Sonhadora

Capítulo 3- Primeiras impressões!


Oi- -ele diz se virando para mim.

Nessa hora ficamos em um silêncio constrangedor, eu sempre fui tímida para conversar, não era que nem as garotas normais. Além do mais, meus pais me privavam de ter amigos. Depois de alguns minutos ele abre a boca para dizer alguma coisa, mas não fala, ele simplesmente vira para o lado e coloca os fones de ouvido.

Resolvo fazer o mesmo, pego meu celular e escolho uma música qualquer. Viro-me e começo a prestar mais atenção nas pessoas do ônibus, eu ainda estava muito impressionada com a quantidade. Aparentavam ter a minha idade, Será que essa escola não é tão ruim assim? Sou afastada dos meus pensamentos quando sinto cutucarem meu braço, olho para o lado e vejo que era o garoto de olhos azuis, nessa hora reparo mais nele. Ele era bem alto e seus cabelos eram loiros, seus olhos não eram meros olhos azuis, eram azuis diferentes, bem escuros que de longe se passavam por castanho,mas de perto com certeza era azul. Ele estava vestido com uma calça jeans, all star e uma camisa preta.

–Você é nova aqui não é ?- Digo que sim com a cabeça.

–É que eu nunca te vi aqui.

–É o meu primeiro ano... Você já está nessa escola a quanto tempo?

–Esse é o meu terceiro ano.

–Nossa... E como é lá?

–Bem, muitos ficam assustados, mas não é tão ruim. Mesmo assim eu tive que me adaptar.

–Seu pais te obrigam a ficar lá? - pergunto realmente interessada.

–Bom... Digamos que eles não gostam de mim, por isso essa foi a melhor desculpa para me verem somente no natal.- Fico chocada, talvez meus pais não fossem os únicos ruins –E você porque está indo?

–É uma história longa e ... Não gosto de falar muito disso. Percebo que ele fica um pouco decepcionado, mas eu não queria sair contando minha história para todos, já que eu sabia suas reações. Provavelmente ou achariam que sou louca e que estou inventado ou ficariam com pena, e eu odeio que sintam pena de mim.

–Você não me disse seu nome.- digo tentando fugir do assunto

–Meus deus verdade... Vamos começar de novo? Meu nome é Lucas, fiz 16 anos- ele diz apertando a minha mão. E você menina desconhecida qual seu nome?

–Alice -digo rindo- e tenho 14 anos.

–Meio nova - ele diz rindo.

Ficamos conversando por longas 2 horas, aquela escola era definitivamente no fim do mundo. Após 1 hora de chão de terra chegamos ao tão merecido asfalto.

–Chegamos- ele diz e eu olho pela janela me surpreendendo. A escola era enorme e não parecia nem um pouco com os filmes de terror.

–Eu tenho que ir- ele diz se levantando e descendo sem ao menos dizer tchau.

–Tchau- digo para o nada já que todo mundo tinha descido.

Pego minhas mochilas e desço também, ando por uma estradinha e me perco quando vejo um jardim, sento e começo a ver a paisagem, era um lugar bonito. Possuía o prédio principal onde deviam ter as aulas, e havia mais dois pequenos prédios, acho que eram os dormitórios. Depois de um tempo resolvo entrar, quando estava entrando no que parecia ser a parte principal do colégio, . Entro no prédio e vou direto para a secretaria, vou até o mural e vejo quem seriam minhas colegas de quarto.

–Quarto 45- Ana Elisa, Débora e Alice. É acho que era esse, olho para o canto onde tina várias pessoas juntas olhando para o que parecia ser a diretora.

–Bom dia alunos novos, meu nome é Vilma, sou a diretora do colégio interno, aqui dentro não tolero bagunça, gritaria, vocês devem usar o uniforme todo dia, e se desrespeitarem alguma regra serão punidos. - Ela dava medo, sua aparência era típica de vovó do mal, que batia nas criancinhas enquanto dormiam. Ok, sei que a comparação é péssima, mas essas características descrevem-na perfeitamente. Quando estava me aproximando do tal grupo, acabo tropeçando e sem querer caio no chão derrubando a diretora.

–Senhorita Alice- ela fala gritando -Como ela sabia meu nome?

–Me desculpa- digo sem jeito- levanto correndo pegando minha mochila.

–Porque você demorou? Aqui não toleramos atraso .

–Mas é que...

–Não, não importa que você invente desculpas, isso não pode se repetir.

–Eu sou nova e...

–Porque está discutindo comigo? Está de castigo.

–O que? Mas eu não fiz nada- digo olhando incrédula para ela.

–Sem reclamações, já para o castigo.

– Argh- digo revirando os olhos. Onde fica?

–Não seja cínica, vá logo e não revire os olhos.

– Mas eu não sei...- Quando ela iria entender que eu era aluna nova? Não sabia onde era o castigo. Encaro a diretora que ela fica com raiva e começa a ficar vermelha.Ela vem até mim e me puxa pelo braço.

–Me solta! Está doendo

–Venha mocinha insolente, irá aprender a não desrespeitar os mais velhos.- Ela me carrega até uma sala comum e me ´´joga`` lá dentro.

-Está de castigo até a hora do almoço- Ela diz e então simplesmente sai, trancando a porta.

–Que ótimo- digo a mim mesma, primeiro dia e já estou de castigo, aquela mulher era doida ou o que? Meu deus... Eu não fiz nada. Definitivamente eu iria amar esse lugar, obrigada mamãe queria- Digo chutando uma cadeira, pego minha mochila sento no fundo da sala e começo a ouvir música. Ouço um barulho estranho, tiro os fones. Quando olho para trás levo um susto.

–Quem é você? - digo para algo no fundo da sala.

–Oi- ele diz com a voz áspera

–Quem é você?- repito a mesma pergunta.

–Meu nome é Richard.

–Meus deus você é uma pessoa ? Quase que me matou, pensei que fosse um fantasma.

–Me desculpe- ele diz rindo- Você acredita em fantasma? - nessa hora ele sai do fundo parando diante de uma luz e realmente consigo ver um garoto. Ele vem até mim e senta do meu lado.

–Não sei- digo rindo.

–Qual seu nome?

–Alice.

–Você é nova... O que está fazendo aqui?-

-Nem me pergunte. Aquela mulher é maluca? Eu não fiz nada e ela simplesmente me coloca de castigo- digo emburrada

-Não fica assim, o castigo é só uma hora, se quiser, depois te mostro a escola.

-Obrigada- digo dando um pequeno sorriso, mas logo a minha expressão de tristeza retoma a estampar o meu rosto. Minha vida estava horrível, acho que não tinha como piorar.

-O que te trouxe a esse colégio?- Eu não tinha nada para fazer então resolvo contar tudo, desde a diretora até sobre meus pais, e ele pareceu prestar bastante atenção.

–Eu vou te ajudar- ele diz assim que termino de contar tudo.

–Ajudar com o que?

–A fugir.

-O que?- pergunto assustada.