Still Into You

'Cause after all this time I'm still into you


—Hey, Bakageyama, você ainda tem a pulseira que fizemos no nosso segundo ano? - Perguntei repentinamente, em uma de nossas conversas via skype para tentarmos manter contato mesmo eu estando no Brasil e ele no Japão.

É claro que sim, boke. - Ele disse confuso e logo ergueu o pulso direito, onde tinha uma pequena bola de vôlei com o número 10 no meio. - E você?

—É claro que eu ainda tenho. - Eu disse sorrindo e erguendo o pulso, mostrando um pingente idêntico, com a única diferença sendo o número, que no meu caso era o 9.

Por que a pergunta?— Kageyama soltou depois de ver o pingente e sorrir. - Você não é de sentimentalismos, boke.

—Eu sei, idiota, só fiquei curioso! - Eu disse tentando disfarçar o rubor nas minhas bochechas, pois na verdade eu o convencera a usar aquelas pulseiras “de amizade” para fantasiar que éramos um casal, mas eu nunca tive a coragem necessária para dizer meus sentimentos a ele. - Como estão indo os treinos? São puxados?

Nada com o que eu já não esteja acostumado e por aí? Soube que você joga com várias pessoas aleatórias.— Ele disse e eu concordei, logo embarcamos em uma longa conversa sobre nossas experiências com o vôlei e depois precisamos encerrar a ligação, pois Kageyama iria para o treino e eu iria dormir.

—Porque depois desse tempo todo, eu ainda estou a fim de você. Devia ter acabado com todas as borboletas. - Eu comecei a cantarolar Still Into You enquanto ia tomar banho e podia sentir o olhar do Pedro queimando nas minhas costas, ele sempre me dizia para falar a verdade de como me sinto, mas eu tinha medo de perder o meu melhor amigo e por isso sempre ficava em silêncio.

Na manhã seguinte acordei com uma mensagem do Kageyama, dizendo que sentia falta de treinar comigo até ficarmos à beira de um desmaio por exaustão, o que me fez rir e concordar com ele. Faltavam seis dias para que eu voltasse para o Japão e já estava tudo quase certo para jogar com o MSBY Black Jackals, só precisava assinar o contrato que estava à minha espera em Tokyo.

Naquela noite, depois de jogar uma última vez com o Heitor contra Gabriel e Gino, acabei bebendo com eles e o Pedro até ficar realmente bêbado, o que me deixou morto de enjoo e dor de cabeça na manhã seguinte e quando fui ver a hora, tinham inúmeras mensagens do Kageyama. A última dizia que se eu não o respondesse, ele viria para o Brasil pessoalmente.

Confuso com tudo aquilo, eu apenas procurei as mensagens anteriores às dele e gelei ao ver um vídeo meu cantando Still Into You para ele e terminando o vídeo com um “Eu te amo, Bakageyama~”.

—Alguém me mata, por favor. - Eu choraminguei antes de falar que tinha acabado de acordar.

Me assustei ao ver que ele me fazia uma video chamada, mas acabei aceitando mesmo assim, qualquer coisa era só continuar no Brasil mesmo.

O quanto você bebeu?— Foi a única coisa que ele perguntou e eu engoli em seco antes de falar.

—Um monte, nem lembro bem como voltei para casa. Kageyama, eu.. - Fui interrompido por ele que bufou irritado e começou a gritar comigo.

Precisou de quase 2 anos longe, um monte de álcool no organismo, uma música do Paramore e estar do outro lado do mundo para me dizer algo que eu espero desde o nosso segundo ano, boke?— Quando ele disse isso eu abri a boca em choque - Sim, eu estou dizendo que te amo, mas de que adianta se você está tão longe e eu não posso te abraçar e te beijar?

—Eu volto ‘pro Japão em 5 dias. - Gaguejei ainda em choque e ele sorriu largo, aquele sorriso que assustaria qualquer pessoa que não o conhecesse bem o suficiente para saber que ele estava verdadeiramente feliz.

Quando chegar no Japão, estarei te esperando. Preciso desligar agora, mas ainda vamos conversar mais sobre isso.— Ele disse e logo desligou.

—Pedro! - Eu gritei e saí correndo até o quarto do mais novo, onde eu pulei nele e comecei a contar tudo o que tinha acabado de acontecer e ele apenas riu dizendo que ficava feliz, já que ele se preocupou por não ter conseguido me impedir de mandar aquele vídeo para o Kageyama.

—Estão namorando? - Ele perguntou e eu neguei - Por que não?

—Vamos esperar eu voltar para o Japão e conversarmos melhor para decidirmos o que faremos de agora em diante. - Eu disse e ele concordou.

Quando voltei para o Japão estava bem no meio do outono. Ao sair da área de desembarque apenas meus pais e minha irmã estavam à minha espera, passei alguns dias com eles antes de ir até o centro de treinamento do MSBY assinar meu contrato. Passei algumas horas lá conversando com o pessoal do time e me animei ainda mais, pois teriam alguns jogadores com os quais estava acostumado e conhecia bem.

Depois de quase duas semanas da minha chegada à minha terra natal, foi que eu parei para realmente descansar e tentar falar com o Kageyama, mas ele apenas me enviou um endereço e pediu que eu o encontrasse lá. Quando cheguei, era um prédio bem localizado e que eu já tinha permissão prévia para subir até o apartamento do moreno, o que me deixou nervoso e ansioso em escalas que nem mesmo o Asahi-san conseguiria alcançar.

Bati na porta e Kageyama não demorou a abrir a porta, me puxando para dentro e me abraçando apertado enquanto tremia, eu não sabia o motivo dele tremer, mas torcia para que fosse pelo mesmo motivo que o meu corpo tremia: emoção por estarmos, depois de tanto tempo, daquela forma.

—Eu te amo, Hinata Shouyo, e nem que você acabe com todas as borboletas do mundo, isso irá mudar. - Ele sussurrou no meu ouvido e eu me arrepiei por completo, só então notando que tocava como música de fundo Still Into You.

—Idiota. - Eu disse rindo e ele riu antes de segurar meu rosto com as mãos e sorrir de uma maneira tão linda que me deixou totalmente derretido e ainda mais apaixonado por ele - Me beija logo, Bakageyama.

Ele não me respondeu, mas selou nossos lábios em um beijo lento e cheio de carinho, nunca fui do tipo que achava que um simples beijo poderia transmitir alguma coisa, mas ali estava Kageyama Tobio me provando que era sim possível sentir algo com um simples selar, pois eu sentia todo o seu amor e ternura em relação à mim e isso deixava meu coração aquecido e amado.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.