A conversação na sala fez com que Lois descesse novamente, e ela acabou se perguntando por que exatamente o fizera. Dar de cara com Lana Lang trazia-lhe uma sensação estranha no peito, embora não tivesse nada contra ela. É claro que aquilo não tinha nada a ver com ela própria ou a
Lana, mas com Clark.Lois se recordava bem das condições nas quais Clark e Lana haviam se separado, e se ela sentia questões inacabadas a respeito, imagina então como Clark estaria se sentido.
O fazendeiro, por sua vez, estava visivelmente desconfortável diante daquela situação. Depois de todos aqueles meses, ela estava ali, diante dele. O olhava como se temesse dizer qualquer coisa que remetesse ao dia em que foi embora. E para completar, não estavam sozinhos. Além de Lois, ainda estavam presentes Carol e Barbs, e elas pareciam tentar compreender o que estava acontecendo exatamente naquele recinto tenso.
Lana não demorou a perceber que Clark e Lois estavam romanticamente envolvidos, tudo o que bastou foi o olhar dele para a morena no momento em que ela surgiu na sala. Ele parecia preocupado com o que Lois iria pensar.
Lana entendeu ali que realmente muita coisa havia mudado desde o dia em que gravou aquele cd para Clark.
“Então você morava aqui em Smallville?” comentou Barbarella, engatada em uma pseudo-conversa com Lana procurando quebrar o clima estranho que pairava no ar. “Por que foi embora?”
É, por que foi embora, se perguntou Clark observando a ex. Aquela era uma pergunta que jamais teria uma boa resposta,
não considerando tudo o que eles enfrentaram juntos.
“Eu... Precisava de um tempo para compreender umas coisas...” Lana respondeu olhando para Barbs, mas a resposta não era para ela.
“Eu espero que tenha compreendido”, soltou Clark arisco, mas disfarçando quase sarcasticamente com o olhar.
Aquilo estava abrindo velhas feridas, das quais ele se achou imune por muito tempo.
“Sim... Foi importante para mim”, Lana concluiu. Olhou para Lois mais uma vez, que estava sentada no braço do sofá próxima a Clark, de frente para ela, enquanto Barbs e Carol ocupavam duas cadeiras próximas.
“Bem, foi um prazer conhecê-la, Lana” Barbs se levantou primeiro cumprimentando-a, “Chloe vai ficar muito feliz em te ver...”
“É, nós temos que ir agora, ainda vamos nos arrumar” Carol emendou levantando também e se voltou para Lois e Clark,
“Aliás, vocês deveriam adiantar o lado de vocês também, o padrinho e a madrinha não podem se atrasar!”
“Verdade”, Lois deu uma leve espreguiçada no sofá, levantando assim como Lana e Clark.
“Nos vemos mais tarde, Lana” e saiu em direção às sacadas novamente Com todos indo embora, Lana viu a oportunidade de conversar a sós com Clark, mas Barbs se
adiantou ao momento, fazendo-lhe um convite:
“Você está de carro? Nós estamos indo para o Talon, você disse que voltaria para lá... Se quiser, nós te deixamos lá.”
“Boa idéia”, disse Clark sem dar chance para Lana negar o convite. Encarando Clark, ela apenas confirmou que aceitaria a carona e seguiu na direção das meninas.
“Ok, então vamos!” Carol disse animada. Olhou para Lois nas escadas, para Clark e voltou-se para
Lana,
“Se a gente não põe pressa nesses dois, ainda estariam se agarrando na cozinha!”
Tanto Barbs como Carol sorriram, mas Lana não conseguia achar tanta graça. Smallville não era mais a mesma, sem sombra de dúvida...

***
Lois chegou ao quarto já tirando a blusa e jogando-a sobre a cama. Um mundo de coisas passava pela sua cabeça naquele momento, mas queria ver Clark, saber como ele estava se sentindo.
Clark entrou no quarto poucos instantes depois, sério e confuso. Olhou para Lois e deu um sorriso um tanto sem graça, ele não sabia o que dizer a ela. Lois, da mesma forma, não sabia o que dizer a ele.
Clark tirou a camisa rapidamente e começou a abrir o cinto. Lois caminhou até ele, ajudando-o com o cinto.
“Você está bem?” ela perguntou preocupada com o silêncio dele.
“Eu me sinto estranho”, ele confessou sabendo que era o melhor a fazer. “Não imaginava que ela fosse aparecer aqui.”
“É o casamento da melhor amiga dela”, Lois procurou lembra-lo para amenizar a situação, “Chloe ficará muito feliz.”
“Verdade” ele disse procurando sorrir novamente. Encarou Lois e perdeu-se naqueles olhos vibrantes e dóceis.
Ainda mais por sentir a mão de Lois em sua calça, entreabrindo-a.
“Melhor você tomar seu banho primeiro...” Lois o fitou provocativa, subindo a mão pelo peito dele.
“É mais justo que tomemos juntos...”, ele a fitou de cima a baixo, segurando-a pelos ombros. Inclinou-se sobre ela e começou a beijar seu pescoço enquanto deslizava a alça do sutiã pelo braço dela.
Lois fechou os olhos, pensando em se deixar levar, mas o mínimo tocar de Clark em seu corpo a deixava excitada para além da conta.Envolveu-o pelo pescoço e chamou a boca dele para a sua, beijando-o enquanto o puxava em direção ao banheiro...
***
Depois de alguns alucinantes minutos, Barbs e Carol enfim chegaram com Lana naquilo que um dia fora o Talon, mas àquela altura, mais parecia um quartel general de mulheres ensandecidas.
Manu e Laud já haviam chegado com o resto da gangue: Nannie, Kyla, Dry, Lu, Dani, Lou, Lere, Pri, Thay, Bruna, Jô, Jubs e mais toda a galera da Totally University e do CCD Club. O lugar soava como os bastidores de um grande desfile de moda, com as garotas circulando semi-nuas, maquiando umas
as outras, esgotando algumas garrafas de champagne e ouvindo música nas alturas.
“Hei!!!” Barbs e Carol gritaram histéricas ao reencontrar o resto do pessoal.
“Hei, Gurias”, disse Danu se adiantando à elas, juntamente com a Nannie, que estava com os cabelos socados de bobs.
“Finalmente chegaram!”
“Pessoal, essa é a Lana” Apresentou Barbs com um sorriso sarcástico, “Amigona da Chloe”
“Hei, como vai?”, Dry foi a primeira a cumprimentar, trazendo na outra mão uma chapinha,
“Amiga de Chloe é nossa amiga também!”
“Não conte muito com isso”, CCF disse entre os dentes enquanto sorria para as amigas.
“É um prazer, meninas” Lana disse sorrindo, mas podia-se perceber que ela estava pouco
animada. “Eu vou subir para me trocar”
“Ok”, Barbs a observou subir com uma pequena maleta. As meninas também a fitaram curiosa até quee ela sumiu de vista. Voltaram-se para Carol e Barbs,
“Quem é essa?” Perguntou Jubs imediatamente.
“Problema, isso que ela é” Carol se adiantou irritada, “Acredita que ela é ex do atual namorado da Lois? Ao que parece, ela largou ele há alguns meses!”
“Ex do deus grego?” questionou Lau também compreendendo o pouco humor da amiga, “E o que ela veio fazer aqui?”
“O que acha que ela veio fazer, estragar o momento clois, é claro”, colocou Barbs.
“Clois?” a maior parte das meninas não compreendeu direito do que se tratava, mas Fal se
adiantou na explicação,
“É como nós chamamos Clark e Lois, Clois... Vocês precisam ver, eles são fofos juntos!”
“Ok, então...” Luana disse tentando não borrar a maquiagem que fazia em Pri, “Não podemos deixar ela fazer isso!”
“Oh, é aí que entra o nosso plano...” Carol disse trocando um olhar com Barbs.
Era óbvio que as duas estavam pensando em alguma malvadeza.
“Que plano?” Lere pareceu interessada no rumo da conversa, “Estou aqui para defender o legado".
“Então melhor preparar a munição, amore” Barbs respondeu com um sorriso maligno, “Por que se os noivos terão uma lua de mel, esse hashi de porco vai saber o que é ter uma de fel...”

***
“Smallville, vamos, chop-chop, a gente não pode ter um casamento sem a escolta para levar a noiva..” Lois berrou descendo as escadas quando deu de cara com Clark, que vinha da sala de estar.
Clark parou diante das escadas e olhou para Lois. Ela vestia um suntuoso vestido laranja, com um arranjo em laço que rodeava sua cintura, caindo-lhe pelo resto do vestido. Seus cabelos, parcialmente presos, deixavam o pescoço e os ombros à mostra. Na mão esquerda, seu inseparável bloco de notas. Ele a fitou boquiaberto, ela estava simplesmente divina.
Lois não fez diferente. Parou a poucos degraus no chão apenas a observar aquele pedaço de mau caminho a olhá-la com o olhar mais amável do mundo.
Incorporado em um terno preto de costura
impecável, estava maravilhoso.
Lois não soube o que dizer, não encontrou palavras que pudessem expressar o quão adorável Clark parecia ali, naquele pequeno espaço do hall.
No entanto, uma coisa estava clara na forma como os dois se olharam. Era como se naquele pequeno instante de espaço-tempo, estivessem se apaixonando um pelo outro mais uma vez.
Era o meio e o reinício, era o fim de uma paixão especial para o início de algo mais grandioso ainda.
De repente, tudo parecia fazer sentido.
“Parece que você está pronto...”, Lois disse despertando do transe.
“Eu tenho tudo sob controle, exceto por essas abotoaduras, eram do meu pai e eu nunca as coloquei antes”, ele disse tentando abotoar o pulso. Pela forma como movimentava suas mãos,
parecia mesmo ser uma tarefa difícil. Aquilo divertiu Lois.
“Eu imagino que você não tenha muita necessidade de abotoaduras quando tem um armário cheio de blusas de flanela, não é, fazendeiro?”
Ela desceu os degraus devagar e parou diante dele colocando seu bloco de notas sob as axilas, firmando-o entre o busto e o braço.
“Garotão da cidade, deixa eu te ensinar uma lição...”Lois se colocou junto a Clark e ele apenas parou a observá-la enquanto ela mesma abotoava o pulso de sua camisa, de uma forma adoravelmente simples. Clark a fitou por um longo instante enquanto ela explicava passo a passo o segredo das abotoaduras.
“Você só precisa ter certeza que ela parte está rente com a outra e então, deslizar para dentro...”
Aquilo soou extremamente erótico e Lois sequer teve coragem de olhar para Clark naquele momento. Não por ter tido o que disse, não era fora dos moldes dos dois terem bastante pimenta no molho. Porém, Lois sentiu o olhar de Clark sobre o seu corpo como nunca sentira antes.
Aqueles olhos fitando-a por trás,
eram quase como se pudessem tocá-la
Clark desceu o olhar dos cabelos castanhos para o pescoço nu, concentrando-se naquela curva que ele conhecia como ninguém. Olhou para o rosto dela enfim, percebendo-a tímida diante de
sua presença.
Seus lábios entreabertos eram um sinal para Clark que ela estava prestes a hiperventilar, tudo o que ele precisava fazer era tocá-la. Lois ainda tinha as mãos no braço de Clark e ele deslizou a mão pelo antebraço dela, eriçando sua pele.
“O que seria de mim sem você?” ele disse sorrindo para ela, trazendo-a ainda mais para os seus braços.
“Um caipira azul e vermelho?” Ela brincou aconchegando suas costas naquele peito forte e macio,pivô dos momentos maravilhosos que tivera há poucos instantes atrás.
“Eu queria que esse momento pudesse durar para sempre”, ele disse levando a mão ao bolso,
“Mas então eu não saberia como iria ser...”
“Iria ser o quê?” Lois perguntou curiosa.
“Acordar com você na manhã seguinte e ver seu sorriso sobre mim.” Ele falou ao pé do ouvido dela, sem poder ver totalmente seu rosto daquela posição.
“Bem, Smallville, eu acho que a sensação deve ser muito parecida com a que eu estou sentindo agora...”
ela acariciou o braço dele com um largo sorriso, se sentindo no céu.
“Não”, ele tirou a mão fechada do bolso,“Será diferente.”
“Nada pode ser diferente, Smallville. Você sempre será meu herói...”
Clark levou a mão por baixo do braço de Lois e abriu a mão próxima ao rosto dela. O brilho do diamante reluziu sob os olhos incrédulos dela no momento em que ele mostrou a aliança entre seus dedos. Lois reconheceu de imediato, era a mesma aliança que ela escolhera alguns meses
atrás, quando os dois estavam disfarçados como um casal. No mesmo dia em que ela confessou que o amava. Olhou para aquela minúscula peça sem saber o que dizer, mas seu coração se expressou em um sobressalto, o qual certamente Clark podia ouvir.
“Clark...” Lois enfim conseguiu falar, embora ainda estivesse imóvel. Clark sorriu nervoso, ensaiara este momento durante todo o caminho de volta de Metropolis.
“E você é a minha heroína... Isso faz de nós dois almas gêmeas, não é?”
Lois se virou para Clark, profundamente tocada pelas palavras dele. Encontrar aquele olhar azul a inundando de amor foi ainda mais forte, e ela sentiu seu rosto enrubescer.
Clark continuou a falar, agora olhando diretamente nos olhos dela,
“Alguns corações têm as feridas certas.. Alguns têm estrelas do seu lado.. Alguns outros, eles apenas vão com calma... E alguns corações apenas dão sorte às vezes... Meu coração.. ele tem
muita sorte por ter você. E eu quero ter certeza de que ele terá para sempre... Porque eu te amo.
Lois encarou Clark emocionada, procurando suas pernas ou qualquer parte de seu corpo que não fossem seus olhos brilhantes ou seu coração palpitante. Clark sorria para ela, seu olhar esperançoso e apaixonado paralelo ao brilho da aliança que ele trazia na mão.
Lois se sentiu a mulher mais feliz do mundo. Contudo, relutou.
Clark percebeu uma discreta mudança na expressão de Lois. Sabia que ela estava feliz, seus olhos lhe diziam isso. No entanto, algo pareciacolocar-se ainda entre os dois.
“Clark...” Lois disse com cuidado, seus lábios trêmulos por não dizer aquilo que ele esperava que ela dissesse, “Nós não podemos, não agora.”
Clark tentou segurar a sensação ruim que correu seu corpo diante da recusa de Lois. Não esperava por aquela.
“Por que não?”
“Lana” Lois foi direta ao ponto. “Eu quero muito estar com você plenamente, mas não podemos seguir em frente enquanto você não fechar esse capítulo de sua vida.”
“Está encerrado” ele disse fitando-a com seriedade, “O que havia entre nós acabou!”
“Eu sei que acabou, mas não para ela” Lois colocou a situação da forma mais clara possível, “E eu preciso ter certeza de que você não está em negação com isso tudo.”
“Você acha que eu te pedi em casamento porque ela apareceu?” Clark questionou, mas Lois negou firmemente com a cabeça, passando a mão no rosto dele,
“Eu sei que não, Clark. Você está com esse brilho nos olhos desde pela manhã, e eu sabia que o que quer que fosse, era especial...” ela o fitou com carinho, procurando a melhor forma para não
machuca-lo mais do que provavelmente o fizera naquele momento, “Mas não é apropriado que a gente dê esse passo enquanto você não conversar com ela. Vocês precisam desse momento e eu
entendo isso.”
Clark se viu aturdido e frustrado, mas sabia que Lois tinha razão. Por mais que ele tenha seguido em frente, as coisas com Lana estavam inacabadas. Ainda assim, ele pretendia insistir com Lois,
mas algo despertou sua atenção.
“O que foi?” Lois perguntou ao vê-lo distraído por um momento, aparentemente usando seus poderes de audição, ela já conseguia perceber quando ele os usava.
“Um pedido de ajuda, alguém está em perigo” ele disse, seu lado herói emergindo em seu olhar preocupado.
“Vá”, Lois disse dando um beijo nos lábios dele e soltando-o, “Nós continuamos essa conversa depois.
Clark confirmou com a cabeça e superacelerou, levantando os cabelos de Lois enquanto saía fazenda afora. Lois deu um longo suspiro agora em seu momento de solidão, sentando-se nos degraus da escada.
Acabara de dar a resposta mais difícil de sua vida, mas sabia que era o melhor, para ambos. Era o melhor, apesar de seu coração insistir com o contrário...

***
No Talon, praticamente toda a mulherada já estava pronta para o casamento.
Lana surgiu entre as meninas, que conversavam empolgadas sobre as últimas fofocas em Star City, Gotham e arredores.
“Então eu soube que você andou dando uns pegas em um certo bilionário de Gotham...” Fal comentou com Jubs, que sorriu envergonhada,
“Imagina, ali não há futuro. Eu apenas o conheci em uma festa, só isso!”
“Que nada, o problema é que ele é playboy demais para ela” entregou Pri arrumando a alça de seu vestido.”
“Todas vocês moram em Gotham e Star City?” Perguntou Lana curiosa.
“Nem todas” disse Dry passando a ficha do pessoal, “Eu moro em Tóquio. Carol está indo para Londres,
Sol está indo para o Paquistão e Barbarella vive na ponte aérea Paris – Buenos Aires...”
“O amor sempre na frente” disse Barbs se aproximando com Carol, Fal e Laud. Traziam cada uma sua taça e Laud começou a dar mais copos para as que não tinham,enquanto Carol e Fal serviam
duas garrafas de champagne.
“Façamos um brinde. Ao amor verdadeiro e épico”
“Saúde!” Todas disseram em uníssono e beberam suas champagnes. Carol, Laud e Barbs levaram o copo à boca, sem beber exatamente. Apenas observaram Lana entornar a taça.
“É isso aí, e aos maravilhosos partidos de Gotham que bem que poderiam estar nessa festa hoje...” Luana disse dando um super gole em sua champagne.
“Oh, eu soube que Oliver Queen estará” disse Kyla animada,
“Ele é um bilionário gato!”
“FATO, aquele loirudo me mata...”,respondeu Fal,
“Mas Smallville até que não fica atrás...
Pena que aquele outro desapareceu, como era o nome dele?”
“Lex Luthor” disse Jubs, também bebendo. O que elas não podiam saber é que aquele nome mexia profundamente com Lana Lang.
Ela não pôde negar o desconforto que se seguiu àquela conversa. Poucos segundos depois, o desconforto aumentou e Lana percebeu que não era a respeito de Lex.
Algo estava errado com ela. Sentiu um arrepio correr o corpo e uma vontade terrível de...

Merda

Carol fitou Lana e perguntou com o olhar preocupado, “Você está bem?”
“Eu...” Lana levou a mão ao pé do estômago, “Acho que algo não me fez bem, com licença...” e seguiu para o banheiro.
As meninas observaram Lana entrar no banheiro e fechar a porta. Imediatamente Sol, que estava estrategicamente próxima à porta, passou a chave por fora tirando-a da fechadura.
Olhou para as amigas, que sorriam sinicamente. Poucos instantes depois, ouviram um terrível estrondo provindo
de dentro do banheiro.
O laxante fizera efeito.
“Saúde...” Barbs ergueu a taça novamente e despejou sua champagne em uma pobre planta próxima. Foi o suficiente para as meninas começarem a gargalhar histéricas, com o sentimento de dever cumprido.
“Quantas cápsulas vocês colocaram naquela garrafa?” Perguntou Dry.
“Hãã... Todas?” Fal respondeu com o olhar inocente.
“hahahaha, tem laxante ali para ela defecar a noite toda! Se bem que não deve ter muita coisa ali pra pôr para fora...” banguelou Carol.
“A não ser é claro pelos donuts de caramelo e o yakisoba que nós a fizemos comer no caminho da fazenda para cá...” comentou Barbs. “Acham que devemos esperar por ela?”
Um forte e espirrado peido ecoou novamente, desta vez ainda mais alto do que o anterior.
“Acho que isso foi um ‘não’!” Nannie banguelou junto com as demais, deixando o recinto.
“Espera” Jubs comentou parando as meninas, “Mas e quanto à chave de dentro do banheiro, eu vi uma lá”
“Você quer dizer a que acidentalmente eu deixei cair dentro da privada?” questionou Barbs,
“Se ela pegar aquela, merece passar para a segunda fase...”
Todas só puderam rir mais e mais diante daquilo.
Realmente Lana havia encontrado um fã clube Clois que não brincava em serviço (embora fosse exatamente o que estavam fazendo)...

***
O celeiro estava tão deslumbrante que conseguia ocultar completamente sua real identidade.
Os arranjos florais juntamente com o resto da decoração em branco e laranja davam um charme especial e retrô ao ambiente.
Os convidados encontravam-se sentados nas cadeiras enfileiradas diante do altar improvisado, onde a sacerdotisa aguardava o início da cerimônia. À frente dela,
Jimmy aguardava ansioso, acompanhado de Lois, a madrinha. Ela sorria para ele como quem o mandava relaxar, pois daria tudo certo.
Entre os convidados, inúmeros amigos do casal e moradores de Smallville.
Do lado dos convidados da noiva, duas fileiras inteiras eram ocupadaspela mulherada visitante. Algumas das mais emotivas, como Lau e Dry, já choravam antes mesmo da entrada da noiva.
Apenas alguns instantes depois, Clark surgiu no alto do celeiro acompanhando Chloe.
Vestida de noiva, a loira estava fabulosa e sorria feliz para todos os presentes que observavam a dupla descendo as escadas de madeira.
Clark guiou Chloe até o altar e a entregou a Jimmy com um sorriso. O casal virou-se então para a sacerdotisa e Clark se colocou ao lado do altar, junto à Lois,
segurando imediatamente sua mão.
“Estamos aqui reunidos para unir este jovem casal perante as leis de Deus...” iniciou a sacerdotisa de forma serena...
A cerimônia teve continuidade como o planejado, embora uma das convidadas tivesse se ausentado de praticamente todo o ritual.
Depois de vários minutos, Lana surgiu no celeiro devidamente vestida, embora aparentasse estar um pouco escabreada. Provavelmente porque fora obrigada a pular a janela do banheiro a fim de sair já que, por alguma razão, a porta estava trancada.
Ela tivera sorte de conseguir sequer sair da privada, contudo, diante da situação terrível
em que se encontrava. Prometeu a si mesmo que não comeria mais nada de beira de estrada. Aquela caganeira quase a matara.
Lana encontrou um lugar vazio na terceira fileira e se sentou. Não reparou que atrás dela estava nada menos do que toda a máfia clois reunida a fita-la de forma desafiadora.
Algumas se olharam como se perguntassem como diabos ela conseguiu sair do banheiro, mas outras já traziam
soluções em vez de questionamentos. Entreolharam-se com sorrisos e gestos discretos, e mais um plano parecia se formar ali mesmo.
Lana observou Chloe e Jimmy felizes, mas o que realmente chamou sua atenção foi ver Clark e Lois de mãos dadas.
Aquilo a incomodava de um modo que não podia controlar, especialmente porque
era Clark a apertar a mão de Lois com firmeza.
Ele olhou discretamente para Lois, que
olhou para ele em resposta. O sorriso de um para o outro mexeu com Lana, que ficou séria diante da cena, nitidamente movida pelos ciúmes. Ao seu lado, entretanto, um homem também parecia incomodado. Lançou o olfato na direção da oriental sem entender como uma jovem tão bela
podia exalar tal fedor.
Barbs, Fal e Jubs, que estavam imediatamente atrás de Lana, perceberam
de imediato e não conseguiram conter a risada, a ponto de chorarem de rir. Um dos convidados olhou para trás procurando entender o que se passava, no que Fal soltou o clichê de forma cínica,
enquanto enxugava as lágrimas,
“Sempre choro em casamentos...”
No altar, a cerimônia chegava em seus momentos finais, com a sacerdotisa enfim fazendo a pergunta importante:
“James Olsen, aceita Chloe Sullivan como sua legítima esposa, para amá-la acima de tudo, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte os separe?”
“Eu aceito” ele sorriu enquanto olhava apaixonado para Chloe .
Clark parecia mergulhar no lugar de Jimmy, pois ao ouvir a sacerdotisa fazer a pergunta, enfiou os dedos entre os de dois, enlaçando-os aos dela. Lois olhou discretamente para a sua mão ao sentir os dedos de Clark a apertarem com força. A sacerdotisa continuou,
“Chloe Sullivan, aceita James Olsen como seu legítimo esposo, para amá-lo acima de tudo, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a morte os separe?”
“Eu aceito” Chloe respondeu feliz e sorridente fitando Jimmy.
Lois ainda sentia os dedos fortes de Clark entre os seus e os apertou de volta, tão forte quanto podia.
Era a resposta que ele tanto queria, sem dúvida. Ele a fitou com um sorriso discreto, mas o brilho de seus olhos praticamente transbordou de felicidade. E certamente Lana estava a testemunhar todo o momento, engolindo a seco o especial Lois e Clark.
Após a troca de alianças e os votos, a sacerdotisa envolveu Chloe e Jimmy com um cordão de ouro, metaforicamente atando um ao outro.
“O que Deus uniu, o homem não pode separar. Eu vos declaro, marido e mulher” e olhou enfim para Jimmy com um sorriso, “Você pode agora beijar a noiva”
Jimmy levantou o véu de Chloe e a beijou intensamente, segurando-a pela cintura e inclinando-a no melhor estilo dirty dancing. Todos se levantaram e começaram a aplaudir emocionados.
Lana se levantou rápido de sua cadeira a fim de aplaudir o casal também, mas tudo o que pôde ouvir foi um tremendo rasgão. Um ar fresco correu seu traseiro e ela percebeu que parte de trás de seu
vestido havia ficado preso na cadeira, e agora ela tinha um problemão! As meninas atrás de Lana apenas caíram na risada aproveitando a onda de aplausos. Em especial Jubs, que passara os últimos cinco minutos cuidadosamente enganchando o vestido de Lana em uma falha da cadeira.

***

A festa após a cerimônia seguiu tão animada quanto antes.
Um grupo orquestrado fazia o som
ambiente enquanto os casais dançavam na pista de dança. Como padrinho, Clark fez uma das primeiras danças da noiva, que só serviu para reafirmar a amizade dele com Chloe.
Jimmy e Lois também dançaram juntos, até que Oliver pediu a vez e deu início a uma dança animada com sua
ex.
Durou pouco no entanto, pois ao iniciar da música seguinte, Clark tomou Lois novamente nos braços, deslizando com ela pela pista de dança ao tempo em que as luzes se diminuíram. Os dois sorriram um para o outro, e Lois enlaçou Clark pelo pescoço, deixando as mãos dele escorregarem para a sua cintura.
Com os olhares concentrados um no outro, eles entraram enfim no embalo
perfeito da canção.
“Meu vôo sai às três da manhã..” Lois disse baixo, embalada pelas mãos de Clark.
“Pensei que você fosse amanhã” ele perguntou surpreso.
“Smallville, daqui à meia hora já será amanhã...”
“Significa que nós não teremos essa noite?” ele pareceu um pouco desapontado.
“Nós ainda podemos aproveitar...”Lois tinha as mãos na nuca de Clark, suas unhas arranhando-o carinhosamente enquanto seu olhar devorava a boca dele desesperadamente.
Clark levou sua boca à de Lois, beijando seu lábio superior e chupando-o levemente, para então levar sua língua para dentro da boca dela.
Lois subiu as mãos pelos cabelos de Clark enquanto os dois se devoravam, Clark comprimindo-a ainda mais para si.
Lana surgiu novamente no celeiro, já vestida em outro vestido. Olhou de imediato para o centro do salão e viu o beijo apaixonado entre Lois e Clark. Viu seu ex deslizar a mão das costas até a
cintura de Lois, completamente perdido nos lábios dela. Lana teve vontade de chorar ao ver aquilo, mas se conteve, ela não tinha o direito.
Disfarçou parte de sua tristeza no momento em que sentiu a mão de Oliver em seu ombro, chamando-a para dançar.
A mulherada do TC e do CCD também dançava animadamente, mas não deixou de reparar que Lana estava de volta. Carol, que dançava com um moreno alto de barba rala, comentou com Laud que estava próxima a ela, dançando com um loiro de olhos azuis,
“Que lambisgóia difícil de dedetizar!”
“Nem fale! Onde será que ela arranjou esse novo vestido?”
“Deve ter depenado alguma barata, com certeza” Barbs respondeu passando entre as duas abraçada a um mulato forte de olhos claros,
“Mas da terceira ela não escapa...”
Indiferente à presença de Lana,
Lois e Clark continuaram a namorar em meio àquela dança maravilhosa.
Clark afastou seus lábios dos de Lois, embora seus rostos ainda estivessem colados.
“Precisamos conversar...” ele disse remetendo à conversa inacabada de horas atrás.
“Sim, precisamos...” Lois disse um pouco preocupada com aquilo. “Mas há algo que você precisa fazer antes...”
Ele sabia o que ela queria dizer e aquilo não o agradou muito. Ele não se sentia pronto para enfrentar Lana.
Lois deu um beijo em Clark e se soltou dos braços dele com um sorriso, caminhando para fora da pista de dança.
Clark parou a observá-la enquanto ela saía do celeiro, incerto sobre o que ele
deveria fazer.
Lana, que ainda dançava com Oliver, viu toda a ação embora não compreendesse o
que estava acontecendo. Somente estava certa de uma coisa:
Lois o havia deixado sozinho no meio de uma dança.
Antes que alguém tivesse qualquer reação, a música foi bruscamente interrompida. Chloe estava no andar de cima do celeiro e Kyla, ao seu lado, segurava o microfone:
“Ok, mulherada, chegada a hora mais importante! Chloe vai lançar o buquê!!
”“Opa!” Luana foi a primeira a gritar, se aglomerando junto às outras. Praticamente todas as mulheres presentes se concentraram imediatamente abaixo da área onde estava Chloe, com exceção de Lana que observava um pouco mais de trás.
“Lá vai!!!” Chloe virou de costas e lançou o buquê com força. O ramalhete atravessou todo o
celeiro, passando de toda a mulherada e indo parar diretamente nas mãos de... Lana!
A morena se viu com o buquê nas mãos sem saber como reagir. E nem teve tempo para.
Antes que sequer tivesse processado que aquela peça em suas mãos tinha um significado, viu uma tsunami de mulheres voar em cima dela.
Carol e Fal foram as primeiras, seguidas de Luana, Jubs, Lere, Laud e Sol, assim como todas as outras. Um montinho humano de mulheres ensandecidas se formou sobre Lana, cada uma com um objetivo que não se resumia a pegar o buquê.
Voaram detodos os lados, e se não fosse pelo piso recentemente forrado,
provavelmente já teria levantado poeira.
Em meio a “uis”, “ais”, “pows”, “galinha”, “chupa” e “bangs”, aquele grupo de mulheres fazia o lance mais emocionante da final do Super Bowl.
Barbs se jogou em cima do monte para
coroar o bolo enquanto o público não sabia se vibrava com a animação ou acudia a pobre coitada que estava embaixo daquele monte humano.
Só então que, vários segundos depois, uma senhora de oitenta anos conseguiu ver o buquê jogado no chão, o qual já havia escapado do monte há muito tempo.
Pegou o buquê erguendo no ar feliz da vida e recebendo os aplausos do pessoal.
A mulherada então, parcialmente desapontada, começou a sair do vórtex humano uma a uma, até que Lana pôde ser avistada com sua cabeça presa dentro das pernas de Lau e seu cabelo enrolado
nas mãos de Carol. “Trapo” poderia ser um bom adjetivo para qualificar o estado de Lana naquele momento, mas não era preciso tamanha a destruição ocasionada pela busca ao buquê. Um de
seus sapatos e parte de seu novo vestido haviam simplesmente desaparecido, para dizer o mínimo. Fora que havia sangue saindo de sua boca.
“Sério?” Carol disse contrariada, ainda com os cabelos de Lana fechados em seu punho, “Eu podia jurar que estava puxando o buquê...”
“Eu também” disse Fal, embora não houvesse como explicar o que tinha uma chave de perna a ver Com tudo aquilo.
“Alguém viu o cachorro de Clark?” Barbs perguntou pegando um dente ensangüentado no chão,
“Eu acho que ele perdeu um dos caninos avançados...”

***
Lois seguiu do celeiro para a casa, aproveitando o frio da madrugada para arejar a cabeça.
Mais do que isso, esperava assim dar a Clark o espaço que ele precisava para lidar com seu problema em relação à Lana.
Por mais que seu coração ansiasse por Clark, não embarcaria em um compromisso
sem ter certeza de que tudo o que precisava ser resolvido o tivesse sido. Ainda mais, se tratando do complicado relacionamento dele com Lana.
Aproximou-se da casa e percebeu um casal a trocar beijos no pequeno assento de madeira do alpendre.
Sorriu sem ter certeza de quem era, mas acabou guiando sua atenção para um carro que se aproximava pela entrada da fazenda. A SUV preta parou a poucos metros dela e Lois olhou curiosa.
Dois homens altos e fortes, trajando ternos brancos, saíram do carro e Lois caminhou até eles. Um deles olhou para um pequeno papel que trazia nas mãos
“Olá”, ela disse parando diante dos dois, “Procurando por alguém?”
“Sim”, respondeu um deles guardando o papel no bolso, “Mas parece que já encontramos.”
Lois ouviu aquilo com desconfiança, mas antes que pudesse reagir, o outro homem a agarrou por trás tapando sua boca com um pano.
Lois se sacudiu tentando se soltar e gritar, mas o pano estava umedecido com clorofórmio, e poucos segundos depois ela estava desmaiada nos braços do cara.
O outro agarrou as pernas dela e juntos a colocaram no banco de trás da SUV, arrancando com o carro em seguida...
No alpendre, Manu olhou rapidamente para o movimento, mas estava bêbada demais para entender o que se passava. O cara ao seu lado olhou curioso para ela, no que ela respondeu,
“Deve ser tarde já, tem gente já indo embora...”
e voltou a se pendurar nos beiços do rapaz.

***

Clark saiu do celeiro alguns minutos depois, procurando por Lois. Por meio de sua visão de raio-x, rapidamente verificou que ela não se encontrava em lugar nenhum.
Seu carro também não se encontrava onde ela costumava deixá-lo.
Clark olhou para o relógio, era uma da madrugada.
Horário exato que ela teria que sair se quisesse chegar a tempo de seu vôo. Teria já ido para o aeroporto? Sem se despedir? Clark olhou em volta mais uma vez, esperançoso de que estivesse
enganado.
No entanto, não estava. Lois havia mesmo ido embora. Sem que eles conversassem,
sem que respondesse à sua pergunta.
Fugira dele.
Sentindo o coração apertado, Clark seguiu em direção à fazenda, sem vontade de fazer mais nada.
O que ele não sabia era que, a vários quilômetros dali, Lois seguia a contragosto nas mãos do contrabandista mais perigoso de Star City.
A SUV seguiu acelerada pela rodovia, e os dois homens que seqüestraram Lois estavam de motorista e carona.
Um deles olhou para trás enquanto limpava sua arma.
“Para onde, Sr.?”
“Para o hangar” Naga respondeu sentado no banco de trás enquanto deixava uma Lois
inconsciente repousar a cabeça em seu ombro. “Essa belezinha aqui me deu uma idéia para conseguirmos atravessar a fronteira...
Depois eu ensino a ela o que dar mexer om quem não deve...”

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.