Kendall Schmidt

Eu, Carlos e James estávamos sentados no chão recortando as letrinhas do painel para a despedida de solteiro do James, sim gente, nós fizemos um painel, e vamos fazer a festa em casa. Isso não tem nada a ver com as nossas mulheres ter proibido-nos de ir a uma boate, ou contratar stripper, nós claramente não faríamos isso.

— Tá legal, encomendaram a bebida e os salgados? – James pergunta, jogando a letra que cortava no chão, digamos que ele não é muito paciente para isso.

— Claro que não – Carlos diz distraído, enquanto cortava a letra J, é ele tava quase babando, de tanta concentração, resumindo, um verdadeiro caos.

— O que? – James grita exasperado, fazendo o Carlos jogar tudo pra cima e colocar a mão no peito – como assim vocês não encomendaram?

— Encomendou o que? – Carlos pergunta perdido e eu apenas rio, negando, é, não tem jeito, vou ter que internar.

Os dois iniciaram uma discussão muito besta sobre o sabor dos salgados e eu apenas ignorei, enquanto cortava a gravata. Pode parecer besteira, mas ter esse momento com eles me faz bem, me lembra de que não importa se o Big Time Rush nunca voltar, tudo que importa é o fato deles estarem ao meu lado, não fisicamente, mas emocionalmente.

A porta se abriu, fazendo os dois patetas cessarem a discussão, vendo a cabeleira preta surgir, enquanto carregava um sorriso e claro, uma caixa, provavelmente com rosquinhas em formas de desculpas. É assim que a gente se perdoa por aqui.

— Deveríamos ter lhe dado um pé na bunda – James semicerra os olhos e Logan sorri fraco, apenas fechando a porta e vindo até nós.

— Eu bem que mereço, mas trouxe sua rosquinha favorita – ele dá de ombros, fazendo o James ir até ele atras das tão sonhadas rosquinhas de doce de leite e goiabada, peculiar, mas é do James que estava falando, então, só aceitamos.

— Você poderia matar a mãe dele e se desculpar com rosquinhas, e o James nem ligaria – Carlos diz negando, tive que concordar, aquele homem era completamente vendido por rosquinhas, uma ex dele o fez perdoá-la de uma traição usando essa maldita rosquinha, no dia seguinte lhe demos uma caixa de rosquinhas pra ele terminar com ela, eu sei, é bizarro, mas vai entender.

— Querem ajuda? – Logan se oferece, deixando a caixa em cima da mesinha de centro e cada um de nós fomos atrás das nossas.

Enquanto comíamos e trabalhávamos, Logan tratou de explicar tudo que aconteceu, desde o motivo que ele terminou com a Kristy, até o presente momento, em que o moreno agora se encontra em processo de divorcio e a megera da Melissa só está dificultando o processo.

— Mas sabe o que eu não entendo? – digo meio perdido, enquanto processava as informações – porque a Melissa teve esse trabalho todo para separar vocês dois.

— Lembram do ex da Kristy? – ele pergunta, parecendo ter uma informação muito interessante por trás de tudo.

— Sim, o cantor famoso, o que tem ele? – Carlos também parecia intrigado, como uma velha fofoqueira.

— Então, acontece que o Jian era namorado da Melissa na época, e ele terminou com ela para ficar com a Kristy, não por fama ou qualquer plano, mas ele gostava da Collins de verdade, eles eram melhores amigos na época – Logan dá de ombros.

— E eles terminaram tempos depois porque o Jian foi embora – James lembra e nós assentimos, aquilo fazia total sentido agora.

Não que tenhamos participado daquela história, mas conhecíamos a Kristy o suficiente para saber de alguns lances dela, e bem, o James a conhecia melhor ainda.

— A Melissa tem o que, 14 anos? Isso foi tão infantil – Carlos nega.

— E como você está com tudo isso? – pergunto meio incerto.

O casamento dele com a Collins era lindo, eles dois não precisavam completar um ao outro, eles eram apenas um casal que dividiam e doavam amor, eles se cuidavam, compartilhavam, se entendiam e tudo parecia lindo demais, mas sabe né, um dia, tudo desmorona sobre nossas cabeças.

— Eu estou tentando seguir minha vida, perdi a mulher da minha vida, mas ainda podemos ser amigos, ao menos isso – ele suspira, não parecia contente com aquilo, mas talvez teria que servir – eu só sinto que tenho sido péssimo por agora, não visito minha filha a dois meses.

— Kristy inventou que você teve que viajar pra cuidar da vovó – James diz dando de ombros e Logan rir assentindo, de fato, não importava qual problema eles dois tivessem, Marisol sempre vinha primeiro e eles tomavam todo cuidado para não deixar uma impressão errada sobre qualquer que fosse o assunto.

— Soube que a Melissa esteve na casa dela.

— É, ela esteve e fez um teatro horrível, agora entendo por que ela é uma péssima atriz – nego com nojo, aquela mulher é repugnante e suja.

— Acredite, ela se esforça – Logan diz e nós apenas rimos negando, péssimo.

Meu celular tocou e assim que vi o nome da Jenni, abri um sorriso e atendi a ligação, mas não consegui entender nada, porque minha namorada estava aos prantos do outro lado, enquanto tentava me dizer algo.

— Jenni amor, se acalma, okay? – eu digo, começando a me sentir aflito – respira, eu estou te ouvindo, mas pra te entender preciso que se acalme.

Eu bati seu carro — Jenni diz exasperada, enquanto ainda choramingava e eu apenas franzi o cenho.

— Você se machucou? Alguém se machucou? – pergunto e ela nega – tá legal amor, me diz onde você está, eu vou te buscar, okay? Apenas me diga.

Assim que peguei o endereço, James apenas se levantou, pronto para me levar, o Carlos e o Logan também vieram. Assim que chegamos no local do acidente, desci do carro e corri até ela, que estava sendo acalentada pela Caitlin.

— Kendall – Jenni começou a chorar exasperada e eu apenas a abracei, alisando seus cabelos e deixando que ela chorasse.

— O que houve aqui? – James pergunta para Caitlin, segurando os braços dela e olhando para seu corpo, garantindo que ela estava fisicamente bem.

— Jenni quase atropelou uma criança que surgiu do nada – Caitlin suspira e olha para o carro no meio fio, estava com a frente toda amassada por terem batido em um muro de contenção – ela desviou da criança e enfiou o carro com tudo na contenção.

— Vocês estão bem? E a criança, onde está?

— Está ali com os policiais – olhei na direção e realmente havia um garotinho ali, ele parecia perdido, mas não em choque por ter sido quase atropelado.

— Onde está a Lucy? – James olha de um lado para o outro confuso.

— Com a Kristy, ela pegou as meninas para levar ao parque, eu e a Jenni estávamos indo para lá.

Deixei alguns beijos na cabeça da Jen e suspirei, agradecendo por todos estarem bem, o carro não importava, apenas elas e a criança.

— Amor, olha para mim – abaixo o rosto e tento fazê-la me olhar, e com algum esforço consegui – está tudo bem, okay? Por que está chorando? O que está sentindo?

— Eu bati seu carro – ela choraminga, parecendo sensível demais com algo tão trivial, mas talvez a questão não fosse aquela e sim a criança ter sido quase atropelada, ou ela ter dado de cara com uma parede.

— Amor, eu não ligo para o carro, eu só quero saber, você está machucada?

— Não, mas... amor... seu carro – ela olha para a frente do veículo e faz uma careta – desculpa.

— Deixa pra lá – apenas digo e a abraço novamente, a aconchegando nos meus braços.

Depois de ter chamado o reboque, ter levado a Caitlin e a Jenni para o hospital, apenas para ter certeza de que elas estavam bem. Carlos finalmente nos deixou em casa, James e Caitlin foram buscar a Kris e as meninas, e os outros apenas foram para suas casas.

Jenni saiu do banho, já vestindo seu pijama e se deitou na cama, em seguida eu fui tomar banho e quando voltei, a loira já estava adormecida, apenas apaguei as luzes e me deitei ao lado dela. E em como todas as noites, ela se aconchegou em mim, respirando fundo.

— Eu não posso ter filhos – Jenni murmura e eu franzi o cenho, olhando para ela para ter certeza de que havia sido ela quem falara – desculpe, eu descobri hoje, por isso estava tão emotiva, e eu... eu quase atropelei aquela criança – ela parecia exausta, eu só não tinha certeza de qual das duas coisas lhe pesava mais.

— Está tudo bem – apenas sorrio e aliso sua bochecha, fazendo um carinho.

— Não, não está Kendall, eu...

— Eu sei – suspiro – você quer ser mãe, quer poder gerar um filho, mas sabemos que se você é estéril precisamos nos adequar a isso, não vai ser fácil, mas... nós podemos adotar, quem sabe.

— Podemos? – os olhos de Jenni brilharam.

— Sim, nós podemos – sorrio terno e grato por aquela mulher ser tão incrível – não vamos pensar nisso agora, tá certo? Vamos apenas fazer o que tivermos vontade, quando quisermos.

Jenni assentiu e se aconchegou, parecendo mais relaxada, como se um grande peso tivesse sido tirado de si e eu entendo, o sonho de algumas mulheres é ser mãe, mas nem sempre isso acontece, apenas não deixarei com que ela perca as esperanças.

Apenas fecho os olhos e suspiro.