Aos 11 anos *parte 11*

Se eu fosse atrás do Tom, eu só arrumaria briga! Ele iria gritar e ai todo mundo ia saber que nós éramos incestos, mas por outro lado, ficar aqui olhando a porta fechada estava me agoniando.

Terminei de arrumar minhas malas e sai da sala como se nada tivesse acontecido.

A chuva tinha começado a cair bem fina. Procurei discretamente pelo Tom, mas não o achei.

- Finalmente te achei! Eu já tomei a liberdade de arrumei sua barraca por você! –alguém colocou a mão no meu ombro. Virei-me e vi o nosso instrutor sorrindo embaixo do boné que levava o slogan do acampamento.

-Ah, ér... Obrigado?! –eu perguntei.

-De nada! –ele respondeu-Você e o seu irmão têm 10 minutos para estarem no portão principal! Estejam prontos! – ele se virou e saiu.

Eu tinha que achar o meu irmão. Aquilo não estava certo, não mesmo! Um idiota como o Mike não podia nos separar! O que sentíamos um pelo outro era maior do que qualquer coisa.

Procurei onde ele tinha montado a barraca, mas ela já não estava mais lá. Com certeza ele tinha corrido para algum lugar bem distante, onde as pessoas não pudessem vê-lo chorar. O Tom sempre, desde pequeno, fazia questão de mostrar para todos que ele era macho o suficiente para não chorar por qualquer coisa.

Não pensei duas vezes e entrei na mata atrás dele. Uma culpa enorme me pesava na consciência. Eu não tinha sido o culpado de nada daquilo, mas quem disse que o Tom entendia isso?

-Tom! –chamei por ele. Eu sabia que se ele me escutasse com certeza não me responderia, não depois de tudo.

Continuei andando até chegar a um ponto em que eu não sabia mais como voltar para o acampamento de novo. Eu estava sozinho e perdido. Isso era ruim, mas não pior do que ter visto o meu irmão chorando por minha causa.

-TOM! –eu gritei e a chuva agora estava caindo mais rápido. Nessa altura do campeonato, eu já não estava enxergando nem um palmo a minha frente.

Comecei a correr, mas tropecei em um tronco e cai no chão. Não consegui me levantar mais, eu tinha caído encima do meu pé direito.

-TOM! –eu gritei de novo. A água que caia do céu estava embaçando a minha vista. “Ele não ia vir, não mesmo!” - eu pensei.

-TOM! –juntei forças e gritei de novo. As minhas lágrimas começaram a se misturar com as gotas da chuva que lavavam o meu rosto.

Minhas forças estavam acabando... Não consegui mais puxar o ar e gritar pelo meu irmão de novo.

Senti alguma coisa se aproximar de mim. Virei-me rapidamente mais a neblina me impedia de ver quem era.

A única coisa que eu queria era que essa pessoa fosse o meu irmão, e não o idiota do Mike.