Sonhadora

Capítulo 13- O porque...


–É um longa história- ela diz desviando o olhar

–Tudo bem eu tenho tempo- digo sentando ao seu lado.

-Eu não sei... acho melhor contar depois.

-Conta Fernanda, eu preciso saber

- Ela pensa um pouco e então decide continuar:

– Quando voltamos da viajem do Canadá passamos por um momento difícil. Meus pais começaram a discutir e todos os dias eles brigavam, até que um dia- vejo seus olhos se encherem d'água, seguro suas mãos. -Fernanda se você não quiser não precisa mais continuar.

–Não, tudo bem - ela diz enxugando as lágrimas

– Eu quero continuar. - Não digo nada, apenas assenti com a cabeça e ela continuou a contar.

Flash Back on



Acordo ouvindo gritos. Pela fresta da porta pude ver que o corredor estava aceso. Levanto de vagar e espio sem fazer barulho, meu pai estava em pé gritando e minha mãe estava sentado chorando. Fico um pouco chocada, eles estavam brigando a muito tempo, mas eu nunca via minha mãe chorar. Como eu fazia antigamente vou correndo até o quarto do meu irmão. Bato na porta e entro em seguida. Toda vez que eu tinha medo de alguma coisa, ou quando nossos pais estavam brigando eu corria para seu quarto.



–Bom dia maninha- ele diz se sentando



O que está fazendo aqui?

–Eles estão brigando de novo...



–É , acho que dessa vez é para valer.



– Eu estou com medo.

–De que?

–De eles se divorciarem, não sei, não quero que eles se separem.

–Não fica assim maninha, vem cá-ele diz me chamando.

Sento ao seu lado e ele começa a fazer cafuné nos meus cabelos. Sem perceber eu adormeço.

Acordo sentindo alguém me sacudir, abro os olhos e vejo que estava no quarto de Jonas. Olho para frente e ele estava em pé parado, seus olhos estavam vermelhos e inchados.

–Você está chorando? - faço a pergunta mais obvia.

–Fernanda... Os nossos pais estavam discutindo muito... a mamãe tentou ir embora mas sofreu um acidente de carro.

–O que? Isso é mentira não é? -Ele apenas assente que não.

Nessa hora eu não conseguia saber o que estava sentindo, era como se um buraco estivesse aberto sob meus pés. Começo a chorar e ele me consola.

–Como ela está?

–Ele não responde, apenas me abraça mais e então eu entendo.

–Ela morreu? - digo gaguejando não acreditando nas minhas próprias palavras.

–Não... mas ela está em coma.

Flah back of


–Meu Deus Fernanda... eu nem sei o que te dizer.



–Não precisa sentir. Sua vida também é complicada e... eu já estou superando. Mas... continuando, assim que descobri que ela estava em coma, eu fiquei em choque, fiquei naquele estado por dias até que meu pai resolveu tomar uma providência e quis me mandar para a casa da minha avó. Mas... eu recusei, eu não queria ir para lá. Foi então que lembrei que você disse que veio para cá, então eu me despedi da minha mãe no hospital e resolvi vir.



–Nossa, mas você não contou para seu pai?


–Não, seu eu contasse ele não iria deixar então eu apenas escrevi um carta.

–Você não podia ter feito isso.

–Mas eu precisava fazer as pazes com você e ... eu não conseguia pensar em um lugar melhor.

–Fico feliz que esteja aqui- digo a abraçando.

–Eu também fico Alice

–Mas, como sua mãe está?

–Ela ainda está em coma, mas eu tenho esperanças.

–Espero que ela melhore.

–Eu também.

–Mas então vamos falar de coisas boas... - ela diz dando um leve sorriso- Quero conhecer as suas amigas, cade elas?

–Acho que já está na hora do almoço, vamos ao refeitório?

–Claro- ela diz se levantando e fomos embora. -Estávamos conversado e aproveitei para mostrar a escola

–Nossa aqui é muito legal

–Eu sei- digo rindo- Mas então... amanhã eu vou ter aula de ballet, você quer ir comigo?


–Claro, eu vou com certeza


–Não acredito...

–O que foi Alice?

–O Lucas, ele está vindo falar comigo.

–Cadê? Onde ele está?

–Ali na frente- digo apontando- Aquele loiro .

–Alice....

–O que foi?

–Eu conheço ele.

–O que? Mas da onde?