Sombras Ao Vento

Capítulo 6: Um dia em família



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Naruto e Hinata desciam no aeroporto internacional de Roma, na Itália. Hinata via tudo fascinada. Era tudo tão novo e tão bonito.

As pistas acinzentadas com vários pontinhos amarelos que eram as pequenas lâmpadas que ficavam acesas durante a noite eram circundadas pela grama de verde vitalidade. Nos extremos da pista algumas árvores eram avistadas e mais a frente a incrível construção do aeroporto se esguia imperiosamente para deslumbre de Hinata. Vários aviões de pequeno e grande porte se encontravam espalhados pelo grande terreno e a morena até reconheceu alguns logotipos de empresas aéreas. Carros e outros veículos se encontravam por toda a parte e pessoas e mais pessoas andavam ou corriam por todos os lados tornando viva e caótica a acinzentada pista de pouso.

Descendo a escada que foi colocada no jatinho a morena pode enxergar o homem e a mulher que fora assunto dela com Naruto durante grande parte da viajem até ali. Hinata pode suspirar nervosamente ao andar até o casal e logo percebendo que a sua frente estava Naruto.

—Touchan! Kaachan!—Gritou Naruto animado correndo ate os pais como as crianças fazem quando estão com saudades, coisa que fez o loiro mais velho rir e a ruiva apertar a bochecha do filho e o abraçar tão forte que parecia que iria quebrar-lhe as costelas assim que esse chegou até eles.

A morena riu delicadamente esquecendo o nervosismo que se instava por todo o seu corpo enquanto se aproximava da família. A leve tremedeira a abandonava enquanto sua mente era preenchida pelos sentimentos despertos em si ao olhar a família de seu amado reunida demonstrando tanto carinho entre eles.

—Naru-chan, a kaachan sentiu tanta falto do bebê dela!—A ruiva falava enquanto o aninhava ainda mais entre seus seios. O apertava como se quisesse matar toda a saudade de uma única vez.

—kaachan… eu… estou… sem… ar…!—Naruto falou com dificuldade erguendo as mãos em direção ao tronco da mãe tentando afastá-la de si em busca de ar. Minato parou de rir e se pôs a tentar tirar o filho dos braços da mulher com o desespero saturando sua face.

—Kushina-chan, solta ele! Ele vai morrer sufocado! Você vai matar ele!—Ele dizia desesperado enquanto puxava o filho dos braços da mulher.

Hinata sorriso singelo desmanchou dos lábios da morena quando notou a situação, sendo assim disparou em direção a família para tentar ajudar. Ela ficou tão preocupara que quase se esqueceu de respirar, mas por puro reflexo soltou o ar e segurou Naruto, que iria cair no chão assim que sua mãe o soltou enquanto esse estava tentando ainda puxar o oxigênio de novo para os pulmões. Hinata suspirou aliviada ao escutar a respiração pesada do loiro mais novo.

—Naruto-kun você está bem?—Questionou ainda preocupada. O loiro tentava regularizar a respiração enquanto mantinha o sorriso no rosto. Estava feliz em rever a família.

Ele a olhou e sorriu ainda mais diante da preocupação dela.

—Eu estou bem Hina-chan! Já me acostumei com os abraços da minha kaachan.—Ele disse, mas Hinata nem teve tempo para responder já que também foi pega pelo abraço de urso da ruiva.

—Então essa é a minha norinha…? Você é uma fofura sabia? Bem que o meu Naru-chan disse que você parece uma boneca. Você realmente parece uma! Tenho que te agradecer por fazer o meu bebê parar de trabalhar tanto e de por juízo nessa linda cabecinha! Arigatou!—A ruiva apertava muito forte, Hinata se esforçava para respirar e pode ver Naruto e Minato tentando tirá-la dos braços da Uzumaki.

Imagina um acidente entre um caminhão de 60 toneladas a 150km/h em colisão com o trem bala que devido a sua velocidade elevou o seu peso a 400 toneladas. Se você imaginou deve ter noção da sensação que é ser abraçado por Namikase Uzumaki Kushina.

Esquece a comparação do caminhão… Já viram a carne sendo moída em um açougue? Onde a carne é colocada no moedor e qualquer coisa que é colocada ali é rapidamente triturada? Aquela era a sensação de sentir o aperto dos braços finos e de pele claros da ruiva. A morena sentia seus pulmões protestando, as costelas a ponto de trincarem, a falta de oxigenação em algumas partes do corpo que, se aquele abraço durasse mais tempo, certamente ficariam dormentes e os músculos doloridos querendo se contrair e se libertar daquele abraço esmagador.

Depois de muito esforço Hinata—e mais ainda de Minato e Naruto por estarem tentando tirá-la de lá— conseguiu voltar a respirar e assim que recuperou o ar se pôs a rir e depois abraçou a Uzumaki novamente, mas tomando cuidado de não apertar demais e nem se deixar ser esmagada novamente. Era uma sensação que ela não gostaria de repetir, ainda levaria um tempo para os seus órgãos se recuperarem daquela demonstração de afeto.

Naruto e Minato sorriram ao ver a cena.

—É um prazer conhece-la Namikase-sama. Eu sempre fui uma fã sua assim como a minha falecida mãe e quase não acreditei quando o Naruto-kun me disse que era a kaachan dele. –A morena dizia emocionada. Aquelas pequenas pérolas demonstravam o que suas palavras não foram capazes de exprimir. Todo a emoção e mais o mar de sentimentos que invadiram o interior da Hyuuga ao encarar frente a frente a mulher que significava boa parte das lembranças felizes que tinha de sua mãe. O maior lembrete da mulher que a colocou no mundo e a fez feliz no pequeno espaço de tempo que esteve nesse mundo ao lado dela.

—Jura? Bons tempos aqueles de atriz. Mas quer saber, eu não voltaria atrás em nenhuma das minhas escolhas. Nada nesse mundo vale mais do que a minha família e agora você vai entrar nela. —Kushina já tinha lágrimas nos olhos quando Hinata a soltou.



A viajem até a mansão Namikase foi tranquila e Hinata estava encantada com a Itália, observava atentamente cada rua, cada pessoa, cada árvore como uma criança que ganha o presente do seu sonho na manhã de natal. Os olhos dela brilhavam e os de Naruto também ao ver a felicidade estampada na face dela fazendo seus pais ainda mais felizes ao ver o quanto o filho estava apaixonado pela meiga garota que os acompanhava.

—Musuko, você a ama muito não é?—Minato sussurrou ao filho que ainda observava a jovem alheia ao resto do mundo e concentrada nas lindas paisagens.

—Se-e-e e-eu a a-a-a-amo?—Naruto agora tinha se virado e encarava o pai surpreso. “ Eu a amo? Será? Isso é tão confuso!”

—Hai… É óbvio que apaixonado por ela você está. Mas você a ama?—Minato agora estava com a expressão séria e deixou a pergunta pairando no ar. Naruto agora estava pensativo. “Eu realmente estou apaixonado por ela? Desde quando? Como isso aconteceu?”. Algo dentro dele sabia que ele se apaixonara por ela desde a primeira vez que viu aqueles orbes de lua lhe fitando assustados e constrangidos na primeira vez que se viram, e agora, inconscientemente, essa paixão virava amor, embora Naruto ainda - ainda - não soubesse.

—Eu não sei touchan!—A resposta veio com intensidade. Era a única resposta que poderia dar ao seu pai por enquanto. Mas o sentimento que ela carregava era tão assustador para o loiro que nem ele sabia mais se aquela era a resposta mais coerente. Ela soava tão… tão… tão… errada! Era como se seus lábios já tivesse a resposta certa e só esperasse o consentimento do loiro para sair e soar aos ouvidos de quem quisesse ouvir e era aquilo que mais o assustava.

Hinata que acabara de acordar do sonho que é viajar pela Itália, pegara no ar a resposta de Naruto e impulsivamente expos sua curiosidade.

—Não sabe oque Naruto-kun?—Falou sem pensar e quando se lembrou de onde estava, foi logo tocada pela situação em que se encontrava. Em seus orbes que antes só tinham curiosidade agora eram tomados pelo constrangimento e suas faces ganhavam vida pelo tom de vermelho que subia gradualmente pelas maçãs do seu rosto. —Go-go-gomén. I-i-isso-so-so nã-nã-não é da-da-da mi-mi-minha conta-ta-ta.

—Eu também quero saber… Do que vocês estão falando?—Kushina agora encarava os dois loiros que estavam no carro que agora estavam constrangidos e a segunda fala de sua nora, fingindo que ela nada havia dito depois da pergunta.

Naruto encarou o pai em busca de socorro, mas o loiro mais velho já abriria a boca para contar a verdade. O mais novo agiu rápido.

—Ei Hina-chan não fica assim não… Não precisa ficar com vergonha. Meu pai e minha mãe não vão te morder!—Naruto falou numa tentativa de mudar de assunto usando como desculpa a tentativa de acalmar a Hyuuga envergonhada. Hinata ficava ainda mais vermelha.

—É Hina-chan… Eu não vou te morder não. Mas Minato-kun, eu te mordo se você quiser…!—Disse a Namikase com um sorriso malicioso dirigido ao marido. Naruto soltou o ar que segurava aliviado pela mudança do rumo da conversa antes de reagir sobre o comentário da mãe assim como os outros ocupantes do carro.

Minato ficou vermelho dos dedos dos pés até a raiz dos cabelos, acompanhando a Hyuuga que estava a ponto de desmaiar, do motorista que engasgou levemente e da gota que surgiu na cabeça do Namikase mais novo.

—Kushina!—Exclamou Minato muito, muito, muito envergonhado. Como sua mulher tinha coragem de dizer aquilo na frente do filho e da nora?

—Eca kaachan! Será que dá pra falar esse tipo de coisa apenas quando não tiver ninguém além de vocês dois? Sabia que para os outros é nojento? E além do mais a Hina-chan vai pensar que nessa família só tem pervertidos!—Naruto falava indignado, a revolta se mostrava também nos olhos azuis, o que deixou uma morena encantada com o novo tom que eles ganhavam esquecendo-se momentaneamente do comentário anterior.

— “Eca” nada! Como você acha que foi feito? Numa fábrica de cegonhas? Não meu bebê foi do bom e velho método tradicional… E em relação da nossa família só ter pervertidos, ela já vai confirmar isso. O seu ojiichan tá em casa!—A ruiva falou sem vergonha nenhuma. Só mesmo a Kushina pra falar dessas coisas sem ter vergonha nenhuma. Mas Hinata tinha vergonha por ela. E foi isso que a Hyuuga fez corando novamente.

—O ojiichan em casa? Tadinha da Hina-chan… Bonequinha não dê ouvidos a ele, assim que ele começar a falar tampe o ouvido e o mais importante: Se o ver sorrindo saia correndo se escondendo atrás de mim ou chamando a minha baachan!—Naruto enumerou as precauções contando nos dedos. Hinata o encarou curiosa. Por que daquilo? Mas se considerar o contexto na qual o assunto veio à baia, era melhor ela nem saber. Iria seguir as recomendações do noivo.

Ela assentiu sem contestar.

Minato sorriu ao perceber que a mulher e a nora tinham esquecido a pergunta que tinham feito a pai e filho. “ Se elas soubessem…”



Naruto chegou em casa feliz da vida arrastando Hinata que admirava o lugar impressionada.

—Nossa… É linda!—Disse Hinata encantada com a majestosa casa. A sala era requintada lembrando o século XV. Ornamentados com cores claras e os vidros que cobriam quase toda a fachada da casa, permitia que a luz entrasse a deixando lindamente iluminada dando um toque de modernidade no projeto estilo medieval. Os detalhes eram certamente todos feitos em madeira envernizada. Havia jarros de plantas e lindas Sakuras deixavam o ambiente mais romântico e dando um leve ar japonês. O tipo de sala que Hinata imaginaria para a sua casa dos sonhos.

—Agora me deu uma sensação de De javú. Essa foi a mesma coisa que Kushina disse quando foi da primeira vez a minha casa e conheceu o Minato, e agora olhe só: É casada com ele. Será que as cenas se repetem?—Tsunade comentava divertidamente enquanto entrava na sala com um lindo sorriso no rosto para a menina que encarava a casa totalmente encantada com o que via.

—Tsunade-sama!—A Hyuuga exclamou feliz e correu para cumprimenta-la. Tsunade riu gostosamente com o gesto da garota.

—Yo Hinata-chan… Como vai? Naruto me contou que a noiva dele estudava lá na minha faculdade, mas não me contou que era uma das minhas melhores alunas. —Tsunade estava deliciada com a notícia. A loira realmente estava orgulhosa da escolha do neto. Ela tinha consciência de que ele não poderia ter escolhido alguém melhor do que Hinata: Uma garota meiga e de um caráter integro e correto.

—Ah! Eu tinha me esquecido… Meu Naru-chan tinha me dito que a minha norinha estudava medicina. E aí Hinata-chan, esta muito difícil aa aulas? Imagino que esteja no último semestre… — Kushina dialogava com a sogra e a nora sentada no sofá na cadeira de madeira rústica.

—Hai, eu termino esse mês. E bom eu gosto muito de estudar, aproposito, vocês duas poderiam me ajudar num trabalho? Eu comecei a pesquisa, mas tenho que falar com três médicos, buscando opiniões para saber se meus diagnósticos estão corretos… —Hinata estava envergonhada, mas não podia pensar em outras pessoas. A maioria dos alunos fariam entre si, mas ela não era nem um pouco popular por lá e nenhum aluno iria ajuda-la. E o outro médico… Ela podia falar com a Sakura. Elas haviam se tornado boas amigas e ela com certeza a ajudaria.

—Claro Hinata-chan… E quais são seus diagnósticos?

A Hyuuga foi até suas malas, que ainda estavam sendo retiradas do carro pelos empregados que negaram veementemente a ajuda da jovem, e pegou o notebook e com a ajuda de Tsunade e Kushina concluiu ¾ do trabalho, agora era só pedir ajuda a Sakura.



Naruto e o pai foram atrás de Jiraya, que estava jogando golfe desde que chegara e ainda não tinha conhecido a noiva do neto. Estava ansioso para bater o recorde do campo. Falara disso desde que ele e Tsunade saíram de casa para ir até a mansão do filho, então ele mal tinha chegado e passou direto correndo em direção ao campo de golfe e não saíra de lá até agora.

Os dois loiros deixaram as mulheres conversando em paz e decidiram não incomodar, ou melhor, poupar o ouvido da longa e tediosa conversa que provavelmente teriam e logo correram em direção ao outro homem da casa.

Jiraya se preparava para dar a próxima tacada. Se acertasse no buraco bateira o recorde do campo e poderia jogar na cara do neto que ele era o melhor golfista dali, e quem sabe do mundo todo, e o fazer parar de chama-lo de erro-sennin como prêmio da conquista do mais velho. Um sorriso de triunfo se abriu no rosto de Jiraya enquanto o taco descia rapidamente em direção da bola.

—OJJI-SAN!!! –Naruto gritou escandaloso atrapalhando a tacada que Jiraya daria, fazendo a bola rolar poucos centímetros e o jogador cair de cara no chão com muita grama na cabeça e o taco fincado na grama bem no meio das pernas dele.

Os loiros passavam mal de rir. Naruto jazia rolando no chão de tanto que gargalhava e Minato tinha lágrimas nos olhos.

—Urusai!—Jiraya gritava revoltado. —Naruto, seu baka de uma figa… Quando eu te pegar eu acabo com isso que você chama de boca, seu moleque infernal. Idiota acéfalo, cobaia descartada, esboço de cadáver, projeto de minhoca, conduíte anêmico…

Agora ele corria atrás do neto o xingando de qualquer tipo de coisa que passasse pela sua cabeça criativa. O loiro Uzumaki temendo pelo perigo, corria desembestado para salvar a própria vida. E Minato voltou a chorar de tanto rir fazendo, mais tarde, avô e neto se juntaram pra correr atrás dele. Logo que Jiraya socou bastante o loiro mais novo antes disso.

Assim os homens da casa passaram uma agradável e tranquila tarde juntos, tocando elogios e demonstrações de afeto estreitando ainda mais o laço que mantinham como família.



À noite, a família se reunia na sala de jantar.

O cômodo era amplo e amplamente iluminado por pequenas lâmpadas distribuídas pelas quatro paredes. O céu com a linda lua e as estrelas podia ser vistos através do teto que era todo de vidro. A mesa de jantar, também de madeira em estilo do século XV, deixava ainda mais refinado o ambiente que era puro luxo. Definitivamente era a casa dos sonhos de Hinata.

—Então Hina-chan esse é o meu ojii-san: Namikase Jiraya!—Apresentou Naruto formalmente o homem que chegava a sala de jantar ao lado da esposa.

—Ohayo, Hinata-chan!—Cumprimentou sorrindo.

A primeira reação da moça foi retribuir o sorrido de maneira doce, mas um estafo veio a sua mente e foi aí que Hinata lembrou-se das recomendações de Naruto e se escondeu atrás do mesmo guardando uma imensa distancia do ancião.

Naruto e Kushina agora morriam de rir, Tsunade e Minato sorriam discretamente.

—O que foi? O que eu fiz de errado? Por que esses bestas estão rindo as minhas custas?—Jiraya confuso olhava pra todos a sua volta, mas ninguém se preocupou em responder.

—Não se preocupe Hina-chan… Ele é um velho pervertido sim, mas ele anda na linha. Por que ai dele se não andar!—O jeito que Tsunade falou fez Hinata sentir medo e um frio na espinha subir pelo corpo de Jiraya.

—Muito bem Hinata. Direitinho do jeito que o Naruto-chan te ensinou. —Minato agora também implicava com o pai em resposta a surra que levou do mais velho mais cedo no campo de golfe.

Jiraya fez um bico e cara feia, o que fez o restante da sala explodir em gargalhadas.



Depois das brincadeiras todos jantaram e se prepararam pra dormir, por que mais um cansativo dia tinha se findado e mais um os aguardava pra se iniciar. O manto escuro coberto pelas mais belas estrelas se estendia pelo céu daquele belo lugar convidando a todos a dormir, e o cansaço do Namikase e da Hyuuga era tanto que eles nem se incomodaram com a mudança do fuso-horáio.

“Boa noite… Naruto-kun…”