Na hora do jantar, havia mais cadeiras do que de costume, e a mesa era farta, e grande.

—Vamos receber visitas?- Rosemund, a filha de John perguntou

—Eu não estou sabendo... Vamos, Sherl?- John perguntou

—Não exatamente- Sherlock responde, olhando para a senhorita Hudson- Vocês vão conhecer pessoas novas hoje.

—Quem?- Aiha perguntou

—Meus filhos- Sherlock foi até a porta e a abriu, em fila, por ordem de idade, entraram Michael, Lucian, Zachary, Vincent e Charlotte- Eles vão morar aqui com a gente- Quando ele disse isso, Annabeth quase se engasgou com o suco que bebia.

— M-Morar com a gente?- Annabeth perguntou- Mas... Vai ter espaço pra todo mundo?

—Vai sim- Sherlock respondeu de modo afável- Charlotte dormirá com vocês. E os meninos dormirão com Ezekiah. Agora... Vou apresentá-los a vocês. Estes são Michael, Lucian, Zachary, e os gêmeos, Vincent e Charlotte.

Os irmãos Holmes sorriram, e se sentaram a mesa. Sherlock não pode deixar de notar que Charlotte havia feito o que lhe havia sido pedido. Ela estava modestamente vestida, com uma peruca que valorizava seu rosto levemente marcado. Enquanto ela estava comendo, ela observava a família Watson. O pai, John, era um homem loiro, de olhos verdes, tinha ares de militar, mas também de médico. A moça de cabelos castanhos na altura do ombro, só podia ser Aiha. Parecia ser corajosa, sabia lutar. Isso era claro pelos punhos e músculos desenvolvidos. Ela parecia ser doce, mas madura. Ao lado dela, Annabeth. Cabelos castanhos com mechas loiras, que davam no meio das costas, mais ou menos. Passava uma imagem de poucos amigos, mas era bonita. Em seguida, Rosemund. A mais parecida com John, olhos verdes, loira, cabelo da mesma altura do cabelo de Annabeth, era amável e fofa. Gostava de costurar, dado pelos leves machucados de agulha nas pontas dos dedos e pela marca no braço, onde se apóia para usar a máquina de costura, também gostava de flores, a notar pela flor em seu cabelo. Por último, Ezekiah. Cabelos médios, castanhos, um olhar de poucos amigos, um tanto inexpressivo para uma criança. Charlotte notou que Annabeth olhava algumas vezes para Michael, mas que os olhares eram correspondidos de forma diferente. Annabeth olhava de forma apaixonada para Michael, e ele olhava de forma normal para ela. Charlotte logo soube que Annabeth se decepcionaria.

—As costuras andam bem, Rosemund?- Charlotte perguntou, limpando a boca com um guardanapo de pano, que estava em seu colo. Um silencio tomou a sala. Todos se olharam. Sherlock olhou para John, e em seguida para Charlotte. Charlotte olhou para o pai, e novamente para Rosemund- Me desculpe, acredito que fui invasiva demais.

—Tudo bem, Charlotte- Rosie sorriu- Elas estão indo bem. Estou terminando um vestido, quer ver depois?

—Eu adoraria- Charlotte sorriu, aliviada.

Sherlock soltou um suspiro de alivio. Ele queria que seus filhos se dessem bem com os de John, assim como os dois se davam bem.

Depois do jantar, os meninos e as meninas foram para seus quartos, para se conhecerem melhor, e então, a senhorita Hudson ficou organizando as coisas e liberou John e Sherlock de ajudarem ela. Então os dois foram para o escritório de Sherlock.

—Chegou uma carta para você- John entregou para o amigo

—Não tem remetente, nem endereço- Sherlock olha, e então abre a carta. Sua expressão se tornou séria.

“Eu sei que está atrás de mim, Sherlock Holmes.

Preste atenção. Eu tenho meus métodos e sei bem como usá-los. Eu sei que você tem um ponto fraco, todos têm. Se esse ponto cair em minhas mãos, acabou o seu reinado”

Seu pior inimigo, o Assassino da Noite.

—O que é?- John perguntou

—Uma ameaça, ao que parece- Sherlock respondeu, dando de ombros- Do Assassino da Noite.

—Não é ele quem estamos investigando?- John perguntou

—Sim. Vou guardar isso, pode ser uma pista.

Enquanto isso, no quarto das moças, as coisas estavam correndo de uma maneira no mínimo, esperada, mas que Sherlock tentou evitar. Quando ele pediu a Charlotte para agir de maneira modesta, ele queria fazer com que ela parecesse normal. Mas, quando ela externou a dedução que fez de Rosemund, as atenções dos filhos de John haviam se voltado para os irmãos Holmes.

—Está aqui- Rosemund disse, pegando o vestido que estava quase pronto. Antes que pergunte, pode me chamar de Rosie.

—Certo, Rosie- Charlotte sorriu- Nossa, você costura bem- Ela olhava os detalhes do vestido.

—Tudo isso é muito legal, e tudo o mais. Agora responda, Charlotte Holmes. Como fez aquilo?- Annabeth parou na frente de Charlotte, perguntando de forma agressiva. Aiha estava parada ao lado dela.

—Aquilo o que?- Charlotte perguntou, com ares de deboche.

—Como soube que a minha irmã costura?- Annabeth repetiu a pergunta.

—Com licença- Charlotte pediu, esticando os braços de Rosie- Vê as mãos dela? Ambas as mãos tem furos de agulha, o que me mostra que ela é ambidestra e que ela costura manualmente. Vê a marca no braço? Mostra que ela costura na máquina- Ela se levanta, e então, acha a máquina de costura no quarto- Acertei. Aliás, seu pai ganha bem, caso contrário, não teria dinheiro para uma máquina de costura- Ela sorriu, abrindo um armário, contendo suas perucas.

—O que?- Annabeth perguntou, enquanto Charlotte tirava sua peruca e exibia cachos curtos, quase iguais aos de Sherlock.

—Se tem curiosidade, eu não cortei o cabelo, ele caiu, e estou deixando crescer- Charlotte respondeu. Suas respostas eram incisivas.

—Como você faz isso?- Aiha perguntou

—Eu tive a mesma educação que o meu pai, digamos assim- Charlotte respondeu- Ele não é uma pessoa estranha, só foi ensinado a fazer isso desde pequeno.

—Ele é tão estranho quanto você- Annabeth respondeu.

Charlotte não queria que falassem mal de seu pai. Então se lembrou de algo.

—Estranho ou não, eu morreria por ele- Ela respondeu- Aliás, é bom você tomar cuidado, Annabeth Watson, porque um coração partido dói.

—Do que você está falando?- Annabeth perguntou, confusa.

—Meu irmão. É bom você não alimentar esperanças, pois é nítido que ele não gosta de você da mesma maneira que você gosta dele- Charlotte parou, face a face com Annabeth- Pelo rubor do seu rosto, eu acertei. Suas pupilas ficaram dilatadas quando mencionei Michael. Por favor, Annabeth. Michael tem 24 anos e trabalha num alto cargo do governo. Um milagre faria ele te notar, quem sabe.

—Como ousa?- Annabeth ficou irritada

—Calma, calma- Charlotte disse- Quem avisa, amigo é- Ela sorriu.