Narrado pela Autora

O céu estava estrelado e parcialmente mais claro aquela noite após o toque de recolher das 22 horas, o que facilitava e muito a passagem das adolescentes pela mata. O caminho já era conhecido por elas que só tinham que manter o máximo de silencio possível para não chamar a atenção dos campistas dos chalés pelo local, o que estava sendo difícil com Regina tropeçando a cada cinco segundos.

_Se a gente trouxesse uma banda cheia de bumbos à gente conseguiria ser um pouco mais discretas. – Belle disse entre dentes quando Regina tentou suprimir um gritinho de susto falhando miseravelmente porque um galho bateu em sua cabeça a fazendo saltar e logo em seguida se desequilibrar causando um estardalhaço com as folhas secas do chão.

_Não é para tanto Bel. – Emma disse segurando Regina pelo braço ajudando a morena que estava totalmente sem graça.

_É para tanto sim. Tem chalé aqui perto e se alguém nos descobrir estamos perdidas. Eu disse que essa roupa não era adequada. Ela está vestida como se fosse a um maldito café da manhã no jardim da rainha, mal consegue se mexer. – Sua voz mesmo baixa soava terminantemente severa.

_Isso não tem nada a ver Belle. Quer saber? Vão vocês na frente que eu vou ajudando Regina aqui. Ilumino o caminho para ela e encontro vocês daqui a pouco. Poxa, é a primeira vez da garota. – Emma disse chateada pela implicância insistente de Belle que se virou bufando e foi na frente tendo a loira acenado para as outras a acompanharem o que elas fizeram de forma hesitante. – Vamos? – A loira se voltou para Regina iluminando o caminho com a lanterna do telefone tentando se manter ao lado da garota.

_Amanhã... – Regina quebrou o silêncio depois de algum tempo imersa na confusão que estava seus sentimentos por Emma tê-la defendido tão veementemente – me empreste um dos seus Vans para poder sair? De fato essa sandália não colabora.

_Regina. – Emma parou ficando de frente para a garota iluminando seu rosto de longe com a lanterna do celular – Você está se sentindo confortável com sua roupa?

_Eu...

_Seja sincera. – Emma ordenou.

_Sim, eu me sinto bem assim. – Regina vestia uma saia de tecido de cintura alta com seis botões grandes, três de cada lado, uma blusa de seda branca colocada milimetricamente para dentro.

_É isso que importa. – Emma disse categórica.

_Mas... – A morena quis protestar, porém Emma a cortou novamente.

_Regina, você não precisa se vestir de uma forma que você não curte só para agradar os outros. Você já está longe de sua zona de conforto, vai para uma festa que nunca foi, então nada mais justo que esteja se vestindo confortavelmente. Além do mais você está linda. – Emma só se deu conta do que disse depois que já tinha dito e não tinha mais como engolir isso de volta, graças ao breu a morena não poderia ver seu repentino rubor.

_O.. obrigada. – Regina respondeu quase sem fôlego. Emma nada mais disse, somente passou seu braço pelo da morena e continuou a guiando com o celular silenciosamente. Em pouco tempo alcançaram as amigas que já se encontravam na pista ao lado de um jipe conversando com um garoto vestido de farda.

_Love. – Ele disse assim que viu Emma e foi ao encontro da loira a apertando em seus braços. – Cada vez mais linda essa minha loira, será que esse ano eu tenho alguma chance com você deusa grega?

_Só nos seus sonhos. – A loira respondeu se soltando de seus braços e lhe socando o ombro. – E eu não sei como alguém acredita nessa sua atuação.

Regina observava o rapaz com os olhos quase o fuzilando. Quem aquele projeto de homem era para abraçar Emma daquele jeito? Quem ele era para colocar a mão na cintura dela e chamá-la de Love? Então o rapaz soltou uma sonora gargalhada com o comentário de Emma exagerando totalmente nos trejeitos e a morena entendeu, ele não gostava de mulheres. Não mesmo.

_Love eu sou um bom ator. – Sua voz já estava normal outra vez.

_Eu sinto muito que você tenha que atuar. – A loira disse para o moreno que somente balançou os ombros. Então ele se virou reparando em Regina pela primeira vez.

_Eu preciso me preocupar ou revistar a bolsa dela? – O rapaz perguntou sério se virando para as outras. – Eu quase me meti em sérias encrencas depois daquela menina do ano passado. Foi difícil livrar vocês dela.

_Tá aí uma curiosidade que sempre tive – Dot disse – Como conseguiu se livrar dessa para a gente? Acho que nunca te agradecemos devidamente.

_Não precisam agradecer. Talvez eu tenha dito alguma coisa sobre conhecer Chicago e uns traficantes barra pesada de lá, posso ter citado nomes, e posso ter dito que eles iriam adorar saber que o namoradinho dela estava traficando na área deles. – ele deu de ombros rindo – posso ter dito algo como colocar mais drogas dentro da mala dela se caso ela dedurasse que vocês estavam fora do acampamento. Ou qualquer coisa assim. – Ele terminou sorrindo.

_Obrigada. – Elsa disse sorrindo e Ana o abraçou pulando em seu colo.

_Não precisa se preocupar com ela. - Ana disse se referindo a Regina e o moreno olhou para a garota ainda desconfiado.

_Aqui, - Regina chegou mais perto abrindo sua bolsa de mão – para você ficar mais tranquilo – abriu a bolsa na frente de Killian que inspecionou o conteúdo assentindo.

_Oh meu Deus!!! - Ele disse eufórico pegando algo da bolsa da morena assustando as meninas que ficaram preocupadas com o que ele poderia ter encontrado. – Esse Lip Balm é bom mesmo? - perguntou com uma voz fina abrindo o batom. – Dizem que ele faz milagres com lábios rachados.

_Killiam!! – Todas as garotas ralharam com ele, mas ao mesmo tempo estavam aliviadas.

_Pode ficar com ele. – Regina disse ainda meio assustada.

_Sério? – A morena assentiu.

_Eu já disse que amei essa garota? – Ele virou para as outras que riam. – Eu amei essa garota. Mas agora vamos que as cinderelas tem hora para voltar e uma festa para aproveitar.

As garotas se apertam no jipe e Killiam deu partida as levando para o centro da cidade que estava toda iluminada e com centenas de turistas passeando pelas ruas despreocupadamente, enchendo as calçadas e os bares com conversas e risadas. A viagem não foi longa, em menos de quinze minutos o rapaz parava em frente a uma casa de shows.

_Ladies, essa é a primeira balada das férias. Espero que curtam. As duas em ponto estarei aqui na frente esperando vocês, não se atrasem. Vocês sabem que os vigias de minha mãe sempre trocam de turno as duas e meia e checam todos os chalés. – Todas assentiram e se despediram do rapaz entrando no lugar que não pedia qualquer identificação. Antes, porém de serem engolidas pela música alta Regina perguntou:

_Ele usa lápis de olho? – A noite começara repleta de gargalhadas.

Narrado por Emma

Respirei fundo quando senti o impacto da musica alta me preencher, o ritmo a batida. Era a noite latina e o cheiro de tequila pairava pelo ar. As pessoas já dançavam inebriadas pelo som que não permitia ninguém ficar parado. A luz vermelha e amarela que piscava incessantemente parecia deixar tudo em câmera lenta. Eu amava noite latina, tinha algo no ar, a vibração parecia diferente.

Sempre achei os latinos um povo fervoroso que exala paixão por seus poros e por isso sempre faziam as melhores festas. É como se possuíssem um feitiço uma mandinga que nos fazem ficar caidinhos por eles. Belle já havia saído com Ana e Elsa para a pista de dança restando apenas eu Regina e Dot perdidas no meio do caminho.

_Emma eu vou comprar shots de tequila você quer? – Dot me perguntou e eu assenti – E você Regina?

_Eu não bebo. – Respondeu timidamente e Dot saiu em direção ao bar para comprar nossas bebidas. Regina olhava para os lados assustada ou impressionada com tudo que via não sei distinguir bem sua expressão. Ela mordeu seu lábio inferior e arregalou os olhos quando o tequileiro subiu na bancada e cuspiu fogo para cima arrancando uma ovação de puro deleite da galera.

Entramos no meio da multidão assim que Dot voltou com as bebidas e as viramos sem demora. Nossos corpos já se mexiam no ritmo do reggaeton vibrante e eu deixei a sensação de plenitude me preencher. Eu me sentia como o próprio ritmo, como se ele emanasse de mim e eu sei que isso é o efeito da bebida misturado com as luzes. Ambas me deixavam leve, levavam a timidez que me era tão peculiar embora e soltavam o meu corpo.

Regina começou bem tímida, rindo da gente que dançava sem parar e completamente desengonçadas. Não possuíamos nem de longe o gingado e o swing necessário, mas pouco nos importávamos. Elsa e Belle logo nos encontraram informando que Ana havia achado o amor da vida dela. Era sempre assim, a cada festa a pequena Ana achava seu amor verdadeiro que durava ao menos por aquela noite.

Nós não tínhamos muito tempo então aproveitávamos sempre o máximo que podíamos. Bebíamos, beijávamos na boca e dançávamos bastante. Sempre havia meninas nessas festas que eram como eu, sempre havia uma ou outra que também gostava de meninas e se eu gostasse dela, por que não?

Mas nesse dia em especial eu não conseguia olhar para ninguém que não fosse Regina. Seus passos tímidos e as risadas que eu não ouvia por conta da música, mas que eu sabia que dava dela mesma estavam me possuindo como uma droga que eu provavelmente estava em abstinência.

A morena dançava com Elsa e parecia estar se divertindo. Eu segurava o copo de tequila em minhas mãos, era o nono ou décimo eu não sei, sempre fui forte para bebidas alcoólicas, principalmente as quentes, hoje em especial eu sentia que eu não deveria estar bebendo. A medida que Regina se sentia confiante sua dança também ficava diferente. Seu corpo se mexia com ousadia contra Elsa. Seus traços só poderiam ser latinos e a cada movimento se tornavam mais e mais sensuais.

E por todos os deuses como queria ser eu ali atrás dela. Seus olhos fechados e seus lábios comprimidos em um sorriso estavam me deixando mole. Então ela me olhou e eu posso jurar que trocamos brasas. Seus olhos ardiam para mim bem como eu posso dizer que os meus deveriam estar ardendo para ela, eu os sentia tão quentes. Eu estava toda quente e não é por conta da tequila, não mesmo. O copo estava a meio caminho da minha boca e eu não conseguia fazer mais nada a não ser mirá-la. E eu devo estar ficando completamente maluca, porque se minha cabeça não está começando a fantasiar coisas, Regina tinha acabado de passar a língua sensualmente por seus lábios antes de morder o inferior, seus olhos cravados nos meus.

Inferno.

Reggaetón Lento começou a tocar de uma forma que eu ainda desconhecia, parecia remixado e estava embaralhando meus sentimentos Cuando me baila no pasan las horas, se freeza el tiempo la cosa esta buena, si con esa boquita tú me pidieras te doy el mundo entero porque eres mi nena.

Então um rapaz a puxou para dançar quebrando nosso contato visual, as mãos do menino foram para cintura de Regina que em nenhum momento a retirou, a conversa com Belle veio para a minha mente como um foguete me desestabilizando por um breve momento. Regina era hetero. Minha mão apertou o copo com uma força desnecessária. Fogo subia em minhas veias.

Não me importando se Regina iria gostar ou não de ser interrompida eu fui em sua direção disposta a tirá-la dos braços daquele garoto, mas no meio do caminho eu fui puxada pelo braço, metade da minha bebida derramou em minha mão e eu ia realmente brigar com quem fez isso, mas fui impedida quando a mesma mão que me puxou enlaçou minha cintura colando seus lábios ao meu em um beijo quase furioso. Olhei para o lado e Regina havia parado de dançar e mirava meus olhos, sua falta de expressão fez todo fogo que queimava em mim apagar e me lembrar que estava sendo beijada contra minha vontade e imediatamente empurrei a pessoa que me agarrava.

_Mérida!? – Disse reconhecendo aqueles cachos ruivos. – Regina. – Sussurrei olhando para morena que não mais olhava para mim. – Ana? – Disse por fim vendo a garota correr até nós esbaforida.

_Cinco para as duas. Se atrasarmos Kiliam nos mata, vamos. – Gritava a garota em meio a música alta já nos empurrando para fora. Sua boca estava toda borrada de batom.

Narrado pela Autora

Enquanto era empurrada para fora por Ana e sua boca borrada de batom Regina tentava inutilmente pensar em outra coisa eu não fosse Emma beijando uma garota. Emma beijando uma linda, alta e ruiva garota. Emma beijando uma garota e que essa garota não era a própria Regina Mills.