Narrado pela autora.

Na manhã seguinte, quando Regina acordou ela percebeu três coisas. A primeira era que ela não queria mais ir embora, a segunda é que era muito cedo, e a terceira, mas que na verdade foi a primeira coisa que Regina notou, é que Emma não estava no quarto. Levantou lentamente para não fazer barulho e acordar Belle, foi ao banheiro fazer sua higiene e trocar de roupa.

Já vestida saiu do chalé descendo pela mata. Ela havia aprendido o caminho até a praia devido às investidas da tarde anterior. O sol estava pena nascendo quando Regina pôs os pés na areia. A morena imaginava onde Emma estaria e se perguntava por que a loira havia saído sem lhe chamar. Seu coração perdeu uma batida quando teve esse pensamento. A garota balançou a cabeça para abstrair desses pensamentos e focou no nascer do sol no horizonte. O espetáculo era de tirar o fôlego.

Mas outra coisa havia lhe chamado à atenção ofuscando o brilho vermelho que se suspendia por trás do mar. Com uma regata verde fluorescente e um short Nike preto colado a sua coxa Emma corria em direção ao deck. Suas sandálias uma em cada mão e o cabelo preso em um coque alto. Mesmo de longe dava para perceber o rubor de suas bochechas, efeito da corrida. Regina ficara observando enquanto a loira se alongava no final do deque e então se surpreendeu quando ela retirou sua roupa revelando um biquíni preto comportado e se jogou no mar vermelho pelo reflexo do sol que agora já aparecia mais da metade.

Sem realmente perceber o que fazia, Regina movia seus pés em direção ao deque, a areia que subia de sua sandália batia em suas pernas como se fossem pequenas agulhas. A passos lentos ela cruzou a estreita passarela vendo como o mar cristalino passeava calmamente abaixo das ripas de madeira. Emma nadava, submergia e reaparecia, seu cabelo já não estava mais em coque, e em nem um momento reparou na presença da morena que se aproximava.

Narrado por Regina

Ela parecia tão serena nadando, como se não houvesse mais nada nesse mundo que a preocupasse que não fosse o mar. Sentei na borda do deque retirando as sandálias as colocando de lado. Desci meus pés de encontro à água. Para mim que acabei de sair da cama o mar parecia gelado, mas seu eu tivesse correndo como a loira havia feito um banho nessa água cristalina seria mais que convidativo.

Observei Emma boiando, ela mexia os braços e as pernas lentamente. O sol que agora já estava no alto banhava seu rosto e ela exibia um sorriso tão lindo que eu acho que ela estava sonhando o mais sereno dos sonhos enquanto flutuava. Então ela suspirou deixando suas pernas afundarem novamente levando todo seu corpo para de baixo d’água e quando ela emergiu novamente abrindo os olhos tomou um susto tão grande que eu me assustei também. Emma cuspia água que ela provavelmente tinha bebido e tossia desesperadamente.

_Jesus, Regina. – Ela disse ainda tossindo e recuperando o fôlego – você tem uma predisposição para me dar susto? Queria me matar chegando em silêncio assim? – Ela já respirava mais facilmente. Percebi que meu coração batia tão forte que parecia bater em todos os lugares.

_Desculpe, eu não tive a intenção. – abaixei minha cabeça envergonhada. Droga. Eu realmente parecia uma maníaca, uma maldita Stalker ou qualquer coisa parecida. – Eu realmente não queria te assustar. – Senti meu pescoço começar a ruborizar e fiz um movimento para me levantar e ir embora, mas fui impedida por uma mão molhada que pousou no meu joelho, e eu nem tinha percebido que ela já estava tão perto assim.

_Não precisa sair. – Emma disse e depois colocou suas mãos no deque fazendo força pra subir na madeira. Usei todo meu autocontrole para não ficar encarando os músculos definidos de seu braço enquanto ela subia. Então passei a olhar o caminho que as gotículas de água que Emma deixou em meu joelho faziam antes de cair no mar novamente. – Eu sei como esse cenário é espetacular. – A loira falou novamente quando já estava sentada ao meu lado, tão próxima que eu podia sentir o frescor de sua pele e os respingos que das gotas quando caíam de seu corpo.

_É realmente um espetáculo. – eu respondi olhando o horizonte e tenho a leve impressão que não falávamos da mesma coisa, e eu estou realmente tentando me repreender por esse tipo de pensamento. Ficamos um tempo em silêncio enquanto nossos pés mexiam calmamente na água.

_Quer correr comigo amanhã? – Me perguntou ainda fitando ao longe. – Como tinha me esquecido de falar disso com você ontem, não quis te acordar hoje cedo, vai que você é daquelas que acordam super de mau humor quando alguém interrompe seu sono, como eu. As meninas odeiam correr. – ela me disse e eu não sei explicar porque todo o meu corpo sacudiu como se uma manada de elefantes desgovernados estivesse passando pelo meu estômago. Eu ri.

_Eu não sou uma pessoa muito esportista. – Respondi envergonhada. – Provavelmente vou te atrasar ou tropeçar em meus próprios pés e acabar caindo em cima de você. – Emma riu suavemente.

_Duvido que você seja mais desengonçada do que eu, logo você, a senhorita graciosa. – Bati meu pé no dela o que só a fez soltar mais uma risada maravilhosa – Meu pai sempre disse que nasci com dois pés esquerdos. – Ela me olhou com um sorriso – Mas façamos assim, começamos caminhando e se der corremos um pouco. Se você quiser é claro, não quero te forçar a nada.

_Eu iria adorar. – Respondi, mas na verdade queria dizer que ela não precisava fazer isso por mim, mas eu queria tanto que ela fizesse que fiquei calada. – Você corre há muito tempo?

_Nááá – ela balançou a cabeça – quando se é do Maine, as atividades ao ar livre são bem restritas. Geralmente é frio pela manhã, não dá para correr assim, mais na esteira mesmo. Mas não é nem de longe a mesma coisa.

_É? Por quê? – estava adorando ouvir mais sobre ela.

_Porque eu me sinto liberta correndo ao ar livre, com a natureza como testemunha, é quase como se eu pudesse voar... – ela fechou os lhos e sorriu – é esquisito eu sei. Patético também. Mas sentir o vento bater em meu rosto é quase como que por um momento eu pudesse acreditar em magia. – Eu ri – bobo né? Ruby diz que sou uma idiota. – ela me olhou.

_Eu te acho fantástica. – vi o rubor subir pelas suas bochechas e percebi o que disse – Quer dizer, - tentei corrigir – acho isso fantástico. – gaguejei um pouco e resolvi não tentar consertar porque estava só piorando - É como me sinto quando subo em um cavalo. Quando eu sinto o vento em uma cavalgada é quase como se eu pudesse fazer qualquer coisa. – mudei de assunto para deixar esse momento estranho passar. E deu certo.

_Eu sei como é. Cavalgar é tão maravilhoso quanto, apesar de morrer de medo com todos aqueles músculos abaixo de mim, sinto o mesmo quando monto Charming. – Ela me disse rindo.

_Charming? – Perguntei a ela que somente alargou seu sorriso.

_Grande alazão que era do meu pai. Ele me deu quando fiz dez anos. Ele fica no sítio, que é uma das grandes paixões do meu pai. – disse suspirando feliz. Sério, o cavalo dela chama-se Charming. – ele adora bancar o camponês. – eu ri. – E você também gosta de cavalos? – Emma me perguntou e eu fitei o horizonte deixando as lembranças me invadirem.

Narrado por Emma

Perguntei a Regina se ela gostava de cavalos e vi seus olhos se alargarem enquanto ficavam mais e mais brilhantes. Essa garota se expressava por seus orbes cor de avelã e nem se dava conta disso. Eu sabia a resposta antes mesmo dela dizer.

_Eu particularmente amo. – Sorri para ela. – Mas não tenho cavalo. Sou proibida de subir em qualquer um deles desde os meus 8 anos. – Franzi meu cenho para ela – Não que eu cumpra isso de qualquer forma. Sua mãe não ter tempo para você também significa que ela não sabe que faz equitação na escola. – Ela me disse isso como se fosse a coisa mais normal do mundo uma mãe não se interessar pelas atividades dos seus filhos.

_Por que ela te proibiu? – Quis saber.

_Meus pais sempre gostaram de corrida de cavalos e até investiam em um haras. E eu... bem, sempre fui apaixonada por eles. Mas um dia estava montada em um que era muito arisco e eu adorava me gabar porque conseguia domá-lo e minha irmã não. – ela riu da lembrança- E Zelena por brincadeira soltou estalinhos perto e acabou assustando o animal. Ele correu e eu, pega de surpresa, caí.

_E sua mãe ficou brava.

_Por isso não. – Ela riu da minha cara de desentendida – Ela se zangou pela cicatriz que ficou em meu lábio. “Damas não possuem cicatrizes, somente selvagens possuem cicatrizes.” – Automaticamente ela subiu sua mão ao seu lábio e eu acompanhei todo o movimento. Sorriu para ela mesma antes de balançar a cabeça. – Eu nunca deixei ela corrigir, mesmo que ela tenha me levado a todos o cirurgiões plásticos desse planeta, em cada um eu fiz um show a envergonhando. Considero essa marca uma pequena vingança contra minha mãe, algo que ela não pode tirar de mim.

Como seu eu estivesse possuída por algo que não saberia nunca explicar, levei minha mão ao seu rosto o virando de frente para mim. Eu já tinha reparado sua cicatriz, mais do que seria aceitável até, e a achava terminantemente adorável e sexy. Céus, eu não disse sexy. Passei meu dedão por cima do seu lábio fazendo o caminho da pequena cicatriz. Senti Regina prender a respiração o que fez meu próprio ar ficar preso em meus pulmões. Mas eu não conseguia parar.

Maldição.

_Eu a acho adorável. – me escutei falando sem nem perceber olhando para marca em sua boca e para seus olhos que estavam tão redondos como se nem olhos humanos fossem. Regina soltou algo incompreensível aos meus ouvidos e que foi abafado pelo som da sirene que anunciava o café da manhã. Forcei meus dedos saírem do contato com sua pele e olhei para longe constrangida me amaldiçoando por ser tão impulsiva perto dessa garota. – Vamos? – perguntei já me levantando e esticando a mão para Regina pegar o que foi prontamente feito e eu a puxei para cima. Coloquei minha roupa por cima do biquíni e como se possuíssem algum tipo de ímã nossas mãos se encontraram novamente e eu caminhei para o refeitório tentando desesperadamente não pensar em como nossos dedos se encaixavam tão bem.