Capítulo 16

POV Hermione

Estava na cozinha preparando o jantar quando a porta da sala se abriu estrondosamente.

—Mione, já está em casa? - A voz do meu irmão gritou.

—Sim, estou na cozinha. - Respondi e ouvi seus passos vindo até mim.

Segundos depois eu estava recebendo um abraço e sendo rodada no colo dele.

—Eu estou ficando tonta, Harry, pare com isso. - O repreendi divertida.

—Por que irmãos mais velhos são tão chatos, hein? - Falou me colocando no chão e abrindo um sorriso enorme. - Falei com ela, Mi.

—E como foi? - Perguntei ja sabendo como tinha sido fácil, ela já sabia de tudo.

—Eu cheguei lá na empresa disposto a amarrá-la na cadeira para me ouvir, se fosse preciso, e quando entro ela me recebe com um sorriso enorme. - Falou com uma cara de quem acha estranho. - Mulheres são muito esquisitas as vezes, mas eu não questionei, claro. Óbvio que eu fiquei um pouco desconfiado, vai que aquele sorriso todo nasceu da vontade de me matar, vai saber...

—Harry, volte ao assunto principal. - Falei rindo.

—Ah, ok. - Riu também antes de continuar. - Ai fui falar com ela com o maior cuidado possível, a cumprimentei com um beijo no rosto primeiro e tentei segurar sua mão, quando ela não se esquivou eu criei coragem e disse o mal entendido e falei que não queria que ela interpretasse mal minhas intenções ao dizer aquilo para ela.

—E o que ela te disse? - Perguntei mexendo a comida que estava no fogo.

—Primeiro só me olhou com aquela cara indecifravel que ela tem. Depois disse que queria me perguntar algo.

—E o que era? - O interrompi.

`-Se o convite para o fim de semana ainda está de pé. - Falou abrindo um sorriso enorme. - Acredita, Mione? Ela ainda quer sair comigo.

Ri um pouco da sua empolgação.

—Acredito, Ron me disse que depois que contou a ela sobre o que realmente a Srta. Vane estava fazendo no seu carro ela ficou meio desesperada para saber como ia conseguir falar sim ao seu convite que ela não queria ter falado não. - Falei e ele me olhou perplexo.

—Por que não me disse isso, Mione? Eu deduzi que ela soubesse o que tinha acontecido, mas já que você e Ron sabiam poderiam ter dito. - Falou cruzando os braços.

—Não, senhor. Eu disse que só diria o motivo e que depois você se virasse. - Ele revirou os olhos e ia começar a reclamar quando eu disse as palavras mágicas para que ele voltasse a sorrir. - E depois que ela aceitou o convite, o que aconteceu?

—Depois aproveitamos que a porta estava fechada e que eu havia pedido para não ser interrompido e ficamos nos agarrando um pouquinho. - Falou pensativo igual uma criança.

—Na empresa, Harry? - Perguntei com falsa incredulidade.

—Proibido é mais gostoso, Mione. E ela é muito gostosa, fico duro só de lembrar. - Falou divertido.

—Poupe esses detalhes. - Disse fazendo cara de nojo.

—Ficamos nos beijando e namorando um pouco. Depois a convidei para almoçar e finalmente ela aceitou, o dificil foi me concentrar no trabalho depois que voltamos. - Finalizou abrindo a geladeira e procurando algo.

—Fico feliz que tenham se acertado. - Falei sinceramente. - Mas vá com calma Harry, Gina não é aproveitável e parece gostar de você. Não a magoe.

Ele se virou com uma garrafinha de danone nas mãos e se encostou na pia antes de recomeçar.

—Hoje no almoço eu pedi que ela me falasse mais sobre ela, e eu percebi uma coisa diferente, Mione. - O olhei incentivando que continuasse. - Ela é uma adolescente ainda, tem dezenove anos, e algumas coisas ela faz como tal: ri abertamente, fala alto, é desastrada as vezes. Mas o mais curioso, é que isso não me incomoda nela, pelo contrário, eu acho incrível quando ela é natural assim.

—E o que isso quer dizer? - Perguntei já deduzindo a resposta.

—Isso quer dizer que eu falo aqui pra você que ela é gostosa e essas coisas, mas não é isso que eu penso quando estou com ela, como hoje no almoço ou quando estou longe dela, como quando começou a se ausentar dos nossos fins de semana. - Tomou um gole de sua bebida antes de prosseguir. - Quando eu penso nela não é aquele corpão que me vem à cabeça, é o jeito dela, a voz dela e principalmente a gargalhada que ela dá as vezes. Eu fico feliz de vê-la rir daquele jeito. Se você me perguntasse qual o primeiro adjetivo que eu atribuiria a ela, eu diria que ela é linda e não gostosa. - Finalizou e me olhou confuso.- Isso é bom?

Eu ri para ele.

—Desde que ela sinta o mesmo, isso é ótimo. - Falei voltando minha atenção para a salada que estava preparando.

—E ela sente o mesmo? - Perguntou com aquela voz que ele sempre fazia quando queria algo de mim.

—Isso é uma coisa para você descobrir, meu caro. - Respondi já sabendo que ela reclamaria. - E não adianta reclamar, Harry. - Ele bufou e eu continuei. - Aonde vocês vão no sábado?

—Não sei ainda. Eu nunca fui bom em inventar lugares nem para eu ir sozinho, imagina para um primeiro encontro. -Dramático! - Do que ela gosta, Mi?

—De várias coisas! Comida japonesa, por exemplo. - Falei enquanto provava o tempero da nossa salada.

—Isso eu sei, comemos num restaurante japonês hoje. Mas eu queria ser original. - Coçou a cabeça pensativo.

—Já vou te dizendo que ela não é muito de ir em balada. - Avisei para que não se enganasse.

`-Ah sim, sempre achei que balada é um excelente lugar para primeiro encontro. - Me falou irônico e eu ri. - Você acha que ela vai preferir um Pub com musica ao vivo e mais descontraído ou jantar em um restaurante à la carte?

—Vocêacabou de dizer que sabe que ela é adolescente e quer levá-la num jantar a la carte, provavelmente num restaurante super silencioso? Que senso de oportunidade! - Disse encarando-o com falsa surpresa.

Nós dois rimos.

—O Pub é melhor, não é? - Perguntou inseguro.

—Com certeza. - Disse já me virando para pôr a comida na mesa. - Me ajuda a por a mesa?

—Nem posso chegar que já começa a me abusar! - Reclamou como sempre fazia mas me ajudou mesmo assim.

POV Harry

Terminei de jantar junto com minha irmã e fui para o meu quarto um pouco. Não é porque iríamos a um local mais descontraído que eu a levaria a um boteco qualquer. Entrei na internet e fui procurar pelos melhor Pubs de Londres. Encontrei alguns que me agradaram, no entando um ou outro parecia gótico demais, ou escuro demais, quando não claro demais. Tinha que ser o lugar perfeito, escolhido a dedo para agradá-la.

Em alguns momentos me peguei pensando no nosso beijo de novo, e em como eu havia esperado por ele sem ao menos perceber. O seu corpo se encaixava bem no meu quando estávamos abraçados e as mãos dela no meu cabelo eram uma sensação indescritível.

Procurei locais propícios ao nosso encontro por pelo menos duas horas, e quando o sono bateu eu resolvi dormir. Peguei o telefone de três que achei muito legais, telefonaria amanhã para confirmar alguns detalhes. Dormi rápido depois que me deitei, e sonhei com a boca dela na minha de novo.

POV Gina

Saí do trabalho na quinta tão feliz que resolvi não contar a ninguém, guardei só para mim e fiquei revivendo o momento. No caminho para a faculdado estava com cara de boba o tempo todo e assim que a aula começou e todos estava prestando atenção na explicação do professor Luna me chamou.

—Finalmente agarrou o chefinho? - Perguntou rindo.

—Luna! - a repreendi. - Não precisa ser tão direta. - Ri também.

—Me conta, o que aconteceu? - Insistiu visivelmente curiosa.

—Digamos que nós tenhamos nos conhecido melhor hoje. - Falei sorrindo abertamente.

—E onde estavam? - Perguntou sussurrando com os olhos brilhando.

—Encostados na minha mesa, nos escritório. - Falei para que só ela ouvisse. - Totalmente antiético, eu sei.

—E como foi, me conta tudo! - Exigiu virando-se quase totalmente para mim.

—Eu juro, não sei explicar. Mas foi quente amiga, muito quente! - Falei e nós rimos.

—Entendo perfeitamente que a vida pessoal de vocês seja definitivamente mais interessante do que as variações cambiais internacionais na década de trinta, no entanto estimo que não sejam tão úteis aqui dentro e a menos que desejem dividir sua piada conosco, Srtas. Wesley e Lovegood, gostaria de solicitar que voltem a ficar quietas ou se retirem.- Nos interrompeu o professor.

Sr. Snape, tão simpático!

—Desculpe, Professor. - Respondi e imediatamente nos viramos para a frente.

Após esse fatídico fato nebuloso onde eu e Luna ficamos constrangidas durante o resto da aula, o sinal para o intervalo tocou e eu sai da sala para tomar um pouco de água. Me arrependi imediatamente de ter feito isso.

—Olá, Gina. - Alguém me cumprimentou e eu me virei instintivamente, dando de cara com Dino.

Que saco!

—Oi Dino. - Respondi me virando novamente e continuando meu caminho até o bebedouro.

Ele me seguiu enquanto tagarelava.

—Como você está? - Me perguntou já andando ao meu lado agora.

—Bem, obrigada! - Respondi sem olhá-lo.

Cheguei ao meu destino, enchi um copo de água e enquanto bebia ele continuou.

—Estava pensando que esse final de semana nós poderíamos nos encontrar e...

—Não podemos, Dino. - O interrompi enquanto jogava meu copo no lixo. - Tchau. - Me despedi e fui para minha sala sem dar tempo para que ele respondesse.

Aproveitei o resto de folga entre as aulas para contar a Luna sobre nosso almoço e o encontro marcado para sábado, que eu ainda não sabia para onde seria levada. Quando cheguei em casa Ron já estava dormindo, então tomei um banho e me deitei também. Na sexta feira cheguei ao trabalho com o já conhecido frio na barriga, entrei cumprimentando todos como sempre fazia e fui para minha sala, onde ele certamente já estava. Eu não sabia muito bem como reagir, então falei um "oi" tímido quando entrei e o sorriso enorme que ele abriu quando me viu me encorajou a lhe dar um selinho, que ele transformou em um beijo rápido, não poderíamos continuar nos arriscando assim.

Trabalhamos normalmente e almoçamos juntos mais uma vez, dessa vez no restaurante em frente ao prédio mesmo e sem direito a beijo antes de voltar ao escritório. A conversa já foi mais normal, mais parecida com o que conversávamos quando nos reuníamos aos fins de semana. Durante a tarde tivemos um problema com alguns pagamentos e mal tivemos tempo para respirar. Saí de lá uns trinta minutos depois do meu horario habitual e cheguei na faculdade um pouco atrasada, eu até queria me despedir dele do mesmo modo que ontem, mas ele não estava na sala quando precisei sair, então deixei um bilhete.

Quando acordei no sábado, um pouco depois do meio dia, Ron estava na sala já almoçando, ele sempre chegava com fome do futebol. Como eu não queria ser novamente surpreendida pelos amigos do meu irmão usando roupas íntimas me vesti com um short jeans e uma blusa por cima da camiseta do pijama.

—Bom dia. - Falei passando por ele.

—Bom dia. Cade os pijamas indecentes? - Me perguntou enquanto eu ia até a cozinha.

—Traumatizei. - Gritei de lá e o ouvi rindo.

Peguei meu café da manhã, voltei até a sala e me sentei no outro sofá já começando a comer.

—Conversou com Harry ontem? - Perguntei visivelmente interessada em sua resposta.

—Com Harry não, mas falei com Hermione e não quero saber os detalhes. - Falou divertido e rimos. - Vão sair hoje mesmo?

—Vamos, ele passa para me pegar às nove. - Ele assentiu. - Não sei o que vestir! - Disse com uma careta.

—Se pedir minha opinião vou dizer para você ir de burka*. - Ri junto com ele.

—Se eu seguir seus conselhos vou iniciar uma relação fadada ao fracasso, isso sim. - Ele revirou os olhos.

—Acha que dessa vez vai durar? - Me perguntou sem se virar para mim.

—Eu estou torcendo para que dure. Gosto dele. - Respondi naturalmente.

—Eu sempre soube que um dia seria castigado por pegar a irmã do meu amigo. - Falou dramaticamente nos fazendo rir.

Continuei meu café e assim que terminei lavei meu prato e liguei para Hermione, há alguns dias não nos falávamos e eu estava com saudades. Conversamos por uns quarenta minutos enquanto eu estava deitada em minha cama, contei a ela a história que ela já conhecia, mas vista do ponto de vista feminino (com muito mais detalhes). Durante a tarde fui ao salão de beleza que normalmente ia aos fins de semana para fazer as unhas. Meu cabelo era muito liso, então não tinha como variar muito, era solto ou preso. Hoje seria solto.

Quando olhei no relógio e vi que já eram seis da tarde eu quase me desesperei, afinal três horas para se arrumar nem sempre era suficiente. Tomei um banho não tão demorado quanto eu gostaria e lavei os cabelos. Saí do chuveiro, sequei os cabelos molhados, de modo a deixá-los um pouco armados (o efeito duraria uns trinta minutos, depois estaria acabado), me maquiei de um jeito diferente do que fazia no dia a dia. Marquei um pouco mais os olhos hoje, e passei um gloss vermelho.

Depois começou a briga: o que eu visto?

Revirei meu guarda roupa a procura de algo que não me deixasse comum e que não parecesse que eu havia me arrumado demais. Nem eu sabia que tinha tanta calça jeans e definitivamente não era isso o que eu queria usar. Depois de muito, muito, muito procurar eu vesti uma saia preta de cintura alta e justa, mas que não marcava excessivamente e ia até um pouco acima dos joelhos, uma blusa creme de manga longa e gola redonda que não era decotada, mas que evidenciava um pouco meus seios que não eram pequenos, uma meia calça fumê e optei por um scarpin preto de salto alto. Me olhei no espelho e estava aceitável.

Passei meu perfume de sempre, peguei uma bolsa bege para combinar e fui esperá-lo na sala.

—Nossa, até eu te pegava assim. - E por incrível que pareça foi uma voz feminina que me cumprimentou assim.

—Chegou que horas? - Perguntei para Hermione que estava sentada no meu sofá e comendo uma das minhas barrinhas de cereais.

—Faz uns quarenta minutos. - Respondeu avaliando minha roupa. - Está bonita.

—Não está exagerado? - Perguntei preocupada.

—De jeito nenhum, está perfeito. - Falou me tranquilizando. - Harry deve estar chegando, quando saí de casa ele estava se trocando já.

—E que horas são? - Perguntei de olhos arregalados.

Mione olhou calmamente no relógio antes de me responder.

—Dez para as nove.

—Ai meu Deus, já? Estou nervosa, Hermione. - Falei me sentando e balançando os pés.

—Adolescentes! - Ela disse revirando os olhos.