Draco

Me joguei para frente com tudo para alcançar o pomo de ouro. Estava tão próximo... Em qualquer segundo... Eu estava quase pegando. Quase podia sentir minha mão envolvendo a esfera fria e metálica.

Senti uma pancada forte na lateral do meu corpo. Perdi o controle de minha Nimbus 2001, que se inclinou em direção ao solo. Senti que estava caindo, e consegui me preparar antes de atingir o solo. Bati forte no gramado, mas pude sentir que meus ossos estavam inteiros. Minha pele estava esfolada e ardia, mas a dor em meu orgulho era maior. Me levantei imediatamente, recusando qualquer tipo de ajuda.

Harry Potter voava orgulhoso pelo céu, depois de ter me derrubado da vassoura e nem sequer ter sofrido uma falta.

Saí do treino de quadribol coberto de suor. Resolvi que nem tentaria trocar de roupa para amenizar a situação, preferindo ir direto tomar um banho no banheiro dos monitores. Não queria que vissem que eu estava ferido. Depois da derrota que tivemos, nem queria arriscar encontrar com Potter e ver seu sorriso idiota de vitória.

Nos jogos oficiais seria diferente. Ele veria.

­­­­­ —Draco, vejo você mais tarde, né? —Pansy perguntou, me abordando na saída do vestiário.

—Vou precisar levar o sapo do Crabbe para a loja de animais, ele está com diarreia— invento uma desculpa rapidamente. Me senti quase mal por estar recusando o pseudo-encontro pela expressão que ela faz. Mas então me lembrei que Pansy fez três anos de curso de teatro e deixo esse sentimento de lado. — Sinto muito. Quem sabe da próxima?

Não esperei que ela respondesse e fui embora, desfazendo meu sorriso caridoso assim que viro de costas e sei que ela não vai poder ver.

—Desde quando você faz caridade? — A ouvi gritando conforme eu entrada no castelo.

Pansy me convidara para ir com ela até o Três Vassouras naquela noite, mas eu não conseguiria nem mesmo fingir que era com ela que eu queria ficar. Há muito tempo eu tinha a mesma garota em minha cabeça, e não havia muito o que fazer para tirá-la de lá.

Me distraí por alguns segundos, e quando percebi, ela estava na minha frente. A garota dos meus pensamentos constantes. Seus cabelos castanhos claros balançavam enquanto corria, e eu podia sentir seu perfume conforme passava por mim. Hermione Granger.

Ela corria para os braços de Harry, em comemoração. Sim, ele pegara o pomo de ouro, mas fora por questão de centímetros. O cabelo negro e constantemente bagunçado do bruxo parecia ser irresistível para as garotas, por algum motivo. Eu apostava que até mesmo Pansy tinha seus pensamentos sobre ele de vez em quando, apesar de estar apaixonada por mim.

Eu estava apenas reunindo coragem e pensando em um assunto para puxar com Hermione. Era fato que de vez em quando minha antipatia por Harry e Rony se tornava evidente, mas eu só não gostava da ideia de ela passar tanto tempo com dois garotos. Talvez esse fosse o motivo pelo qual ela sempre evitara se aproximar de mim mais do que o necessário.

Mergulhei na água morna e perfumada da banheira. Senti minha pele ardendo nos locais onde estava cortada ou esfolada. A água tomava um tom levemente avermelhado. Me limpei rapidamente e depois de me secar, tentei enrolar algum tipo de bandagem em minhas costas, mas não consegui fazer aquilo sozinho. Nem mesmo magia poderia me ajudar. Estava quase desistindo daquilo quando ouvi batidas na porta seguidas por uma voz feminina:

—Draco? Posso entrar?— ela perguntava.

Enrolei a toalha em minha cintura rapidamente e a deixei entrar.

Pansy Parkinson entrou com passos tímidos. Seu cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo, com alguns fios caindo sobre seu rosto. Seus olhos claros pareciam estar levemente avermelhados. Me senti um pouco mal.

—Ouvi o pessoal falando que você se machucou no treino de hoje. Por isso que você recusou meu convite? — ela disse, se aproximando.

Não, não foi. Mas eu não podia dizer isso para Pansy. Ela estava visivelmente preocupada comigo.

Fiz que sim com a cabeça.

—Eu posso... ver?

Fiquei confuso por um segundo até me lembrar a que ela se referia. Lhe mostrei minhas costas e enrubesci por ter entendido sua frase com malícia.

Ela pegou as bandagens que eu tentara usar antes e as enrolou com perfeição ao redor dos arranhões. Pude sentir suas mãos delicadas roçando minha pele com cuidado. Me sinto um pouco desconfortável por ela estar sendo tão boa comigo, enquanto eu a dispensava sem grandes ressentimentos.

Ao terminar, ela disse:

—Sei que você tem outra pessoa em mente, mas saiba que eu estou aqui, e ela não.

Hermione

Harry, Ron e eu fomos à Hogsmeade depois do treino. Estava uma tarde agradável: nem muito frio, nem muito quente. Simplesmente agradável.

Resolvemos comemorar com uma cerveja amanteigada para cada um, e depois uma visita à Dedos de Mel. Vimos outros alunos indo e vindo. Todos da Grifinória estavam contentes. Na próxima semana seria o jogo oficial entre Sonserina e Grifinória, e nós estávamos confiantes. A Grifinória ganhara em todos os treinos.

—Mandou bem, Harry! O Draco caindo foi patético. O que ele está fazendo no time se nem consegue permanecer em sua vassoura?! — comentou Rony, rindo. Harry o acompanhou, e eu esbocei um sorriso para não parecer chata.

Eu não achara muito justo a jogada do Harry. Ele empurrara Draco, enquanto ele estava concentrado. Eu assistira a tudo, mas não podia contrariá-lo agora. Nós estávamos apaixonados, e eu não podia terminar com o nosso clima. E quando ele ganhasse o próximo jogo, com certeza me pediria em namoro. E então não faria muita diferença se o jogo fosse justo ou não. Eu só esperava que Draco não se machucasse.

Harry envolveu meus ombros com um de seus braços. Seus olhos verdes parecem mais claros em contraste com suas vestes escuras. Ele parecia quase perfeito.

No dia anterior eu achara um bilhete sob meu travesseiro no dormitório.

Quando eu erguer meu trófeu, vou falar as palavras que nunca tive coragem de te dizer.

Não estava assinado, mas de quem mais poderia ser se não fosse do Harry?

—Vem Mione, eu pago uma Cerveja Amanteigada para você. — Harry disse pegando minha mão e me conduzindo para o interior do pub. Eu o segui.