Eu desconfiava de Jenna, mas não imaginava que ela podia ser tão baixa à ponto de ter me dopado e fazer tais coisas! Mas, não era com Jenna que eu estava preocupado nesse momento, e sim com Hayley. Ela ficou arrasada e fugiu da escola sem falar com ninguém.

Eu não a culpo, ela tinha todo o direito de fazer isso, de ficar confusa e tudo mais. Agora, minha tarefa era resolver tudo com ela e fazer com que as coisas voltassem a ser o que eram antes. Eu ia tentar de tudo, de tudo mesmo, porque eu com certeza não ia mais conseguir viver sem Hayley. Ela era tudo pra mim, era mais importante que o ar que eu respirava.

Quando eu iria imaginar que uma pessoinha tão pequena e adorável ao mesmo tempo ia deixar meu mundo de cabeça para baixo em tão pouco tempo? Bom, isso era o que menos importava naquele momento, o que eu queria mesmo eram poder tê-la em meus braços mais uma vez e vê-la corar toda vez que eu a elogiava...

“Josh? Josh?” perguntava o professor de Espanhol olhando para mim enquanto a turma fazia o mesmo. “Notei que está disperso, algum problema?” ele perguntou.

“Nenhum problema, Sr. Heck, pode prosseguir com a aula.” Eu disse me ajeitando na cadeira e voltando ao mundo real.

Sabe daqueles dias que quando mais você precisa que eles voem, eles se arrastam? Então, hoje um dia estava exatamente assim. Eu precisava ir falar com a Hay. Precisava explicar tudo pra ela, mas parecia uma conspiração contra mim que eu não entendia; como se, de uma hora para outra, eu tivesse “perdido meus poderes”.

Isso daria uma música... FOCO, JOSHUA! Minha vida está desmoronando e eu pensando em escrever uma música sobre isso... Nem eu acreditava em mim em certos momentos.

Pensando bem, eu não tinha que pensar em nada específico agora porque não ia adiantar muito. Na verdade, era bom eu pensar em algo específico: na aula!

Depois de várias tentativas fracassadas, acabei desistindo. Eu não ia conseguir prestar atenção. Acabei tomando atitudes extremas. Bem... Extremas para mim, porque né... Enfim, acabei matando as duas últimas aulas. Sim, eu, Joshua Neil Farro fiz isso. Matei aula. Duas, para ser mais específico.

Eu não me arrependia, por Hayley, eu mataria mais, eu repetiria o ano por ela. Estremeci pensando na possibilidade.

E lá estava eu, tenso sentado no chão do banheiro da escola ligando para Hayley que nem um louco. Ela não atendia, e eu não a culpava por isso, ela tinha todo o direito de pensar o que ela quisesse. Por menos egoísta eu quisesse parecer, eu ligava sim se ela não atendia. Eu queria ela comigo, só comigo.

Fiquei ali até o sinal final tocar, e assim que ele tocou, corri para fora da porta da escola.

Corri pela chuva até chegar em casa, eu não iria até a casa de Hayley agora, eu estava de cabeça quente, ela também, isso poderia ser desastroso.

Por mais que eu a ame e ela me ame, ambos sabemos que somos orgulhosos e cabeças dura, então era melhor que a gente conversasse em um momento de mais calma.

Não almocei naquele dia, fiquei apenas assistindo os pingos de chuva bater em minha janela enquanto eu suspirava melancolicamente. Brincava com os meus dedos esperando as horas passarem.

Depois de alguns minutos, vi Hayley no começo da rua. Eu só podia estar delirando, ela não estava ali realmente... Ou estava? Esfreguei meus olhos e lá estava ela, descendo a rua. Eu não estava delirando.

Desci as escadas como um foguete para tentar alcançá-la. Olhei pela janela da sala, para ver se eu conseguia chegar até ela a tempo, mas ela estava entrando na casa de Jeremy. Eu não iria atrapalhá-los, ela deveria querer desabafar, ou algo assim.

Suspirei.

Se eu fosse uma pessoa normal, eu também iria querer fazer isso, mas como não sou... Não é que eu não seja uma pessoa normal, o que eu realmente não sou, mas, eu não fico falando tudo pra todo mundo, eu apenas guardo as minhas coisas pra mim, talvez eu exploda um dia.

Fiquei ali por horas e horas, apenas esperando. Meu estômago protestava por eu não ter almoçado, mas eu não tinha vontade de ir pegar algo para comer. Apenas fiquei ali.

Algum tempo depois, Jeremy saiu, ele estava vindo para minha casa. Me levantei e fui atendê-lo. Abri a porta.

“Wow, como você descobriu que eu ia entrar?” ele ria com os olhos arregalados, mas parou assim que viu minha cara de morto.

“Entra aí, cara.” Falei dando espaço para ele entrar. Ele entrou e me falou que a Hayley também não estava bem e tal, então eu expliquei toda a história para ele e ele me apoiou. Jeremy era um bom amigo, eu sempre podia contar com ele. “Olha, cara, entendi que ela ta assim e tal, mas eu não acho que você ia gostar de ficar servindo de pombo-correio...”

“Não ia mesmo.” Ele disse balançando a cabeça e rindo. “Acho que já entendo onde você está querendo chegar, vou ligar para ela.” Ele disse pegando seu telefone. Era incrível como aquele cara de tiara e cabelo grande me conhecia! Fiquei meio impressionado, confesso.

“Hayles,” ele disse “pode vir aqui, por favor?” alguns segundos se passaram “Ok.” Ele desligou o telefone. “Ela está vindo” ele disse enquanto colocava o telefone no bolso.

Eu estava tenso, minhas mãos suavam, minhas pernas tremiam levemente. E se Hayley não acreditasse em mim? E se ela nunca mais quisesse olhar na minha cara?

Jeremy havia saído para deixar que eu e Hay conversássemos a sós. Olhei pela janela e vi que ela estava vindo. Ela se encontrou com Jeremy, ele deu um beijo em sua testa e falou alguma coisa pra ela.

Abri a porta e esperei que ela chegasse. Então ela chegou de cabeça baixa, se encolhendo pelo frio que estava lá fora. Dei espaço para ela entrar e ela entrou. Fechei a porta e fiquei a observando no meio da sala.

Ficamos nos encarando por alguns minutos. Como eu percebi que já estava ficando meio constrangedor, decidi começar a falar.

“Hayley, você deve estar esperando uma explicação, então... Bom, sábado, eu estava sem fazer nada, e, do nada, Jenna toca a campainha. Fui atender, e lá veio ela pedindo uma segunda chance, para sermos amigos e tal, e eu acabei cedendo. Ela trouxe uns muffins, e enquanto comíamos, ela colocou algo na minha bebida e me dopou para tirar aquelas fotos. Eu sei que parece coisa de novela mexicana e tal, mas é a mais pura verdade!” falei tudo de uma vez e esperei sua reação. Ela parecia desapontada, isso não era bom, não era nada bom.

“Você quer que eu acredite que Jenna te dopou, Josh?” ela perguntou meio perplexa. “Olha, Josh,” ela falou antes que eu começasse a me defender. “eu fui uma idiota com você no começo, eu tentei ficar com você pela sua popularidade e tal, mas eu me arrependo disso com TODAS as minhas forças,” uma lágrima já ameaçava escorrer em seu rosto “e me redimi, mostrando naquela música, o quanto eu te amo, o quanto você é importante para mim e que eu não consigo mais viver sem você, e agora você quer que eu acredite que Jenna te dopou?” ela falava soluçando e limpando suas lágrimas com as costas da mão.

Eu me odiava por tê-la deixado naquele estado, mas a culpa não era minha. Eu tentava mostrar isso a ela, mas ela simplesmente não acreditava, e isso doía.

“Hayley, é a verdade, você tem que acreditar em mim...” peguei suas mãos e percebi que uma lágrima já caia em meu rosto.

Então ela foi em direção à porta, mas eu não desisti e a segui. Ela abria a porta, mas eu segurei sua cintura por tas e encostei minha testa em seus cabelos.

“Hayley, parece mesmo uma completa maluquice essa história, mas é a verdade,” ela a ameaçou sair, então eu a apertei mais contra o meu corpo. “se você não acredita nela para voltar a ser minha namorada, seja apenas minha amiga, mas fique comigo,” agora eu sussurrava em seu ouvido e chorava descontroladamente. “porque eu não consigo mais viver sem você.”