Dual Personality

Logan Henderson

Fazia meia hora que a Melissa gritava pelos corredores da casa, amaldiçoando o juiz que não cedeu a vontade dela de ter a guarda definitiva da Marisol. E eu já estava de saco cheio de todo aquele drama.

Melissa nem sempre foi assim, antes de nos casarmos ela era amável e gentil, se dava bem com meus amigos, era cordial com a Collins e tratava minha filha extremamente bem, por isso nunca desconfiei quando a Caitlin dizia que a Melissa era horrível, porque ela não se mostrava ruim pra mim. Mas depois do casamento, as falsidades disfarçadas de gentileza, começaram a se desfazer e ela mostrou que de fato, era a pessoa horrível que todos diziam que ela era, e eu sentia tanto por não ter acreditado antes.

Um mês se passou desde aquele dia, Melissa cada dia que passava ficava mais ocupada com seus projetos e eu aproveitei disso para aproveitar a Marisol sem a interferência dela, mas entraríamos todos de férias e como em todos os anos, íamos viajar juntos, o que me diz que isso não vai ser nem um pouco bem-vindo para a Melissa, já que ela não vai poder ir.

Havia acabado de chegar da casa da Kristy quando vi a Melissa sentada no sofá, tomando uma taça de vinho e me encarando, como se fosse pular no meu pescoço a qualquer momento, suspirei, já sabendo que dali viria uma nova confusão, uma nova chantagem, um novo cansaço mental que eu nem sabia se podia aturar.

— Onde estava? – ela pergunta, depois de beber um gole do vinho.

— Na casa da Kristy, fui levar a Marisol – respondo simples.

— E só voltou a essa hora? Não acha que é tarde demais para uma criança?

— Não vou ficar me explicando para você quando claramente a vida da minha filha não lhe interessa – digo irritado, fazendo-a semicerrar os olhos, era a primeira vez que eu a respondia de forma tão grosseira.

— Certo – ela apenas dá de ombros e termina de beber o vinho, saindo da sala.

Suspirei cansado. Os dias se passaram e Melissa passou a agir de uma maneira muito estranha, mais doce que o normal, mais grudenta que o normal, sempre querendo minha atenção.

— Sabe amor – Melissa entrou em casa cheia de sacolas e deixou tudo na entrada, vindo na minha direção – nós podíamos levar a Solzinha para o novo parque que abriu, o que acha?

Franzi o cenho e apenas concordei, estava tão cansado dos ensaios que mal notei de fato o que ela queria com tudo aquilo.

— Podemos convidar seus amigos – ela sugere, me fazendo olhá-la confuso, ela sabe que meus amigos não gostam dela, apenas a aturam – vamos lá, vai ser divertido.

— Tá, vou falar com os meninos – digo com um sorriso e ela me dá um beijo na bochecha, logo indo em direção as sacolas e saindo da sala.

De fato, acabamos indo para o parque, os meninos haviam concordado, a Sol estava se divertindo muito e por uma surpresa, até a Kristy acabou vindo, e o clima não está tão ruim quanto imaginei que ficaria.

— Para onde iremos esse ano? – Alice pergunta animada, estávamos todos sentados comendo em uma lanchonete, enquanto descansávamos.

— Pensei no Havaí, ainda não fomos – James dá a ideia e todos pareceram avaliar.

— O que acham de Kota Kinabalu? É um lugar muito bonito, fica na Malásia – Caitlin dá de ombros e finalmente concordamos, era diferente de todos os outros lugares que visitamos.

— Vocês vão viajar juntos? – Melissa pergunta e eu prendo a respiração, havia esquecido de comunicá-la.

— Ah sim – Kendall pareceu sem graça – essa é a época do ano que todos temos férias e viajamos juntos.

— Você também vai? – Melissa pergunta, olhando para mim e de repente senti como se estivesse sendo posto entre a faca e a espada, as duas doeriam e poderiam me matar, o que eu deveria dizer?

— Não tenho certeza, agora temos outros planos, e sua agenda parece tão cheia – dou de ombros e ela apenas sorri de lado.

— Deveria ir meu amor, não deveria passar suas férias aqui por minha causa – ela diz, me fazendo franzir o cenho, pelo canto do olho vi a Caitlin negar com a cabeça, talvez pensando o mesmo que eu, aquilo era no mínimo suspeito.

— Pensarei no assunto – dou a discussão por encerrada e todos voltamos a comer, enquanto Caitlin mostrava o lugar para os nossos amigos.

— Papai, tô com soninho – Marisol diz, puxando minha blusa, enquanto tinha aquele olhinhos brilhando.

— Vem aqui amor – carrego ela e a coloco em posição de canguru, deixando sua cabeça deitada no meu peito, enquanto alisava seus cabelos.

— Você é um ótimo pai – Melissa comenta sorrindo e eu sorri de volta, agraciado com suas palavras – fico imaginando como será quando nosso bebê nascer.

Ouvi alguém se engasgar e tossir, enquanto eu tinha os olhos arregalados. Não podia ser, não… não era possível.

— V-vo-você... – eu não conseguia terminar aquela frase.

— Se eu estou grávida? Ainda não bobinho – ela ri, de fato achando engraçada a situação, olhei ao redor e todos pareciam meio abismados, a Jenni estava vermelha, provavelmente foi ela quem se engasgou – mas um dia teremos os nossos, não vamos?

— C-claro – pisco atônito e olho para a Sol, que mal se incomodou com a agitação do meu corpo.

Eu não queria outro filho, eu já tenho a Sol e é tudo que me importa. A tive com o amor da minha vida, com a minha garota da capa, e não pretendo ter filhos com outro alguém.

Na hora de irmos embora, levei a Sol até o carro da Collins e a coloquei na cadeirinha, Melissa não veio comigo, foi buscar o nosso carro que estava um pouco mais afastado.

— Tenha uma boa noite – fecho a porta e abaixo no lado do passageiro, para olhar dentro do carro – volte em segurança – desejo para a Collins que me encarava seria.

— Você não acha tudo isso muito suspeito? – ela pergunta, parecia muito lutar contra as palavras que queriam lhe deixar.

— O que? – franzi o cenho confuso.

— Nada, voltem em segurança vocês também – ela diz ligando o carro e olhando para a frente.

— Kris...

— Boa noite Logan – ela diz firme, dando aquilo por encerrado e eu sabia que não adiantava eu insistir, ela não cederia.

— Boa noite Collins – digo e a deixo partir.

Não demorou para a Melissa voltar e nós também irmos para casa. Seja o que for isso tudo, sei que alguma hora vou descobrir de fato.