Acordei no meio da noite assustada, a situação de Rosa estava mexendo muito comigo.

O meu pesadelo foi muito estranho, eu estava sozinha no escuro, uma voz me chama, era conhecida, um feixe de luz encandece o lugar abrindo passagem, e a voz continuava, só que mais nítida, vindo da passagem. Vou em direção à porta e quando abro algo me ataca.

Castiel segurou meu braço e passou a mão no meu rosto.

— O que aconteceu, Charlote? Você está molhada de suor.

— Nada, apenas tive um pesadelo.

— Vem aqui!

Castiel puxou-me para perto dele e disse:

— Não se preocupe, que estou aqui com você.

Castiel era o meu porto seguro, com ele todos os meus medos iam embora, a minha insegurança partia para o mundo do esquecimento. Está com ele era a única coisa que eu queria naquele momento e para o resto da minha vida.

Acordei e levantei, ainda estava cedo, os raios alaranjados entravam pelas brechas da janela e clareavam o quarto. Olhei no relógio e eram 06:00 da manhã, Castiel dormia agarrado com o travesseiro no rosto. Peguei o celular que estava em cima do criado-mudo e disquei o número de Rosa.

— Charlote? — disse ela com voz de sono.

— Como você está, minha amiga?

— Eu estou bem, estou super feliz.

Calma, Rosa estava feliz. Fiquei feliz em ter escutado isso vindo dela, mas que transformação repentina foi essa? Algo de estranho estava acontecendo e eu queria descobrir.

— Fico muito feliz em ver você bem, mas o que aconteceu para você estar assim?

— Vem para aqui, que te conto o que aconteceu.

Olhei para Castiel que estava dormindo e respondi:

— Claro, já estou indo.

Desliguei o celular e me arrumei, entrei no banheiro, tomei um banho morno da manhã que relaxa qualquer pessoa. Meus pensamentos não paravam de ficar alegres pela minha querida amiga, e também estava bastante curiosa para saber o que provocou essa revira volta. Sai do banheiro enrolada na toalha, Castiel acorda e diz:

— Vê que mulher linda.

— Para com isso, estou ficando sem graça.

— Mas eu não estou falando nenhuma mentira. Olha essas pernas branquelas, esses cabelos negros molhados, o seu corpo chamando-me: “Castiel, Castiel”, ele está sedento por mim.

Remexendo na gaveta, procurando algumas roupas eu disse:

— Você que está viajando demais.

Ele levanta e vem caminhando devagar em minha direção e para por trás. Segura na minha cintura e beija meu pescoço.

— A gente precisa ter um momento à dois, só nós dois, eu sentindo o cheiro maravilhoso que vem da sua pele macia, sentir seus cabelos enrolados entre os meus dedos, sentir sua respiração ofegante em sincronia com a minha, teus lábios encostados no meu.

— Você está bem carente, não acha?

— Eu estou carente, estou sedento, precisando de você.

Ele girou-me para ficarmos um de frente para o outro, os seus olhos brilhavam olhando para mim, aqueles cabelos ruivos desarrumados, aqueles braços entrelaçados em volta da minha cintura e aquele olhar que não dá para resistir, chamava-me para atirar-me em seu corpo de uma vez. Ele então devagar beijou-me e apertou-me em seus braços, sua língua dançava com a minha como uma valsa e depois como um rock pesado. Sua mão subiu para minha nuca e segurou meus cabelos fortemente, sua outra mão apertou minha nádega esquerda e ele prendeu-me entre a cômoda e seu corpo sedento por amor. Nosso beijo estava cada vez mais intenso, ele beijava meu pescoço e depois atacava novamente meus lábios. Ele segurou uma perna e suspendeu-me em seus braços, minhas pernas agora rodeavam sua cintura. Ele jogou-me em sua cama e subiu por cima de mim, abriu minha toalha e beijou meu pescoço. As coisas estavam ficando cada vez melhores quando o pai dele bate na porta.

— Não acredito nisso. — disse ele sussurrando no meu ouvido, deitado por cima de mim.

— E eu já estava de saída mesmo. — disse eu sorrindo.

— Para onde você vai?

— Liguei para Rosa e ela estava bem feliz, nem parecia que era ela. Vou visita-la para saber o que de tão bom aconteceu. — disse eu levantando e fechando minha toalha.

— Que ótimo que ela está bem. Mas volta logo pra gente terminar o que começamos. — disse ele piscando o olho.

— Não sei, vou pensar no seu caso. — disse eu sorrindo.

— Você não vai fazer a maldade de deixar, esse pobre e humilde homem sofrendo, não é?

— Oh! O pobre e humilde homem vai sofrer se eu não voltar logo?

Ele balançou a cabeça positivamente e fez uma carinha de dó.

— Eu vou pensar com muito carinho no pobre e humilde homem.

— Pense com carinho, por favor.

O pai de Castiel bateu de novo na porta.

— Calma eu já estou indo.

Ele deu-me um beijo e foi ao encontro do pai. Castiel deixa-me louca, faz muito tempo que não nos beijamos daquele jeito, muito mesmo, bem antes de acontecer tudo aquilo com Debrah e a facção ridícula. Procurei na gaveta roupas leves, pois está fazendo muito calor. Escolhi uma saia branca godé um pouco acima do joelho e uma blusa jeans de alça, penteei meus cabelos molhados e os deixei soltos. Desci para comer alguma coisa e o pai de Castiel sai do escritório juntamente com ele, ambos estavam de caras feias. Aproximei-me de Castiel para saber o que estava acontecendo e ele abraçou-me forte e começou a chorar.

— O que aconteceu, Castiel?

Olhei para o pai dele e estava triste também. Minha mãe havia saído para trabalhar e a mãe de Castiel não estava presente conosco na sala.

— Fala Castiel o que aconteceu! Eu estou ficando nervosa.

Ele olhou para o pai dele que acenou a cabeça dizendo que sim. Ele parou e disse:

— A minha mãe está com câncer e ela está muito debilitada.

— Mas, como assim com câncer? Como assim debilitada? Ontem ela estava bem. — disse eu em choque.

O pai dele aproximou-se e disse:

— Ela já vinha sofrendo, mas queria esconder de todos, mas ela hoje acordou muito debilitada e teve medo de ser o seu último dia e quis avisar.

— Mas o que o médico disse. — disse eu muito preocupada.

— Disse que já está em estágio um pouco avançado e que ela só teria mais 8 meses de vida. Ela não queria preocupar vocês.

— Mas ela preocupou, pai ela era pra ter dito, isso não esconde.

— Eu sei meu filho, eu sei.

— Eu vou ver ela. — disse Castiel.

— Não meu filho, não deixe ela saber que contei-lhe. Espere um pouco até falar com ela. Ela está descansando.

— Vem Castiel. — disse eu puxando-o. — Vamos passear.

Coloquei meu braço envolvido nos braços dele e fomos caminhando até o jardim. Ele estava de cabeça baixa, triste com a notícia.

— Não fica assim, meu amor, ela só quis proteger você.

Ele parou bruscamente na minha frente e disse:

— Proteger de quê? Ela só queria adiar o meu sofrimento.

— Ela fez isso pensando no seu bem.

— Não dá Charlote, não é uma gripe que vai passar de um dia para o outro, é um câncer.

Eu estava mais chocada que ele, eu entendo o que ele está passando, se fosse com minha mãe também sentiria a mesma coisa. A dor de pensar em perder uma pessoa tão querida destrói mais que uma queimadura de terceiro grau. Quando perdi meu pai sentir um enorme buraco dentro de mim, a dor parecia que não ia mais embora, aquilo me consumia a cada dia, e minha mãe? Ela sofreu mais que qualquer pessoa. Ela e meu pai eram muito apegados, muito amigos primeiramente e eu os admirava muito.

— Olha, pense positivo, eu sei o que você está sentindo, mas você não pode deixar abater-se, você tem que apoia-la também, ela precisa mais que nunca de você nessa hora.

Ele abraçou-me mais forte, e sussurrou no meu ouvido:

— Eu te amo muito, sabia?

— Eu também te amo, meu amor — sussurrei no seu ouvido também.

Fiquei com ele no jardim por algum tempo para não deixa-lo sozinho, quando vi a hora já era hora de almoçar. O almoço foi servido e a mãe dele não apareceu. O pai dele levantou-se e pediu para que levassem para ela no quarto, Castiel vendo aquilo não contentou-se e disse:

— Não, eu vou levar. — disse tomando a bandeja da nova empregada.

O pai dele levantou-se um pouco para questionar, mas sentou novamente e deixou que Castiel levasse o almoço para a mãe dele. Não quis incomodar e permaneci sentada, almoçando. O pai dele permaneceu calado e pegando um pouco de comida com o garfo, perguntou:

— É muito difícil para ele e foi quando descobri.

— Eu sei o que é sentir isso.

— Quando ela estava saindo escondida, eu a seguir, de primeira eu estava pensando que ela estava traindo-me, mas quando vi ela chegando numa clínica, fiquei preocupado. Entrei e fiquei esperando, ela tomou um susto, abaixou a cabeça e não hesitou em contar-me. Fiquei perplexo, foi uma queda, minha esposa tem um câncer.

Ele fez uma pausa, respirou e disse:

— Eu prometi no nosso casamento que iria ama-la e protege-la, que iria cuidar dela, na saúde e na doença, e é isso o que eu vou fazer. — disse e colocou o garfo na boca.

Achei muito linda essa frase, e achei belíssima a atitude dele. Pouco tempo depois Castiel volta e termina de comer.

— Como foi?

— Vou apoia-la — disse ele com um sorrisinho no rosto.

Depois do almoço resolvi que já era hora de ir na casa de Rosa, subi para escovar os dentes e Castiel entra no quarto e bate na porta do banheiro:

— Volta logo, está bem? Vou ter que sair com meu pai.

— Está bem.

Terminei de escovar os dentes, passei uma água no rosto, parei de frente ao espelho e senti algo estranho, não sei explicar. Desci peguei o carro emprestado de Castiel e fui para casa de Rosa. E aquilo estranho estava me fazendo sentir repulsão à ideia. Coloquei na rádio e estava cantando aquela música Daddy Lessons de Beyoncé, não consegui conter-me e cantei até o destino. Chegando lá estacionei de frente à casa de Rosa e bati na porta, mas está só estava encostada.

— Rosa?

E não era possível, tomei um susto e fiquei paralisada, simplesmente paralisada, meus movimentos sumiram e eu virei uma rocha em pé de frente para o meu pesadelo. Como isso era possível? Eu não acredito nisso.

— Olá vadia.

Continua...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.