Capítulo 15
POV Bernardo
A primeira noite tinha acabado de cair, com certeza até na sexta - feira a noite já estaríamos no hotel em João Pessoa. Era uma viajem bem cansativa, mais com a Jú ali do meu lado dormindo tranquila e serena deixava as coisas um pouco melhor. Aquele rostinho magro e claro dela, aqueles olhos azuis que me deixaram fascinante.
Eu não sabia o porque que eu era daquele jeito. Porque eu não conseguia amar ninguém, nem a mim. Porque eu era assim? As vezes eu me pegava pensando nisso, e eu também não sabia o porque que eu pensava naquilo! Era loucura.
Fecho meus olhos e sinto a respiração rápida da Anna Júlia. Aproximo - me dela e encosto meu rosto no dela, mais custo a dormir. Fico acordado a maior parte da noite, e Anna Júlia pelo jeito era bem espaçosa já estava praticamente em cima de mim, na verdade a metade do corpo dela estava sobre o meu. E aquilo me deixava cada vez mais impedido de dormir, até que finalmente quando o dia já estava quase clareando eu adormeci.
***
– Aaah! - Grita Anna Júlia. - O que você está fazendo aqui?
Bom na verdade era eu quem deveria perguntar o que estava fazendo ali. Ela que havia dormindo a noite toda praticamente em cima de mim.
– Ei, pera aí! Quem dormiu a noite todo em cima de mim foi a senhorita e não eu, então não começa! - Digo irritado.
Ela me olha tristemente e vira o rosto. Acho que tinha sido muito grosseiro com ela. O ônibus havia parado com certeza hora de fazer higiene pessoal e tomar café da manhã. O único problema da viagem era as paradas para banheiro e para comer. Aquilo deixava qualquer um cada vez mais irritado! Na verdade me deixava cada vez irritado, porque os outros já estavam rindo e brincando. E eu completo estúpido havia tratado a coitada da Anna Júlia mal.
Levanto - me para que Anna Júlia passasse. Assim que ela passa vou andando de vagar para fora do ônibus, precisava usar o ônibus e comer alguma coisa, estava cheio de fome. Chego a pequena cafeteira onde iremos tomar nosso café da manhã e vou ao banheiro. Faço minha higiene pessoal e depois joga bastante água em minha cara para ver se minha irritação melhorava, mais na verdade ela continuava do mesmo jeito!
Vou até a cafeteira e peço um copo de café forte sem açúcar e um pão na chapa com manteiga. Como com satisfação, a fome estava quase me matando, olho em volta da cafeteira e vejo o pessoal do colégio rindo e brincando, mais sinto falta de alguém: Anna Júlia! Ela não estava ali. Onde ela estaria? Acabo de comer e saio da cafetaria, olho de um lado para o outro e ao meu lado esquerdo estavam Anna Júlia e Matheus abraçados. Pera aí, será que eles estão tendo alguma coisa?
Fico os observando de longe por um tempo, sem que eles me vissem. Eu precisava saber o que estava rolando entre os dois, enquanto não descobrisse não conseguiria ficar bem! Aproximo - me deles e fico de frente para os dois. Quanto Anna Júlia percebe que eu estava ali se solta do abraço de Matheus e se vira em minha direção.
– O que você quer? - Ela pergunta revirando os olhos.
– Vocês estão ficando? - Pergunto com a cara fechada.
– Não! E mesmo se tivesse, você não tem nada a ver com isso! - Diz Matheus.
– Como eu estava falando Anna Júlia! Você é minha, e não vai ficar com ninguém além de mim! - Digo a segurando pelo braço e a puxando em direção ao ônibus.
– Ei, cara tá pensando que você é quem para sair puxando a Anna Júlia desse jeito? - Diz Matheus vindo em nossa direção.
– Me solta! - Diz Anna Júlia me empurrando. - Vem Matheus vamos entrar!
Anna Júlia pega na mão de Matheus e anda com ele até o primeiro degrau das escadas do ônibus. Eu fico furioso com a atitude dela, ela era mim. Eu poderia perder qualquer uma que fosse menos a Anna Júlia, ainda mais por aquele idiota do Matheus. Com uma raiva enorme a me percorrer, vou até onde os dois estavam e dou um belo soco no rosto de Matheus. Ele revida e assim começamos a brigar. E Anna Júlia fica desesperada gritando feito uma louca, com isso chama a atenção dos demais e quando percebo todos estavam nos olhando assustados, os professores de Inglês e de física se aproximam de nos para tentar separar a briga e conseguem.
Matheus estava com sangue no nariz e na boca, e eu não sabia como estava. Bia se aproxima de mim e começa a falar umas baboseiras que eu nem presto atenção vendo a atitude que Anna Júlia havia tomado em relação a toda aquela confusão por causa dela.
– Viu o que você fez Bernardo! Você não consegue entender que você perdeu. Que você simplesmente perdeu, e perdeu por que quis! - Ela diz e pega na mão de Matheus e desta vez ela entra com ele para dentro do ônibus.
O que ela quis dizer com aquilo? Que os dois estavam juntos? Eu não podia acreditar naquilo. Bia pega na minha mãe e sai me puxando para dentro da cafetaria, ela dizia que iria limpar meus ferimentos e que não sabia o porque daquilo tudo e que eu deveria me explicar. E agora eu teria que aturar felação da minha própria irmã.
***
POV Anna Júlia
Eu não entendia porque o Bernardo tinha feito toda aquele estardalhaço, papel ridículo o dele. E o pobre do Matheus tinha se machucado! Por culpa dele. Limpo os ferimentos do Matheus que reclama um pouco e depois vou conversar com a diretora para que me deixasse troca de lugar não queria mais me assentar ao lado do Bernardo. E ela me deixou assentar ao lado de Matheus, e Marcy foi se assentar junto de Bernardo. E em seguida o ônibus deu partida, próxima parada João Pessoa.
– Porque você disse aquilo para o Bernardo, nos não temos nada um com o outro. - Diz Matheus assim que me assento ao lado dele.
– Eu sei que não temos! Mais deixa ele achar que temos. - Digo sorrindo.
Matheus solta uma risada e diz:
– Não quero nem ver onde isso vai dar!
Nem eu! Mais vamos deixar rolar e ver no que daria, eu queria distância do Bernardo ele só me fazia mal. E fazia mal aos demais que estavam ao meu redor, o Matheus não tinha nada a ver com aquilo e tinha apanhando por minha culpa! E eu queria provar para o Bernardo que eu não era só dele assim como ele dizia, porque ele podia tudo e eu não podia nada? A vida não era assim e dos mesmo jeito que ele podia eu também tinha esse direito, e eu ficava com quem eu bem entendesse!