—Você- Sherlock disse- Era a última pessoa que eu esperava encontrar. Não deveria estar no internato? Não é seguro ficar sozinha.

—Bem, diga isso pra você mesmo- Charlotte disse- Se eu tivesse dependido de você, tinha morrido a meses atrás.

—Seu cabelo... - Ele mexeu no cabelo da moça- Era tão lindo, tão cacheado... Você o cortou?

—Não o cortaria por vontade própria, você sabe. Eu amava aquele cabelo- Charlotte olhou para a mão de Sherlock, que estava acariciando seu cabelo- Ele caiu, porque fiquei doente. Mas, fui bem cuidada durante esse tempo.

Sherlock baixou a cabeça. A última vez que ele a havia visto foi quando foi para Ferndell Hall, por conta do desaparecimento da sua mãe, dois anos atrás.

—Quem cuidou de você?- Sherlock perguntou

—Adivinha- Charlotte disse- A Edith, e a vovó.

—Por que elas nunca me disseram que você estava doente?- Sherlock perguntou

—Você as procurou? Você foi algum dia naquela porcaria de internato?- Charlotte indagou. O silencio de Sherlock respondeu tudo.

—Ei... Você quer morar comigo?- Sherlock sorriu para ela. Ela não esperava aquela pergunta.

—Você quer dizer... Você... Eu... Nós, na Baker Street? Juntos?- Charlotte perguntou

—Por que não?- Sherlock riu, de forma comedida- Um pai nunca deveria se separar de seus filhos. Seus irmãos não moram comigo, e... Eu sinto falta de vocês.

Charlotte estava com um misto de sentimentos. Ela estava com muita raiva do pai. Mas ao olhar para ele, parecia que ela esquecia tudo que sentia.

Ela ficou séria por uns segundos, e se virou de costas para ele.

—Quer dizer, eu entendo se você não quiser... Se estiver magoada, tudo bem...

—Eu só vou com uma condição- Charlotte cruzou os braços- Que você venha comigo e me ajude com as minhas coisas.

—Então... O que estamos esperando?- Sherlock perguntou. Charlotte sorriu e se virou para ele- Aliás, isso deve ser feito de forma mais apropriada- Ele estendeu a mão para ela- Senhorita Charlotte Holmes, você aceita morar comigo?

—É claro- Charlotte tirou sua luva e colocou a mão em cima da mão dele. Sherlock observou a diferença. Na verdade, eram muito parecidas em seu formato. Mas as mãos dela eram delicadas, alongadas, pequenas, com unhas médias- É claro que eu quero morar com você, senhor Sherlock Holmes- Ela riu, e ele também. Então ele pegou a mão dela, e os dois saíram, caminhando.

—Você mora longe?- Ele perguntou

—Não, dá pra ir a pé. É longe, mas nada que nos impeça de ir andando- Ela respondeu- Podemos pegar um cabriolé de lá para a Baker Street.

—Quer comer algo primeiro? Eu pago para você- Sherlock indagou- Não é isso que os pais fazem?

—É sim- Ela sorriu.