— Bom, e agora morena? – questionou Emma enquanto dirigia.

— Uma passadinha lá no departamento de homicídios. – falou sorrindo assim que viu seu celular – Vamos conversar rapidinho com a Jane e Frank.

Um sorriso surgiu nos lábios de Emma Uia, passando para o outro lado da lei! — Você vai dar um fim do crápula usando o departamento de homicídios, gostei da ousadia. – brincou.

Uma sonora gargalhada ecoou pela pick-up Só minha loira para me fazer rir nesse momento! — Gostaria, mas sou mais refinada que isso minha querida, acabarei com ele judicialmente. – piscou – Quero apenas garantir que ele ficará longe de Jú, e principalmente de Tom.

— Departamento de Homicídios aqui vamos nós. – falou Emma tomando a direção do prédio.

— Emma! Regina! – Jane exclamou feliz ao ver suas amigas de longa data ali, dando um abraço apertado – Venham, sentem-se. – indicou as cadeiras vazias a frente de sua mesa – Como vocês estão? Não sabia que estavam na cidade. – disse assim que se sentou em sua cadeira.

— Estamos bem. – respondeu Emma sorrindo.

— Viemos a trabalho. – completou Regina soltando um longo suspiro Mas queria que fosse a passeio!

Jane franziu o cenho – O que houve? – quis saber – Algo em posso ajudar? – se ofereceu.

— Lembra que comentamos que tempos atrás, o pai biológico de Jú e Tom surgiu do buraco que estava escondido? – começou a advogada Aquele embuste!

— Sim, lembro. O que ele aprontou dessa vez? – questionou Jane.

— Ele entrou com uma ação para reconhecimento de paternidade. – Emma disse, olhando para cima tentando aliviar um pouco a tensão em seu pescoço Acho que aliviaria mais e eu pudesse dar mais uns sopapos naquele boçal!

Imediatamente os olhos de Jane se arregalaram – Ele pode fazer isso? Mesmo depois de tantos anos na escuridão?

— Tanto pode como fez. – respondeu Regina soltando um outro longo suspiro As vezes a justiça não é tão justa!— Acabamos de sair do laboratório onde Jú e Tom foram fazer o exame.

— Que crápula! – bravejou a sargento.

— Preciso de um favor. – pediu a advogada.

— Você quer que sumamos com corpo do boçal? – falou séria.

Um sorriso surgiu no rosto das outras duas mulheres – Não seria uma má ideia, além de mais fácil, mas não é isso. – Jane sorriu para a amiga – Assim que saímos do laboratório ocorreu um infeliz acidente.

— Eu diria um feliz e esperado acidente... – comentou Emma olhando o leve vermelho que havia nas junções de seus dedos com a palma Pena que não bati o bastante!

— Emma. – repreendeu sua esposa. Emma apenas sorriu arteiramente Ah, sei que você também faria o mesmo!— O boçal acabou atacando Jú, e ainda tenta a todo custo se aproximar de Tom...

— E você quer mantê-lo longe dos dois? – terminou Jane entendendo.

— Sim, apesar de que acho que ele não se aproximará dos dois, se ele tiver juízo. Até o dia da audiência.

— O que sabemos que ele não tem. – comentou Emma olhando para sua esposa Só esperando uma nova oportunidade de dar uns socos nele!

Jane ficou pensativa por um momento – Eu tenho duas pessoas perfeitas para isso. – abriu um sorriso – Pedirei que fiquem a paisana, assim não levanta suspeita e consigo manter esse crápula afastado deles.

— Agradeço imensamente sua ajuda, Jane. Sei que estamos pedindo demais. – falou Regina.

— Que isso, vocês são família, e cuidamos da nossa família. – sorriu – Nossa, me senti uma mafiosa agora. – riram – Fora isso posso ajudar em mais algo?

A advogada ficou pensativa – Acho que no momento é somente isso.

— Bom, se precisarem de mais alguma coisa é só me falarem. Apesar de que oferta de sumir com indecente ainda está de pé. – riu juntamente com suas duas amigas – Quanto tempo vocês ficam na cidade? – questionou mudando de assunto.

— Mais alguns dias, e torcendo para marcarem o mais rápido possível a audiência para acabarmos com isso de uma vez. – respondeu Regina com um suspiro ansioso Assim podendo voltar ao nosso cotidiano!

Quando Jane ia comentar mais alguma coisa, seu celular tocou – Sargento Rizzoli? – atendeu, ela ainda mantinha apenas um sobrenome na hora de atender seu telefone, para ficar mais fácil. Assim como Maura atendia as ligações apenas com seu nome de solteira e não causar muita confusão – Tudo bem, já estou indo. – desligou – Sinto, mas apareceu um corpo. Preciso ir. – disse abrindo sua gaveta e pegando sua arma e distintivo.

— Se for o crápula você nos avisa? – brincou Emma, ao se levantar juntamente com sua esposa Bem que poderia, assim resolveria esse assunto de uma vez por todas! — Que iremos lá dar uma olhada.

— Emma! – Regina repreendeu mais uma vez.

— Ah morena, seria bem mais fácil. – piscou – Acho que não teremos tanta sorte assim.

Um sorriso surgiu nos lábios de Regina Mas ela tem razão, seria muito mais fácil! — Você não tem jeito. – entraram no elevador.

— Pode deixar que se for ele, faço questão de dar a notícia pessoalmente. – Jane entrou na brincadeira – E não se preocupem, eu falarei com dois amigos. – já foi saindo do elevador junto com as outras duas mulheres – Jantar na minha casa?

— Estaremos lá. – concordou Emma É bom um pouco de normalidade nesses dias confusos!

— Levem Ju, Meggie e Tom. – falou Jane já a porta e indo na direção de seu carro – Até mais.

As duas mulheres acenaram – E agora morena? – questionou a loira enquanto elas caminhavam na direção da pick-up estacionada Pena não aproveitarmos nosso tempo aqui para espairecer um pouco! Mas Emma haverá outras oportunidades, sem falar que vocês prometeram as gêmeas um fim de semana de passeio aqui! Sim mente, você tem razão nas duas coisas!

— Vamos para o apartamento que preciso começar a olhar e estudar tudo que Rose encontrou sobre o boçal. – respondeu assim que chegaram ao veículo Preciso preparar toda a minha argumentação e provas!

— Você que manda, morena. – falou Emma dando a partida no veículo.

— Eu sempre mandei. – piscou travessamente, caindo na risada enquanto a pick-up vermelha se misturava ao intenso trânsito da cidade de Boston.

—SQ-

— Uau! – exclamou Lucy assim que parou em frente ao restaurante que iria fazer a última fase do processo do emprego – Nervosismo pouco. – murmurou assim que parou a porta antes de bater.

— Sim? – questionou o homem assim que abriu.

— Oi, eu sou Lucy Swan-Mills e vim para a última fase do processo seletivo do emprego de sous chef. – abriu um sorriso tímido.

— Muito bem-vinda. – abriu o restante da porta dando passagem para Lucy – Segue reto esse corredor e ali você encontrará mais dois candidatos.

Lucy assentiu com um aceno – Muito obrigada.

— Boa sorte. – desejou o homem e fechou a porta, voltando aos seus afazeres.

— Tudo bem. – Lucy respirou fundo – Mais dois concorrentes, normal, afinal todos querem um emprego. – foi caminhando – Quantos candidatos finais foram selecionados? – se questionou e o nervosismo que havia diminuído, voltou a aumentar – Ah Lucy, cria vergonha na tua cara, você sabe do que é capaz. Como a dona Emma sempre diz: sempre faça o seu melhor que se for para ser seu, ninguém pega. – respirou fundo quando terminou de andar no corredor e viu que havia dois homens ali a espera.

— Bom dia! – disse o dono do restaurante saindo da porta de seu escritório – Que bom que estão todos aqui. Podemos começar?

— Sim. – veio a resposta dos três ao mesmo tempo.

— Muito prazer, eu sou Robson Frei, dono do restaurante. – estendeu a mão para o primeiro candidato.

— Rasheed Assarif. – o homem que não aparentava mais que trinta anos, correspondeu ao aperto de mão.

— Aaron Judd. – o segundo se apresentou apertando a mão estendia, esse aparentava pouco mais de quarenta anos.

— Lucy Swan-Mills. – foi a vez de Lucy se apresentar e apertou a mão oferecida, e ela com certeza era a mais nova dos três.

— Muito bem, agora que nos apresentamos, por favor entrem que vamos conversar um pouco e explicarei melhor sobre como será o processo para selecionar o candidato mais apto para o cargo de sous chef do meu restaurante. – abriu a porta por completo e deixou que os três entrassem antes de fechar a porta, entrando por último.

—SQ-

— Quer alguma coisa para beber? – Emma perguntou indo na direção da cozinha assim que entraram no apartamento.

— Um copo de chá gelado seria bom. – respondeu Regina tirando seus saltos altos – Com esse negócio de só andar de bota pela fazenda, eu meio que desacostumei a ficar muito tempo de salto. – caminhou até a mesa de jantar. Tom havia feito algumas mudanças com relação aos móveis e a mesa de escritório que tinha ali acabou indo para o quarto que ele deixou para hóspedes – Agora vamos ver o passado desse crápula. – pegou a pasta que havia tudo que Rose descobriu, abriu a grossa pasta.

— Aqui seu chá. – Emma se sentou ao seu lado e colocou o copo sobre o porta copo na mesa – Precisa de ajuda? – se ofereceu dando uma olhada bem superficial na documentação.

— Me fazendo companhia é ajuda essencial. – sorriu depois que tomou um gole de seu chá, olhando para sua esposa.

A loira sorriu, puxando de seu bolso seu celular, e começou a jogar em modo silencioso – Estarei aqui, e se precisar de algo mais é só pedir. – disse dando um beijo na bochecha de sua morena e voltou sua atenção para o joguinho.

Regina a olhou apaixonada Não sei o que seria de mim sem você! então voltou sua atenção para a papelada a sua frente – Hum... Interessante. – disse dando uma olhada melhor no primeiro papel. Deixou-o de lado e pegou o seguinte, leu e o deixou separado. Pegou o próximo que era constituído de cinco folhas e foi lendo. Pegou algumas fotos examinou bem detalhadamente – Crápula. – resmungou e dando continuidade a sua tarefa, e quando percebeu a mesa toda estava forrada com os papéis. Seu caderno de anotações cheio de detalhes.

— Vamos fazer uma pausa, o almoço está pronto. – disse Emma ao se sentar novamente e correr os olhos pelo trabalho de sua esposa Parece que esse tempo rendeu bem!

Aquilo fez Regina sair daquele mundo e olhar para sua esposa, nem havia percebido que não estava mais ao seu lado e menos ainda que já estava na hora do almoço Que horas você saiu do meu lado? — Estava concentrada aqui, me desculpe. – soltou um suspiro Foram tantas informações que me deixaram fora de orbita!

Um sorriso acolhedor se abriu nos lábios da loira Estou aqui para você! — Eu percebi. – piscou – Vem, vamos comer que fiz algo para almoçarmos.

— Nossa, nem percebi que já era hora do almoço. – se levantou A hora voou!

— Na realidade já é meio da tarde. – Emma sorriu marotamente. Imediatamente os olhos de Regina se arregalaram e procurou pelo relógio de parede e viu que havia passado das duas e meia já.

— Ah Emma, me perdoe, perdi a noção do tempo. – falou ao se sentar no banquinho no balcão da cozinha Foram tantas coisas bizarras que estava lendo que não podia perder a linha de raciocínio!

— Morena, relaxa. – Emma disse tirando do forno a comida – E aqui a minha especialidade, macarrão com queijo. – colocou a forma sobre o balcão – E antes que você reclame, aqui sua salada. – pegou o prato com salada de cima da pia e o colocou sobre o balcão também Achou que ia esquecer de algo verde para você?

— Achei que a sua especialidade fosse queijo quente. – riu pegando um pouco de salada.

Um sorriso de lado apareceu nos lábios de Emma – Esse também. – piscou enquanto colocava macarrão com queijo em seu prato – Como está indo com a papelada? – serviu suco para as duas.

— Quanto mais eu vejo o que ele fez, mais tenho vontade de passar com um rolo compressor sobre ele. – respondeu e tomou um gole de seu suco Só não espero muito daquele juiz!— Mas estou conseguindo construir uma defesa sólida para qualquer caminho que o caso tome.

Por um breve segundo o silêncio tomou conta da conversa, sendo interrompido pelo som do celular de Emma indicando que havia recebido mensagem Quem será! — É a Jane, está chateada que não é o crápula o corpo que apareceu. – sorriu travessamente, fazendo Regina quase engasgar com seu macarrão – Apenas confirmando o jantar na casa dela essa noite.

— Se fosse ele, eu ficaria muito chateada, pois quero amassar esse verme no tribunal. – comentou a advogada – E que horas é o jantar?

— As sete e trinta. – colocou o celular de lado depois que respondeu a mensagem.

— Tom chega que horas? – questionou Regina depois de comer sua salada e começar a se servir de macarrão.

Emma olhou para o relógio na parede – Acho que pouco depois das cinco. – colocou mais um pouco de macarrão em seu prato – O que achou? – apontou com a faca para o refratário de macarrão.

— Como sempre está muito gostoso. – respondeu assim que terminou de comer um garfada do macarrão – Bem caprichado no queijo, mas muito gostoso.

— Queijo deixa tudo mais gostoso ainda. – abriu um sorriso. Continuaram conversando enquanto almoçavam – Volte para a sua papelada que eu cuido da louça.

— Mas...

— Pode ir morena. – disse a loira já colocando os pratos sujos dentro da pia, e procurando algum pote para colocar o que sobrou do macarrão – Eu cuido aqui, e você cuida da papelada. – piscou ao achar o pote que procurava.

— Meu anjo loiro. – deu um beijo na bochecha de sua esposa Eu realmente não seria metade do que sou hoje sem você! encheu seu copo com suco e voltou para a mesa.

Emma sorriu apaixonadamente – E pensar que do jeito que nos conhecemos tínhamos tudo para nunca mais nos falarmos. – murmurou – Lá se vão mais de quinze anos juntas. – foi para a pia colocar o refratário sujo e guardar o restante do macarrão dentro da geladeira, para então voltar para a pia e começar a lavar a louça. Quando terminou foi se sentar ao lado de sua esposa, que apenas lhe ofereceu um sorriso e voltou sua atenção aos papéis. A loira voltou sua atenção para o joguinho no celular.

As duas mulheres concentradas em suas tarefas quando escutaram a chave na porta da frente e então ela se abrir – Cheguei. – anunciou Tom assim que fechou a porta e viu suas duas mães sentadas a mesa – O que fazem? – questionou passando por elas indo na direção da lavanderia, e já colocando sua roupa de treino para lavar.

— Eu estou jogando e fazendo companhia para sua mãe. – respondeu Emma sorrindo e mostrando seu celular Aposto que você vai rir do que estou jogando!

— Tétris? – Tom riu – Nunca que imaginei você jogando tétris. – passou indo na direção da cozinha – Estou com fome, o que tem para comer?

— Sobrou macarrão com queijo do almoço. – respondeu Emma voltando para o joguinho Eu sabia!

— Posso comer tudo? – perguntou ao tirar o pote de dentro da geladeira.

— Pode. – respondeu Emma – Ah e mais tarde vamos jantar na Jane, então não exagere agora.

Tom colocou o pote dentro do micro-ondas para esquentar – Pode deixar que não exagerarei. – colocou os minutos que queria – E você mamãe, o que faz? – perguntou indo procurar algo para beber na geladeira.

— Estou olhando uma documentação que pedi a Rose. – respondeu e foi juntando os papéis e os colocando dentro da pasta Melhor não deixa-lo ver! – Mas por hoje chega. – soltou um suspiro, fechando seu caderno de anotações, que haviam muitas Ele não precisa saber disso nesse momento! — Como foi seu treino? – questionou quando viu seu filho sentar a sua frente na mesa com o pote de macarrão e o copo de suco.

— Foi bem, cansativo, mas bem. Mesmo com tudo o que aconteceu de manhã. – respondeu tomando um gole de seu suco.

— Não conhece prato? – brincou a loira vendo seu filho comer direto do pote, mas ela mesmo fazia isso algumas vezes.

— Para que sujar um prato, se não irá sobrar nada? – brincou e comeu uma grande garfada do macarrão – Dheli-ça. – falou com a boca cheia.

— Fale depois de comer. – repreendeu Regina, mas sorriu ao ver a felicidade do filho em comer o macarrão – Eu te dei educação.

Tomou um gole de suco e estava preparando outra garfada – Gosto de infância. Obrigado. – colocou a garfada dentro da boca.

— Sempre que quiser algo é só dar um pulinho na fazenda e matar a saudade. – falou Emma sorrindo vendo seu filho, por um breve instante, voltar a ser aquela criança sapeca que só queria saber de correr pela fazenda e comer bolo de chocolate Saudades deles todos pequenos e sem esses problemas da vida de adulto!

— Já que é assim, será que antes de irem embora, poderiam deixar um bolo de chocolate pronto? – perguntou abrindo um sorriso infantil.

— Até dois. – respondeu Regina sorrindo para seu filho, que sem dizer nada, apenas sorriu satisfeito e voltou a atenção para sua comida.

—SQ-

— Entrem! – Jane abriu a porta depois de alguns segundos que a campainha tocou, e fechou a porta quando Tom entrou por último. Hoje era um raro dia de folga noturna para o rapaz, já que não havia jogo marcado, porém amanhã e os três dias consecutivos seria uma série difícil contra Baltimore Orioles em casa – O que aceitam para beber? – quis saber depois de dar um abraço em cada um.

— Suco para todo mundo já que amanhã ainda é dia de levantar cedo para trabalhar. – brincou Emma sorrindo.

— Oh vida dura. – brincou Meghan rindo.

— Mas uma cerveja não fará mal...

— Jane, suco para todo mundo. – disse Maura entrando acompanhado dos filhos Vincent, Enrico e a caçula Alex, uma vez que Ângela estava na universidade e por isso não estava presente – Sejam bem-vindos. – distribuiu abraços a todos – Vamos nos sentar no quintal dos fundos, e aproveitar a noite enquanto o jantar termina de assar.

— Vem Tom, vamos jogar vídeo game. – Vincent já puxou o rapaz pelo braço sem deixar oportunidade de resposta, e foi seguido pelos dois irmãos mais novos.

— Assim que o jantar estiver pronto não quero saber de vídeo game. – disse Jane vendo o grupo sumir na porta da sala de multimídia – Quer jogar também Jú? – brincou a sargento.

— Só se for para ganhar de você dinda. – rebateu a jovem médica.

— Ai, essa doeu. – Jane colocou uma mão sobreposta a outra sobre o coração – Você já foi mais boazinha.

Júlia abriu um sorriso sapeca idêntico ao de sua mãe loira – Nunca fui quando se trata de correr de kart no vídeo game.

— Fato! – concordou Meghan – Nem eu que sou a esposa ela não dá uma colher de chá. – fez um leve bico indignado.

Os olhos de Jane se estreitaram – Não falta muito para te ultrapassar no número de vitórias.

A médica cardiologista soltou uma gargalhada – Boa sorte então para superar as minhas quatrocentas e vinte e três vitorias contra suas trinta e sete.

— Números, minha cara... Apenas números. – brincou Jane rindo junto com todo mundo enquanto caminhavam na direção do quintal dos fundos.

— Estava esperando você me telefonar e dizer que o corpo achado era do indesejado. – brincou Emma quando estavam todos acomodados.

— Eu também queria que fosse, mas infelizmente não era. – brincou Jane tomando um gole de seu suco.

— Contem essa história direito, por favor. – pediu Maura assim que terminou de tomar um gole de seu suco também.

Regina soltou uma longa respiração – Tempos atrás um homem apareceu na fazenda alegando ser pai apenas de Tom, disse que ia entrar na justiça para reaver o direito de pai e tudo o mais. Porém ele mudou de opinião quando descobriu que Júlia é médica e também “resolveu” reaver o direito de pai sobre ela também.

O cenho de Maura franziu – Mas isso é possível? Digo, uma vez que tanto Júlia quanto Tom foram legalmente adotados por vocês duas, e agora que eles são maiores de idade...

— Pelo visto, algum juiz achou possível tanto que estamos aqui porque os acompanhamos para fazerem testes de DNA para comprovar paternidade.

— Nossa, como o nosso sistema de justiça em alguns aspectos é falho. – Maura estava incrédula que o caso estava andando, e o principal, é que algum juiz tenha aceitado o caso.

— Eu aposto que o juiz que deu andamento no caso é um homem velho e arcaico. – falou Emma terminando seu suco Nem suspeito quem seja! — Porque só assim explica isso.

— Sabem quem é o juiz? – questionou Jane terminando seu suco também.

A advogada fez um segundo de silêncio Qual era o nome mesmo? — John Lambeau. – respondeu – Confesso que nunca ouvi falar dele.

Jane soltou um riso indignado – Óbvio que tinha que ser ele... Realmente é o que Emma disse, é um homem velho e arcaico.

— Você o conhece? – questionou Júlia que até então estava ouvindo apenas.

— Logo que entrei no departamento ele atrasou muito a vida das mulheres vítimas já que seus pareceres em sua maioria eram favoráveis aos homens. – explicou – Mas então acharam um jeito dele não “participar” dos departamentos e então ele “migrou” para outras áreas, que para variar andou do mesmo jeito em seus julgamentos, mas depois nunca mais ouvi falar dele e achei que finalmente havia aposentado.

— Pelo visto não. – Meghan comentou levemente desanimada.

— Mas não deve estar mais tão ativo assim. – comentou Jane.

Júlia olhou para sua mãe – Com esse juiz nossas chances de perder o caso, que eram nulas se tornam gigantescas. – estava incrédula.

Regina olhou para sua filha e com toda firmeza do mundo respondeu Não desanime Jú!— Ainda continuam nulas, Jú. Eu disse que ele não terá a mínima chance comigo, apenas acredite em mim. Não terá juiz nesse mundo que me dará a derrota nesse caso.

— Se vocês quiserem podemos encontrar alguns capangas de qualquer mafioso da cidade e tirar esse juiz de circulação. – falou Maura seriamente, aquilo fez todo mundo a olhar espantadas – O que? Seria mais fácil apesar de não ser o certo.

Emma sorriu Por essa não esperava, ainda mais vindo de Maura, mas ela tem um ponto válido! — Por mais tentadora que seja a proposta, eu confio na minha morena. – piscou para sua esposa – Se ela diz que é causa ganha para ela, então vamos nos manter dentro da justiça.

Antes que a conversa prosseguisse o forno apitou indicando que o tempo do assado havia terminado – Opa, acho que nossa janta está pronta. – se levantou – Jane, você pode me ajudar a colocar a comida a mesa?

— Claro. – concordou e se juntou a sua esposa no caminho para a cozinha.

Em questão de minutos estavam todos sentados a mesa prontos para jantarem – E Angie, está gostando da universidade? – questionou Júlia depois de colocar um pouco de comida em seu prato. Mudando o assunto completamente.

— Sim, e já está pensando em se especializar na população idosa. – respondeu Jane abrindo um sorriso orgulhoso.

— Que bom, porque geralmente é uma população as vezes esquecida por todos. – comentou Regina colocando um garfada de comida em sua boca logo em seguida.

— E os outros filhos? Já nasceu a segunda neta? – Maura quis saber.

— Lucy está em Nova Iorque fazendo uma seleção para um restaurante famoso. – respondeu Emma – Ficamos sabendo ontem sobre isso. – riu.

— Ainda não nasceu, Violet está no final do oitavo mês. – disse Regina assim que tomou um gole de suco – Os gêmeos entraram na fase de começar a escolher qual universidade querem fazer, e as gêmeas na fase de tirar a licença para dirigirem.

— Como o tempo passa rápido, parece que foi ontem que vimos esse povo todo pequeno ou nascendo...

— Sim, parece que foi ontem todos esses acontecimentos. – concordou Regina tomando um gole de seu suco – E estamos na quarta geração com netas chegando, me sinto uma velha. Acho bom mesmo Angie se especializar em idosos porque assim já sei para onde correr quando precisar. – brincou.

Jane riu – Então você pode entrar na fila que eu serei a primeira.

— Vocês têm notícias de Daniel e Killian? – questionou Maura ao se lembrar dos amigos, que nunca tinha tempo ruim com eles.

— A última vez que conversei com eles, o Louis estava dando trabalho na escola por não estar muito afim de estudar. E toda a crise existencial sobre o namoro virtual de Alice e Robie, que cada semana era uma briga infundada. Coisas da fase da adolescência, a qual ainda estamos passando também, em dose quádrupla. – riu Regina Não está fácil, uma vez que os quatro “herdaram” todo o charme da minha loira para romance!

— Aurora e Rose continuam as mesmas, mas estão esperando o primeiro filho, Kaleb. – respondeu Emma terminando sua comida – Aliás, precisamos marcar um final de semana para fazermos algo lá na fazenda. Corrigindo, marcarmos algo nas férias escolares, assim creio que dê para a maioria ir.

— Não sei quando marcaremos, mas estamos dentro. – falou Jane terminando seu suco.

— E os tios Frank e Tommy? – Meghan quis saber colocando um pouco mais de comida para si.

Jane soltou uma longa respiração – Eles estão bem. Frank e Nina estão bem. Apenas Tommy e Lídia nesses últimos meses estão brigando bastante, mas logo eles se acertam novamente como sempre fazem todo ano. – riu.

— E o resto da turma, como estão? – Maura quis saber, apesar de terem contatos de todos, a correria do dia a dia fica bem difícil conversarem.

— David e Mary continuam na equipe, que cada vez mais está ganhando importância no cenário de competições. Os filhos estão bem, Neal está noivo para a felicidade de Mary que já está até planejando quantos netos terá.

— Não adianta, tem coisas que nunca mudam. – Maura riu.

— Elsa e Zelena estão bem também, e assim como nós esperando a vinda da segunda netinha e lidando com o namoro virtual da filha. – acrescentou Emma se servindo de um pouco mais de suco – Anna e Kristopher estão bem. Ele agora faz mais trabalhos internos e quase não viaja mais para trazer os cavalos que compramos. As crianças deles estão cada vez mais peraltas, os deixando de cabelos em pé. – riu novamente Se não for assim, não são crianças!

— Ruby e Katy estão na mesma fase que a gente, licença para dirigir e escolha de universidade. – completou Regina.

— Não queria estar no lugar das minhas mães, porque os gêmeos sabem serem chatos. – resmungou Meghan – Sarah vive em alto mar com suas pesquisas e nem quer saber de terra firme. Jared continua do outro lado do país, deve estar quase se formando... – comentou pensativa – E acho que ele não volta mais para esse lado do país, já que conseguiu um estágio na área a qual queria e será um pulo para o emprego.

A conversa continuou descontraída e o assunto Edward não foi mais mencionado por ninguém. Conversaram sobre as chances do Boston Red Sox na liga. Conversaram sobre seus empregos, e não resistindo Júlia e Jane apostaram mais uma corrida no vídeo game.

— Quantas vitórias agora? – disse Júlia colocando seu casaco – Ah é, agora são quatrocentas e vinte e quatro vitorias contra suas trinta e sete. – abriu um sorriso.

— Números, minha cara, números... – Jane brincou. Despediram-se, mas com a promessa de irem ao restaurante de Ângela assim que terminasse o caso e antes de voltarem para a fazenda.

—SQ-

— Morena, já tem dois dias que saíram os exames de DNA, juízes costumam demorar para marcar a audiência? – Emma quis saber A ansiedade está batendo alto, pois preciso voltar para a fazenda!

— Geralmente não... – Regina fez uma pausa em sua escrita Mas eles poderiam acelerar esse agendamento!— Você precisa voltar para a fazenda, não? – questionou e Emma apenas assentiu com um aceno de cabeça.

— Surgiu um problema que Ruby consegue resolver, mas o problema é que saímos sem aviso prévio e algumas coisas ficaram pendentes... – fez uma pausa – Quando vou ficar longe mais de um ou dois dias, tem toda uma preparação que você sabe como é.

— Entendi... Não precisa se explicar, sei como é o funcionamento da fazenda. – comentou Regina pensando em um jeito de solucionar aquele problema Já sei! — Se precisar, você volta para a fazenda e eu fico aqui com Tom e Júlia até sair a data da audiência e então você retorna, o que acha?

Agora foi a vez da loira ficar pensativa Acho que será a única alternativa! — É uma solução viável, porém não queria deixar vocês três sozinhos...

— Seria apenas por alguns dias, e logo você estaria de volta... – a advogada foi cortada pelo som de seu celular – Mamãe? – olhou quem ligava Será que está tudo bem com os gêmeos?— Oi mãe, está tudo bem?... Ainda não... Abre e veja que dia está marcado, por favor. – fez uma pausa e olhou no calendário – Isso é daqui a três dias... Tudo bem aqui, pode deixar que damos sim. Obrigada. – desligou a ligação e soltou um suspiro Finalmente!

— Mais problemas? – Emma questionou preocupada São as crianças?— Está todo mundo bem?

— Ah sim, está tudo bem, mamãe ligou para avisar que chegou um oficial de justiça com a data da audiência...

— Estranho não ter chegado nada aqui ainda... – Emma foi cortada pelo som do interfone do apartamento – Sim? – atendeu depois de caminhar até o mesmo – Não está, mas pode deixar subir que o recebemos. – desligou E temos a nossa vez!

— Quem é? – agora era a vez de Regina querer saber.

— Nosso oficial de justiça, digo, nosso não, mas o que vem trazer o ofício para o Tom. – respondeu e em questão de um minuto tocou a campainha.

— Eu atendo. – falou a morena caminhando na direção da porta – Bom dia. – disse assim que abriu, mas não antes de confirmar pelo olho mágico na porta para ver se era mesmo o oficial.

— Boa tarde senhora, eu sou Justin Lee, sou oficial de justiça e estou procurando por Thomaz Swan-Mills, ele se encontra?

— No momento não, ele já saiu para treinar. – respondeu Regina – Mas sou sua mãe e advogada no processo, posso receber o ofício por ele.

O oficial assentiu com um aceno enquanto pegava em sua valise o envelope com o ofício – Assine aqui para mim, por favor. – esperou enquanto Regina assinava – Muito obrigado. – agradeceu e tomou o rumo do elevador novamente.

Regina mal fechou a porta e abriu o envelope para confirmar a data – Então era a minha mãe no telefone dizendo que havia chegado um ofício para mim com a data da audiência, que será daqui a três dias.

— Será que Jú já recebeu? – Emma perguntou e no segundo seguinte o seu celular tocou Claro que ela recebeu! — Falando nela... – viu que era sua filha no visor – Oi Jú. Sim, também recebemos... – colocou no viva-voz – Fale que sua advogada está escutando também. – piscou para sua esposa.

— E agora o que vamos fazer?

— Nesse exato momento ficaremos calmos, porque desespero não ajuda... Quando você tem folga?

— Amanhã a noite.

— Então nos reuniremos amanhã para jantarmos e depois discutiremos isso, tudo bem? – Regina estava preocupada mais com a reação de sua filha, pois era que sofria com todas as lembranças daquela época – Você consegue ficar calma até lá?

Um suspiro veio do outro lado da linha — Sim, consigo.

— Ótimo, então nos vemos amanhã. – falou Regina sorrindo.

— Mas qualquer coisa estamos aqui, Jú. – Emma completou.

— Obrigada!­— se despediram.

Emma sentou no sofá – Bom, acho que vou ligar para Rubs e falar que ficarei mais uns dias...

— Ou você pode ir amanhã cedo, resolve tudo que precisa e volta antes do dia da audiência. – Regina deu outra opção – E não, não estou te expulsando, mas sei que algumas coisas lá na fazenda precisam mais de você nesse exato momento.

— Assim como vocês. – contra-argumentou a loira.

— Minha loira, não tem nada que se possa fazer a não ser esperar até o dia da audiência, e creio que há alguns assuntos meio urgentes na fazenda para resolver, e não Ruby não teria te ligado ontem a noite. – Regina usou o bom senso Apesar de não querer que você vá, mas sei que é preciso! — Eu sei que você sempre estará a disposição para quando precisarmos, mas a fazenda é mais urgente nesse exato momento. – fez uma pausa e viu que a loira argumentaria novamente – E aposto que Jú e Tom entenderão perfeitamente sua ausência nesses dois dias, mas que estará aqui no dia da audiência para apoiá-los. – deu um beijo em sua bochecha Assim como apoiar a mim!

— Eu não vencerei essa conversa, não? – a loira disse com um sorriso, sabendo que sua esposa tinha um ponto válido. A morena apenas negou com a cabeça – Tudo bem, eu vou, mas daqui a dois dias estarei de volta. – se levantou para pegar suas coisas – E quanto a você, como fará se precisar de um carro?

Um sorriso de lado surgiu nos lábios da morena – Aluguel de carro? Táxi? Ou até mesmo Tom ou Jú. – respondeu Regina Estou mostrando que me virarei, não se preocupe! — Nada do que você dirá me fará mudar o pensamento, uma vez que a fazenda precisa mais de você nesse exato momento do que nós.

Emma parou seu caminho Claro que tenho que provocar um pouco!

— Nem se eu disser que sentirei saudade de dormir agarradinha essa noite e talvez a outra? – jogou “sujo”.

— Golpe baixo não vale, estou tentando ser racional nesse momento... – a advogada olhou para sua esposa Não me complique! — Serão apenas dois dias no máximo. Então vá.

— Tudo bem, eu vou. – se virou e sumiu na direção dos quartos.

— Serão dois looongos dias... – murmurou a morena soltando um suspiro – Mas é para o bem da fazenda, não morrerei por isso, já passei mais dias longe da minha loira.

— Oi mães! – falou Tom entrando no apartamento, depois de mais uma tarde treinamento, então olhou e viu apenas sua mãe morena a mesa – Cadê dona Emma? – passou indo em direção a lavandeira, percebendo que sua mãe loira não estava no apartamento.

— Ela precisou voltar para a fazenda hoje, para resolver algumas coisas que somente ela poderia fazer, mas amanhã, no mais tardar depois de amanhã ela estará de volta.

Tom sentou onde geralmente Emma estaria sentada e deu um beijo na bochecha de sua mãe – Sem problema quanto a isso... – soltou um suspiro – Fui comunicado no time que marcaram o dia da audiência e para que meu desempenho não caia, eles me deram esses dias de folga. – comentou – Então só volto depois da audiência.

Regina olhou triste para seu filho Eu sei que você não queria estar fora do time! — Eu me sinto culpada, pois precisei avisar o departamento sobre você ter que se ausentar apenas no dia da audiência.

— Não é culpa sua. – falou Tom olhando para sua mãe – Tudo isso é culpa daquele boçal.

— E eu sinto muito por você e sua irmã terem que passar por tudo isso. – falou Regina olhando para seu filho Bem que ele poderia ter ficado no esgoto ao qual estava escondido esse tempo todo!

— Assim como você e a mãe também estão passando, mas não tem problema, logo tudo isso se resolverá. – sorriu – O que vamos jantar? Já que a nossa cozinheira de macarrão não está. – brincou.

— Quer que eu faça algo ou podemos pedir comida? – sugeriu a advogada fechando seu caderno de anotações e juntando seus papéis, havia decidido que continuaria no dia seguinte Já adiantei bastante coisa!

— Podemos pedir comida. – respondeu o rapaz – Você deve estar cansada, vamos pedir comida.

— Mas nada de macarrão ou massa em um modo geral. – foi a vez de Regina brincar Agradeço imensamente Emma me ajudando e fazendo almoço e jantar, mas não aguentava mais macarrão em todos os estilos!

— Comida indiana? – sugeriu Tom indo pegar seus panfletos e cardápios.

— Nossa, o curry de peixe e camarões ao coco do Indy Cuisine é fantástico. – disse Regina se levantando e indo colocar suas coisas no quarto.

Tom sorriu – Então já está decidido onde vamos pedir. – pegou o cardápio do Indy restaurante para ver o que ele iria pedir também.

—SQ-

— Tom! – disse Amanda assim que a porta foi aberta, e envolveu seu namorado em um apertado abraço.

— Oi Amanda. – Tom retribuiu amorosamente o abraço – Que bom que está aqui. – murmurou ao ouvido.

— Desculpe não ter vindo antes, mas surgiu um imprevisto na universidade e não deu para sair antes. – soltou um pouquinho do abraço, mas o suficiente para dar um leve beijo nos lábios de Tom.

Regina sorriu diante da cena O jovem amor! — Tom, não foi essa educação que lhe dei, não fique parado na porta, entrem. – brincou.

— Sua mãe tem razão, seu sem educação. – brincou Amanda dando um leve tapa no braço do rapaz, assim que se soltaram em definitivo do abraço. Logo envolveu a advogada em um carinhoso abraço. Tom apenas riu fechando a porta, sem perceber que sua irmã e Meggie vinham logo atrás.

— Seu sem educação. – brincou Júlia conseguindo segurar a porta antes dele a fechar por completo – Fechando a porta na minha linda cara.

— Não sei onde é linda, mas se é isso que te faz dormir melhor. – Tom entrou na brincadeira com sua irmã.

— Nossa, como você está grosseiro. – sorriu amorosamente para seu irmão antes de abraça-lo.

— Tradição familiar. – brincou envolvendo Meggie em um afetuoso abraço.

— Amanda! – disse Júlia trocando um abraço com ela – Que bom vê-la.

— Estava com saudade de vocês também. – comentou Amanda se sentando ao lado de Tom no sofá.

Júlia olhou ao redor a procura de sua mãe loira – Ela só vem amanhã, precisou voltar para a fazenda resolver alguns assuntos que somente ela poderia. – a morena mais velha respondeu, fez uma pausa – Mas falei com ela agora a pouco e disse que estava tudo em ordem para poder voltar para amanhã. – respondeu Regina a silenciosa pergunta de sua filha Assim espero que não aguento de saudade dela!

— Entendi. – soltou um suspiro – Vamos discutir a questão da audiência antes ou depois do jantar? – quis saber.

— O que vocês preferem? – Regina questionou se sentando na poltrona – Porque de certo modo, não temos muito do que discutir a não ser que vocês falem a verdade em tudo que for perguntado pelo advogado... O que posso fazer é formular algumas perguntas que talvez sejam feitas na audiência tanto pelo advogado talvez o juiz.

Tom olhou para o relógio na parede – Acho que está um pouco cedo para fazermos os pedidos de comida, acho que tem restaurante que ainda nem abriu.

- Podemos conversar primeiro então. – sugeriu Júlia se aconchegando no sofá.

— Se vocês quiserem posso bancar o juiz misógino e machista para vocês. – disse Amanda – Tom me falou quem seria o juiz.

— Eu faço o advogado inescrupuloso. – Meghan acrescentou.

Regina ergueu uma sobrancelha – Acho que seria uma boa, vamos tentar... Vocês dois aceitam? – se levantou e foi pegar sua pasta com tudo sobre o caso dentro.

— Manda ver! – falou Tom pronto para o embate.

— Não peguem leve nas perguntas. – falou Júlia respirando fundo para enfrentar aquilo.

— Tudo bem, eu vou intermediando e complementando caso precise. – falou Regina voltando para seu lugar com suas anotações – Eu começo... Caso número xis, onde o senhor Edward Boçal pede o pedido de paternidade reconhecida e assim como seus direitos... De acordo com o processo, o exame de DNA deu noventa e nove virgula nove porcento de compatibilidade, confirmando assim o parentesco pai e filhos... – assim começaram a conversarem do caso.

—SQ-

Regina olhou para seu relógio no punho, já estava na hora da audiência e já estavam todos a postos na pequena sala de tribunal, apenas esperando pelo juiz – Porque não podem ser pontuais. – murmurou para si bem baixo e no instante seguinte a porta foi aberta Até que enfim!

— Senhores advogados... – iniciou o assessor da audiência – Houve um imprevisto... Peço que se aproximem, por favor... – fez uma pausa esperando pelos dois advogados, continuou assim que foi obedecido – O juiz John Lambeau precisou fazer uma viagem de urgência para Flórida ontem, porém estava previsto para ele voltar agora no período da manhã, mas infelizmente uma tempestade tropical o está segurando por lá. – explicou – Temos duas opções, que vou apresenta-los, e estão livres para decidir qual será a melhor para o processo.

— Tudo bem. – concordaram os dois advogados quase ao mesmo tempo.

— A primeira é que posterguemos a audiência para daqui a dois dias, no mesmo horário, uma vez que a previsão do tempo indique que a tempestade que está passando pelo estado da Flórida se dissipe amanhã e então os voos serão liberados e retomados novamente.

— É garantido apenas dois dias de atraso? – questionou Regina erguendo uma sobrancelha Não estava esperando isso!

— Infelizmente não, porque também vai depender do estado que estiver o local em que o juiz esteja. – respondeu o assessor – Pois parece que é onde a pior parte da tempestade está caindo nesse momento.

— Qual a outra opção? – questionou a morena, quase tendo certeza de qual seria essa opção Provavelmente ficarei com a segunda opção!

— Se concordarem podemos colocar outro juiz no caso, e a audiência acontecerá hoje mesmo, mas com um pequeno atraso no horário. – terminou – Para que esse mesmo juiz se informe do processo.

— Eu prefiro esperar...

— Aceito outro juiz... – falaram juntos, e Regina apenas fuzilou o outro advogado Óbvio que ele quer esperar! Não é a criatura da escuridão que está remoendo as tristes memórias daquela época!

O assessor respirou fundo – Não seria melhor conversarem com seus clientes para chegarmos a um acordo? – Regina não deu tempo de dizerem mais nada e deu as costas e voltou para sua mesa, conversando com seus filhos o que havia acontecido. Adam apenas fez uma careta e voltou para sua mesa para conversar com seu cliente.

— Então? – questionou o assessor depois de cinco minutos de espera.

— Meus clientes preferem continuar com outro juiz. – respondeu Regina Essa palhaçada já foi longe demais!

— O meu prefere esperar. – disse Adam olhando para a morena.

Os olhos de Júlia se estreitaram – Ué, não está tão convicto assim da sua vitória, porque não continuamos hoje? – não conseguiu segurar.

— Senhora advogada, por favor, contenha a sua cliente. – pediu o assessor.

Regina apenas sorriu de lado, depois de ter colocado uma mão sobre o braço da sua filha, a acalmando e a impedido de falar mais, mas viu a reação de Edward – Mas é isso, porque não continuamos hoje mesmo, já que acha que o caso está ganho para você? Para que adiar, por pelos menos dois dias, se podemos se podemos resolver hoje.

— É causa ganha para nós sim. – vociferou Edward – Não importa qual o juiz que assumirá o caso, nós ganharemos de qualquer jeito.

— Edward fique quieto, não entre na conversa dela. – pedia Adam – Senhor assessor nossa resposta continua a mesma, vamos esperar os dois dias.

— Não vamos nada, vamos fazer hoje mesmo. – afirmou Edward – E vamos mostrar que este caso está ganho para nos.

— Não!

— Sim! Assessor pode chamar outro juiz. – falou Edward sentando como se fosse o dono de tudo – e outra, sou eu quem decide, não? Então eu quero fazer hoje a audiência.

— Não senhor assessor...

— Como não? Eu estou falando, vamos fazer hoje! – afirmou veemente Edward.

O assessor respirou fundo – Então senhores advogados?

— Aceitamos outro juiz. – Regina repetiu sua resposta e tinha um sorriso secreto nos lábios Isso mesmo, aceitem outro juiz!

Adam olhou para seu cliente que apenas assentia com a cabeça certo da resposta, soltou um suspiro – Aceitamos outro juiz. – disse derrotado ao se sentar.

— Tudo bem, em acordo, a audiência se iniciará em meia hora, que é o tempo suficiente para o novo juiz ou juíza ler os autos do processo. – decretou o assessor e saiu.

Regina se sentou e olhou para seus dois filhos Pelo menos uma coisa boa sem esse juiz machista! — Agora que não temos mais o juiz Lambeau, nossas respostas continuam as mesmas, ou seja, a verdade. – começou e continuou conversando com seus filhos.

— Você tem noção do que acabou de fazer? – resmungou raivosamente para Edward.

— Que você vai ganhar esse caso de qualquer jeito. – Edward estava calmo.

— Sim, mas com o juiz Lambeau era praticamente cem por cento de chance da nossa vitória, eu mexi alguns pauzinhos para que ele pegasse o caso, devido a sua fama... – aquilo fez os olhos de Edward arregalarem, percebendo que caiu direitinho na lábia de duas mulheres.

— Merda! – resmungou bravo – Será que podemos voltar atrás na nossa resposta? – questionou se sentindo trouxa. Adam apenas negou com a cabeça.

Exata meia hora depois a porta da antessala atrás da cadeira do juiz se abriu e o mesmo assessor que viera conversar apareceu – Todos de pé para a juíza Linda Suarez, que será a substituta do juiz John Lambeau, que por motivo de força maior não pode estar presente, e que fora acordado entre ambas as partes a substituição.

Regina apenas ficou apreensiva, pois não conhecia aquela juíza, que aparentava ser pouca coisa mais nova que ela, mas depois sorriu ao ver a reação de Adam É acho que foi a melhor coisa trocar o juiz do processo!

— Ah que ótimo! – resmungou muito baixo, sabia a fama de imparcialidade da juíza. Então apenas fuzilou seu cliente.

— Podem sentar... – falou a juíza depois que se sentou – Serei direta. – começou – Eu não sei como um processo desse foi para frente, e eu estou encerrando o mesmo aqui com decisão favorável a Júlia e Thomaz Swan-Mills. Uma vez que são maiores de idade, a lei não pode obriga-los a nada, a não ser que seja da vontade deles. Pelo direito legal Emma e Regina Swan-Mills continuam sendo suas mães, sem mais. – e bateu o martelo.

Regina apenas arregalou surpresa os olhos Ow! Por essa eu não esperava! enquanto o queixo de Adam quicava várias vezes no chão – Meritíssima... – falou recobrando do choque rapidamente – É injusto Vossa Excelência dar uma decisão final sem nem ao menos escutar meus argumentos...

A juíza apenas olhou para o advogado – Preciso? Você me dirá algo muito relevante para que eu mude a minha opinião?

— É... Bem... É que... – gaguejou.

— Foi o que pensei. Minha decisão continua. – se levantou.

— Mas Vossa Excelência... – suplicou.

A juíza olhou com certa impaciência – Sério senhor... – procurou o nome do advogado no processo – Senhor Estepam?

— Meu cliente tem o direito de ser ouvido. – jogou a última cartada.

A juíza soltou um longo suspiro – Senhora advogada de defesa, deseja continuar e ouvir a brilhante defesa?

Um sorriso maquiavélico surgiu nos lábios de Regina ao mesmo tempo em que se levantava de seu lugar Hora do ataque!— Vossa Excelência não sabe a vontade que estou de arrancar o coração dele e esmagar. Apesar de concordar completamente com vossa decisão final, creio que não me sentirei totalmente satisfeita, então por mais entediante que será escutar os argumentos ainda estou disposta a tal fato, apenas para poder colocar um ponto final em definitivo nesse e possíveis processos futuros.

A juíza ponderou brevemente, sabia da fama de Regina Swan-Mills, mesmo nunca tendo julgado nenhum caso dela. Concordava completamente com o argumento dela, e por fim decidiu – Bom, a advogada de defesa se dispôs a continuar o processo... – sentou-se novamente no seu lugar – Está aberta a sessão do processo ao qual o pai Edward Smith quer o reconhecimento de paternidade e todos os seus direitos, contra seus filhos Júlia e Thomaz Swan-Mills. – fez uma pausa – Isso será interessante. – murmurou e limpou a garganta – O advogado do processo tem a palavra inicial...

Adam se levantou e abotoou seu paletó – Vossa Excelência, chamo para depor senhor Edward Smith. – Edward se levantou de seu lugar e foi se sentar na cadeira ao lado da juíza, logo em seguida fazendo o juramento – Senhor Smith, o que o levou a ficar todo esse tempo longe de seus filhos?

— A mãe deles. – respondeu sem nenhuma vergonha na cara em mentir descaradamente, e aquilo fez Regina o olhar incrédulo Mas é um verme mesmo!

— Explique melhor, por favor. – pediu o advogado.

Edward soltou uma longa respiração – Não passávamos por um momento muito bom, estávamos sem dinheiro e ela querendo coisas atrás de coisas, Tom era bebezinho ainda, eu não conseguia um emprego melhor para melhorar a nossa situação, e foi quando ela me deu um ultimato falando que ou eu arrumava mais dinheiro ou que iria embora para procurar um melhor emprego.

Adam apenas olhou para Edward – E você, se sentindo coagido?

— Protesto meritíssima, o advogado está impondo uma condição. – Regina falou firme Começou a novelinha dramática! Então é esse o caminho que vão tomar? Ótimo, adorarei acabar com todo esse show desnecessário!

— Protesto aceito, apenas faça sua pergunta e não imponha nada. – falou a juíza.

Adam apenas assentiu com a cabeça – E antes desse ultimato, como você estava se sentindo?

— Protesto! O advogado quer fazer o processante ser a vítima.

— Aceito. – concordou a juíza – Senhor advogado, seja mais objetivo e menos emotivo em suas perguntas.

Adam soltou uma respiração brava – Senhor Smith, o que você fez depois que recebeu o ultimato de sua, então esposa?

— Eu me senti coagido, pois estava me esforçando para fazer o meu melhor...

— Meritíssima! – resmungou Regina Não é possível que eles sejam surdos!

— Senhor Smith, apenas responda a pergunta. – pediu a juíza.

Edward concordou com a cabeça – Eu tomei uma decisão e sai a procura de um emprego melhor.

— O senhor achou um emprego melhor depois que saiu de casa? – questionou Adam.

— Sim.

Adam deu alguns passos para lá e para cá – O que o senhor fez quando ficou sabendo da morte de sua esposa, e que você teria que ficar com seus filhos?

— Eu queria ficar com meus filhos, mas meu emprego consumia quase todo o tempo dos meus dias, e não teria tempo para cria-los, então pedi a uma irmã para ficar com eles, até eu conseguir melhorar a minha situação.

— Posso afirmar, que agora depois de todos esses anos, você conseguiu melhorar sua situação e quer voltar a ter sua família de volta?

— Sim! – respondeu Edward fazendo uma cara de coitado como haviam combinado – É o que o mais quero. Eu precisei me privar dos meus filhos por todos esses anos por causa da mãe deles, mas agora estou aqui e quero recuperar o tempo e meus filhos. Quero ser o pai que eles merecem. Ajuda-los a superar a criação de um lar disfuncional o qual eles cresceram, sem a figura paterna para orientar.

Adam abriu um sorriso maldoso – Sem mais perguntas meritíssima. – foi se sentar em seu lugar e olhou para a morena, do tipo segura essa, quero ver ser melhor.

Regina apenas ergueu uma sobrancelha Sério isso? Que medíocre! fuzilou Edward com o olhar com esse último comentário Comentário sujo como ele! — Com a palavra a advogada de defesa.

— Hora da Rainha Má brincar. – murmurou e sorriu abertamente E ela está animada para brincar! — Obrigada meritíssima. – disse ao se aproximar da bancada que estavam a juíza e Edward, em suas mãos uma grossa pasta folder – Para registro do processo, quero frisar que o último comentário do senhor Smith é machista e preconceituoso, afinal nos tempos atuais muitos lares são formados não apenas por um casal composto de homem e mulher, e há muitos estudos os quais comprovam a longo prazo, que lares compostos por casais homoafetivos são mais benéficos que alguns formados por heterossexuais.

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— Registro gravado. – confirmou a juíza.

— Protesto! – esbravejou Adam – A advogada quer causar tumulto antes de começar.

— Negado. – a resposta veio rapidamente – Prossiga senhora advogada.

Regina deu alguns passos na frente de Edward, mas sem deixar de tirar seu olhar fixo nele – Senhor Smith alega que saiu de casa devido a pressão de sua esposa para achar um emprego melhor, para dar uma melhor vida para seus filhos, não?

— Isso!

Regina parou de frente para ele Vamos entrar no show deles!— Mas esse não seria um dos deveres principais em ser pai ou mãe? Fazer o que fosse possível para dar um futuro melhor para seus filhos?

— Si-im... – gaguejou a resposta.

— E na primeira oportunidade de sair de casa, você não pensa duas vezes e vira as costas. Não?

— Protesto meritíssima, ela está coagindo meu cliente.

Regina apenas sorriu de lado – Estou apenas argumentando um fato meritíssima.

A juíza olhou para Adam – Protesto negado, a argumentação continua. – então olhou para Regina – Apenas vigie suas palavras.

A morena assentiu com a cabeça Eles estão começando a entrar no meu jogo! — Senhor Smith, pelas suas respostas, o senhor nos passa uma história de amor, carinho e dedicação para com sua esposa e filhos.

— Não estou passando, é apenas a verdade. – interrompeu.

A advogada apenas o olhou e abriu sua pasta, pegando o primeiro bloco de papel grampeados Então vamos aos fatos do quão carinhoso e dedicado você é!— Engraçado que pelos registros da polícia, nos diz outra coisa. – levantou a primeira folha – Registro de longas ausências, ou seja, vários dias sem aparecer em casa. – olhou para Edward, que empalideceu imediatamente Agora começa o meu show! — Registros de ameaças verbais e físicas. Registros de violência para com sua impiedosa esposa que só queria coisas atrás de coisas... Ah vejam, tem até registro de espancamento quase levando a morta da mesma e sua filha, a qual ainda estava grávida, e que você diz querer ser um pai exemplar. – usou de sarcasmo Será que eu segurei essa?

— Protesto meritíssima, não estou ciente desses registros.

Regina riu Que exemplo de advogado! — Então você não fez seu dever como advogado, pois eles foram citados no processo, assim como outros que serão citados no decorrer da audiência.

A juíza sorriu de lado, e conferiu – O que a advogada diz é verdade, eles foram citados, assim como os demais registros. – voltou a página em que estava – Protesto negado.

Imediatamente Adam foi mais para o final do processo que tinha em mãos, e se desesperou com o que estava vendo, eram registros policiais de vários estados, fotos, extratos bancários e muitas outras coisas – Ah merda... – resmungou baixinho.

— Prossiga. – pediu a juíza vendo Adam empalidecer.

— Pela sua versão, você saiu de casa a procura de um emprego melhor... – falou Regina pegando o segundo bloco de folhas grampeados Vamos lá para o segundo round! — Mas pelos registros, você não foi a procura de emprego e sim, foi embora, abandonando sua família a própria sorte. Nos primeiros meses você apenas vagou de cidade em cidade, apenas se distanciando mais e mais de sua família.

— Como disse, estava a procura de emprego. – respondeu – Óbvio que não iria encontrar logo na primeira oportunidade.

Regina voltou seu olhar para as folhas Continuando com o espancamento! — Engraçado que aqui não diz nada sobre isso, apenas que você passava de bar em bar bebendo até cair ou então na companhia de mulheres de programa, ou mesmo arrumando brigas, pelas quais fora detido algumas vezes. Que marido carinhoso e amável, você não? – fez uma pausa esperando um protesto ou uma resposta esfarrapada, vendo que não vinha continuou – Engraçado para alguém que foi atrás de um emprego melhor, nunca mandou nenhuma quantia para sua esposa e filhos, dos escassos empregos que teve. Onde o senhor estava quando ficou sabendo que sua esposa descobriu que estava doente? – mandou a primeira pergunta que impactaria em todo o restante.

— Não me lembro. – foi a resposta.

— Protesto meritíssima. Isso é irrelevante.

— Irrelevante? Para quem disse que amava a esposa? – Regina perguntou de volta E quer ser o pai do ano!

— Protesto negado. Prossiga.

— Onde o senhor estava quando recebeu a notícia do falecimento de sua esposa? – olhando para ele profundamente E la vem uma desculpa esfarrapada!

Edward engoliu em seco – No emprego que havia arrumado.

Uma sobrancelha se ergueu Mesmo? — E qual foi sua resposta ao saber que teria que ficar com seus filhos depois da morte de sua esposa?

— Eu já respondi isso, pedi para minha irmã cuidar.

— Como você mesmo disse, estava empregado e ganhando seu salário, quanto do seu salário você mandava para sua irmã que estava cuidando de seus filhos? – questionou Regina olhando diretamente nos olhos dele.

— O quanto dava, pois eu também tinha meus gastos. – respondeu Edward começando a ficar perdido.

— Protesto meritíssima, são perguntas não condizentes com o processo. – Adam tentou o primeiro argumento que veio a cabeça.

A juíza franziu o cenho – Pelo contrário, estou achando muito pertinentes as perguntas, uma vez que seu cliente alega querer reaver os filhos. Protesto negado, por favor, prossiga.

Regina deu alguns passos para lá e para cá – Senhor Smith, o senhor saberia me dizer o que aconteceu depois que o senhor perdeu o suposto emprego melhor?

— Fui atrás de outro.

A morena apenas assentiu com a cabeça, olhando seus papeis Mais uma desculpa esfarrapada! — E depois disso nunca mais manteve contato com sua irmã?

— Ela mudou o numero de telefone e o meu quebrou. – mentiu descaradamente.

— Mas acho que a conta do banco continuava a mesma, não? Para você poder fazer os depósitos do dinheiro para seus filhos.

— Sim.

— O senhor continuou fazendo?

— Quando dava.

Pegou algumas folhas com o extrato bancário – E pelo que vejo aqui, depósitos do dinheiro para seus filhos ficou na lembrança. – Regina parou a frente dele – Então quer dizer que tinha meses que o senhor não mandava nem um centavo para seus filhos?

Edward passou a mão pela testa suada – Olha, como respondi eu também tinha meus gastos.

— Meritíssima, a advogada está repetindo perguntas. Protesto!

— De forma alguma ela está repetindo as perguntas! Protesto negado! Continue.

Regina havia cansado daquele joguinho o qual ela estava fazendo, e resolveu acelerar, mesmo ela adorando ver Edward se enrolando cada vez mais em suas mentiras Hora de acabar com a farsa! — O senhor saberia me dizer onde estava quando seus filhos foram para o orfanato? – ele apenas abriu a boca e nada saiu, e a morena continuou Nem lembra de tão bêbado que estava nessa época, não? — Saberia me dizer onde estava ano após anos, enquanto seus filhos estavam no orfanato, uma vez que eles tinham pai? O senhor realmente chegou a ter um emprego formal? O senhor alguma vez pensou nos seus filhos em todos esses anos, e não somente agora? – foi disparando as perguntas sem deixar Edward responder – Onde o senhor estava quando sua família mais precisou de você? Quando seus filhos mais precisaram do pai presente? Qual sua contribuição para o crescimento deles enquanto buscava o tal emprego melhor?

— Protesto! – Adam se desesperou.

— Qual alegação? – questionou a juíza sem paciência.

— Não está dando tempo para meu cliente responder, apenas está jogando pergunta atrás de pergunta.

— Porque eu sei que ele não terá uma resposta válida, mas eu tenho todas as respostas para essas perguntas. – retrucou Regina olhando para Edward, erguendo a pasta em sua mão.

— Protesto negado mais uma vez, continue.

— Respondendo a tudo, primeiramente que o senhor Smith nunca teve uma irmã, é filho único. A desculpa de deixar com a irmã não é verdadeira. Após seu abandono naquela noite, a mãe de Júlia e Thomaz fez o seu melhor para poder cria-los sozinha, mas infelizmente adoeceu e veio a falecer. E o senhor Smith nessa época, ia de cidade em cidade tentando apagar seu rastro para não ser encontrado e ser obrigado a cuidar dos “pirralhos” como ele sempre chamava seus filhos. E posso provar nesses registros. – respirou fundo – Sem um responsável para cuidar das duas crianças, elas foram parar no orfanato e só não foram separadas porque a mãe fez um documento que fosse uma adoção dupla para não separar os irmãos. – fez uma pausa Vou enfiar a minha mão no seu peito e arrancar seu coração! — Nunca quis saber dos filhos durante todos esses anos, nunca foi um pai preocupado, pois nessas trocas de cidade se envolvia com todas as mulheres possíveis e quando descobriu que uma delas engravidou, a obrigou a abortar. Agora vem dizer quer ser um pai exemplar porque duas mulheres não dão conta? – bateu a pasta com mais provas sobre a própria mesa, agora vinha o cheque-mate, se aproximou de Edward e colocou suas mãos sobre o balcão, estreitou os olhos Hora de esmagar o seu coração! — Diga que só quis seus filhos de volta assim que soube que Thomaz virou um jogador reconhecido e que não queria nem saber de Júlia até o momento que descobriu que ela é médica, então resolveu ser o pai sonhado por todos. Diga que você só veio atrás deles agora pelo dinheiro que estão ganhando, e a cereja do bolo foi saber que eles como filhos de Regina e Emma Swan-Mills são herdeiros do empreendimento de cavalos, o qual é muito rentável. Ou seja, o senhor só lembrou deles agora que estão encaminhados na vida, e o senhor acha que tem direito a uma vida de mordomia proporcionada por eles. Porque se não fosse assim, eles continuariam esquecidos por você! – esbravejou essa última parte E não sobrou nada do seu coração!

A boca de Edward abria e fechava sem uma palavra sair. Adam fez menção de protestar e a juíza apenas ergueu um dedo já negando o protesto – Responda. – pediu a juíza.

Sentindo-se encurralado e sem alternativa já que o esquema que havia feito com Adam estava desmanchando feito castelo de areia – O que tem demais nisso? Não posso querer uma boa vida, se meus filhos podem proporcionar isso? – soltou, vendo que suas mentiras caíram por terra.

Um imenso sorriso apareceu nos lábios de Regina E acaba o show! — Sem mais perguntas, meritíssima. – foi se sentar sabendo que agora nada tirava sua vitória no caso, e olhou para Adam Segurei não? E até mandei por cima do muro fazendo um home run! Tom ficaria orgulhoso de mim agora!

— O advogado quer fazer alguma consideração? – perguntou a juíza e Adam apenas negou com a cabeça – A testemunha está dispensada. Posso chamar a próxima testemunha?

— Meritíssima. – interveio Regina – Acho que diante de tudo que foi dito aqui, já temos base suficiente para uma conclusão do caso, não? Porque se tiver, quero poupar as próximas testemunhas de reviverem as memórias tristes daquela época.

A juíza assentiu – O senhor advogado faz alguma objeção?

— Não meritíssima. - -pois não sabia mais no que recorrer para virar aquele caso, uma vez que seu próprio cliente havia jogado a merda no ventilador.

— As outras duas testemunhas estão dispensadas de depor, e se os advogados não tem considerações finais a serem feitas, posso dar a minha decisão final.

— Meritíssima, tenho uma consideração final a fazer. – pediu Regina ao se levantar Quero encerrar isso de uma vez por todas!

— Continue.

— Se a decisão for favorável aos meus clientes quero deixar aqui acordado que já que o genitor se diz tão favorável em ser o pai do ano, que ele pague todas as despesas com juros e os retroativos a cada aumento anual e direitos dos meus clientes desde o momento em que ele saiu de casa até esse exato momento.

— Meritíssima, isso é inconcebível. – argumentou Adam.

— Ou então podemos fazer outro acordo, o qual o genitor renunciará do seu direito de recorrer da decisão, de seus direitos paternais, os quais já não tem mais uma vez que Júlia e Thomaz são maiores de idade, e que não irá importuna-los em momento nenhum da vida deles, e caso aconteça, sob a pena de pagar os direitos, se não conseguir pagar, prisão.

— Ela não pode fazer isso! – esbravejo Edward.

— Quieto! – pediu Adam – Ela pode e está fazendo isso. Não piore as coisas.

— Algo a mais a acrescentar de ambas as partes?

— Sim. – falou Regina com um sorriso de lado.

— O que quer acrescentar? – questionou a juíza.

Regina soltou um suspiro – Que todas as despesas sejam por conta do processador. Nada a mais a acrescentar.

— Advogado de defesa? – questionou e recebeu apenas um balanço negativo de cabeça – Bom, diante de tudo apresentado, e todas as provas cabíveis nesse processo, volto com a minha decisão inicial. – fez uma pausa – Decisão favorável a Júlia e Thomaz Swan-Mills. Uma vez que são maiores de idade, a lei não pode obriga-los a nada, a não ser que seja da vontade deles. Pelo direito legal de adoção Emma e Regina Swan-Mills continuam sendo suas mães, uma vez que foi provado que o pai biológico abandou os menores e nunca cuidou, perdendo assim todos seus direitos. Fica acordado também que não haverá recorrência da decisão, assim como o genitor não poderá se aproximar de Júlia e Thomaz Swan-Mills, a não ser que os mesmos queiram. Caso aconteça sob a contra vontade deles, o genitor será obrigado a pagar todos os direitos com juros e retroativos dos aumentos anuais até a presente data, e se não for possível, sua prisão será decretada. As despesas de todo o processo por conta da parte processante. E por mentir em perjúrio é a prisão por três anos, porém será convertida em trabalho voluntário pelo mesmo tempo. Os detalhes da pena serão liberados assim que for escolhido o local para o trabalho voluntário. Sem mais. – bateu o martelo, se levantou e saiu da sala de audiência deixando apenas os três ali.

— Ora sua... – esbravejou Edward se levantando, mas impedido de seguir em frente por Adam.

— Eu escolheria muito bem o que vem depois... – Regina olhou desafiante para os dois homens Só vem que acabo em definitivo com você!

— Chega Edward, vamos embora. – arrastou o cliente para fora – Porque se você quiser continuar não irei mais impedir e você que arque com as consequências de seus atos.

— Isso não vai ficar assim! – escutou Edward dizendo.

Uma sonora gargalhada ecoou pela sala – Pelo seu bem, isso vai ficar assim sim. – escutou a porta se fechar assim que os dois saíram.

Regina começou a juntar seus papeis e soltou uma longa e leve respiração – Enfim terminou. – fechou sua valise – Hora de comemorar. – saiu pela porta que dois minutos atrás saíram Edward e Adam.

— Então como foi? – questionou Emma vendo sua esposa sair da sala, estava junto de Júlia e Tom.

Um satisfatório sorriso abriu nos lábios da morena – Rainha Má não veio para brincar. – apenas respondeu. Imediatamente foi envolta pelos três em um abraço Era isso que estava precisando nesse momento!

— Esse pesadelo acabou? – questionou Júlia quase aos prantos.

— Sim, minha filha. Acabou e da melhor forma possível, você e Tom continuam sendo nossos filhos legalmente. – respondeu – E a criatura nunca mais incomodará vocês.

Emma sorria feito boba Minha morena é maravilhosa! — Vocês eu não sei, mas me deu uma fome imensa agora, que tal comemorarmos em algum lugar e assim você pode nos contar como foi? – acenos de cabeça concordando foram dados e estavam caminhando quando na escadaria para saírem do fórum encontraram a juíza.

— Meritíssima. – cumprimentou Regina.

— Senhora Swan-Mills. – cumprimentou de volta – Estou impressionada, sua reputação realmente não mente.

Um sorriso surgiu nos lábios de Regina Achei que nem lembravam mais de mim! — Meritíssima, se clientes que não tenho nenhuma ligação eu faço tudo que me é possível para defende-los, minha família não meço esforços, defendo com unhas e dentes.

— Se todos pensasse assim por seus familiares, mas infelizmente nem todos são assim. – disse – Passar bem. – e foi na direção de seu carro.

— Comida? – brincou Regina agora com muita fome.

— Falou a nossa língua. – brincou Tom quando se aproximaram da pick-up.

— Para onde? – questionou Emma dando partida no veículo.

Júlia sorriu – Eu sei um lugar perfeito para isso. – e foi indicando o caminho para sua mãe loira que conduzia o veículo.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.