Spies

Capítulo 22 - Haunted


Lucas estava radiante de felicidade. Ele estava beijando Isabella e ela não estava o evitando. Pelo contrário, estava deixando acontecer.

O beijou terminou e os dois apenas ficaram se olhando e sorrindo. Ele ainda estava com as mãos na cintura dela, assim como ela ainda estava com os braços em volta de seu pescoço. Era agora ou nunca, Lucas precisava falar. Ele não iria gaguejar ou ficar nervoso, muito menos enrolar. Só falar claramente e sem medo da resposta.

– Bella, eu te amo. – ele disse. Nem deixou ela falar nada, começou a disparar o discurso que já tinha ensaiado na frente do espelho tantas vezes. – Desde que eu te vi pela primeira vez.

– Lucas... – ela ainda estava sorrindo.

– Deixa eu terminar. Você é tão bonita que parece uma deusa grega. Tão inteligente. Sensível e ao mesmo tempo a mulher mais forte que já conheci. E eu sou tão...

– Lucas... – ela ainda estava achando graça, sorrindo.

– Misteriosa, com segredos... E eu não me apaixonei somente pelas coisas boas, mas também pela raiva, estresse, carrancas, gritos, distração... Eu...

– LUCAS! – ele finalmente prestou atenção nela. – Cala boca e me beija!

Ela o beijou e ele se surpreendeu, mesmo assim retribuiu. Ele estava mais que feliz agora. O beijo acabou e Isabella gritou:

– Eu também te amo!

Ela o abraçou e continuou:

– Como eu queria dizer isso pra você, Lucas.

– Eu também!

Mas de repente, ela o soltou e olhou para ele nervosa.

– O que foi? – Lucas perguntou. – Você não está feliz?

– É claro que eu estou feliz! Mais que feliz. Só quero que nós dois sejamos mais devagar com, você sabe, nós.

– Não se preocupe. Eu prometo ir com bastante calma com, você sabe, nós. Finalmente, nós.

– Obrigado por me entender.

Começaram a dançar, Isabella encostava a cabeça no peito do Lucas e ele segurava a cintura dela. Foram interrompidos por Nicole, Lilly e James. Nicole entrou no quarto de biquíni, toda molhada, gritando:

– Bella, você não vai acreditar no...

Ela desencostou a cabeça o peito de Lucas e os dois olharam para eles surpresos. A surpresa foi recíproca, por que Nicole, Lilly e James não imaginavam que Lucas estaria com Bella, abraçados ainda por cima.

– Nicole McGinty Jones! Porque você não bateu na porta?

– Bella, eu sou autorizada a não bater na porta se eu quiser! Vem junto com o certificado de melhor amiga.

– Ok ok, dá pra vocês me contarem sobre seja lá o que outra hora? Estou meio ocupada, sabe.

– Antes de ir, quero declarar uma coisa. – Lilly disse, calmamente.

– Então fala logo! – Lucas exclamou, ele queria ficar a sós.

James e Lilly gritaram:

– FINALMENTE!

Elas saíram e James fechou a porta piscando para Lucas. Ele e Isabella riram e continuaram a dançar.

– Você realmente conquistou a todos não é? Até a minha mãe disse que quer você como genro.

– Tenho certeza que ela é uma ótima sogra.

– E é mesmo. Mas demora pra gostar de alguém para namorar a filha.

– Então eu estou com sorte. Uma sogra maravilhosa e uma deusa grega como namorada. Quer dizer, quase namorada. Estou pegando leve, viu?

– Levíssimo. É claro que você pode me chamar de namorada.

– Sério?

– Com certeza.

– Como é possível uma mulher me deixar tão feliz em tão pouco tempo?

– Não é difícil. – Isabella admitiu. – Basta ser eu.

– Convencida! Mas é verdade.

Ficou silêncio depois que eles acabaram de rir. Isabella podia ouvir o coração de Lucas bater forte.

– Seu coração está batendo bem forte agora. Você está bem?

– Melhor do que nunca. Ele bate assim quando está perto de você.

– Isso também acontece comigo, quando estou perto de você.

Ele pegou a mão dela e passou por dentro da camisa até chegar ao peito dele. Ele pôs a mão dela em cima do peito esquerdo e disse:

– Dizem que quando dois corações batem muito forte quando estão próximos é porque são corações apaixonados um pelo outro.

– Uau.

– O que foi?

– Eu to com uma vontade muito estranha;

– De quê?

– De te beijar.

Ele sorriu e a beijou.

– Meu coração realmente está disparando. Como você consegue? – Lucas perguntou.

– Eu te pergunto a mesma coisa.

– Acho que eu vou ter uma parada cardíaca de tão rápido.

– Por favor, não tenha! Você é um dos motivos para eu continuar a viver.

– Bom saber...

– Convencido! Mas isso também é verdade. E lá vem a vontade estranha de novo...

– Ah é?

Eles se beijaram novamente e Isabella disse, olhando o relógio:

– É melhor você ir. Thalia já deve ter chegado e está ficando tarde, minha mãe pode reclamar. Não queremos que ela tenha uma ideia errada que você nos primeiros 40 minutos de namoro, certo?

– Concordo. Boa noite.

Eles se beijaram mais intensamente dessa vez e ela disse:

– Boa noite. Sonhe com os anjos.

– Ah, com certeza eu vou sonhar com você!

– Own. – Ela deu um selinho nele e Lucas foi para o quarto ao lado.

Isabella pulou na cama de tanta alegria. Ela estava irradiando felicidade. Irradiando... amor. Lucas era tão...

Seu pensamento foi interrompido por 3 gritos femininos vindos da escada da casa. Isabella tomou um susto, chegando a sentar na cama. Não era nada preocupante, era só Lilly, Nicole e Thalia correndo no corredor até o quarto dela gritando. Ela pensou que Ra algo grave, mas descobriu que era só 3 amigas histéricas. As três pularam em cima dela na cama.

– Se você esconder algum detalhe eu te dou um soco! – Thalia disse.

– Conta tudo! – Nicole disse.

– Agora! – Thalia abraçou um travesseiro.

– Imediatamente! – Nicole abraçou um ursinho.

– Meninas, calma! – Lilly disse, parecendo calma.

– Finalmente alguém com juízo! – Bella exclamou. – Me deixem pelo menos respirar um pouco.

– Até porque depois dessa, você deve estar realmente sem ar. – Lilly disse. – A quem eu estou enganando? Fala logo!

– Calma!

Fechou a porta e Isabella contou tudo e mais.

Thalia trocou a jaqueta por um pijama e as quatro começaram a conversar sobre sentimentos, sobre a situação com Jesse e como seues namorados são especiais, maravilhosos, blá blá blá. Acabaram adormecendo de tão cansadas.


De manhã, Lucas preparou uma surpresa para Isabella.

– Bom dia, dorminhoca. – ele a acordou com um beijo.

Ela coçou os olhos e se espreguiçou. Sentou na cama e se deparou com Lucas ao lado dela com uma bandeja de prata com o café da manhã que ela mais gosta. Ele estava sorrindo simplesmente, o que deixou-a mais do que feliz.

– Bom dia, príncipe encantado. – ela o beijou. – Sonhei com você hoje. Obrigado pelo café na cama, mas vê se não me acostuma mal ok? Você vai tomar comigo né?

– Claro.

Ele sentou ao lado dela e colocou a bandeja entre os dois.

– Ué, cadê as meninas? – ela perguntou.

– Ah, elas pediram para entregar isso quando você perguntasse. – Lucas balançou um papelzinho de lembrete roxo no ar. – Deixa eu ler pra você. – ele pigarreou e disse: - “Bella, um gato sem camisa e café na cama. Não queríamos atrapalhar. XOXO. Lilly, Nic e Tay”

Os dois não se agüentaram de tanto dar risada.

– Espera, tem mais! – Lucas exclamou, tentando parar de rir. – “P.S. da Nicole: vê se usa camisinha! P.S. da Lilly: Aproveite e não ligue para o que a Nic fala. Bom, a menos que você for fazer isso. XOXO. P.S. da Thalia: cuida bem dela príncipe encantado.”

Depois de muitas risadas, Lucas ligou a TV em um canal qualquer.

– Hum... Isso aqui tá muito bom. Foi você que fez, ou...?

– Eu sou um namorado muito bom, mas nem tanto. Foi sua mãe que fez.

– Ela já sabe que nós estamos namorado? – Isabella levantou uma sobrancelha.

– E deu pulos de alegria. – Lucas sorriu. – Eu iria dizer para ela que minhas intenções são as melhores possíveis e que eu já estava vendo um anel de compromisso na internet, mas ela simplesmente disse que já sabia que eu era o melhor para você.

Isabella abraçou Lucas, o que fez os dois caírem da cama e ficarem rindo no chão. Depois do beijo e do café da manhã romântico, os dois desceram para conversar com o pessoal. A sra. Stone saiu de manhã para resolver algumas coisas com Charles e só voltaria a noite.

Todos se divertiram muito nesse dia. Foram ao cinema, almoçaram fora e deram uma passada na pista de skate para Isabella matar a saudades da galera. Eles voltaram para casa bem cansados. James e Nick – os dois sabem cozinhar e estão ensinando Lucas, Jake e Cody. – foram fazer a comida do jantar especial de comemoração, que Thalia chamou de “Jantar Finalmente”. O resto do pessoal ficou na sala batendo papo.

A sra. Stone chegou e não estava com uma cara boa, na verdade parecia muito nervosa e preocupada. A conversa parou no momento que ela chegou e Isabella se levantou preocupada com o estado da mãe.

– Oi mãe. Alguma coisa aconteceu?

– Sim. Na verdade, preciso falar com todos vocês.

Todos pareciam preocupados e curiosos, escutando com atenção.

– Alguma coisa grave? – Isabella perguntou.

– Filha, é melhor você sentar.

Ela obedeceu ainda mais preocupada.

– Vocês sabem daquele novo maluco que surgiu agora que está atacando pelas proximidades, Califórnia e Nevada. Esse serial killer, o Açougueiro.

– Sabemos sim. – Lilly disse, ainda não entendendo o ponto em que ela queria chegar. – Mas o que tem ele?

– Ele fez novas vítimas.

– E...

– Confirmaram o DNA hoje à tarde. – ela fez um suspense, suspirou como se estivesse cansada. – Marcos, Jacob, Chloe e Pamella são as vitímas.

Silêncio. Ninguém acreditava. Não era possível. Mortos? Era o que todos perguntavam a si mesmo. Não que eles estivessem tristes, mas eles não estavam felizes obviamente. Era só sensação estranha de que não acabou ainda e que eles iriam atrás deles logo, mas, sim, acabou. Mortos.

De repente, uma pergunta veio à mente de Isabella. A ideia era ruim demais de suportar, então ela perguntou logo:

– O Jesse... está vivo?

A sra. Stone a olhou como se estivesse com muita pena de dar a noticia. Todos entenderam na hora. Nicole se levantou e levou Jake pela mão até a cozinha, seguidos por Lilly e Cody em total silêncio. Lucas hesitou. Não queria ir. Não queria deixar ela sozinha recebendo a noticia. Não podia deixar de sentir um pouco de ciúmes, sabendo que ela chorará por Jesse e não por ele. Mesmo hesitante, seguiu os outros para a cozinha, antes dando um beijo na testa de Isabella.

Sra. Stone sentou ao lado dela e segurou sua mão.

– Filha, você sabe como eu sou péssima em dar esse tipo de notícia.

– E como eu sei. Mesmo eu sendo um bebê quando meus pais morreram, eu chorei por 3 horas.

Elas riram um pouco. Mas Isabella se lembrou de Jesse e logo começou a chorar. O clima de seriedade e de luto voltou. A Sra. Stone deu um abraço na filha e acariciou seu cabelo. Isabella disse já em prantos:

– Mãe. Diga que ele vai voltar. Voltar como ele era antes. Meu amigo, engraçado, amável, sensível, ouvinte, divertido e legal. O mesmo bobo de sempre que colocava os palitos de picolé na boca para fingir que era uma morsa ou um vampiro quando ele chupava picolé de morango.

– Bella, ele... ele morreu.

Agora ela tinha certeza. Ele não voltará. Ele não chupará mais picolés. Ele não a abraçará, nunca mais. Ele agora está morto, graças ao amor e a raiva que sentia.

Isabella foi dormir sem jantar. Não sentia fome. Sentia dor. Uma dor intensa e profunda, como se arrancassem uma parte dela. Ela se pergunta o porquê. Todos se perguntavam o porquê. Ela tirou todas as roupas e caiu na cama com a roupa intima, afundando o rosto em um travesseiro. Jesse. Ela soluçava e esperneava, mas percebeu que não o traria de volta.

Ela percebeu que ainda tinha uma foto dele no criado mudo. Uma das fotos preferidas dela. Isabella e Jesse simplesmente. Estavam na pista de skate, juntos. Ela se lembra bem desse dia, tinham apenas 16 anos. Jesse estava vestindo suas roupas largadas e confortáveis de skatista: uma calça caindo, totalmente equipado com cotoveleiras e tornozeleiras, sneakers pretos da Nike, uma touca preta, um casaco de “Thing 2”, skate em uma mão e capacete vermelho arranhado e velho na outra mão. Isabella, com um casaco “Thing 1”, o boné dos Yankees preto com o símbolo branco, short jeans ragado nas pontas e equipada com segurança, também segurava o skate em uma mão e na outra o capacete. Eles sorriam para a foto, muito felizes.

Aquele era o Jesse que Bella queria de volta. Não o homem cheio de raiva que tinha encontrado em Las Vegas. Ela queria o brincalhão. Engraçado e bobão. E com esse pensamento,dormiu em meio de lágrimas e lenços de papel usados.