"You've been going so crazy, lately, nothing seems to be going right."

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–Então, Tate. Porque você está chorando?

–Você não sabe? - Ele olhou pra ela.

–Eu não entro muito na casa, sou meio desinformada... Só converso com as crianças. E com o Travis, o que é quase a mesma coisa. Ele está sempre brincando com elas no quintal. - Ela disse, dando de ombros. -Eu ouço poucas coisas que acontecem lá dentro.

–Ah. Há quanto tempo você está aqui? Eu nunca te vi.

–Eu não quero que me vejam. Estou aqui desde 1994.

–Eu também, e como foi que eu nunca te vi?

–Sou boa em me esconder. Mas então, você ainda não me respondeu porque você está chorando.

–O nome dela é Violet.

–Uma das que morreu há pouco tempo?

–Sim.

–Eu tinha ouvido dizer que você engravidou a mãe dela. - Ele começou a chorar de novo e disse praticamente gritando.

–Ela não entende! Isso foi antes, antes de estarmos juntos, eu fiz isso pela Nora... Eu... Ela nunca vai me perdoar.

–Nós temos a eternidade aqui, "nunca" é muito tempo. Você a ama mesmo?

–Amo. Mais que tudo. Nunca amei ninguém assim. Ela pediu... Ela me mandou ir embora, então eu não falo mais com ela. Mas é tão difícil ver ela todos os dias, tão sozinha, sem ninguém.

–Eu nunca a vi, mas parece ser uma garota legal. Bom, Tate, eu torço para que você consiga se resolver com ela logo. Afinal, ela não pode te evitar pra sempre. - Ele olhou para o lado e enxugou as lágrimas com a manga da blusa.

–Como você morreu?

–Me matei no jardim.

–Porque?

–Não faço ideia. Eu nem morava aqui, morava com a minha mãe em outra casa, em um bairro longe daqui. Tudo o que eu me lembro daquele dia foi que eu vim até aqui, toquei a campainha, falei com a pessoa que morava aqui, uma mulher de cabelos escuros. Então eu me afastei da porta, olhei pra casa e atirei contra o meu próprio peito. Bem... Ali. - Ela apontou para um lugar que estava apenas há um metro de onde estavam sentados. -E como você morreu?

–Eu morava aqui, estava no quarto que hoje é da Violet. Policiais entraram no meu quarto e atiraram em mim.

–Você se lembra o porquê?

–Não, mas a Violet disse que eu matei pessoas inocentes, que eu nem conhecia. Porque eu faria isso?

–Eu fico irritada com isso.

–Com o que? - Perguntou ele, olhando Sarah.

–Poucos aqui se lembram o porquê morreram. Mas a minha morte é a que menos faz sentido, porque eu nem morava aqui.

–Entendo. Você morreu um pouco depois de mim, essa mulher de cabelos escuros mudou pra cá logo que eu morri, realmente não sei como eu nunca te vi. O que mais você ouviu sobre mim?

–Hm... Que você matou aquele casal homossexual que vivia aqui antes. Parece que você é bem popular por aqui.

–Popular até demais, ninguém fala comigo.

–Nem comigo, parece que encontramos algo em comum.

–Você fez algo pra alguém aqui?

–Não... Que eu me lembre. Mesmo assim, eles nunca são muito gentis comigo. Sempre que quiser conversar, eu moro no fundo do quintal, é só chamar. - Disse Sarah rindo e Tate retribuiu com um risinho fraco, mas já era um começo.