Spotted: Behind the Gossip

Capítulo 4- Lose all control (parte 1)


Título: Perco todo o controle

"You've got me feeling like a child now [...] 'Cause everytime I see your bubbly face I get the tingles in a silly place. It starts to my toe and I crinckle my nose. Wherever it goes, I always know that you make me smile, please stay for a while now, just take your time [...]" /

"Você fez eu me sentir como uma criança agora, porque toda a vez que eu vejo seu rosto animado, sinto arrepio em um lugar bobo. Começa nos dedos dos pés e me faz torcer o nariz... Para onde que que isso for, eu sempre saberei que você me faz sorrir. Então, por favor, fique por um instante. Não tenha pressa [...]"

(Bubbly, Colbie Caillat)

XXX

A manhã de domingo surgiu ensolarada, mas, dentro do apartamento, fazia frio. Havia sido uma madrugada intensamente gelada e o aquecedor fazia um grande esforço para manter a temperatura agradável naquela manhã. Sem sucesso.

Ao abrir os olhos, fechei-os novamente. Estava muito cansada para sair da cama. O dia de sábado tinha sido cheio. Realizei uma sessão de fotos, que tinha tudo para ter sido uma experiência agradável, se não fosse pela ressaca que a noite anterior havia me proporcionado e uma foto misteriosa que muito me intrigou.

Levantei-me com muita dificuldade e encarei a montanha de cobertores com um olhar triste, questionando-me sobre a necessidade de acordar cedo no domingo pela manhã. Entretanto, teríamos gravação logo cedo e eu não havia estudado nem metade dos textos.

Para espantar a preguiça, enchi a banheira com água aquecida e mergulhei de uma vez, com muito cuidado para não molhar os fios de cabelo que estavam soltos devido a um coque mal feito. Permaneci imersa durante os trinta minutos seguintes, ainda refletindo sobre os acontecimentos daqueles últimos dias.

Retirei-me e vesti-me rapidamente com um pijama quadriculado nas cores vermelha e branca. Sim, era um pijama de natal, porém era quente, confortável e tudo que eu precisava em um dia como aquele. Caminhei vagarosamente pelo corredor em direção à cozinha. Preparei um café forte e bem quente e o degustei observando a vista através da janela da sala.

Quando eu estava procurando um lugar para fixar residência, escolhi aquele flat justamente pela forma como arquitetaram a sala. Sei que soa estranho, mas eu sempre fui apaixonada por decoração. A parede que ficava ao lado direito era composta por janelas em toda a sua extensão. Minha admiração por ambientes bem arejados, com tons pastéis e toque vintage nasceu quando eu comecei a viver em Los Angeles. Encontrar um lugar que possuía todas essas características e uma vista perfeita da minha cidade favorita era um sonho realizado. Me sentia em casa.

Enquanto observava a movimentação da cidade através da janela, pude perceber que o sol estava perdendo a força e começando a dar lugar a nuvens escuras.

Já passava das dez da manhã quando meu telefone começou a tocar novamente. Hesitei para atender acreditando que seria Ed novamente. Quando finalmente tomei coragem, vi que era a Blake.

— Bom dia, raio de sol! — Suspirei de alívio. A voz dela emanava energia e animação mesmo à distância. — Sai da cama e se veste que eu vou te buscar para fazermos um brunch antes de nos encontrarmos com os outros.

— Você só pode estar ficando louca! — Fui direta, sem nem ao menos dar "bom dia" — Eu já disse, no sábado, que eu não vou. — Falei com naturalidade — Ontem eu confirmei, você não recebeu a minha mensagem? Estarei muito ocupada hoje, não vai rolar. — Disse sentando-me no sofá com as pernas cruzadas em formato de borboleta.

— Ah, Leighton, para de ser antissocial. — Ela usou um tom de descontentamento. — É só um almoço com a família para conhecermos o novo diretor. Qual é o problema?

Nos referíamos aos atores do elenco como "família" o tempo todo, porque de fato éramos.

— Problema nenhum, Bla. — mantive o tom de voz calmo — Eu só não quero ter que ficar sentada durante horas perto de Josh e, ao mesmo tempo, de Ed enquanto a situação não for resolvida.

— Leigh, você pode mentir para mim, mas não pode mentir para você. Só quero que você saiba que você vai precisar encontrar o Ed amanhã, depois de amanhã e durante muitos dias até março de 2008.

— Não é pelo Ed. Eu não quero ir e fim de papo. — bati com força no sofá — Além disso, tenho muitas cenas para estudar e essa semana não vai ser nada fácil. Você deveria estar em casa estudando também.

— Leigh, por favor! — Ela implorou com uma voz de criança em loja de brinquedos.

— Não. — Fui breve e firme.

Ela bufou.

— Blake, vai e se divirta com o Penn e com todo mundo lá. — Continuei falando — Diga que eu sinto muito, mas não estou no clima.

— Mas, Le...

— Adeus, Blake. Até amanhã! — Interrompi de maneira nada sútil e, certamente, ela se vingaria disso de alguma forma. Preferi encarar as consequências.

Desliguei e respirei fundo. A verdade era que eu realmente não queria ir naquele almoço, e o motivo... estava estampado na minha cara. Estava evitando qualquer tipo de contato com Ed. Eu queria saber se a distância faria aquela chama, que havia se acendido na sexta, se apagar. Tudo que eu desejava era voltar à estaca zero e agir como eu normalmente reagia com caras simpáticos: ser grossa e, então, os afastar. Mas, com ele foi diferente e isso me deixava perplexa. Eu não sabia explicar por que eu estava me sentindo daquela forma. Ao mesmo tempo que eu queria exterminar qualquer tipo de borboletas que voavam no meu estômago, eu queria estar lá, perto dele, para saber se era real, para o conhecer melhor e deixar a vida nos conduzir ao nosso destino.

Mas, isso não ia acontecer. A verdade é que eu tinha medo de sofrer novamente. Por isso, eu sempre me fechava e acabava sendo grossa demais com os caras por quem me interessava, não era pelo fato de ser orgulhosa, muito menos metida. A vida já tinha me atropelado uma vez e eu não queria sentir aquela dor novamente.

Meu telefone voltou a tocar e eu cheguei a acreditar que haviam colocado meu número no jornal.

— Fala. — Falei sem emoção. Estava tão distraída que não observei o número.

— Meu amor, cadê você? — Ah, finalmente uma voz amiga. Meu rosto se iluminou naquele exato momento.

— Chace!!! — Falei visivelmente animada — Estou em casa, oras. — Usei um tom divertido. Chace, que interpretava Nate na série, era para mim como Lex, meu irmão. Tínhamos um carinho descomunal um pelo outro e se iniciou no começo das audições para a série.

Lembro-me perfeitamente do dia em que nos conhecemos. Eu já estava pronta para fazer outro teste, mas era o teste com caracterização e eu estava perfeitamente adornada como Blair Waldorf. Após pegar a minha credencial, entrei na sala de espera encontrei um lugar para sentar. Meu estômago estava embrulhado e eu me sentia prestes a pular de paraquedas. Ou pular fora.

Chace entrou na sala com trajes esportivos e chinelos e sentou ao meu lado. Ele despertou minha atenção sem fazer muito esforço, apenas fez uso de seus 1,80 de altura, cabelos loiros e despenteados e um belo par de olhos azuis. Ele era tão gato que eu decidi cumprimenta-lo com um "olá" acalorado. Ele sorriu e me cumprimentou de volta dizendo que o papel já era meu: "Tira logo essa placa, o papel é seu", essas foram as palavras dele. No mesmo dia trocamos telefones e endereços das redes sociais, que eram limitadas naquela época, depois daquele dia não paramos mais de conversar. Era como já nos conhecêssemos a vida inteira. Ele sempre foi muito brincalhão comigo e divertia-se com o meu jeito dramático de levar a vida.

Eu o chamava de anjo porque ele foi uma dádiva na minha vida durante todo o processo seletivo para a série. Apesar de tudo, eu nunca nutri nenhum tipo de sentimento afetivo por ele nem ele por mim. Isso ficava muito claro quando ele dizia: "Se tudo der errado, eu faço o favor de casar, Leigh", para referir-se à minha saga de relacionamento falidos. Não tinha como questionar, ele era uma mistura de irmão com bff (best friend forever) e não havia maneira de enxergá-lo de outra forma, ainda que interpretássemos um casal na série.

— Vou te buscar.

— Pode vir, mas você vai me encontrar de pijama e eu vou sair de casa assim mesmo. — Sorri por já saber a resposta que viria a seguir.

— Eu vou adorar de tirar de casa com esse pijaminha da sua avó, vai ficar uma graça em algum outdoor na Times Square. — Ele gargalhou e eu sorri sem emitir som.

— Errou, estou com o pijama do natal passado. — Ele resmungou do outro lado, porque costumava adivinhar e acertar. — Mas, falando sério, Chace... eu não vou sair hoje. Eu estou muito atolada com os textos e ontem eu passei o dia na Seventeen. Além disso, estou chateada com algumas coisas que aconteceram. — Fechei os olhos, as lembranças apertavam meu coração. Só conseguia pensar em Ed saindo com a Jessica do Hard Rock e na cara de satisfação que ela fez ao levá-lo para longe. De mim.

— Você está bem? Vamos conversar sobre isso mais tarde, tá bom? A não ser que você queira que eu vá agora... — Ele usou um tom firme, como se estivesse expressando uma ordem.

— Está certo, bro. Estou bem, apenas um pouco cansada, não se preocupe. Aproveite seu domingo, você estava ansioso por isso. — Nos tratávamos como "bro" e "sis" ("mano" e "mana"). Eu usei a velha desculpa com ele também, pois queria esconder a verdade a todo custo. Por mais que fôssemos muito próximos, aquele segredo era muito pessoal para ser revelado assim. Não era porque eu não confiava nele. Era simplesmente porque ele dividia um apartamento com Ed e os dois eram como unha e carne. Dois copos de cerveja e todos os meus segredos poderiam ser jogados ao vento.

— Eu entendo e respeito, minha princesa. Mas, nós dois sentiremos sua falta. — Gelei na hora. Nós dois? Ed? Ele riu e eu o ouvi cochichar com alguém próximo as palavras "é ela, sim".

— Também sentirei sua falta. Aproveite por mim... Espera aí! Nós, quem?

— Nós dois aqui. Espera, tem alguém querendo falar com você.

— Não passa o telefone, Christopher. — Gritei. Eu o chamava pelo primeiro nome quando estava irritada. Mesmo assim, ele me ignorou.

— Olá, estão todos querendo saber onde está a estrela. — Minha alegria desapareceu.

— Jessica? — Eu tentei não parecer decepcionada, mas aquela era a última voz que eu gostaria de ouvir naquela hora.

— Eu mesma, querida. Não reconhece a minha voz? — Ela falou com uma voz simpática. E eu, logicamente, estranhei. Ela parecia ter se esquecido de quão bem eu a conhecia.

— É claro que sim, só estranhei você querer falar comigo. O que teríamos para conversar? — Fui sincera.

— Olha, Leigh, vamos deixar o passado para trás. — Ela usou o mesmo tom que costumava usar quando éramos amigas, um tom amigável e compassivo. Aquilo desmantelou meu coração. Sentia saudade da nossa amizade, ela foi a pessoa que esteve ao meu lado durante toda a adolescência. O fim da nossa amizade ainda era difícil de entender e aceitar. Entretanto, a vida me ensinou a encarar as coisas sozinha depois que minha melhor amiga me abandonou no momento que eu mais precisei. — Queria que você viesse, pois preciso muito conversar com você. Além disso, tá todo mundo aqui no brunch da Blake. Daqui, iremos direto para o almoço no clube com o diretor. — Ela fez uma pausa. — Ed está mandando um beijo. Vem, Leigh, só falta você.

Ed estava mandando beijo para mim por ela? Que atrevido! Aquele tipo de atitude não fazia o estilo dele e isso me irritou profundamente. Queria estar lá só para não deixar ele se aproximar dela. Afinal, eu era a prioridade. Ou pensava ser.

— Seja qual for o assunto dessa conversa, acho que você pode esperar mais um dia, Jessica. Afinal, eu esperei três anos para saber o motivo de você ter iniciado uma guerra contra mim na escola, por ter me deixado passar por tudo aquilo sozinha. Eu não quero ir e não é você que vai mudar a minha opinião. Eu quero voltar a falar com o Chace. Devolve o telefone para ele, por favor. — Bufei. Ela não me respondeu e fez exatamente o que eu havia pedido.

— Oi, lindinha.

— Chace, você me paga! — Meu sangue estava quente e minha cabeça ameaçava explodir a qualquer momento. Eu estava reprimindo a vontade de gritar poucas e boas para Jessica no telefone, mas me contive. Sabia que não valeria à pena.

— Desculpe, eu achei que você não se importaria em falar com ela, já que agora vocês precisam estar em contato regularmente.

— Regularmente... ainda bem! Minha sorte é que ela está só de passagem pela série. Se fosse efetivada, eu não sei se ia aguentar.

— Ai, ai, você não tem jeito. Se bobear, vai guardar a mágoa até o fim da vida.

— Bro, você sabe se o Ed dormiu em casa ontem? — Mudei de assunto de repente, pois estava ansiosa para saber o que havia acontecido na sexta. A angústia estava me matando por dentro.

— Se dormiu, não estava mais em casa quando eu acordei. Mas, por que a pergunta?

— Por nada, ué! — Minha voz saiu aguda e isso era um sinal claro de que eu estava mentindo. Para o meu azar, ele sabia disso. Torci para ele não ter notado e inventei uma história sem sentido — Blake disse que ligou para ele na sexta à noite, mas ele não atendeu, então ela me perguntou e eu disse que ia procurar saber. — Foi a coisa mais estúpida que eu já disse nada vida, eu estava perdendo a sensatez — Mas, não é nada... muito obrigada, beijo, tchau. — Falei sem pausas, para não dar a ele a chance de falar e desliguei. Certamente ele ligaria mais tarde para perguntar novamente e eu terei ganhado tempo para bolar algo mais elaborado.

Não pareceu, mas aquelas palavras fizeram meu corpo paralisar. Será que Ed não tinha dormido em casa? Ou ele tinha saído cedo para correr? Por que eu estava levantando questões sobre o paradeiro de Ed? Por que será que ele era meu primeiro pensamento ao acordar e o último ao dormir? Por que a ideia de ele ter passado a noite com a Jessica me apavorava tanto? Por que eu havia deixado aquilo acontecer comigo? Era uma loucura sem tamanho e eu não queria admitir.

Ignorando àquelas perguntas sem resposta, decidi fazer algo útil para ocupar a mente. Reuni todos os scripts das próximas gravações e comecei a ler, estranhando o frio que estava fazendo em minha sala. Regulei o aquecedor mais uma vez, mas nada mudava. Então, eu decidi voltar para o quarto e estudar debaixo dos meus cobertores.

Algumas horas se passaram e eu consegui dar conta dos primeiros textos que seriam trabalhados. Tentei não pensar em Ed, mas foi impossível. Estávamos prestes a gravar uma série de episódios juntos. Haveria mais beijos, mais intimidade e mais ataques cardíacos. Eu estava fazendo um esforço muito grande para ser profissional, mas aquilo estava tomando proporções gigantescas. Estava fora do meu controle. Mas, afinal, que tipo de sentimento era aquele?

Quando olhei para o relógio, percebi que já passavam das 17h e eu não havia comido nada. Arrependi-me de não ter ido ao almoço, todos estavam em um renomado restaurante italiano e eu, em casa, com desejo de lasanha à bolonhesa.

Peguei o telefone para pedir alguma comida rápida, disquei o número e olhei pela janela para observar a chuva que já caia com força. Antes que eu pudesse apertar o botão de chamar, o aparelho vibrou. Sorri ao ver que era minha mãe. Conversamos por aproximadamente quinze minutos e eu acabei desistindo de pedir a comida. Contentei-me com um pedaço de torta de maçã que estava guardada na geladeira e um copo de leite aquecido.

Voltei para o quarto e liguei a TV, meu coração bateu forte quando vi a chamada para o novo episódio de Gossip Girl que seria exibido naquela noite. Eu adorava aquela sensação de estar me apresentando em rede nacional. Me peguei sorrindo ao ver Ed dizer: "I'm Chuck Bass" para justificar a sua aceitação em uma faculdade da Liga Ivy. Suspirei fundo e precisei aceitar que eu nunca mais ouviria aquelas palavras sem sentir um arrepio interno.

A campainha tocou e eu corri para atender. Certamente era Chace para saber a fofoca ou Blake para fazer a cobertura completa do sobre os acontecimentos da tarde, por isso não preocupei-me em trocar-me ou pentear os cabelos. Abri a porta e...

— Feliz Natal, Leighton. — Ele riu de forma sedutora e falou fazendo menção ao meu pijama quadriculado.

Me arrependi de não ter penteado o cabelo.

Fechei os olhos, temendo acreditar no que eu estava vendo. Ed estava parado na porta do meu apartamento, encharcado pela água da chuva e carregando uma sacola por baixo do sobretudo marrom. Eu não tinha ideia do quanto me fazia bem ouvir aquela voz. Seus lábios tremiam por conta do frio e eu tremia de nervoso. Seus olhos estavam caídos. Ele estava ofegante e incrivelmente charmoso. Mas, afinal, o que ele fazia em minha porta no meio daquela chuva torrencial?

— Ed... — fiz uma pausa dramática — O que você está fazendo aqui molhado desse jeito?

— Você não atendeu nenhuma das minhas ligações, — ele disparou e não se moveu. — então eu vim pessoalmente.

— Para quê? — Perguntei sem pensar.

— Para te dar isso. — ele estendeu a sacola que estava guardando no casaco e me entregou. — É o seu suéter. Ele ficou comigo esses dias todos, depois que você esqueceu no camarim feminino. — Ele me encarou e sorriu carinhosamente, como se estivesse saltando de alegria por dentro.

Ele havia ligado mais de 30 vezes e ido ao meu apartamento, em um dia de chuva como aquele, só por causa de um suéter? Eu não acreditei que esse tenha sido o único motivo, mas torci para que fosse verdade.

— Obrigada, Ed. — Peguei a sacola e senti que suas mãos estavam frias — Mas, você não precisava trazer hoje, ainda mais com esse temporal...

— Não foi incômodo algum.

— Como não? — Sorri de forma irônica — Olha só para você, está morrendo de frio.

— Não tem problema, Leigh. Achei que você gostaria de comer um pedaço de lasanha. — Não acredito! Abri a sacola para conferir. — Agora eu tenho que voltar, espero que goste. — Ele segurou minha mão e beijou-a. Em seguida, moveu-se em direção ao elevador.

— Ed... — Minha voz saiu quase como um sussurro, um grito desesperado que saiu do fundo da alma.

— Leighton... — Ele se virou e nossos olhares se encontraram. Se estivéssemos gravando, uma música começaria a tocar no fundo e abafaria o som de nossas respirações ofegantes e corações acelerados. Eu respirei fundo e, naquele exato momento, eu deixei minha alma falar. Eu não ia conseguir evitar, não conseguiria esconder. Eu precisava admitir para mim mesma que eu havia me apaixonado em apenas dois dias. Que tinha ido contra os meus princípios. Mas, era o sentimento mais estranho que eu já havia tido, era algo avassalador e que tinha a capacidade de me matar por dentro se eu tentasse reprimir. Apenas por um dia, eu precisava deixar de sentir medo.

— Fica! — Eu falei com extrema sinceridade. Era tudo que eu mais queria. Era tudo que eu queria dizer na sexta à noite quando ele saiu com a Jessica. — Eu não posso deixar você sair nessa chuva. — Usei como desculpa. Ele estava mudo — A gente pode esquentar a lasanha para comer, eu não me importo em dividir. — Eu insisti e ele projetou um sorriso tímido — Mas, não vá...

— Eu não irei a lugar nenhum. — Ele sorriu e minha alma retribuiu sorrindo de volta.