Então, assim, decidimos que iríamos contar as novidades depois para não “ofuscar” a notícia de Zac. Ficamos lá por mais um tempo, depois fomos para a minha casa. Zac e Emily não vieram conosco. Ficamos conversando abraçados no meu quarto por um tempo.

Notei meu violão encostado na parede em um canto do quarto, mas logo desviei o olhar. Acho que Hayley notou isso e se desvencilhou do meu abraço e se inclinou até sua mochila para pegar algo.

Fiquei a assistindo curioso. Ela pegou um papel dobrado em duas partes com algumas coisas escritas, encarou aquilo por alguns segundos, depois me olhou. Eu estava realmente curioso, mas, decidi esperar para ver o que ela faria. Ela olhou o papel surrado mais uma vez e suspirou, como se estivesse criando coragem para algo. Franzi o cenho.

Ela se encostou na parede novamente.

“Lembra daquela melodia que você disse?” ela disse baixo olhando seus pés envergonhada. Fiz que sim com a cabeça e esperei ela responder. Ela levou alguns segundos até que disse: “Bom, eu escrevi uma letra, não é muito boa, mas... fui o mais sincera que pude.” Ela me entregou o papel. Pensei por um momento e a devolvi o papel. Agora quem estava confusa era ela. Me levantei e peguei meu violão, procurei uma palheta nas minhas gavetas e a cifra da melodia que eu havia escrito. Era bem simples, tinha apenas seis acordes, mas, eu não gostava de arriscar.

“Não quero ler sua letra.” Eu disse e ela pareceu mais confusa ainda. “Quero que você a cante para mim.” Disse sorrindo.

“Josh, nã...” coloquei um dedo sobre seus lábios antes que ela começasse a protestar, e então, comecei a tocar a música.

“Você vai cantar.” Disse sorrindo. “Quer queira ou não.” Então ela se encolheu, o que me fez soltar um risinho.

Ela parecia nervosa e com vergonha, eu já disse que ela a coisa mais encantadora do mundo quando estava com vergonha? Se já disse, é preciso reforçar! Eu estava cada vez mais apaixonado por Hayley. Óbvio. Como era possível que alguém não gostasse dela, ela era simplesmente encantadora.

Apesar do nervosismo de estar tocando a melodia que eu havia escrito e expondo meus sentimentos de tal forma, não errei sequer um acorde. Hayley suspirou, dando a entender que iria começar a cantar.

“I am finding out that maybe I was wrong
That I've fallen down and I can't do this alone
Stay with me, this is what I need, please?
Sing us a song and we'll sing it back to you
We could sing our own but what would it be without you?”

Ela começou cantando baixo, porém, depois foi “aumentando o volume” de acordo com o tempo em que ia perdendo a vergonha de cantar para mim. Ela tinha uma voz linda, daquelas que só de ouvir você sabe que ela é capaz de cantar qualquer tipo de música, sabe? Também, era de se esperar! Hayley com toda a sua perfeição, como podia deixar de ter uma voz perfeita?

“I am nothing now and it's been so long
Since I've heard the sound, the sound of my only hope
This time I will be listening
Sing us a song and we'll sing it back to you
We could sing our own but what would it be without you?”

Foi aos poucos, porém no refrão, ela já cantava sem vergonha e com muita intensidade:

“This heart, it beats, beats for only you
This heart, it beats, beats for only you...Oooh!
This heart, it beats, beats for only you, my heart is yours
This heart, it beats, beats for only you, my heart is yours
(My heart, it beats for you)
This heart, it beats, beats for only you, my heart is yours
(It beats, beats for only you. My heart is yours)
This heart, it beats, beats for only you, my heart...
(Please don't go now, Please don't fade away)
My heart is yours
(Please don't go now, Please don't fade away)
My heart is yours
(Please don't go now, Please don't fade away)
My heart is yours
(Please don't go now, Please don't fade away)
My heart is...”

Fiz um backing vocal simples para acompanhá-la e isso a fez sorrir. A música terminou e ela estava um pouco ofegante. Ela olhou para mim com aquelas duas esmeraldas brilhantes esperando que eu dissesse alguma coisa. Eu apenas não conseguia descrever o quão feliz eu estava e o quão linda aquela música era. Era tão bom ver que Hayley gostava de mim assim como eu gostava dela. Ela era mais do que eu merecia. Eu sempre acreditei que acharia uma “pessoa certa” para mim. Mas, não tão cedo assim. Eu tinha certeza que Hayley era essa pessoa.

“Uau! Isso é... perfeito!” falei e me inclinei para beijá-la quando ouvi alguém pigarreando. Olhei para a porta e lá estava minha mãe.

“Josh, não vai me apresentar sua namorada?” disse ela sorrindo.

“Ah, claro. Mãe, Hayley. Hayley, mãe.” Falei apontando para as duas enquanto as apresentava.

“Prazer, senhora Farro.” Falou Hay sorrindo, mas, percebi que ela estava tensa.

“Pode me chamar de Joanne, meu anjo.” Minha mãe disse sorrindo. Ela provavelmente tinha acabado de chegar do trabalho. “O prazer é todo meu. Josh havia comentado que estava namorando, ele não pára de falar de você por um segundo sequer!” Oh, deus, por que ela tinha que me envergonhar? “Eu estava realmente ansiosa para conhecê-la. Ele falou o quão encantadora você é, mas você ainda é mais encantadora pessoalmente!” minha mãe disse entusiasmada. Hayley me olhou dando uma risadinha.

“Muito obrigada, senh...” ela fez uma pausa “Quero dizer, Joanne!” e sorriu alegremente. Acho que ela estava com medo de minha mãe reprova-la ou algo assim, mas, minha mãe nunca faria isso. Pode parecer clichê – pode não. Vai parecer! -, mas, minha mãe era a melhor mãe do mundo, ela fazia de tudo o possível e imaginável para ver eu e meu irmão felizes. Elas, como o esperado, tinham se dado super bem. Isso era bom.

“Vou tomar um banho e preparo algo para vocês lancharem.” Minha mãe disse. Ela deu alguns passos, mas, parou. “Vocês tem muito talento sabia?” ela disse intrigada. “Vocês não deviam desperdiçar isso, deviam montar uma banda ou algo assim...” disse casualmente dando de ombros. E então foi para seu quarto.

Nos olhamos por alguns segundos. Uma banda? Era um assunto a ser discutido. Bom, Hayley era uma ótima cantora, Zac havia ganhado uma bateria no Natal passado, Jeremy tocava baixo como ninguém... Deixei isso pra lá, depois a gente conversava sobre isso.

Fiquei conversando um pouco mais com Hayley até que minha mãe nos chamou para lanchar. Ela nos fez alguns cachorros quentes. Comemos e vimos que a hora tinha voado. Já eram quase oito da noite, então levei Hayley até a sua cada. Fomos batendo papo pelo caminho.

“Sua mãe é bem legal.” Ela disse sorrindo torto.

“Tenho que concordar...” eu disse.

“E aquele papo sobre uma banda e tal... Eu meio que aprovo a idéia” ela disse rindo.

“Até que é uma boa idéia mesmo.” Disse chegando à varanda de sua casa. “Podemos conversar sobre isso depois.” Disse sorrindo. Selei nossos lábios me despedindo.

[...]

O sábado estava bem normal... Até agora. Escutei a campainha tocando e fui até a porta ver quem era.

Jenna. Eu mereço. Atendi desanimado.

“O que quer, Jenna?” fui direto.

“Calma, Josh. Eu vim em paz. Eu quero me redimir com você. Trouxe alguns bolinhos.” Ela disse sorrindo e balançando uma cesta de piquenique que trazia em suas mãos. Isso me cheirava mal. Muito mal mesmo.

“Olha, Jenna, não sei se confio em você o suficiente para isso.” Falei apontando para sua cesta.

“Josh, não estou te reconhecendo! Todos merecem uma segunda chance!” ela disse com um sorriso persuasivo em seu rosto. Não sei se Jenna merecia uma segunda chance, ela havia feito várias coisas comigo e com Hayley que eu não faria a ninguém. Ela tinha um caráter duvidoso. Muito duvidoso mesmo. Mas, eu estaria sendo uma pessoa horrível se não concedesse a ela uma segunda chace? Todos merecem uma, certo? Era melhor acreditar que sim. Suspirei. E então, dei de ombros me afastando para ela entrar.

Coloquei dois pratos na mesa e peguei uns copos com refrigerante. Nos sentamos e começamos a comer os muffins.

“Que lindo quadro!” disse Jenna apontando para um quadro na parede. Olhei para o quadro e fiz que sim com a cabeça. Comemos mais um pouco e tomei um gole do meu refrigerante.

Uns dois minutos depois, aproximadamente, minha visão foi meio que ofuscada. Tudo parecia confuso e turvo.

Meus olhos não estavam mais abertos agora. Senti meus braços sendo movidos por mãos geladas e escutei alguns risinhos. Eu estava desorientado demais para responder, impedir ou protestar. Senti algo em minha boca e uma luz muito forte, que desordenou mais ainda meus pensamentos, e, depois, tudo ficou preto.

[...]

Acordei mais desnorteado do que estava quando eu apaguei. Não havia mais ninguém em casa, nem sombra de Jenna. Isso era bom, me deixou mais tranqüilo, de certa forma.

“Porque mesmo se estiver distante, seu sorriso encantador espairece minha escuridão.” Eu mandava fazia um tempo torpedos para Hayley diariamente dizendo por que eu a amava. Ela adorava isso. E ela sempre fazia o mesmo.

Porque apenas você me faz escrever uma canção romântica e melosa sem odiá-la” eu ri com sua resposta. Hayley definitivamente não era daquele tipo de garota “patricinha”. Muito pelo contrário, ela odiava rosa e apenas comprava o necessário, sem deixar de passar maquiagem para ficar mais linda ainda. Ela sabia equilibrar muito bem as coisas.

O domingo foi um tédio só, assim como todos os outros. E assim também como todos os minutos e segundos em que eu estava longe de Hayles.

Acabei indo com Zac de noite para a casa de Jerm jogar um pouco de video-game e comer besteiras.

Era estranho, eu estava ansioso para que segunda chegasse para que eu pudesse ir para a escola. Não que eu estivesse morrendo de saudade das minhas grossas apostilas de Química, e sim porque eu estava morrendo de saudades de Hayley.