Some Things Never Change

Se eu não tivesse feito isso então não seria eu


POV – Katniss

Um suave gosto de menta preenche minha boca, sua língua suavemente pede passagem e eu cedo, ela explora cada pedacinho da minha boca com ternura e eu retribuo fazendo o mesmo. Uma de suas mãos sobe até a minha nuca e agarra meus cabelos com cuidado, a outra vai até a minha cintura e a aperta com força. Meu coração dá uma falhada rápida e depois volta a bater com toda a força possível, um arrepio sobe das minhas partes baixas até a minha nuca onde uma das mãos de Peeta está. Ele larga meus cabelos e começa a desenhar carícias no mesmo lugar fazendo-me soltar um pequeno gemido. Ele sorri entre meus lábios, mas não o solta, muito pelo contrário, me beija com mais voracidade, com mais paixão. Outra falhada em meu coração, mas desta vez mais demorada. O que está acontecendo comigo? Peeta vai parando nosso beijo lentamente, mas minha boca anseia pela sua. Por favor, não para! Nossos lábios se afastam e ele me olha com seus lindos olhos azuis com amor. Não sei o que dizer, não sei o que fazer, então fico calada e imóvel. Minha respiração está ofegante e meus olhos não se desgrudam dos seus, é como se eu estivesse me afogando, me afogando no seu mar, no meu mar, porque sinto que esse mar é somente meu, e de mais ninguém. Então ele abaixa a cabeça e começa a mexer na areia, e então é como se todo o mar que me cercava á pouco tivesse secado.

— Desculpa. – Ele diz.

— Pelo que? – Pergunto ainda meio zonza.

— Não devia ter te beijado.

— Porque não? – E então me olha novamente confuso.

— Você falou ontem, na pizzaria que éramos só amigos. Por isso eu não deveria ter te beijado.

— Acho que era o que eu pensava né? – Perguntei sorrindo. Ele retribui o sorriso e um brilho toma conta de seus olhos. Ficamos nos encarando assim durante alguns segundos, mas então eu não agüentava mais. Meus lábios desejavam os seus e eu os queria mais que tudo nesse momento. Me joguei em cima de Peeta fazendo com ele caísse na areia e então selei nossos lábios. Imediatamente suas mãos pousaram na minha cintura apertando-as com força, com desejo. Senti seu coração batendo tão rápido quanto o meu e então percebi que eles batiam em uma sincronia perfeita. O beijo havia se tornado urgente e voraz, levei uma das mãos até seus cabelos e os agarrei com força fazendo-o soltar um pequeno gemido, e então foi a minha vez de sorrir em seus lábios. Meu coração deu várias falhadas, mas pra mim já havia se tornado tão normal, era como respirar, como piscar os olhos. O beijo se tornava mais quente a cada segundo e então o fôlego nos faltou e nossos lábios se soltaram relutantes. Peeta me olhou com desejo e então eu me levantei de cima dele, ele se levantou também e ficamos sentados um ao lado do outro na areia, sem nos olhar. Foi então que ele quebrou o silêncio.

— Preciso ir pra água. – Ele disse e se levantou. – Você vem? – Fiz que não com a cabeça. – Ok. – Ele disse e saiu me deixando sozinha com meus pensamentos. Fico observando-o de longe e então ele some em meio ás ondas.

Alguns minutos depois Annie e Johanna saem da água e vem em minha direção sorrindo.

— Eu vi! – Johanna falou pegando uma toalha e se enrolando.

— Viu o que? – Perguntei sem humor.

— Não se faça de boba KitKat! – Annie falou sorrindo.

— Não sei do que vocês estão falando. – Digo fazendo-me de desentendida.

— Vai dizer então que não era você beijando o Peeta? - Johanna falou sentando do meu lado. Não falei nada, fiquei apenas fitando o mar. – Conta logo Katniss.

— Tá bom! – Disse irritada. – A gente se beijou e daí? – Digo dando de ombros.

— Ah! – Annie dá um gritinho. – E foi bom? Ele beija bem? Ele tem cara de que beija bem... – Ela falou rápido.

— Devagar aí Annie... – Falei levantando as mãos. – Porque essa mania de falar tudo tão rápido?

— Ah, sei lá. Acho que tenho problema de ansiedade. – Ela deu de ombros. – Mas você ainda não respondeu... Ele beija bem?

— Beija. – Falei relutante, mas logo elas me fizeram contar tudo com detalhes. Falei que meu coração bateu rápido, que fiquei arrepiada, e que senti algo que nunca havia sentido antes.

— Isso é amor. – Johanna falou sorrindo.

— Como é que você sabe? Você por um acaso já amou antes? – Perguntei irritada, não sei por quê.

— Olha fofinha... – Ela começou. – Eu já amei sim! Só não gosto de falar a respeito. – Ela falou fazendo biquinho. Apenas revirei os olhos.

— O que eu faço agora? – Perguntei sem saber o que fazer.

— Deixa rolar... – Annie falou feliz.

Depois disso não falamos mais nada sobre o assunto. Elas acabaram me convencendo de ir pra água, então tirei meu shorts e passei meu bronzeador. Em seguida entramos no mar. Às vezes Peeta me olhava, mas logo desviava o olhar, o que estava me irritando profundamente. Então fui para o fundo, sozinha e fiquei encarando ele, com a intenção de ele me seguir, mas isso não aconteceu. Eu estava totalmente chateada, porque ele não fala comigo? Fui indo cada vez mais pro fundo e o pessoal ficava cada vez mais longe, nem conseguia mais ver o Peeta. Então eu parei e fiquei de costas para as ondas, o mar estava calmo até. Mas o que eu não esperava era que uma onda enorme me afogasse. Abri meus olhos em baixo da água e estava muito fundo, eu tentava subir, mas a pressão da água me levava cada vez mais pra baixo. Eu tentei prender a respiração o máximo que pude e então tudo ficou preto.

...

Abri os olhos devagar e tudo o que eu via não passava de um borrão branco. Eu esfreguei os olhos várias vezes e então as coisas começaram a tomar forma. Eu estou em um... Hospital? Comecei a ficar nervosa porque odeio hospitais. Desde o acidente do meu pai tento ficar longe daqui o máximo que posso. Então de repente aparece uma moça de cabelos pretos e olhos cor de caramelo. Deve ser a médica ou a enfermeira.

— Como está se sentindo? – Ela pergunta apontando uma luz nos meus olhos.

— Bem. Eu acho. – Respondo.

— Você se afogou pra valer. – Ela diz. – Se não fosse os seus amigos...

— Amigos? Que amigos? – Pergunto confusa.

— Duas garotas e dois garotos. – Ela diz. – Quer que eu os chame?

— Por favor. – Digo e então ela sai. Logo entram Annie, Johanna, Finnick e… Peeta?

— Oi. – Digo tentando sorrir.

— Você quase matou a gente de susto sua louca! – Annie diz preocupada.

— Se eu não tivesse feito isso então não seria eu. – Digo e eles caem na risada. Eu e Peeta ficamos nos encarando por alguns segundos e então Johanna puza Annie e Finnick pra fora.

— Você está bem? – Ele perguntando chegando mais perto.

— Porque você não falou mais comigo depois do beijo? – Pergunto meio brava.

— Eu sei lá. Achei que não quisesse mais falar comigo. – Ele dá de ombros.

— Você acha mesmo que eu não ia querer mais falar com você depois daquilo? – Pergunto irônica. Ele sorri.

— Certas coisas nunca mudam... – Ele então me dá um selinho.

— Quem me pegou no mar? – Pergunto curiosa.

— Eu. – Ele responde.

— Eu pensei que você nem soubesse onde eu estava.

— Eu não tirei os olhos de você nenhum minuto. E quando aquela onda te engoliu eu fui o primeiro a ver. Eu fui até onde você estava e te puxei, você estava muito fundo... Você não respirava, eu pensei que... – Ele falou parecendo se lembrar do que aconteceu, e dor preencheu seus olhos.

— Que eu tivesse morrido? – Pergunto rindo. – Eu sou dura na queda! – Ele ri, mas logo seu sorriso se desfaz. – Ei... Eu estou bem, não se preocupa.

Ele não diz nada, apenas captura meus lábios em um beijo urgente.