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--------------------- Kenny --------------------


Anna está feliz da vida. Vai começar um estágio na área de propaganda, na agência de uma amigo do seu pai. Motivo para comemorar. Ela saiu da agência e foi direto pra casa, contar pro seu melhor amigo, a novidade. Robby!! (É como ela trata carinhosamente seu irmão), vou começar meu estágio!!! Eles se abraçaram felizes.

– Muito bem, maninha. Agora precisamos comemorar.

Anna deu uma olhada em volta e percebeu o moço moreno, cabelos lisos, olhos levemente puxados, alto. Por um instante ela ficou sem graça, e deu um sorriso tímido para o desconhecido. Robert, percebendo o jeito meio sem graça dos dois, tratou de apresenta-los.

– Anna, esse é um amigo meu, Kenny. Ele faz teatro, mas adora tocar baixo e tá montando uma banda.

– Ah, sim? Que legal. Anna estendeu a mão para que Kenny que a cumprimentou timidamente.

– E então, o que você quer fazer? Perguntou Robert.

– Hã?!

– Pra comemorar...

– Ah, claro. Não sei, vamos chamar o pessoal pra um lual na piscina? O que você acha?

Robert sorriu. – Pra mim, tudo bem. Vou chamar algumas pessoas.

– Você vem? Disse Anna para Kenny.

– Claro. Quando?

– Amanhã á noite, ás 9.

– Estarei aqui.

Os dois se entreolharam e Anna sentiu um certo arrepio, com o olhar penetrante de Kenny.

– Então até amanhã. Ela deu um beijo de leve nos dois e saiu.

A imagem de Kenny não saia mais da cabeça de Anna. Ele era bem diferente de Jon. Tímido, de poucas palavras e nem um pouco convencido, além do mais, sua melhor amiga era apaixonada pelo Jon e isso já era motivo o suficiente para que ela nem sequer pensasse nele. Muito embora, seus pensamentos o traziam de bandeja. Mas eram pensamentos de raiva e ela precisava se convencer disso.

No dia seguinte, Anna acordou disposta á preparar tudo para a festa, á noitinha. Ligou pra Debby que adorou a idéia e, claro estaria presente. Seria um encontro íntimo, somente para os amigos mais chegados.

Robert já havia ligados para os seus amigos, tudo já estava encaminhado.

– Nice - disse Anna para sua empregada-babá-amiga – você pode encomendar algumas coisinhas naquele buffet de sempre?

– Claro. Fique tranquila, vou deixar o bar da piscina abastecido e as mesas preparadas.

– Você é um amor...

Anna abraçou Nice e saiu. Precisava estar linda á noite e foi ao seu salão de beleza preferido.

Debby já estava na casa e não encontrou ninguém. Foi recebida por Nice que á levou até o quarto de Anna, que ainda estava se arrumando.

– Amiga, já tem algumas pessoas lá embaixo.

– Sério? Que legal.

– Nossa como você está linda! Disse Debby, admirando a amiga.

Anna usava um vestido tomara-que-caia preto e justo, com um salto alto vermelho. Os cabelos pretos e brilhantes num coque frouxo e alguns fios caídos no rosto.

Você também está! Debby vestia uma mini saia branca com uma blusa caída nos ombros e meia botinha de salto.

– Será que ele olha pra mim?

– Jon?

Debby olhou para Anna com os olhos lacrimejados, e Anna se sensibilizou...

– Claro, amiga. Você é linda. Se ele não te perceber, ele é um idiota. Apesar que acho que ele é mesmo, mas enfim...

– Não fala assim, amiga – disse Debby sorrindo.

– Vamos?

– Vamos.

A noite prometia ser tranquila entre amigos. Anna e Debby apareceram e logo roubaram a cena. Robert apresentou as duas á alguns amigos e Kenny ficou hipnotizado quando viu a irmã do seu amigo tão linda.

– Você veio! Obrigada pela presença.

– Não deixaria de vir por nada nesse mundo.

Anna ficou meio sem graça, mas adorou o jeito tímido de Kenny querendo ser sedutor.

– E valeu á pena, você está linda.

– Obrigada.

Debby andava pela festa procurando os olhos azuis de Jon, em vão.

– Robert, você não convidou o Jon?

– Convidei, mas acho que ele não vem. Ele sabe que a Anna não gosta muito dele e que esta festa é pra ela, então...

– Que pena.

– Debby, tenha cuidado. Eu conheço o Jon. Ele respira música e acho que uma mulher fixa na vida dele não está nos planos neste momento. Se ele ficar com você, vai ser por uma noite e isso pode te fazer feliz naquele instante, mas vai te fazer sofrer depois. Desculpe a sinceridade.

– E se eu te disser que só isso já me faria feliz? Acho que eu prefiro estar com ele só por uma noite, do que nunca ter sentido o gosto dele.

– Tenha cuidado.

A música estava ótima, sendo comandada por Robert, que adorava brincar de DJ de vez em quando, uma festa de jovens lindos e apaixonados. Mas, ninguém mais apaixonado do que Kenny, que não conseguiu tirar os olhos de Anna a noite toda.

Robert foi ao encontro de Anna para com um amiga que havia acabado de chegar.

– Olha só quem veio te dar um beijo de boa sorte.

– Richie!

– Oi, Anna. Parabéns pelo seu estágio, espero que você se dê muito bem na empresa.

– Obrigada, lindo. E você, está bem?

– Sim, trabalhando bastante. Estamos montando uma banda. Tá muito legal.

– Ah, que bom...Boa sorte pra vocês também. E você veio sozinho?

– Sim. O Tico viria comigo, mas não pode. E o Jon eu não sei, não consegui falar com ele hoje.

– Ah, entendí. Mas, então, fique á vontade.

– Obrigado, linda.

Anna deu uma volta pela festa, falou com algumas pessoas, até que avistou Kenny, um pouco distante da área da piscina e próximo ao jardim.

– Admirando a paisagem? Disse ela se aproximando dele pelas costas.

– Ah, é..Seu jardim é lindo.

– É mesmo. Ás vezes até esqueço que ele está aí, passo e nem presto atenção. Preciso reaver isso.

– É porque você mora aqui, virou abstrato.

Os dois sentaram por ali mesmo e iniciaram uma conversa sem fim. Falavam de muitas coisas em comum, do que faziam, enfim. Estavam tão ligados um ao outro que esqueceram as pessoas em volta. Anna se sentia segura com Kenny, e admirava cada gesto de carinho. Kenny estava apaixonado, não resistia e conversava com Anna segurando suas mãos e ás vezes se pegava passando as mãos no rosto dela. Ele não ousaria nada mais além disso, não ali, não de qualquer jeito.

De repente, o portão principal se abre e Anna escuta um barulho de moto familiar.

– Jon.

– Quem?

– Jon, é ele entrando com a moto.

– Como você sabe?

– Conheço o barulho da moto.

– Conhece o barulho da moto dele?

– É, digamos que ele frequenta minha casa com uma certa frequência.

– Mas, você não ouviu quando eu cheguei?

– Quando você chegou, como assim?

– Minha moto é igual a dele.

–Ahhh...

Jon chegou e entrou na área da piscina já sendo assediado pelos amigos.

– Ele chega fazendo cara de sedutor. Patético.

– Oi?

– Não, nada....

– Debby!!! Neste instante ela lembrou da amiga, e procurou-a com os olhos. Não encontrou, levantou-se e foi mais pra perto da festa. Avistou Debby na cabine de DJ com Robert, totalmente hipnotizada, parada, sem ação.

Robert percebeu o transe da amiga e tratou de acordá-la.

– Tenta pelo menos disfarçar um pouco, pra ele não se sentir tão especial.

– Mas, ele é especial...

– Ok. Jonnnnn

Robert levantou-se da enorme mesa com botões e acenou para o amigo. Jon avistou-o e foi até ele.

– E aí, cara, pensei que você não viria!

– Não resistí.

– Oi, Debby. Jon deu um beijo de leve no rosto de Debby, que perdeu o ar neste momento.

– Onde está sua irmã? Quero desejar sucesso á ela.

– Não sei, ela estava conversando com o Kenny.

Debby apressou-se.

– Ela está no jardim com Kenny, quer que eu te acompanhe até lá?

Jon deu um sorriso maroto.

– Claro.

Eles saíram e Robert voltou a sentar-se e agora ele só podia esperar. Esperar que Jon desse um fora em Debby ou que ela se desencantasse, só assim ele poderia ter alguma chance.

– E aí gata, eu não esquecí o que aconteceu com a gente...Disse Jon, encostando a boca no ouvido de Debby, enquanto eles caminhavam para o jardim.

– Não? Eu esquecí.

– Duvido.

– Verdade, nem sei do que você está falando. Debby virou o rosto com um sorriso de satisfação.

– Quer sair daqui comigo pra continuar essa conversa? Posso tentar refrescar sua memória.

– Duvido que você consiga.

– Paga pra ver?

– Ok. Me avise quando você estiver saindo, se eu não estiver muito ocupada...

– Não vai estar, gata.

– Oi, Anna.

– Oi, Jon.

– Parabéns. Seu irmão me falou que você agora é praticamente uma executiva.

– Exagero dele ou seu, mas obrigada. Ela deu um leve sorriso, que nem ela mesma conseguiu entender. Alguma coisa nele mexia com ela, e isso era incômodo.

– Te desejo todo sucesso do mundo, na sua nova fase.

– Obrigada.

– Ah, me desculpem. Esse é Kenny, um amigo nosso.

– Kenny, Jon é um amigo nosso também.

Os dois se deram as mãos e as duas se entre olharam. Era estranha aquela cena, por algum motivo.

– Fique á vontade Jon.

– Amiga, se precisar estou por aí. Debby deu uma piscadela pra amiga e pegou na mão de Jon. Eles saíram e sentaram numa espreguiçadeira. Estavam falando de perto, quase se beijando. Ambos fazendo seu jogo de sedução. Anna olhou para Robert de longe e viu seu irmão sério. Ela sentiu uma pontada no peito e uma vontade louca de chorar, estranho aquilo, porque ela não tinha motivo nenhum para estar com lágrimas na garganta. Pediu licença para o Kenny e foi pra dentro da casa. Entrou no seu quarto e ligou para o celular de Robert.

– Anna?

– Oi, Robby. Você pode vir aqui no meu quarto um pouquinho, por favor?

– Tá tudo bem?

– Vem até aqui.

– Tá. To indo.

Robert entrou rapidamente no quarto da irmã, que correu pros braços do irmão e o abraçou forte.

– Que houve?

– Nada. Só me abraça.

– Anna, você está chorando? Porquê?

– Eu não sei. De repente me deu um aperto no peito, um vazio...

– Esse vazio tem nome?

Anna encarou Robert, sem saber o que responder. Preferiu ficar em silêncio.

– E você, está legal?

–Eu? Ah, sim.

– Vamos voltar pra festa, querida. Tudo vai ficar bem.

Eles voltaram e algumas pessoas já estavam se despedindo.

Kenny esperava pra falar com Anna, e Debby também.

– Anna – disse Debby, correndo ao encontro da amiga.

– Eu estou indo, amiga.

– Você não ia dormir aqui?

– Acho que o destino me preparou outros planos – Ela olhou para o Jon, que conversava com Richie distraído.

– Ah, ele vai te levar em casa?

– Espero que não. Ela deu uma risadinha maliciosa pra amiga, que fingiu achar graça.

– Te ligo amanhã, ok?

– Tudo bem.

– Tchau, amiga.

– Tchau.

Outras pessoas vieram se despedir e desejar boa sorte á Anna, que mal conseguia prestar atenção no que as pessoas diziam. Até que Jon veio se despedir.

– Gata, to indo também. Mais uma vez, parabéns.

– Obrigada, Jon.

Ele se aproximou para dar um beijo no rosto dela e sussurrou no seu ouvido:

– Você está linda.

Anna sentiu suas pernas estremecerem. Deu um sorriso maroto pra ele, mas não conseguiu dizer nada.

E assim, eles saíram. Anna ficou observando a amiga subir na moto, abraçar o corpo de Jon e deitar a cabeça nas costas dele. Neste momento, ela percebeu que o melhor á fazer era esquecer qualquer coisa estranha que estivesse passando no seu coração.

– Acho que eu preciso ir também – Kenny se aproximara de mansinho e abraçou Anna por trás.

– Ah, não. Fica mais um pouco.

– Mas, todos já foram.

– Melhor assim. Me faz companhia na beira da piscina?

– Claro.

– Posso desligar o som? Perguntou Robert, querendo ir descansar.

– Claro. Nós vamos ficar um pouco por aqui.

Os dois se sentaram na beira da piscina e molhavam os pés, refrescando o calor daquela noite quente.

– Eu te senti meio distante. Estou certo?

– Um pouco.

– Algum problema?

– Não. Só uma ponta de preocupação com a minha amiga e com o meu irmão.

O restante, ela preferiu guardar para sí.

– Você é meio misterioso, não?

– Não.

– E monossílabo. Ela deu um sorriso. – Me fala um pouco de você.

– Não tenho muito o que dizer. O que você quer saber?

– De onde você é? Você tem uma traços diferente...

– Ah, sim. É uma mistura. Minha mãe é francesa, meu pai é havaiano e eu nascí no Líbano, mas fui criado no Canadá. Como você vê, minha família é uma salada.

– Você é filho único?

– Não. Tenho uma irmã – que não é gêmea – mas é como se fosse.

Os dois riram.

– E você e seu irmão, porque moram sozinhos numa casa tão grande?

– Meus pais viajam muito. A maioria da minha família mora no Brasil. Temos mais uma irmã – Glória – que eu não vejo há muito tempo. Meu pai é empresário e minha mãe pesquisadora de artes, juntaram as nescessidades das profissões e vivem jogados no mundo. De vez em quando eles aparecem, ficam uns 3, 4 meses e viajam de novo. É isso.

– E porque escolheram a Califórnia pra morar?

– Não sei. Moro aqui há tanto tempo que esquecí os motivos.

Os dois ficaram ali conversando até amanhecer. Acabaram dormindo nas espreguiçadeiras que eles uniram.



Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.