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On the steps of the palace (Into the Woods) – Draco X Hermione


Era meu quarto ano e haveria um baile no castelo. A pessoa com quem eu queria ir, não me chamaria. Então eu acabei aceitando ir com um estudante de outra escola. Ron, as vezes, era muito burro. Mas eu não poderia esperar uma inteligência emocional muito grande vindo dele. Afinal, meu amigo tinha o emocional de uma colher de chá.

Harry por outro lado, teria me convidado se ele não estivesse apaixonado, e arrisco dizer, obcecado por Cho Chang. Eu teria aceitado o convite dele no começo, mas depois de todas as matérias mentirosas que Rita Skeeter havia publicado sobre mim no Profeta Diário, o que eu menos queria, era ser vista dançando com meu melhor amigo.

Aquela mulher estava transformando a minha vida em um verdadeiro inferno, por isso, aceitei o convite de Viktor Krum, sabia que com uma bela maquiagem, um cabelo preso e levemente descolorido e um vestido rosa, jamais seria reconhecida. Me disfarçar poderia ser legal.

Cheguei no baile e dancei a primeira dança com os campeões, ninguém desconfiou que eu era eu, exceto talvez por Harry. Mas que ao me olhar, resolveu não falar nada e soube que era melhor manter distância ou poderia estragar meu disfarce, terei que agradecê-lo depois por isso.

Depois de dançar duas músicas meu par saiu do meu lado e eu pude ouvir Draco conversando com Blásio, não precisava ser nenhum gênio para reconhecer a voz rouca dele. Após anos sendo xingada por ele, é claro que saberia dizer que era dele mesmo a quilômetros de distância.

— Viktor Krum é muito burro, quem deixaria uma garota como aquela sozinha? – ouço o loiro falar e não respondo, quero ver até onde aquela conversa vai.

— Então vá até ela. Converse, a chame para dançar. Com certeza não é uma garota de Hogwarts. – Merlin, como ele estava errado.

— E se ela recusar? – por alguma razão fiquei com dó dele e se ele realmente viesse me chamar, eu iria dizer sim.

— Ela não vai. – Blás disse e tive certeza que sorriu para mim e eu sorri de volta.

— Como tem tanta certeza? – Draco estava mesmo inseguro.

— Porque ela não para de olhar para cá. – dito isso, os dois se viraram para mim e olharam no fundo dos meus olhos.

Por uma pequena fração de segundos achei que Zabini sabia minha real identidade, mas ele não incentivaria Malfoy a vir falar comigo se ele realmente soubesse quem eu sou.

— Prazer, sou Draco Malfoy. – diz estendo a mão para mim, rápido, pense.

— Eu sou Claire de Lune. – respondo com meu sotaque francês. Agradeço aos céus pela parte do meu pai morar lá e eu ter aprendido o básico da língua.

Ele não disse mais nada, apenas pegou minha mão e me conduziu à pista de dança, foi uma sensação estranha. Era gentil e doce, como se estivesse me cortejando.

Dançamos uma, duas, três, vinte músicas e a cada música que dançávamos, aquilo se tornava mais certo. Seus braços firmes e fortes me passavam segurança. Cada passo era milimetricamente ensaiado. A cada giro e nota tocada, parecia que já havíamos dançado juntos várias vezes.

Nossos corpos estavam sincronizados. Em dado momento da noite, ele jogou meu corpo para trás, me levantou e segurou minha cintura com mais firmeza. Foi se aproximando e eu podia sentir seu hálito de menta.

Confusão, era a palavra que definia meu estado emocional. Eu queria beijá-lo, mas deveria? Ele queria me beijar, mas deveria? Ele era meu inimigo. Eu era uma sangue-ruim. Eu não queria nada com ele, Ron era minha verdadeira paixão. Ele não poderia me desejar, ele não poderia se casar comigo. Jamais. Mas como eu queria beijá-lo.

Me deixei levar pelo momento e quando percebi, nossos lábios já estavam se tocando e nossas línguas dançavam sozinhas, sincronizadas, como nós havíamos dançado a noite toda. Eu queria cada vez mais e ele também, então quando ele me colocou na parede, entrelacei minhas pernas em sua cintura e deixei que ele passasse suas mãos pelo meu corpo e eu passava as minhas pelo dele.

O sino tocou afirmando que o baile havia acabado e então, eu voltei a mim mesma. Comecei a correr, subi quatro lances de escada, mas quando olhei pra trás ele estava quase me alcançando. Jogamos feitiços ao mesmo tempo.

Eu fiquei presa nas escadas e ele petrificado. Sabia que lançar o feitiço do Corpo Preso me dariam alguns minutos de vantagem, mas eu estava presa naquela espécie de piche.

As dúvidas começaram a sondar minha mente. E se eu deixasse que ele me pegasse? Deixar ele saber minha verdadeira identidade e ouvir sua resposta? Mas e se ele soubesse quem era, quando eu sabia que não era o que ele realmente gostaria que eu fosse? Mas, e se eu fosse?

Rápido, eu precisava decidir, estava começando a grudar nas escadas. Melhor ir para o meu dormitório e não deixar as coisas colidirem. Lá eu podia ser quem eu era, sem ninguém ligar para isso. Eu não precisava decidir nada e não tinha nada a perder.

Calma, eu não estava pensando direito. Eu sabia qual era minha decisão. Era não decidir, as coisas não precisavam colidir. Iria lhe deixar uma pista, por exemplo, meu sapato e ver o que ele faria com isso.

Agora era ele que estava preso com um sapato nas escadas do castelo e não eu. Deixei um pé lá e tirei o outro, sair correndo descalça me daria mais tempo, afinal era mais rápida sem os saltos altos.

Quando cheguei dois lances acima do que estava, pude avistá-lo se movendo e então corri mais rápido do que nunca havia corrido. Cheguei em meu salão comunal e subi direto para o meu dormitório. Eventualmente ele descobriria que era eu, porque eu tinha moldado aquele sapato, não acharia nenhuma francesa com aquele formato de pé.

E não acharia ninguém chamada Clair de Lune, era o nome de uma música que meus pais ouviam. Era uma canção trouxa. No dia e nos anos seguintes as coisas continuaram como sempre. Draco e eu continuávamos nos odiando e com a Guerra, as coisas pioraram muito.

Ron queria se casar comigo, mas eu disse não. De alguma forma, o beijo que eu e Malfoy havíamos dado em nosso quarto ano, ainda surtiam efeitos e mexiam comigo. Acho que, mesmo depois de anos, ainda era apaixonada por ele.

Saí sozinha naquela noite fria de dezembro. Era dia 24 e eu queria espairecer, meus pais estariam em casa e comemoraríamos o Natal juntos. 5 anos depois da Guerra e eu ainda precisava sair nas vésperas de Natal. Fui até o Três Vassouras, sabia que estaria vazio.

Ou, era esse o plano. Eu era a única pessoa que frequentava aquele estabelecimento naquela época do ano e horário, eu e os alunos de Hogwarts. Mas naquela noite, duas pessoas que não deveriam estar ali, dividiam o ar comigo.

Reconheci Draco e Blásio e assim que os avistei, logo me escondi. Não queria ser vista por eles, ainda não estava preparada. Escutei a conversa deles, sabia que era errado. Mas da última vez tinha dado certo e eu realmente queria saber o que se passava naquelas mentes.

— Blás, aquela menina não é francesa. Não pode ser, não há ninguém no mundo francês com aquele nome. Eu pesquisei. – espera, ele ainda pensava em mim?

— Draco, quantas vezes eu já te disse para deixar isso de lado? – o amigo ralhou com ele.

— Mas eu a amo e sei que está próxima de mim. Mais perto do que nunca. – ele tinha razão.

— Quantas mulheres você já fez experimentarem esse sapato? Quantas alunas de Hogwarts? Nenhuma. Por que não chama todas as garotas que estudaram conosco? – resolvi intervir, eu tinha que contar a verdade. Ele não poderia me odiar mais do que odiava.

— Ele não precisa, eu sou a garota. – disse saindo de trás da parede em que estava escondida. — Eu fui a garota com a qual Malfoy dançou a noite toda. Estava com o cabelo preso e modifiquei a cor. – enquanto falava, ia mudando o cabelo para o da noite do baile. — Também usava esse vestido. – tirei de dentro da minha bolsa. — Estava com essa maquiagem. – fiz ela com um aceno de varinha. — E esse foi o sapato que deixei nas escadarias.

— Por que não contou antes? Por que esperou cinco anos? Por que não deixou ser pega por mim?

— Porque eu tive medo da sua reação. Porque não sabia como explicar depois de tanto tempo. Porque eu não podia.

Ele ficou calado, apenas me olhava. Eu podia tentar adivinhar o que se passava em sua mente, mas tinha medo. Não ousei olhar em seus olhos, não aguentaria ver a raiva tomando conta daqueles olhos cinzas que sempre apareciam em meus sonhos.

Foi quando senti seus braços em volta da minha cintura. Levantei minha cabeça e encarei aquele céu cor de tempestade e deixei que ele olhasse em meus olhos chocolate. Se aproximou e selou nossos lábios, foi quando ele começou o beijo que eu percebi o quanto queria aquilo de novo. Como pude passar tantos anos sem isso?