Alice Pena

Nosso amor vai fundo como um Chevrolet, se você cair, eu vou cair com você, amor, porque essa é a maneira que nós gostamos de fazer, é assim que gostamos – Kristy começou enquanto dedilhava a música no violão.

Eu me lembrava daquela música, ela havia feito um ano atrás, e era para o aniversário de casamento dela com o Logan, antes de... bom, vocês sabem.

Você corre por aí abrindo portas como um cavalheiro e me diz todo dia: Garota, você é tudo para mim, porque é assim que você gosta de fazer, é assim que você gosta...

Era final de tarde, estávamos assistindo ao pôr do sol quando ela começou a tocar. Ela pretende lançar essa música em breve, e de certa forma, me sinto tão identificada com cada palavra, parece que é uma música geral, sobre amor, mas para ela era muito mais do que isso.

Basta um pouco de costa oeste e um pouco de Sol, cabelos ao vento, perdendo a noção do tempo, só você e eu, só você e eu, não importa o quão longe formos, quero que o mundo inteiro saiba, eu quero você loucamente, e não vou aceitar que seja de outra maneira, não importa o que as pessoas digam, sei que nunca vamos romper, porque o nosso amor foi feito, feito nos EUA, feito nos EUA, sim...

Encostei minhas costas no peito do Carlos e o senti me abraçando, deixando toda as minhas preocupações irem embora, enquanto me aconchegava ali.

Feito nos EUA, feito nos EUA, feito nos EUA.

Ficamos todos em silencio, apenas aproveitando a brisa do vento. Um pouco mais a frente, Logan, James, Lucy e Sol estavam montando um castelo de areia. E assim que a música acabou, vi o Logan olhar para Kris, enquanto ambos pareciam ter muito a dizer.

— Eu te amo – Carlos sussurrou no meu ouvido, me fazendo sorrir e me virar só um pouquinho na direção dele, vendo-o sorrir – era isso que eles deviam estar dizendo, assim como nós.

Eu sabia que ele estava preocupado com nossos amigos, mas não havia muito que pudesse ser feito.

— Um dia, quem sabe – suspiro e olho para frente – queria poder relaxar aqui eternamente, sabe, sem a agitação da cidade, sem toda a correria que nossas vidas se tornaram.

— Está dizendo que não gosta de ser casada com um superstar? – ele funga no meu ouvido, começando o seu teatro – desse jeito você machuca meu pobre coração.

— Para de drama Carlos – digo rindo e bato na mão dele que estava sobre a minha, o fazendo me apertar, enquanto também ria – apenas estou dizendo que as coisas seriam mais tranquilas.

— As coisas ainda podem ser tranquilas lá meu amor, e estamos construindo isso, em breve com o nosso bebê, ops, bebês – ele concerta e ri, parecendo extremamente feliz com aquilo.

Eu já vi o Carlos feliz de muitas formas, mas aquela era nova, ele parecia de fato feliz com a notícia de que seriamos pais. Mal posso esperar para conhecer os rostinhos dos meus bebês, mas antes, precisamos dar a notícia para nossos agentes e nossa família.

— Como acha que vão reagir? Sabe, a mídia e tudo mais – aquilo me preocupava, não por mim, mas por ele, eu sabia que suas fãs as vezes tinham dificuldade em aceitar bem, determinadas coisas.

— Eles reagiram bem com a notícia da Lucy e depois da Sol, acho que estão acostumados com o fato de que somos comprometidos e estamos mesmo construindo uma família – Carlos me deixa um beijo no ombro e suspira – eu também queria ficar aqui.

Mas não podíamos, e quatro dias depois, retornamos a L.A., a folga havia acabado e precisávamos organizar tudo.

— Amor – Carlos surge na cozinha, me fazendo olhá-lo com dúvida – tem problema os meninos virem ensaiar aqui em casa hoje?

— Claro que não amor, as meninas estão vindo para organizar o chá de bebê comigo – digo com tranquilidade, fazendo-o assentir, mas ao contrário do que eu pensei, Carlos não saiu, ele veio até mim, me segurando pela cintura, de certa forma estranhei aquilo, fazia dias que estávamos na maior correria e o único momento que tínhamos para ficarmos a sós era na hora de dormir, ou nem isso.

— Desculpe estar lhe deixando organizar isso sozinha, é que... está tudo uma bagunça e o Logan também... enfim – ele balança a cabeça e me encara sério – vai querer saber o sexo do bebê?

— Não – digo com calma e aliso o rosto dele, logo lhe deixando um selinho – vamos apenas deixar para descobrir no momento em que nascer, assim podemos nos livrar da mania do povo que rosa é pra menina e azul pra menino ­– debocho e ele ri, de fato, até ele mesmo queria se livrar daquilo.

Havíamos combinado que o quarto dos bebês seria de safari, mas o fundo não era amarelo, mas sim um verdinho lindo, que ficou a coisa mais linda no esboço. Eu e o Carlos já havíamos confirmado a reforma, e por isso havia muitas pessoas rodando por ali, por isso também o Carlos não saia de casa, e quando saia, era quando não havia ninguém ali além de mim, digamos que ele está sendo um pouco superprotetor, mesmo com toda a agenda lotada que tem.

— Okay, de volta ao trabalho – o afasto e o viro de costa, dando um tapinha em sua bunda – vai, cai fora.

E ele foi rindo, mas foi.

— Senhorita, o que devemos fazer para o almoço hoje? – Julia, nossa cozinheira pergunta.

Ah, eu costumava cuidar de tudo em casa, mas com tanta coisa para fazer, eu e o Carlos acabamos contratando uma cozinheira e uma empregada, para que conseguíssemos deixar a casa em ordem.

— Sem preferencias Julia, faça o que achar melhor, mas por favor, nada apimentado – digo pensativa – pode fazer mousse de limão pra sobremesa? – pisco os olhos com doçura e ela rir, logo assentindo.

Julia era uma senhora de 64 anos, que costumava trabalhar na casa da minha família, mas acabou indo embora, quando meu pai se casou com minha malevodrasta. Aquela mulher é insuportável e ninguém a aguentava. Ah, por falar em família, eu e o Carlos demos um jantar no final de semana, para nossa família, e bem... foi um total desastre, não pelos pais dele, ou pelo meu pai, por eles tudo estaria maravilhoso, mas sim pela surpresa mais do que inesperada que eu tive, junto da minha malevodrasta.

Flashback On

Abri a porta sorrindo, mas meu sorriso se desfez ao olhar as pessoas na porta.

— Amor – Carlos me chama, me fazendo piscar e engolir o cimento que havia descido pela minha garganta.

— Já vou – grito para ele e me volto as pessoas na minha porta – pai – sorrio simples e o abraço, logo recebendo um carinho da parte dele, meu pai e eu sempre nos demos bem – Olivia – digo assim que eu me separo do meu pai.

— Ali, se lembra que a Olivia tinha uma filha? – ele diz apontando para a mulher e eu apenas assinto, de fato, eu lembrava, mas não era aquilo que me surpreendia e sim a pessoa que era e quem estava ao lado dela.

— Oi Logan, Oi Melissa – digo entediada e os deixo passar, logo fechando a porta e ouvindo o riso do Carlos cessar, tão surpreso quanto eu provavelmente.

Me virei e voltei a sala de estar, onde estavam meus sogros, sorri para eles e logo tive os recém-chegados se juntando a nós na mesa.

— Me ajuda a servir? – pergunto para o Carlos que apenas assente.

— Ah, eu ajudo querida – minha sogra diz e se levanta conosco, fomos até a cozinha pegar os pratos, enquanto Carlos posicionava as comidas na mesa – querida, aquele não é o Logan?

Fazia anos que eles não se viam, meus sogros moram bem longe, e só vem a cidade grande uma vez na vida, também não são muito fãs de redes sociais.

— É sim sogrinha – sorrio sem graça, eu sabia o que ela estava pensando, da última vez que ela havia vindo foi no casamento meu e do Carlos, então obviamente se lembrava dele junto da Kristy.

— E aquela mocinha?

— É a nova esposa dele.

— Oh que pena – ela exclama, me fazendo engasgar com a saliva, eu quase ri, juro que foi quase – ela não serve para ele.

E ela nem havia estado mais de um minuto na presença deles.

— Concordo sogrinha, eu concordo – assinto e nós duas voltamos a mesa, logo tratando de arrumar tudo e nos sentar.

O jantar estava agradável, apesar dos comentários nojentos da Melissa, sobre a comida, ou sobre o vinho, ou sobre a decoração da minha sala de jantar. Respirei fundo, quando o Carlos pegou na minha mão e apertou.

— Bem família, queremos dar uma notícia importante – Carlos diz animado, olhando para mim que apenas sorria com ternura – estamos grávidos – ele anuncia, fazendo nossos pais ficarem surpresos e alegres.

— Finalmente serei avó – minha sogra diz animada.

— De gêmeos – completo, a fazendo pular de alegria e vir me abraçar.

Aqueles três fizeram uma festa com a notícia, minha malevodrasta apenas me deu parabéns, Logan já sabia, mas não deixou de nos parabenizar e Melissa, estava emburrada, como se um doce tivesse sido tirado dela.

Ao final do jantar, eu estava exausta e quando meu pai foi embora com a gangue dele. Eu finalmente pude respirar, meus sogros dormiriam na nossa casa e iria embora uma semana depois, então não havia problema nenhum.

— Logan parece infeliz – meu sogro comenta e eu olho para o Carlos, que apenas assente com pesar – o que houve com a esposa e a filha dele?

— Nada, eles apenas se separaram por causa daquela megera que eu tenho o desprazer de chamar de irmonstra – digo e fecho os olhos – eu vou dormir, boa noite.

Flashback OFF.

— Alice, atende a porta – ouvi o Carlos gritar de alguma parte da casa e eu revirei os olhos.

Folgado.