Sonhadora

Capítulo 30- O Plano!!


A vida nos cobra tomar decisões constantemente....
Cada escolha determina um fato no futuro, de cada fato uma vivência inadiável....
Cada experiência, uma mudança imposta....
Escolhe é fácil quando nossos sentimento e ilusões não estão envolvidos...
Somos livres para escolher nossas ações, más somos prisioneiros de suas conseqüência...

(Jhiony Fraron)

Como será o amanhã? Prever o futuro é difícil, e as vezes nos perguntamos se as decisões que estamos tomando, são as certas. Muitas vezes parece que não temos certeza do que esperar e qual o melhor caminho tomar, e era assim que eu estava me sentindo. Quando minha escolha é consciente, nenhuma repercussão me assusta. Quando não é, qualquer comentário me balança. Existem todas as possibilidade, a mais absoluta liberdade de escolha. Como em um livro, onde cada letra permanece para sempre na página, mas o que muda é a própria consciência que escolhe o que ler e o que deixar de lado

Em cada escolha arrisca a vida que poderia ter, em cada decisão,perdê-la.

E o mundo estava novamente me exigindo decisões para as quais eu não estava preparada. E Decisões sobre assuntos importantes não devem ser tomadas por apenas uma pessoa. Pois como todos sabem A dor nos faz tomar decisões erradas. O medo dela também.

Será que eu estava fazendo o certo voltando para aquela escola? Será que era certo me vingar da minha mãe?

Várias perguntas me vieram a cabeça naquele momento e vários pensamentos também. Mas que foram bruscamente interrompidos no momento em que quase meu coração parou. Confesso que se Richard não estivesse segurando as minhas mãos eu com certeza já teria caído. Minhas pernas estavam bambas e minhas mãos tremendo.

-Alice, é você mesma?

Olho para a diretora na minha frente, mas não consigo dizer nada, apenas fico a encarando.

-Eu... você não estava morta?

Ela pergunta tão assustada quanto eu

Fernanda percebendo o quanto era impossível eu responder a essa pergunta encaminhou a diretora até a sua sala com o intuito de lhe contar toda a verdade, incluindo a parte da minha história e da minha mãe. A pergunta era, será que ela iria acreditar?

Eu definitivamente não sabia. Para falar a verdade, qualquer coisa era esperada, vindo daquela diretora. Até hoje me lembro do primeiro dia de aula, quando ela me colocou de castigo e eu conheci Richard... Como ela me chamou mesmo? Ah, de Menina insolente.

Será que ela iria realmente acreditar na minha história? Mas essa era minha única esperança, eu não tinha nenhuma saída e nenhuma solução.

Richard, Lucas e eu fomos andando até nossos respectivos quartos. Por sorte, não encontro as meninas, o que me poupou horas de explicação. Certamente elas ainda achavam que eu estava morta.

Algum tempo se passa. Não sei exatamente o quanto, já que não estava preocupada olhando para o relógio. Após um longo banho, eu havia deitado na minha antiga cama , ligado a minha caixinha de música e ficado olhando para o nada. Meus pensamentos estavam longe, e eu estava pensando em tanta coisa, mas eles foram interrompidos quando a porta foi aberta. Levo um susto ao ver Richard e Lucas entrando.

-O que aconteceu? – pergunto me levantando e colocando a minha caixinha de música em cima da cabeceira

-A Fernanda já acabou de conversar com a diretora

-E? –Pergunto com receio da resposta

-Ela não acreditou em nada que ela disse- Richard diz com a voz em tom de decepçao.

-Eu já havia pensado nessa possibilidade- digo, mas no fundo, eu ainda tinha um pouco de esperança.

-Vou falar com ela, quem sabe ela acredite?

-Alice, eu não sei se vai adiantar muita coisa...

-Mas eu tenho que tentar...

-Tudo bem, mas qualquer coisa, vamos estar aqui, é só gritar que eu vou lá te salvar ok?

Dou uma risada

-Tudo bem, meu herói. Se eu precisar eu grito- digo em ironia

---------------------------------------------------------------------------------

Respiro fundo e bato na porta. A voz da diretora sai quase forçada, e assim que me vê , ela fica um pouco assustada

-Preciso conversar com a senhora.

Ela faz um sinal para que eu me aproximasse me sento em uma poltrona que havia na sua frente. Como no primeiro dia de aula, eu estava tensa e minhas mãos estavam tremendo.

-Do que se trata o assusto Alice?

-Eu queria contar a minha história

-Se for sobre aquelas baboseiras que a Fernanda falou, só irá perder o seu tempo.

-Tem haver sim, mas ao contrario do que acha, é a pura verdade eu tenho como provar

-E como vai fazer isso?

-Gostaria que a senhora confiasse em mim e não ligasse para minha mãe, para dizer que eu estou viva. Se não ela ira vir aqui hoje e me matará . Me de 24 horas, e prometo que amanha nesse mesmo horário, trarei a prova para que a senhora acredite. Por favor, me de somente um dia.

Ela fica um pouco pensativa, mas logo responde a minha pergunta.

-Tudo bem Alice, apenas um dia, se amanha não estiver aqui, irei imediatamente ligar para sua mãe.

-Isso não será preciso- digo saindo da sala sem dizer mais nada

Eu não havia conseguido fazer com que ela acreditasse, mas se tudo desse certo amanha ela acreditaria. Tudo que eu tinha que fazer era dar um jeito de provar. E eu tinha apenas 24 horas para isso.

-Mas Alice, como iremos fazer para provar?

Estávamos todos reunidos, na antiga lanchonete, que não estava mais habitada. A mesma que Richard cozinhou um dia para mim. Estávamos sentados, ambos tentando achar um jeito de provar a diretora que o que eu estava falando era verdade, para só então me vingar da minha mãe. A pergunta era, como?

O tempo foi passando tão rápido, que quando fui olhar no relógio, me assustei por já ser de tarde. E há essa hora, eu já estava começando a pensar que estava perdida.

A Lanchonete estava silenciosa, todos estavam tentando achar uma ideia, quando de repente Fernanda grita.

-Eu tenho uma ideia!

Levo um susto tão grande que caio da cadeira. Com o coração batendo forte, me levanto com vergonha de ser tão patética. Sem contar, que já estavam todos rindo de mim.

-Para poxa, eu me assustei. – Digo me sentando novamente no meu lugar

Todos não paravam de gargalhar e eu tive que aguentar. Alguns minutos depois Fernanda já estava enxugando lágrimas de tanto rir

-Já acabaram de rir? Não está sendo nada engraçado

-Ta bom Alice, já acabamos... Mas quem mandou ser lerda?

-Cala boca Lucas, eu não sou lerda.

-Tudo bem, agora vamos voltar ao que interessa... Fernanda, qual é o seu plano??

-Bom... Eu não sei se vai dar certo...

-Conta!

-Bom... A minha ideia, é você ir falar com a sua mãe e...

-Espera você está doida? Se eu for falar com ela, ela me mata. Além do mais, estamos procurando um jeito de a diretora não ligar para minha mãe, não vai fazer diferença já que ela vai estar me vendo!

-Calma Alice, me deixa terminar.

-Tudo bem, termine.

-Você quer que a diretora acredite em você, para depois se vingar, certo?

Apenas assenti

Podemos fazer isso de uma vez só. Você vai, fala com a sua mãe, e a faz confessar, enquanto vamos estar escondido com a diretora e a policia. E bom você já sabe o resto.

-Você acha que dará certo?

-Não vamos descobrir se não tentarmos.

Será que iria dar certo? Por um momento aquilo pareceu a minha luz do fim do túnel. Era arriscado, eu sabia. Mas o que não era arriscado na minha vida? Eu vivi com a ameaça de que a qualquer momento iria morrer. E isso não muda agora. Mas... Eu tinha medo pelos meus amigos. Se acontecesse algo com ele... Culparia-me por toda a minha vida. Aquela história, não era deles. Eles estavam Ali apenas por mim, e qualquer consequência, seria por minha culpa. E eu não sabia se estava preparada para sentir aquilo. Já havia perdido bastantes coisas ultimamente, será que perderia mais? Será que a vida não tinha pena de mim, poxa. Eu já havia sofrido tanto, já estava na hora de começar a ser feliz. Resolvo aceitar o plano de Alice. Por mais que tivesse riscos. Não tínhamos outra opção.

-Tudo bem, vamos fazer. Mas por onde começamos?

-Primeiro, vamos comer, estou morrendo de fome.

-Tudo bem, eu também estou morrendo. Mas o que vamos fazer? O refeitório já fechou.

- O Richard sabe cozinhar – digo fazendo uma cara fofa

-Alice... Não era para sair espalhando- ele diz me olhando emburrado

-Ah sério? Nossa pode ir então cara, estou morrendo de fome- Lucas diz empurrando Richard.

-Ah, eu não quero não.

-Por favor, Richard, vai. Estamos morrendo de fome

-Tudo bem, mas esta me devendo uma Alice.

Richard foi cozinhar, e Lucas foi ajudar. Eu e Fernanda ficamos conversando um pouco e decidindo o Plano. Havíamos enviado uma mensagem para minha mãe, para ela me encontrar a noite. É obvio que eu não disse meu nome. Agora era apenas torcer para ela aparecer. Combinamos que depois de comer, iríamos falar com a diretora e em seguida com a policia. Mas agora, iria afastar os pensamentos desse assunto e iria apenas aproveitar essas ultimas horas.

Algum tempo depois, Richard aparece e Lucas também. Eles haviam feito strogonoff e estava delicioso. Comemos em um silencio total.

-Qual é a sobremesa? – pergunto quando todos acabaram de comer

-Torta Alemã – era a minha preferida. Dou um sorriso enquanto ele trás a torta, ele sabia que era minha preferida e fico feliz por lembrar. Ele dá uma piscada com um olho para mim assim que me entrega a torta. Estava divina, assim como a comida.

Quando todos já estavam satisfeitos havia chegado a hora de falar com a diretora, novamente. Um frio percorre pela minha espinha. Estava cansada de ficar com medo. Mas era tão difícil. Eu queria apenas que tudo isso acabasse de uma vez. Já estava cansada de sofrer e chorar tanto. Resolvemos todos entrar e falar com a diretora.

A porta estava aberta e me assusto ao ver lá dentro Lorrane. O que ela estava fazendo aqui?

'' É Proibido


É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se
desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.’’

(Pablo Neruda)