Jenna parou a nossa frente e nos observou. Então, de repente, ela desabou, se debulhando em lágrimas. Ninguém estava entendendo nada. Ela soluçava de tanto chorar, agora meus olhos e os de Hayley estavam arregalados.

“Como você teve coragem, Josh?” ela disse entre soluços. Do que exatamente ela estava falando? E as palavras ‘coragem’ e ‘Josh’ só podem estar na mesma frase quando a palavra ‘não’ também está presente nessa frase. Mas, não entendi mesmo do que ela estava falando.

“Jenna, do que exatamente você está falando?” perguntei. Sua maquiagem já estava toda borrada de tanto chorar, e, cá entre nós, ela estava em um estado degradante. Eu estava começando a sentir pena dela. De verdade.

“Você tinha dado um tempo no nosso relacionamento. Mas, quando eu vejo, você já está se enroscando com essa... essa... seja lá qual for o feminino de pigmeu!” ela disse tudo de uma só vez.

“Han?” foi tudo o que eu consegui dizer. Tem certeza que ela escutou o que ela disse? Relacionamento? Hm, acho que não, hein. Quando consegui raciocinar e voltar ao momento presente, Hayley já estava em cima de Jenna puxando seus cabelos e gritando “Sua oxigenada! Loira de farmácia!” sem parar. Tratei de tira-la de cima de Jenna que estava com marcas de unhas por todo o corpo e de separar as duas. “Olha, Jenna, eu pensei que as coisas tinham ficado claras entre nós, mas, pelo jeito, não ficaram. Bem, eu te falei naquele dia lá na escola, não se lembra? Eu disse que eu tinha me equivocado, Jenna!” minha voz agora estava um pouco alterada. “Isso não significa que a gente tenha dado um tempo na nossa relação. Muito menos que a gente tivesse uma RELAÇÃO!” Agora eu gritava. Senti a mão de Hayley no meu ombro e ela sussurando um “calma” em meu ouvido.

Jenna soluçava ainda mais. Eu sabia que não era o certo a se fazer: gritar com ela, e tal; mas, ela passa dos limites! E eu não queria que isso atrapalhasse de modo algum minha relação com Hay, ela era importante demais pra mim, eu não suportaria perde-la de novo. Balancei minha cabeça afastando a hipótese de perde-la. A abracei de lado a apertando mais contra meu corpo. Jenna ainda estava lá.

“Olha, Jenna, eu posso ter sido grosso com você, desculpa por isso, mas, eu preciso que você entenda que eu estou com a Hayley agora, e eu gosto muito dela,” me virei para ela e vi que ela estava sorrindo “então, se você puder entender isso...” fiz um gesto com as mãos tentando reconforta-la.

“Isso não vai terminar assim!” Jenna suspirou antes de continuar “Eu não vou desistir, sua... sua... cabelo de fogo!” ela disse agora olhando pra Hayley. “Passar bem!” disse se virando e correndo até sua casa.

Senti Hayley tremendo ao meu lado, mas, ela não estava querendo demonstrar isso, mantinha a cabeça erguida.

“Desculpe por isso” a abracei e apontei com a cabeça para onde Jenna tinha corrido. Ri sem humor.

“Não foi nada,” ela disse “me desculpe você, não sei o que aconteceu, perdi o controle... Quando eu me dei conta, já estava em cima dela.” Ela disse enquanto balançava a cabeça e passava a mão em seus cabelos ruivos olhando para baixo.

“Que isso! Eu ia até te agradecer, a Jenna tava mesmo precisando de uns tapas...” disse rindo enquanto encostava nossas testas. “Minha cabelo de fogo.” Disse por final passando a mão sobre seu nariz. Rimos e selamos nossos lábios. Nos afastamos um pouco. “Está na minha hora de ir” disse entrelaçando nossos dedos. Beijei sua testa, depois seu nariz, e por fim, seus lábios. “Te vejo amanhã, Hayles.” Me afastei ainda com nossos dedos entrelaçados e fui me afastando mais até eles se soltarem. Joguei um beijo pra ela e fui pra casa.

Fui para casa pensando sobre o que Jenna tinha dito: que ela não iria desistir. Seja lá o que isso significasse. Bom, vamos ver o que ela faria, porque nesse momento, eu não ia estragar minha felicidade pensando nisso. Eu ainda mantinha aquele sorriso abobalhado em minha cara.

[...]

Era hora do intervalo. Fui até o refeitório e quando eu estava na entrada, Jenna estava dando risinhos demais com suas “clones”. Olhei então na direção que elas estavam olhando e vi Hay com sua bandeja, olhei para o pé de Jenna que estava propositalmente em seu caminho e corri até ela a desviando.

“Tudo bom?” perguntei para Hayley a beijando na bochecha e depois fuzilei Jenna com o olhar.

“Sim, e você?” ela sorriu.

Eu já devia ter imaginado: Jenna ia tentar atingir Hayley, e não a mim, bem, a mim também, porque ela sabia que eu ia desmoronar se algo acontecesse com ela. Ela ia nos infernizar, eu já até podia ver. Isso não era NADA bom, nada mesmo!

O dia passou em um piscar de olhos, eu estava preocupado. Ainda bem que era sexta e eu teria o final de semana inteiro para pensar e colocar meus pensamentos em ordem...

Eu tinha outro problema, droga!