-Gente, calma aí, escuta! Para a música aí atrás, por favor, eu tenho que falar uma coisa! – Diego falou no microfone em cima do palco onde uma banda tocava a cinco minutos atrás. – Bom, obrigado, agora escutem por favor. Há um tempo atrás, eu conheci uma menina muito chata, muito besta, a mais baixinha que eu conheci, e a mais estressada, isso não tem como negar, quando ela morde a boca daquele jeito, pronto, meu coração fica todo amolecido. Mas a mais linda e sincera também. – Roberta começou a lagrimejar escutando a declaração para Jena e saiu correndo para o banheiro. – No começo, nós nos dávamos muito mal mesmo, mas com o tempo, não tinha como negar o que nós sentíamos um pelo outro. E eu fui a conhecendo aos poucos, e descobri que por trás de toda essa máscara de durona que ela tem, existe a menina mais doce e sensível do mundo. E toda vez que ela vinha me xingar, que ela dizia “Idiota, ridículo.”, em vez de falar “idiota, ridícula” eu tinha vontade de dizer “minha linda, minha chatinha.” E agora eu não sei mais como eu vivo sem ela. Roberta? Roberta? – Diego procurava com o olhar Roberta no meio daquela multidão, largou o microfone e saiu correndo pela casa de festas onde ela estava, até que esbarrou em um garçom e teve que ir no banheiro se limpar, chegando na porta, outra pessoa saia do banheiro feminino com os olhos borrados de maquiagem preta. – Você está chorando?

-Não Diego, mas e ai, você está com a Jena? – Roberta perguntou limpando a única lágrima que ainda restava.

-Não...

-Nossa, ela até que é inteligente, usou o único neurônio que ela tem pra te dar um fora. – Ela disse mordendo um pouco do seu lábio inferior e revirando os olhos.

-Eu já te disse que quando você morde os lábios assim, você fica mais linda ainda? Estressada. – Diego disse, a encostando na parede, colocando os seus dois braços em volta dela, de forma que ela não pudesse mais sair.

-Não disse, e eu não sou estressada, você que me estressa! Vai falar com a Jena, vai. – Roberta disse tirando suas mãos de volta dela, e indo embora.

-Disse sim, lá no microfone, você que não prestou atenção. – Diego falou, a puxando pela cintura de forma tão rápida que no mesmo segundo eles já estavam com os narizes encostados de uma maneira que pudessem sentir a respiração um do outro.

-Eu... Eu pensei que fosse para a Jena. – Roberta falou abaixando a cabeça, e colocando o cabelo por cima do rosto.

-Ei, como poderia ser para ela? Eu disse que era a pessoa mais baixinha que eu conheço.

-Chato!

-Minha. – Diego tirou o cabelo do seu rosto fazendo com que os seus olhos finalmente se encontrassem, e Roberta deu um sorrisinho. – Tá vendo, fica muito mais bonita assim, sorrindo, minha pequena. – Nesse momento, os seus lábios se encontraram, devagar, e Diego a beijava de maneira delicada e brusca ao mesmo tempo, em um beijo longo, com muitas pausas, sorrisos em meio a selinhos demorados. – Roberta... Você não escutou o meu depoimento até o final.

-E nem precisava, só um olhar já diz tudo. – Ela disse sorrindo.

-Sabia que para te beijar é até complicado? Você é muito pequena, bebê! – Ele falou, enquanto ela encostava sua cabeça no seu peito.

-E por que beija então? – Ela falou, olhando para cima.

-Minha coluna vai ficar toda emborcada, e não tem nem como ajeitar, pra sempre viu? Do mesmo jeito que eu vou ficar contigo pra sempre, vale a pena. E quem sabe você cresce né?

-Diego, sinceramente, você é tão “não-romântico”.

-Eu estou fazendo o que eu posso ok?

-Hm... Ok, eu gosto assim. – Roberta falou, dando mais outro selinho demorado para começar outro longo beijo. E ele a empurrou, ainda a segurando pela cintura. – O que foi?

-Pera, eu tenho que fazer outra coisa antes, vem cá. – Diego a puxou pela mão, entrando dentro da multidão e subindo no palco com ela. – Gente, eu sei que ela não escutou nem metade do que eu disse antes, mas o que importa não é, eu só preciso que ela escute o que eu tenho a dizer agora. – Diego se virou de frente para ela, e eles ficaram com as duas mãos dadas, um de frente para o outro, em cima do palco. Todo mundo gritava em escândalos, mas a única coisa que eles podiam escutar era o coração do outro batendo. Diego nesse momento esqueceu toda a história do violão e do seu pai, era como se ele estivesse fazendo isso por vontade própria e não por estar sendo obrigado. E nada mais importava, as pessoas, o lugar, a luz, a música, para eles só existiam os dois. E poderiam passar o resto de suas vidas daquele jeito, em pé se olhando, sorrindo, e se olhando de novo. Eles se esqueceram que estavam no meio daquela multidão, eles não enxergavam nem escutavam mais nada. Mas o silêncio dos dois foi quebrado com a pergunta firme de Diego. – Roberta eu te amo, para sempre, quer ser pra sempre minha? Namora comigo? – Sem que precisasse de uma resposta, Roberta colocou suas duas mãos por trás do ombro de Diego, o puxando e ficando de ponta de pé. Se beijaram na frente de todos, e mais uma vez, não parecia existir ninguém, apenas eles dois. Então ele a levantou e deu um giro, fazendo com que parecesse um príncipe e uma princesa. Sendo apenas um garoto e uma garota teimosa.