Eu me surpreendi ao notar o quanto ela fazia falta. Muito mesmo. Sem ela, eu não tinha ninguém para ficar babando, para ficar olhando com um sorriso abobalhado. Ela me dava razões para acordar todos os dias para agüentar aqueles professores com vozes agudas que dão provas surpresas.

Ela não estava lá. Eu tinha que tentar tirar algum “proveito” disso. Eu ia prestar atenção na aula! Sim, desde que Hayley entrou na escola, eu não fazia isso.

Consegui aprender algo em Trigonometria, por mais incrível que pareça. O dia foi extremamente chato na escola.

Cheguei em casa. Almocei, escovei os dentes e fui conversar com Hayley por sms, estava sem a mínima vontade de entrar no computador.

Ela disse que, se estivesse melhor, iria amanhã à escola. Desejei melhoras para ela. Ela disse que tinha que parar de mandar torpedos porque estava na hora dela tomar os remédios.

Suspirei. Eu meio que estava ‘dependente’ dela. Era insuportável ficar sem vê-la um dia sequer. Deitei na minha cama e continuei pensando. Acabei dormindo. Tive um pesadelo com Jenna: ela me perseguia e tentava bater em Hayley enquanto eu a protegia. Foi perturbante.

Era estranho, em tão poucos dias, ela já tinha mexido de tal forma comigo. Eu não era de ter muitos amores platônicos, mas, com Hayley, de certa forma, foi inevitável: assim que a vi, eu me apaixonei. Amor a primeira vista? Não sou de acreditar nessas coisas, mas, talvez isso exista mesmo.

Eu estava inspirado, devia usar essa inspiração para alguma coisa. Uma música talvez. Aquela minha melodia sem letra... Talvez hoje ela ganhasse uma letra. Ou não. É, não mesmo. Eu não iria escrever uma letra pra ela. Eu queria entregá-la para alguém que soubesse escrever letras bem melhor que eu. Eu não podia apenas estragá-la.

Fiz os deveres e fiquei assistindo TV a tarde inteira. De repente, meu celular vibrou. Uma mensagem. De Hayley.

Peguei logo o celular e tratei de ler a mensagem. Ela disse que estava bem melhor e perguntou se eu não queria encontrá-la na sorveteria lá pelas cinco e meia. Ela ainda pergunta? É lógico que eu queria encontrá-la! Eu pensei nisso o dia todo! Aceitei sem pensar duas vezes. Coloquei uma roupa mais apresentável do que eu estava. Eu estava apenas com uma bermuda, estava calor.

Faltavam cinco minutos para as cinco horas, eu estava ansioso demais para ficar parado. Fiquei andando de um lado para o outro até dar a hora. 17h25min. Peguei meu casaco porque sabia que iria esfriar de noite e fui pegar minhas chaves.

“Zac, vou sair. Qualquer coisa me liga. Vou estar na sorveteria com a Hay.” Gritei já na porta.

“Vai lá abalar as estruturas, mano.” Ele riu gritando da cozinha. Não era novidade Zac estar na cozinha, por isso ele parecia um pão de queijo!

Bufei com seu comentário, mas, acabei rindo. Era impossível não rir com Zac.

Cheguei na sorveteria e Hayley ainda não estava lá. Isso, de certa forma, era bom, não queria fazê-la esperar por mim, isso ia me fazer parecer um idiota.

Uns dois minutos depois, ela chegou lá. Ela estava mais linda do que nunca com um vestido preto e branco. Suspirei. Ela notou e ficou corada.

“Oi, Josh.” Ela falou sorrindo enquanto se sentava.

“Oi, Hay.” Faei sorrindo também “Está melhor?” perguntei.

“Sim, bem melhor.” Ela falou olhando o cardápio.

Fizemos o nosso pedido e ficamos conversando. Ela pediu as matérias de hoje e eu falei que passaria para ela pelo AIM assim que chegasse em casa. Ela pareceu satisfeita.

Hayley estava radiante, e eu também. Ela sorria sempre, parecia muito feliz, o que também me fez feliz. Conversamos sobre tudo, escola, música. E, ela me disse que escrevia letras de música! Contei pra ela que eu tinha uma melodia que foi minha obra prima, mas, estava sem letra. Combinamos de eu mostrá-la algum dia.

Nossos sorvetes chegaram, tomamos sem falar muito.

Quando terminamos, percebi que as luzes da praça em frente a sorveteria estavam acesas. Perguntei a Hayley se ela não queria andar um pouco comigo pela praça. Ela aceitou.

Então fomos andando calmamente. Tinham vários casais lá, eu nunca tinha notado isso.

Quando cansamos, nos sentamos em um banco. Então, um silêncio constrangedor tomou conta do lugar.

Notei que Hayley estava se aproximando, ela estava vermelha e olhando para baixo. Para não constrangê-la mais, me aproximei também.

Agora ela encarava. Eu já sentia sua respiração pesada. Ela se aproximou mais. Eu entendi então o que ela queria.

“Você tem certeza disso?” sussurrei em seu ouvido. Ela pareceu se arrepiar. Dei uma risadinha.

“Nunca tive tanta certeza como tenho agora.” Ela respondeu também sussurrando em meu ouvido. O que também me fez arrepiar.

Sorri.