão, fotos aéreas de uma ilha e sobe ao palco para começar as explicações.

— Essas são imagens via satélite da Ilha de Verbeelding, onde é possível ver pequenas locações e ajuntamentos civis fora da cidadela. – Ele aponta na tela com a mão esquerda. – Isso prova de que a teoria do expansionismo do general Wade foi descartada.

— Isso só prova que há pessoas morando fora da cidade. É bem comum em grandes territórios – diz a Major Vicky..

— É verdade. Mas não foi só para isso que eu os trouxe até aqui. Vejam. – Ele aumenta a imagem para uma das locações, sendo possível ver uma criatura quadrúpede saindo de uma cabana de galhos.

Embora os veteranos não acred

item no que vêem, os militares mais novos ficam espantados.

— Senhor, como conseguiram essa informação? Até hoje não foi possível nem chegar perto do local – pergunta Vicky.

— Quando Verbeelding cortou laços com o mundo exterior, muitos especialistas das demais ilhas tentaram abrir caminhos diplomáticos e até forçá-los a se explicar. Com isso, esperamos os avanços da tecnologia e fizemos testes com satélites americanos apontados para a ilha, que se mostraram um verdadeiro sucesso – diz Marco, levando suas mãos para as costas.

O general Wade estranha a ausência de Ares no ressinto e questiona seu superior sobre quem está por trás daquela ideia.

— Suponho que tenha partido do único general que não está presente, certo?

Marco esboça um sorriso, como se tivesse gostado da pergunta, e responde em tom cínico:

— É bom ver que está interessado, após o fracasso de suas pesquisas sobre a ilha em questão.

A atitude de seu superior deixa Wade irritado, mas ele não demonstra logo de primeira.

— Deixando as farpas de lado, a pergunta do general Wade com certeza é da grande maioria. Tudo que posso dizer é que temos um dedo de Ares em nosso plano. Mas a sua missão em Vanilla nos fez correr atrás de outra mente brilhante.

— E essa mente brilhante tem um nome? – pergunta a almirante de esquadra, Marina, que acaba de chegar no ressinto com seus subordinados, vestindo uniformes amarelo.

Naquele instante, Marco olha sem temor para ela e dirige-se à ponta do palco.

— A Marinha nunca se interessou no “´protocolo C” e, se me lembro bem, sua superior disse com todas as letras que jamais entraria em conflito com “esses monstros”. Por que o interesse em saber agora, almirante? – Antes que ela pudesse dizer algo, ele a interrompe. — Ah, não precisa responder. Você é só uma convidada para esta reunião, tudo que disser não será considerado. Voltem a seus postos.

Enquanto os oficiais se dispersam, Marina encara Marco por alguns segundos, até desviar seu olhar rapidamente para Wade, que anda na direção contraria dos demais generais e capitães.

O General dos Exércitos dirige-se a seus aposentos, onde encontra o general Steq sentado em sua poltrona com uma taça de conhaque na mão.

— O que faz aqui em Margo’on? Achei que sua utilidade se limitava a Boston Briggs – pergunta Marco, colocando seu enorme casaco branco em uma cadeira.

— Eu queria ver de perto o seu plano monumental de conquista às cegas. Você só disse uma parte do plano para eles... – diz Steq, olhando ao longe, pela janela, a base onde se encontra um míssil gigantesco. – Pois você, assim como eu, também gosta de fazer as pessoas acreditarem em mentiras que te beneficiem. Aposto que quer estar naquele salão oval, junto dos outros parlamentares.

— Vejo que me conhece tão bem quanto teoriza, general. Cuidado para que seu conhecimento não lhe traia em seu afronte de autoridade.

— Agir levianamente não é uma de minhas características, senhor. Apenas estou ponderando os pontos positivos e negativos do seu plano – Steq bebe seu vinho e coloca a taça sobre uma pequena mesa de canto. – Minha preocupação vai muito além de burlar a Ordem Mundial. O senhor está arriscando a segurança de todo o arquipélago ao confiar na palavra daqueles que mais despreza: anomalias místicas.

No Edifício Administrativo

Observando o caos que estava lá fora de uma sala vazia, Viper é distraída pelo som da porta do elevador abrindo em seu andar, mas sem ninguém sai dele.

Ela dá alguns passos desconfiada e se vira para a esquerda, bloqueando um ataque direto de Striker e chutando ela contra a parede.

— Nossa... Vou me lembrar de nunca lutar contra uma mulher de salto – diz a bruxa, se levantando devagar.

— Não é seu estilo bancar a heroína – Viper retorna à frente das enormes janelas. — Deveria notar o quão estou certa em aplaudir esta desgraça.

— Escondida aqui? Achei que iria te ver lá embaixo, descendo o cacete nos engomadinhos de farda – diz Striker, se recompondo da investida.

— Já ouviu falar em planos, querida? Óbvio que não. Eu vejo você correndo de um lado para o outro, sem ao menos saber o que vai fazer quando chegar no seu destino... ou pior – Viper encara a bruxa naquele instante. – Não existe um propósito que te prenda aqui.

— Eu tenho a plena certeza de que tudo isso é um convite para eu me juntar a você – diz Striker, pegando suas duas pistolas e caminhando lentamente para o lado.

— Graças a você, este arquipélago está ganhando muita notoriedade. Conseguindo bem mais que a minha atenção, garotinha...

A bruxa estranha a sua última palavra e franze as sobrancelhas.

— Consigo enxergar o que você é, bruxa, uma pobre e atormentada criança medi... – Viper é interrompida por um tiro em sua barriga.

— Eu não entendo muito sobre a sua ideologia, mas se ela mata pessoas inocentes é porque não é boa.

Enquanto Striker falava,

Próximo ao prédio administrativo

Donatella, quase imobilizada, usa a carta que estava na sua manga, a Roda da Fortuna, conseguindo forças para desferir um chute na testa de Cynthia e se afastar.

— Parece que os boatos sobre você eram verdade – diz a cartomante.

— Reconhecer meu talento não te deixará com a cabeça intacta. Hm?

Ela observa Donatella puxar uma carta de baralho, o Mago, e adquirir a aparência e as armas de Cynthia, que fica impressionada com a habilidade.

Ambas andam para frente bem devagar, até começarem a girar seus leques e jogarem um contra a outra. Quando eles colidem, elas avançam e lutam com socos e armas, desviando de vários ataques e focando nos cortes com as lâminas.

No Centro de Vanilla

Afonsa caminha em direção a Kim, que se encontra agachada e respirando com dificuldade, abrindo novamente seu punho para disparar outra bomba.

— O que foi? Quer que eu chame a Mira pra te ajudar, ou a irmandade acabou depois da adoção?

Sua rival não responde.

— Deve ser difícil ver que a todo momento você está sozinha. Cadê todo mundo pra te ajudar? Ah, Kim... Sempre do lado errado da história?

Cansada e com um sorriso no rosto, a jovem mostra o dedo do meio para Afonsa e se levanta para encará-la melhor.

— Quer mesmo falar de ideais aqui, gata? Logo você que precisa de atenção especial? – pergunta Kim.

— Esse gás deve ter mexido com você de um jeito que...

— Lembra quando contou à madre superior sobre o seu pai? O quanto você o venerava? Imagina que lindo seria ele como um dos seus bonecos de combate, assim como fez com meus pais – diz Kim, enquanto encara sua rival.

Afonsa muda de expressão rapidamente e fica séria ouvir seu pai sendo citado.

— Você tem uma boca muito suja para falar dele. Ele foi um soldado honrado e sempre estará ao meu lado. Não será você que poderá dizer... – Ela para de falar ao notar que seu corpo está paralisado, impedindo-a de mover seus autômatos também. – O que você fez?

— Só ganhei tempo te distraindo... Assim eu consegui travar suas articulações.

Os pais de Kim têm suas colunas jogadas para trás, em um movimento rápido, e isso quebra as juntas dos autômatos.

— Nada pessoal, só vou te bater muito pelo que fez com meus pais.

Ela cria um bastão de baseball com pregos e corre na direção de Afonsa, que esboça um leve sorriso e aponta seu braço para Kim. Logo, ele abre compartimentos em suas laterais e lançando dezenas de tentáculos afiados contra ela.

Ao mesmo tempo, ela expande a língua de seus autômatos como uma lâmina crescente para atacá-la por trás.

“Péssima escolha, Kim. O meu corpo inteiro é uma arma e meus bonecos obedecem apenas ao meu comando. Não importa para que lado vá, você cairá... Eu venci!, pensa Afonsa”

Debaixo do terraço, os autômatos são espremidos e jogados para o alto por uma baleia de energia que destrói parte da estrutura. Desfazendo sua criação e refazendo em outra, Kim usa a energia para construir um elefante no meio dos tentáculos; cria uma escada para escalá-lo e pular, transformando o elefante em pequenas lanças que destroem o braço de Afonsa.

— Cretina! – Ela fica assustada ao ver seu braço danificado e com faíscas.

— Obrigada pelo elogio... – Kim bate bem forte o taco no rosto de Afonsa, que a faz bater a cabeça no chão e desmaiar. — Mas você se fodeu, amiga.

Cansada e ferida, Kim anda devagar até os corpos de seus pais e se senta na frente deles, com um olhar bastante sério.

— Eu disse a mim mesma que não iria deixar a vida me atingir... – Ela não tem palavras para aquele momento e sente seu corpo cair para trás, devido ao cansaço

Dentro do edifício administrativo

Com o andar inteiro em chamas, dos destroços se ergue uma figura pálida de roupas pretas, empunhando duas escopetas douradas e encarando a pessoa à sua frente. Viper, parada e séria, com parte da roupa queimada, mas com pele e cabelos intocados pelo fogo.

— Achei que a primeira vez teria servido como um aviso – diz a terrorista. – Não farei o convite duas vezes.

— Que pena. Tava doida pra te dar outro fora. Não faço ideia do que te motivou a isso, mas acho que temos terroristas demais nesse mundo — Striker transforma suas armas em pistolas calibre 38, puxando o cão delas em seguida.

Ambas continuam a se encarar, até Viper correr em direção a bruxa, que esboça um leve sorriso e dispara contra ela.

— É tudo o que tem?

Ela consegue desviar de todas as balas e realizar um chute giratório nas mãos da Striker, desarmando-a. Quando sua bota volta a tocar o piso, Viper dá uma leve deslizada com a mesma perna e pega impulso para chutar, com o outra, a bruxa contra a parede.

Ao ser jogada fortemente, o corpo de Striker se transforma em centenas de borboletas que voam pelo ambiente, servindo de distração para que seu verdadeiro corpo surja perto de onde as armas caíram.

Seni Rahasia...

As borboletas voam em círculos, criando um tufão em volta de Viper.

— Ainda é tudo que tem? – Ela saca uma adaga de sua perna.

— Longe disso. Malaikat... – As borboletas se unem e cobrem o corpo da terrorista até fazer um casulo. – Manipulasi Kupu Kupu Peledak!

Striker puxa a inimiga com a pressão que libera das mãos e a joga pela janela, fazendo a crisálida brilhar e, em seguida, detonar. Mas ainda não estava convencida de que tinha acabado. Striker dirige-se à beirada e observa atentamente, sendo surpreendida por duas mãos que saem do piso e a jogam no andar inferior.

Striker se levanta em seguida e transforma rapidamente suas pistolas em uma espada dourada, que usa para se defender dos ataques físicos de Viper.

De volta ao terraço

O combate parecia não ter fim. Donatella copiou os movimentos de Cynthia, deixando a luta bem equilibrada. Porém, a Dama de Copas aproveita um pequeno descuido da adversária e coloca uma carta do coringa em suas costas.

— Aaah! – Donatella recebe uma poderosa descarga elétrica em seu corpo, fazendo-a cair no chão e receber um chute no rosto pela Cynthia.

Caída e tremendo, o poder da carta enfraquece e Donatella volta à aparência original.

— Eu disse que você sairia intacta – diz a Dama de Copas, andando em direção de sua inimiga.

— Muito menos você! – A general Leona surge do lado delas e estala seus dedos, que brilham fortemente.

No último instante, uma das cartas de Donatella emana uma forte energia. Segundos depois, o terraço inteiro explode e isso assusta a multidão, que começa a correr de medo.

Dentro do edifício administrativo

Striker e Viper continuam a digladiar. A terrorista explora a desvantagem de sua oponente no combate físico, desferindo chutes e socos, que são bloqueados pela espada da bruxa. A luta das duas se desloca por toda a sala, destruindo tudo por onde passam.

Deadly Ga...— Ao desviar do último soco, Striker realiza um movimento giratório para cortar a região abdominal de sua inimiga, mas Viper é mais rápida e segura a espada com a mãos. – Tá de sacanagem, né?

— Bem que você gostaria, mas... – Ela crava a espada no chão e realiza um chute de joelho na barriga da bruxa, socando o seu rosto e pegando sua espada para perfurar seu coração.

A Oeste de Vanilla

Na maior ilha do arquipélago, a misteriosa Verbeelding, ocorre uma movimentação anormal em um grupo de criaturas quadrúpedes e esguias, com dois buracos no lugar da cabeça. Elas correm ao ver um ser branco de quatro braços e dois metros de altura, vestindo um longo tecido amarelo que cobre seu rosto e genitais.

Os quadrúpedes fazem sons de respiração ofegante, enquanto a outra criatura passa tranquilamente sem se preocupar em pisotear e empurrar alguns, que parecem se machucar, mas levantam com dificuldade em seguida e voltam a correr.

Ao Leste de Verbeelding

Em outra parte da ilha, o mesmo ser branco afugenta monstros, gordos com patas de cavalo e cabeças de crianças e adultos pelo corpo, para dentro de suas casas, que se assemelhavam a estábulos.

— Mamãe... – diz o rosto de uma criança, que parece ter dificuldades em respirar por se encontrar na parte traseira do corpo.

— Shhh... huh! – O pai, que está no centro do corpo do monstro, olha pela janela, suspeitando que aquela criatura os ouviu.

— Quieto, filho... – diz a mãe, com o rosto no peito daquele corpo.

A criatura para em frente à casa deles, ouve a voz da criança e invade a casa com um soco. Eles começam a gritar de desespero quando a criatura se aproxima.

— Por favor, tenha piedade! – grita o pai.

— É nosso único filho, por favor. Alguém nos ajude! – A mãe tenta controlar as patas para ferir a criatura, mas é ineficaz.

— Mamãe, soco...

Sem nenhuma piedade, a criatura arranca a parte de trás deles, onde se encontrava a cabeça da criança. Desesperados e totalmente impotentes, os pais assistem a criança ser levada morta.

— Por que?!!— berra o pai.

Ao Sul de Verbeelding

Próxima à cidadela principal, o mesmo caminhante branco barra a entrada de um grupo de revoltosos seres humanoides com o rosto tendo apenas uma boca, que usam para gritar palavras de baixo calão contra o nome da Imperatriz da ilha.

Os gritos não são ouvidos de dentro do palácio de marfim, onde se escuta uma jovem de cabelos brancos cantarolando na sala do trono, enquanto pinta em seus quadros.

— Cala a boca, Infinity – diz uma mulher de cabelos brancos sentada em seu trono, trajando roupas da mesma cor com toques de dourado nas pontas.

— Esse mau humor vai acabar te matando, mãe, assim como o tédio – diz a jovem, que não liga para o insulto.

— Alguma informação, Tundra? – pergunta a mulher para uma figura de longas vestes azul escuro e uma máscara de ave, muito semelhante a dos médicos da peste negra.

— Nenhuma notícia sobre a cúpula, senhora. Eles não mandaram o convite – responde o conselheiro dela.

Nervosa e estalando seus dedos, ela coloca a mão dentro de seu manto e retira um livro marrom, com uma grande pedra multicor no meio.

— Aos poucos estão nos excluindo da política mundial e assumindo que somos uma ameaça. Eu não estou nem um pouco afim de sentar em cadeiras velhas e discutir o que é melhor para o meu povo.

O livro é aberto e a Imperatriz passa o dedo em cima de uma linha, transcrevendo a frase: “Para aqueles que me odeiam, eu quero que sumam”.

Após isto, os revoltosos do portão são surpreendidos pelo caminhante branco que usa sua força para esquartejar cada um, não se importando com nada.

Sabendo do que sua mãe acaba de fazer, Infinity para de pintar seu quadro e olha com tristeza em direção ao portão.

— O melhor para eles é que assumam... – A Imperatriz fecha o livro com tudo — que sou a governante deles!













Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.