Spotted: Behind the Gossip

Capítulo 6- Lose all control (parte 2)


Tradução do título: Perco todo o controle

ps.: Parte 1 - Capítulo 4

"The rain is falling on my window pane but we are hiding in a safer place. Under covers staying dry and warm. You give me feelings that I adore. / A chuva está caindo no vidro da minha janela, mas nós estamos escondidos em um lugar seguro. Debaixo dos cobertores, permanecemos secos e aquecidos. Você me proporciona sentimentos que eu adoro."

(Bubbly, Colbie Caillat)

— Ed, o que aconteceu aqui? — Falei ofegante ainda tentando colocar a cabeça em ordem, enquanto saía de cima dele. Rolei para o lado vazio da cama e ele envolveu-me em seus braços. Ele acariciava minha pele que ainda estava em chamas e demonstrava estar sensível ao seu toque.

— Leighton... — Ele respirou fundo — A gente precisa conversar e não é só sobre o que aconteceu agora, mas pelo que tem acontecido durante esses últimos dias e resultou neste momento. — Ele olhou-me sério.

— Do que você está falando, Ed? — Fiz-me de desentendida, mas, na verdade, eu só queria que ele dissesse o que eu precisava ouvir, porque eu normalmente falava demais e, quando não correspondida, me martirizava de arrependimento.

— Leigh — ele segurou-me pelos ombros — eu não vim até aqui hoje apenas para trazer seu suéter e as coisas que você gosta de comer. — Ele disse enquanto deslizava suas mãos pelos meus braços até encontrar minhas mãos. Meus olhos se arregalaram de curiosidade. Então para que era? Me beijar e me levar à loucura logo em seguida? — Eu vim para me desculpar. — Ele fez uma pausa e entrelaçou seus dedos aos meus. Arrepiei-me novamente.

— Ed, por favor... — Falei encarando suas mãos junto às minhas sem pensar em soltá-las. — Você já se desculpou muitas vezes. Não precisa fazer isso o tempo todo. Acho que o que acabamos de fazer mostra que não há ressentimentos, certo? — Falei com um sorriso atrevido no rosto e ele retribuiu com um sorriso carinhoso.

— Na verdade — Ele me interrompeu — Não me arrependo de nada que aconteceu agora. — Ele sorriu — Eu cheguei aqui sentindo que precisava me desculpar pelo beijo na limusine. Só queria que você soubesse que eu lutei para evitar, mas algo aconteceu dentro de mim quando nossos lábios se tocaram e não deu para ser profissional, Leigh... — Ele balançou a cabeça para os lados em forma de negação. — Depois disso, você saiu correndo e eu não tive tempo de dizer. — Ele disse pausadamente. Sua voz era calma, branda como um sussurro e enchia minha alma de paz. — Eu não queria ter feito aquilo, tinha acabado de conquistar sua confiança e a nossa recente e significativa amizade. Me partiu o coração te ver saindo daquela forma. — Ele abaixou a cabeça e acariciou minha mão.

Imediatamente a lembrança daquela noite veio à minha mente...

[. . .]

— Corta! — O diretor ordenou e esperamos a ordem para retornarmos. Continuamos a nos olhar e aquele momento parecia único.

— Tomada 10, take 13, cena do beijo, parte 1. Sabíamos que aquilo iria demorar, pois a cena seria gravada em diversas partes e provavelmente nos beijaríamos muitas vezes. — Atenção... Ação!

Nos beijamos logo em seguida, pela primeira vez na série. E uma emoção muito grande invadiu minha alma. Eu não sabia como explicar, mas estava emocionalmente ligada a Ed, e ele...

— Você tem certeza? — Ele precisava fazer essa pergunta, porque estava prevista para o momento. Nos beijamos novamente e a técnica ultrapassava os limites éticos da encenação. Foram momentos intensos, aquela cena havia sido escrita para ficar na história e nós estávamos certos de que ficaria. Fizemos vários takes e entre vários "corta" e "ação", trocamos beijos técnicos que não haviam sido ensaiados anteriormente. Isso porque os produtores concordaram que deveria haver uma tensão real de "primeira vez", no início, que se dissiparia no desenrolar da cena. Eles conseguiram captar isso durante a gravação.

Havia um sentimento real por trás e tudo ficou ainda mais claro quando o diretor finalizou a última tomada. Enquanto ele e o câmera-man conferiam a gravação, o beijo, que era estritamente profissional, tornou-se real. Nós estávamos tentando evitar o inevitável a noite toda, mas não conseguimos. Cada vez que nossos lábios se encostavam, durante os takes, eu podia sentir uma atração incontrolável e, depois daquele beijo, eu soube que ele sentia o mesmo.

Por sorte, o diretor e o operador de câmera estavam concentrados nos takes que havia acabado de serem gravados, para certificassem de que nada havia se perdido. Se fôssemos flagrados, colocaríamos tudo a perder.

[. . .]

— Leigh, hey. Você está bem? — Eu estava fitando o vazio com a mente em outro lugar. Naquela noite. Não conseguia me sentir chateada pelo que havia acontecido, afinal, eu me senti estranhamente bem com aquilo. Mas, depois que tudo aconteceu, percebi que outras coisas começaram a me incomodar naquele momento.

— Desculpe... Eu não estava chateada, apenas confusa... — Falei sem força na voz. De um jeito muito anormal, eu finalmente não tinha muito a dizer. Estava hipnotizada pela magia daqueles lábios macios, nostálgica com a lembrança de seu corpo quente e rígido junto ao meu.

— Eu queria vir até aqui e dizer que aquilo não ia acontecer mais, mesmo sabendo que eu teria de me esforçar bastante.

— Acho que você não está se esforçando... — Falei em tom irônico e ele sorriu com os lábios e com a alma, pois pude ver seu rosto se iluminar.

— Eu juro que tentei. Mas, quando você começou a falar sobre o que aconteceu na limusine, eu não consegui ouvir mais nada. Um impulso me trouxe até você. Eu precisava sentir novamente a paz que eu senti na sexta, desde o momento que te encontrei sentada naquela cafeteria, completamente imersa nos textos.

Sorri de forma involuntária porque era surreal demais para ser verdade. Ele era tão romântico e, em alguns momentos, eu acreditava estar vivendo um sonho. Aquilo parecia ser tão certo e concreto, e, ao mesmo tempo, algo me dizia que era errado. Um relacionamento não poderia existir entre nós e sabíamos disso. Eu sabia que seria difícil lutar contra aquele sentimento para evitar que nos machucássemos no final.

— Deixa eu tentar entender... — Soltei sua mão e pousei o dedo indicador no queixo. — Então, depois de tudo isso, você resolveu sair com a pessoa que menos me suporta no mundo inteiro? — Encarei-o séria. Precisava saber de uma vez que estava acontecendo. E o que de fato havia acontecido naquela noite.

— Quem? — Ele fez cara de desentendido.

— Deixa pra lá, Ed. — clima off. Levantei-me e caminhei para o outro lado do quarto. Eu vesti-me apenas com a parte de cima do meu pijama cobrindo a lingerie azul com detalhes em renda. Disfarcei minha irritação fingindo arrumar as fotos que haviam caído. Ele ajeitou-se na cama, cruzou as pernas e os braços, observando-me com um ar de diversão.

— Tudo bem.

— Tudo bem? — Virei-me e caminhei em sua direção como uma bala de canhão. — Você me irrita profundamente às vezes, Ed. Como você não sabe que eu não me dou bem com a Jessica há anos? Ela não te contou nada? Aposto que vocês passaram a noite inteira rindo da minha cara de idiota quando ela disse que vocês estavam juntos.

— Na verdade, eu não sabia... — Ele franziu o cenho e encarou o vazio com uma expressão intrigada. — Espera, do que você está falando? Estávamos juntos? Noite inteira? Que história é essa? — Ele não exprimiu emoção nem esboçou um sorriso.

Permaneci calada, com os braços cruzados, esperando que ele continuasse a falar. Eu não tinha certeza sobre o que estava acontecendo. Ele estava mentindo ou sendo muito sínico comigo.

— Leighton! — ele colocou a mão na testa, como se tivesse lembrado de alguma coisa — Me perdoa por aquela cena. Eu realmente não queria te deixar chateada, mas também não podia desmentir. Estávamos mesmo juntos — Fiquei boquiaberta involuntariamente — Mas, eu posso explicar... — Ele levantou as mãos como autodefesa.

— Não precisa explicar nada. — Caminhei em direção à sacola de quitutes que estava em cima da escrivaninha. Em seguida, virei-me de costas e sentei na cama. Ele acompanhou-me com o olhar. — Eu não tenho nada a ver com a sua vida pessoal, Ed. Além disso, — Fiz uma pausa e encarei-o — nós não temos nada. — Aquelas palavras doeram em mim. Depois do que aconteceu entre nós, não me sentia mais uma na vida dele.

— Você pode até negar, mas, depois do que aconteceu agora, nós temos algo. Mesmo assim, eu tenho que explicar. — Ele insistiu e eu dei de ombros. — Você não vai acreditar no que aconteceu ontem, Leigh. — Ele disse visivelmente empolgado e rolou na cama para sentar-se de frente para mim.

— Aghhr... poupe-me dos detalhes — Fiz cara de nojo enquanto saboreava a lasanha, que estava fria, mas incrivelmente deliciosa.

Ele gargalhou alto.

— Leigh, para de ser ciumenta! — Ele ainda ria.

— Cala a boca! Não tem nada a ver com ciúmes — Falei irritada — Só acho que esse tipo de coisa deve ser evitada na hora da refeição. — Ele soltou outra gargalhada.

— Não é nada disso. Deixa eu explicar a história do começo. — Dei de ombros novamente e continuei minha refeição — Antes de entrar na série, eu criei uma banda com meus amigos que se chama The Filthy Youth. Nós nos conhecíamos desde quando éramos pequenos e tínhamos uma ligação especial. Coisa de irmão, sabe?! — Ele sorriu ao lembrar — Mas, desde quando eu viajei para LA para fazer alguns testes, inclusive o teste para a nossa série, acabamos nos afastando. — Sua alegria se esvaiu e deu lugar a uma expressão triste. Meu coração se enterneceu, mesmo sem saber por que estava contando aquela história. Espero que ele não tenha ficado triste para ser consolado por ela. — Quando eu, finalmente, fui contatado para me apresentar para o piloto, nossa banda acabou de vez, porque eu tive de me mudar para cá e deixar tudo para trás. Você sabe... — Assenti com a cabeça — Foi muito difícil saber que o fim de algo que lutamos muito para conquistar tinha acontecido por minha causa. Me senti um idiota mesquinho, mas não quis olhar para trás porque eu tinha outros sonhos.

— Ed, eu sinto muito... — Acariciei seu rosto e flagrei uma lágrima em seu rosto, limpando-a antes que pudesse rolar. Tadinho. — Deve ter sido muito difícil para você, não imagino o que você sentiu.

— Foi realmente muito difícil. Mas, de repente, algo incrível aconteceu... — Ele animou-se novamente. — Eu tive a oportunidade de consertar o meu erro com os meus amigos. — Sorri com ternura ao observar como ele era sensível e se importava com os mínimos detalhes. — Nesse momento que a Jessica entra na história. — Eu juro que tentei, mas minha feição se transformou. A história estava caminhando muito bem até aquele nome saltar dos lábios dele. — Na quarta feira, — Ele continuou, ignorando minha irritação — eu estava muito chateado porque nossa banda estaria fazendo aniversário e nós costumávamos sair para beber, tocar e comemorar de alguma forma. A Jessica me encontrou enquanto eu estava recordando as lembranças daquela época no camarim. Ela percebeu que algo estava errado e conversamos um pouco sobre isso. Eu contei a ela sobre a banda e a história. Quando eu disse o nome e cantarolei uma das músicas, ela ficou muito animada e disse que tem um amigo que adorava a nossa banda. Achei estranho, porque não éramos tão conhecidos aqui na América. De qualquer forma, fiquei feliz com aquilo. Mas, o melhor momento foi quando ela disse que ele tem um bar que recebe várias bandas para se apresentarem para os clientes. Então, ela sugeriu que eu reunisse os caras para tocarmos na sexta nesse tal bar. Achei que seria a forma perfeita de fazer algo por eles. Por isso, imediatamente, eu liguei para eles e comprei suas passagens para chegarem aqui o quanto antes.

— Tá, eu entendi tudo. Mas, ainda não entendi como essa história resulta no encontro de vocês naquela sexta.

— Aí é que tá, Leigh... Como gravamos até tarde, pedi para os caras me encontrarem no Hard Rock. Nós encontraríamos com a Jessica e ela nos levaria para o local, pois eu também não conhecia o caminho. — Arqueei as sobrancelhas, completamente surpresa e um pouco intrigada com o real motivo.

— Foi só isso? Ela fez tudo isso sem pedir nada em troca? — Franzi a testa. Se ela não pediu, ia pedir. Uma hora, porque ela não dava nada de graça.

— Foi, Leigh. O que mais teríamos para fazer? Você está sendo ciumenta. — Ele riu e apertou meu queixo de leve.

— Chace falou que você dormiu fora então eu achei que... — Droga! Agora eu agi como uma ciumenta, pensei e sorri para disfarçar.

— Ele falou isso para provocar, eu fui levar meus amigos conhecer alguns lugares daqui antes de almoçarmos. — Ele parecia estar se divertindo com aquela situação.

— Droga, Chace me paga amanhã! — Falei irritada por aquele constrangimento.

— Ei, — Ele chegou mais perto e seguro minha face com as palmas das duas mãos, deixando-me imóvel — eu até que gostei de te ver enciumada assim, significa que você se importa. — Ele se aproximou mais até nossos narizes se tocarem. Nossos lábios se encontraram, mas fomos interrompidos pela TV, que ligou automaticamente e nos assustou. Foi um sinal.

— Ops... — Me afastei e pus-me a levantar.

— Que merda foi essa? Tem fantasma aqui? — Ele falou meio desnorteado e visivelmente decepcionado.

— Não! — Ri — Eu deixo a TV programada para assistir Gossip Girl todos os domingos.

— Sério? — ele coçou a cabeça — Eu não gosto de ficar me vendo. Ainda não estou acostumado. Chuck é tão diferente de mim e às vezes eu quero soca-lo.

— Ele é seu ganha-pão, amor. Hoje você vai assistir! Eu também não sou "boa coisa", mas estamos nessa vida sombria juntos. — Seu rosto se iluminou e alegrou-me. — Vou tomar um banho, me espera.

— Claro! Para onde eu iria? — Ele deu uma piscadela e se jogou na cama.

Tomei um banho rápido e tirei aquele pijama que já tinha passado por fortes emoções. Substituí a peça por uma calça legging de poá, nas cores preta e branca e uma t-shirt cinza.

— Demorei? — Falei quando voltei para o quarto.

— O bastante para eu sentir sua falta. — Ele apoiou-se na cama com os cotovelos e falou com um ar galanteador. Eu abaixei a cabeça e não pude esconder o sorriso. Ed me fazia sentir como uma menina de 15 anos vivendo seu primeiro amor e eu estava claramente gostando daquela situação.

— Já começou?

— Não.

— Vou fazer uma pipoca pra gente, você quer?

— Claro! Por que não? — Ele levantou-se e me seguiu pelo corredor.

— Ai, não aguento mais esse frio dessa sala. Vou contatar um técnico amanhã. — Eu estava sem casaco e a troca de ambiente me fez sentir congelada.

Sem hesitar, Ed abraçou-me pelas costas e me deu um beijo na nuca, fazendo com que eu me arrepiasse um pouco. Caminhamos assim até chegarmos na cozinha. Peguei o saco e coloquei-o no micro-ondas. Em seguida, apoiei-me na bancada para esperar e cometi o erro de encará-lo por alguns segundos.

Não me contive dessa vez, e puxei-o para junto de mim, beijando-o com vontade. Ele, por sua vez, apertou-me contra o seu corpo e deixou suas mãos deslizarem por minha coxa e apertou-a. Mordi de leve seus lábios ao mesmo tempo. Ele exprimiu um som de satisfação e levantou-me, colocando-me sobre o balcão. Eu afastei as pernas para que ele pudesse se encaixar e cruzei-as puxando-o ainda mais para perto. Ele beijou minha nuca e fez leves sucções. Quanto mais intensos eram nossos beijos, maior era o desejo que emanava de nós. Ed não estava como há algumas horas quando transamos pela primeira vez. Ele parecia sedento, desejoso por mais, mais e mais. Estávamos prestes a nos entregarmos novamente, quando o micro-ondas apitou e o cheiro de pipoca quentinha subiu. Nos olhamos, surpresos com aquela "recaída" e ao mesmo tempo com um sentimento paixão e malícia. Voltamos a nos beijar, sem dizer uma palavra, ignorando os sinais do aparelho e os riscos. O que estávamos fazendo parecia ser mais interessante.

— Leigh, eu vou acabar ficando viciado nisso — Ele falou com os lábios grudados aos meus e os olhos fechados enquanto colocava a mão dentro da minha blusa e arrancava meu sutiã sem nenhum pudor.

— Você só tem a ganhar com isso! — Desabotoei sua calça e puxei para perto por precisava sentir seu corpo quente e desejoso junto ao meu.

— Ah... eu não duvido. Você é tão linda! Tão... — Ele parou tudo e olhou-me dos pés à cabeça, parando exatamente próximo aos meus olhos, mantendo-os fixamente parados diante dos meus. — Tão deliciosa. — Tudo dentro de mim estremeceu. De alguma maneira, eu me sentia agradecida quando nossos olhares se encontravam, porque, nesse momento, eu conseguia sentir em paz e completa. Era como se Ed preenchesse todos os meus vazios e aniquilasse todas as minhas dúvidas. Mas, como tudo havia acontecido tão rápido? Como ele me ganhou dessa forma de um dia para o outro? A verdade é que o que estava nascendo entre nós era muito mais intenso e profundo do que eu poderia imaginar ou explicar. Era como se nossas almas precisassem da presença do outro para sobreviverem. Era surreal.

— Ed, você não tem noção do quanto eu... — Fui interrompida pelo som da campainha. — Que saco! — Exclamei frustrada.

— Calma, Leigh. Quem será? — Ele falou com um tom muito calmo e baixo para não fazer muito barulho.

— Não faço ideia, mas só sei que ninguém pode te ver aqui. — Pulei do balcão e andei na ponta dos pés até a porta.

— Por quê? — Ele resmungou enquanto ajeitava a bagunça que havíamos acabado de fazer.

— Tomara que não seja alguém da família, senão estaremos ferrados. — Eu andava de um lado para o outro aflita. — O que eu vou fazer?

— Atende! Eu vou lá pro quarto e fico escondido — Ele sussurrou de longe, em seguida, pegou a pipoca no micro-ondas, colocou-a em uma vasilha e moveu-se depressa. — Te espero lá — Piscou de leve e correu para o quarto.

Aff, não dava para resistir.

— Anda, Leigh!!! Eu sei que você tá ai! — Blake bateu com força na porta e fiquei extremamente apreensiva.

— Pe... pe... pera, B. — Eu era o tremor em pessoa. Não sabia o que fazer para manda-la embora dali.

— Anda, Leigh! É urgente...

— Calma, tô aqui — Abri metade da porta porque estava sem sutiã, com uma blusa larga, os cabelos alvoroçados e com o rosto visivelmente ruborizado, como se eu tivesse acabado de fazer uma atividade física no sol.

— Oi, desaparecida. Abre a porta, preciso entrar!

— O que você quer, Bla? — Falei com apenas com a cabeça para fora do corredor, congelando de frio.

— Quero entrar para pegar minha bolsa que ficou aqui. — Ela conseguiu empurrar a porta e entrou, deixando-me a ver navios com os braços cruzados sobre os seios. Observei-a saracoteando pela sala e torci para ela não pensar em ir ao quarto.

— Está tudo aqui! — Ai, graças a Deus, olhei para o alto e respirei fundo. — O que você está fazendo por aqui?

— Nada... eu só...

— Amor! — Ah não! Chace havia chegado logo em seguida e foi adiantando-se para dentro do apartamento.

— Oi, bro! — Falei sem emoção. O que vocês estão fazendo invadindo minha casa desse jeito? Alguém explica!

— Que frio é esse, Leigh? — Ele perguntou esfregando os braços.

— Quebrou o aquecedor. — Apontei para o aparelho.

— Vamos pra minha casa com a gente, Leigh. Vai ficar fazendo o que aqui? — Blake disse enquanto colocava a bolsa embaixo do braço.

— É, vai ser legal — Chace passou o braço por cima do meu ombro. — O Penn vai estar lá, a gente liga pro Ed. Que, aliás... está sumido, você falou com ele hoje, Leigh? — Ele pareceu preocupado.

Fiquei quieta para não gaguejar e apenas neguei com a cabeça, fazendo muito esforço para não rir. Ou chorar.

— Ah, vocês são uns anjos. Eu agradeço. Mas, hoje eu não estou afim de sair de casa, ainda mais em uma chuva como essa. Obrigada pela visita. — Tentei empurrá-los para fora sutilmente.

— A gente fica aqui com você! — Blake retrucou com um olhar animado.

— NÃO! — Berrei, desesperada.

— Calma! Você está muito esquisita ultimamente. — Chace encostou na parede que ficava ao lado da porta. — Era sempre a primeira a reunir todo mundo para algum programa.

— Mas eu não mudei. Só estou muito cansada e vocês precisam entender. Semana que vem eu prometo que vou marcar alguma coisa muito legal pra nós todos.

— Promete? — Blake fez um biquinho e me abraçou — Quero que você fique bem!

— Eu estou bem, só estou com sono. — Falei e exprimi um olhar meio caído.

— Tadinha, tá até com a carinha de acabada. — Blake apertou de leve minha bochecha e eu fiz cara de sofrimento. Privilégios de ser atriz.

— Então descansa, minha linda. Amanhã quero te ver maravilhosa no set. — Chace beijou-me na testa e caminhou para fora. — Ufa!

— Tchau, amiga. Fica bem! A gente se vê amanhã e conversamos melhor. — Ela abraçou-me novamente e os dois saíram.

Nossa, que amigos inconvenientes...

— Leeeeeeeigh — Ed berrou do quarto. — Já começou!

Corri para não perder nenhum detalhe.

— Ah, eu estava louca para ver esse episódio. É o primeiro episódio na escola... eu enchi a paciência da Blake na cena do jogo. Ela levou uns empurrões de verdade — 1x03.

Ele gargalhou.

— Você está ficando malvada de verdade. Faz maldade comigo, com a Bla...

— Para!!! — Dei um empurrãozinho de leve em seu ombro e ele beijou minha mão.

Nos aconchegamos na cama, abraçados e saboreamos nossa pipoca enquanto assistíamos.

— Sabe o que eu não entendo? — Virei para ele — Como você apareceu no dia da primeira reunião. Eu lembro de você ter saído antes do último teste. O que aconteceu?

— Ah, você acredita em milagres?

— Depende...

— Eu me inscrevi para o papel de Nate, porque eu acho que me pareço muito mais com o personagem.

— Zona de conforto...

— Exato, mas não deu certo e eu fui desclassificado. Depois de quase um mês, me ligaram pra eu tentar de novo para fazer o Chuck. Falei três frases e disseram que eu estava dentro.

— Eles acertaram em cheio, porque você já é o personagem. Não consigo imaginar outra pessoa fazendo isso. Nem me imagino contracenando com mais ninguém.

— Obrigado, Leigh. Estou me esforçando bastante, principalmente para fazer o sotaque americano.

— Eu amo esse seu sotaque, sabia?

— Só o meu sotaque? — Ele sorriu galanteador.

— Sim! — Sorri e beijei a ponta do seu nariz.

— Leigh — Ele olhou-me sério — O que acontece com a gente quando esse dia acabar e colocarmos os pés na realidade?

— Eu não sei... — Falei um pouco chateada pela lembrança. Queria ficar naquele cativeiro para sempre. — Eu acho que devemos levar as coisas com naturalidade, sem pressão ou compromissos. Precisamos nos conhecer melhor antes de tomarmos qualquer decisão. Você sabe que nada pode dar certo entre nós.

— Eu entendo. — Ele falou cabisbaixo, como se tivesse sido atingido por um dardo. — Mas, ao mesmo tempo, eu não consigo entender. Leigh, olha para nós... somos jovens, solteiros, ganhamos bem e estamos visivelmente apaixonados. Que mal tem nisso?

— Josh... Eu não quero perder tudo. — Olhei para baixo e fitei minhas mãos que estavam inquietas de nervoso pelo rumo daquela conversa.

— Eu acho que devíamos nos dar uma chance. Que não seja agora, que seja no futuro. Só me deixe ter a esperança de que um dia eu vou te ter.

Ele foi enfático e profundo nas palavras como se esperasse por isso há muito tempo e aquilo aqueceu meu coração.

— Eu topo, mas com uma condição. — Sorri — Vamos com extrema calma, cautela e precaução. Não quero que esse carinho que há entre nós morra do dia para a noite porque nos precipitamos. Ainda mais.

— Claro, Leigh. — Ele me abraçou animado.

— Isso não vai prestar... — Ri de forma divertida.

— Sabe o que não vai prestar, Leighton Meester? — Encarei-o de forma divertida, enquanto ele me puxava para cima dele — O que nós vamos fazer agora!

[...]

Dormimos abraçados como um casal de verdade. Depois de muitas carícias e palavras carinhosas, finalmente adormecemos. Nos braços de Ed, eu me sentia protegida. Quando estava perto dele, a pressão atmosférica ficava leve e eu sentia palpitações agradáveis em meu coração. Estava tudo bem, estava tudo certo e nada precisava mudar.

— NÃO!!! — Acordei com o meu próprio grito no meio da noite. Estava assustada e sem noção do que era real e o que era parte de um pesadelo. Ed, prontamente, me socorreu. Beijou-me no topo na cabeça e abraçou-me até que o tremor parasse. Eu estava apavorada, como se tivesse estado frente a frente com a morte. Minha respiração estava pesada e eu fazia um esforço muito grande para me acalmar, tentando apagar da minha mente as cenas horríveis daquele pesadelo.

— Calma, Leigh. Eu estou aqui. Respira — Ele me abraçava forte. Eu fechava os olhos com força para tentar assimilar as coisas. O quarto estava escuro e sombrio como o sonho recente. A única iluminação era a da rua, que escapava por uma fresta da cortina. Quanto mais forte Ed me abraçava, mais as lágrimas se formavam em meus olhos. — Eu vou cuidar de você, fica tranquila. — Ele disse com carinho e eu pus-me a chorar. Parecia que ele sabia exatamente o que eu estava pensando, que eu sentia medo. Medo de estar sozinha e vulnerável ao mal, assim como no passado.

Os fantasmas de um passado recente ainda viviam em mim e eu já estava cansada de viver com eles. Esses fantasmas me impediam de seguir em frente, de me apaixonar e ser feliz. Ed representava uma libertação, mas, depois de sonhar com o que mais eu temia, a dúvida voltou a pairar sobre a minha cabeça. A culpa é sua, a culpa é sua. A culpa de tudo isso é sua, Leighton. Aquelas palavras não saíam da minha cabeça. Você me faz mal, você é o meu mal. Lembro-me de pronunciar essas palavras já sem força, sem ar, sufocada pelo mal em forma de pessoa.

— Conta pra mim, Leigh. O que aconteceu? — Eu ainda soluçava em meio as lágrimas.

— Na-a-da... Foi só um sonho. — Respirei fundo.

— Mas eu não aguento te ver assim sem saber o que aconteceu. Você está muito abalada. Não pode ter sido só um sonho. — Sua voz transparecia preocupação e temor.

— Não se preocupe, só não me deixe sozinha. Não vá embora.

— Eu não vou, eu não vou, Leigh... Nunca mais.

— Obrigada — falei mais calma e aos poucos ele adormeceu.

Fui à cozinha pegar um copo de água e, quando voltei, observei-o dormir por um instante. Ele parecia estar em paz consigo mesmo porque estava com um sorriso estampado no rosto. Era tão engraçado como nos conectamos tão rapidamente. Havia um sentimento novo em meu coração, diferente de tudo que eu havia sentido. Era doce e leve, me fazia feliz. Queria sentir essa paz interior pelo resto da vida. Será que ele seria o caminho da minha libertação? Será que eu poderia me ver finalmente livre dos meus medos?

Ele me fazia sentir coisas adoráveis por dentro que iam além da atração física, beijos quentes e desejo. Me peguei com um sorriso no rosto ao lembrar de tudo que passamos nas últimas horas, ou nos últimos dias. Quem diria que algo tão bom viria de um café da manhã inusitado?

Voltei para o lado dele e me aconcheguei em seu abraço quente. O medo havia passado. Estávamos escondidos em um lugar seguro e não nos importávamos com a chuva que caía do lado de fora. Eu estava perdendo o controle daquela situação, mas eu não me importava mais. Porque, onde quer que aquilo fosse parar, eu sabia que poderia contar com ele e que, sempre, de alguma forma, estaria feliz e com um sorriso no rosto provocado por um sentimento bobo, inocente e descompromissado, assim como eu estava me sentindo naquele exato momento.

Feliz. Completa. Maravilhada.